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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 3980487

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3980487

POTENCIALIDADES E DIFICULDADES VIVENCIADAS POR ENFERMEIROS NA REALIZAÇÃO DA SAE: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Autores:
Giovana Fratin ; Aida Maris Peres ; Isabeli Emily Chevonik ; Rucieli Toniolo

Resumo:
Introdução: Os cuidados prestados pelos antecessores da enfermagem contemporânea eram oferecidos por caridade, principalmente aos enfermos e pessoas carentes, com cunho religioso e frágil de base científica. A evolução da enfermagem a partir do século XIX tem várias fases e atualmente seu eixo principal é a promoção da saúde e bem-estar dos indivíduos, fundamentada em bases científicas consistentes e  na autonomia profissional. A partir de 1950, a enfermagem organizou-se e construiu modelos conceituais fundamentais para a criação das teorias de enfermagem, que direcionam o cuidado. Por sua vez, essas teorias contribuíram para a construção da Sistematização da Assistência de Enfermagem, SAE, e sua aplicação, que engloba também a dimensão gerencial, confunde-se com o Processo de Enfermagem, instrumento metodológico que oportuniza a identificação, compreensão, descrição, explicação e até predição de como os pacientes/usuários respondem aos problemas de saúde ou aos processos vitais1. Da legislação que sustenta o trabalho do enfermeiro destaca-se a Resolução COFEN nº272/20022, que tornou obrigatória a implantação e implementação da SAE em todas as instituições de saúde públicas e privadas, determinando as fases para a sua operacionalização e a Resolução COFEN nº358/2009 que dispõe sobre sua implementação, em que, por meio da SAE ocorre o desenvolvimento e organização do trabalho da equipe pela qual o enfermeiro é responsável3. A SAE permite detectar as prioridades de cada paciente/usuário quanto às necessida desde saúde e direciona para possíveis intervenções. Embora  sua realização seja obrigatória, ainda é possível perceber as dificuldades que os profissionais possuem para implementá-la no serviço. Zanardo, Zanardo e Kaeferi4 reforçam a relevância do levantamento dos fatores dificultadores para superá-los, tornando sua implementação possível a partir do trabalho em equipe para resolução ou minimização dos problemas que impossibilitam a ampliação da implementação da SAE em todos os tipos de serviço. Objetivo: Identificar relatos de enfermeiros sobre as potencialidades e dificuldades vivenciadas na realização da sistematização da assistência em enfermagem, segundo periódicos científicos. Metodologia: Para atingir o objetivo foi realizada uma revisão integrativa da literatura cuja metodologia possibilita a investigação sistematizada sobre determinada problemática no campo científico, com o propósito de identificação das possíveis lacunas do conhecimento. Para a elaboração desta pesquisa foram determinadas as seguintes etapas metodológicas: estabelecimento da questão norteadora; seleção e obtenção dos artigos (critérios de inclusão e exclusão); avaliação dos estudos pré-selecionados; discussão dos resultados e apresentação da revisão integrativa.5  Para a primeira etapa foi elaborada a seguinte questão norteadora para o estudo: Quais são as dificuldades e facilidades dos enfermeiros na realização da Sistematização da Assistência em Enfermagem? O levantamento de artigos ocorreu em março de 2018,  na base de dados Scielo, com o emprego dos descritores “planejamento da assistência ao paciente”, “processo de enfermagem” e o termo “sistematização da assistência de enfermagem’’ publicados no período entre 2009 a 2018. Foram encontrados 55 resultados através dos descritores citados e termo, esses passaram por leitura do título e resumo, após esse processo foram selecionados 31 artigos, estes foram submetidos leitura integral. Durante esta etapa foram excluídos 10 artigos, por não abordarem a questão norteadora, totalizando 21 artigos. Os critérios de inclusão estabelecidos para a seleção dos artigos foram: ser artigo na base de dados Scielo; responder a questão