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3980487 | POTENCIALIDADES E DIFICULDADES VIVENCIADAS POR ENFERMEIROS NA REALIZAÇÃO DA SAE: UMA REVISÃO INTEGRATIVA | Autores: Giovana Fratin ; Aida Maris Peres ; Isabeli Emily Chevonik ; Rucieli Toniolo |
Resumo: Introdução: Os cuidados prestados pelos antecessores da enfermagem
contemporânea eram oferecidos por caridade, principalmente aos enfermos e
pessoas carentes, com cunho religioso e frágil de base científica. A evolução
da enfermagem a partir do século XIX tem várias fases e atualmente seu eixo
principal é a promoção da saúde e bem-estar dos indivíduos, fundamentada em
bases científicas consistentes e na autonomia profissional. A partir de 1950,
a enfermagem organizou-se e construiu modelos conceituais fundamentais para a
criação das teorias de enfermagem, que direcionam o cuidado. Por sua vez,
essas teorias contribuíram para a construção da Sistematização da Assistência
de Enfermagem, SAE, e sua aplicação, que engloba também a dimensão gerencial,
confunde-se com o Processo de Enfermagem, instrumento metodológico que
oportuniza a identificação, compreensão, descrição, explicação e até predição
de como os pacientes/usuários respondem aos problemas de saúde ou aos
processos vitais1. Da legislação que sustenta o trabalho do enfermeiro
destaca-se a Resolução COFEN nº272/20022, que tornou obrigatória a implantação
e implementação da SAE em todas as instituições de saúde públicas e privadas,
determinando as fases para a sua operacionalização e a Resolução COFEN
nº358/2009 que dispõe sobre sua implementação, em que, por meio da SAE ocorre
o desenvolvimento e organização do trabalho da equipe pela qual o enfermeiro é
responsável3. A SAE permite detectar as prioridades de cada paciente/usuário
quanto às necessida desde saúde e direciona para possíveis intervenções.
Embora sua realização seja obrigatória, ainda é possível perceber as
dificuldades que os profissionais possuem para implementá-la no serviço.
Zanardo, Zanardo e Kaeferi4 reforçam a relevância do levantamento dos fatores
dificultadores para superá-los, tornando sua implementação possível a partir
do trabalho em equipe para resolução ou minimização dos problemas que
impossibilitam a ampliação da implementação da SAE em todos os tipos de
serviço. Objetivo: Identificar relatos de enfermeiros sobre as potencialidades
e dificuldades vivenciadas na realização da sistematização da assistência em
enfermagem, segundo periódicos científicos. Metodologia: Para atingir o
objetivo foi realizada uma revisão integrativa da