norteadora; ter disponibilidade eletrônica na forma de texto completo, ter sido publicado no período supracitado nos idiomas português ou inglês. Foram excluídos os artigos que não abordavam o tema. Para síntese e análise dos artigos selecionados, utilizou-se quadro sinóptico com descrição dos seguintes aspectos: nome dos autores, ano, periódico, objetivo, pontos positivos e dificuldades na realização da SAE. Resultados: A partir dos 21 artigos analisados, foi possível perceber uma frequência maior de publicações nos anos de 2009, 2011 e 2012, cada um com quatro artigos publicados, seguido de 2015 com três, 2017 com dois e 2010, 2013, 2014 e 2016 com um artigo publicado por ano. A Revista Brasileira de Enfermagem foi a que publicou mais artigos no período analisado, cinco artigos, seguida da Revista da Escola de Enfermagem Anna Nery com quatro artigos, Revista Acta Paulista e Revista da Escola de Enfermagem da USP com três artigos cada, Enfermería Global com dois, Revista Ciencia y Enfermería, Revista Referência, Revista Gaúcha e Texto e Contexto com um artigo cada. A análise dos artigos permitiu perceber que a SAE é compreendida pelos enfermeiros como um instrumento que auxilia seu trabalho, aumentando a qualidade da assistência aos pacientes, contribui para o planejamento e a organização do trabalho e proporciona uma melhor autonomia profissional. Acredita-se que através da SAE é possível proporcionar um atendimento individualizado, qualificado, com mais segurança para os pacientes, por meio de uma assistência personalizada e decisões tomadas com base científica; dessa forma promove a valorização e autonomia do papel do enfermeiro dentro dos ambientes de saúde. Entretanto apesar dos enfermeiros compreenderem a SAE como um ferramenta de trabalho, entre as barreiras encontradas na sua implementação destacam-se a falta de conhecimento e dificuldades de compreensão e utilização da SAE; outros obstáculos também foram identificados, principalmente relacionados a questões institucionais, que fazem com que a SAE não seja realizada nas duas dimensões – gerenciamento e cuidado. Foi possível perceber com frequência nos artigos, relatos sobre dificuldades relacionadas à falta de recursos humanos, carga horária de trabalho e desinteresse da instituição. Dois artigos denunciam que o excesso de formulários e impressos institucionais para o registro das atividades da SAE direcionam o enfermeiro para o mecanicismo de suas ações, dificultando seu monitoramento, avaliação e reflexões sobre melhorias voltadas à integralidade na aplicação da SAE. Conclusão: Tendo em vista as dificuldades e potencialidades encontradas nos relatos, instituições e enfermeiros precisam se envolver de forma a melhorar e criar oportunidades que otimizem a realização da SAE sem dificuldades. Uma das opções é a criação de projetos de educação permanente, que viabilize atualizações teóricas para os profissionais e além disso, a valorização da SAE  por parte das instituições. Contribuições/implicações para a Enfermagem: Este estudo mostra o quanto a SAE vem ganhando espaço e reconhecimento desde 2009, e que apesar de ainda existirem dificuldades, sua visibilidade e reconhecimento pelos enfermeiros têm aumentado.


Referências:
1.Ferreira AM, et al. Diagnósticos de enfermagem em terapia intensiva: mapeamento cruzado e Taxonomia da NANDA-I. Rev. Bras. Enferm. 2016 Abr; 69(2):307-315. 2.Horta FG; Salgado PO; Chianca TCM; Guedes HM. Ações de enfermagem prescritas para pacientes internados em um centro de terapia intensiva. Rev. Eletr. Enf. 2014; 16(3):542-8. 3.BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Comissão Nacional de Ética em Saúde. Resolução CNS nº 466/12. Normas para pesquisa envolvendo seres humanos. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 2012. 4.Lucena AF, Barros ALBL. Mapeamento cruzado: uma alternativa para a análise de dados em enfermagem. Acta Paul Enferm 2005; 18(1):82-8. 5.Herdman TH; Kamitsuru S. Diagnósticos de enfermagem da NANDA Internacional: definições e classificação 2015-2017. 10ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2015. 468p.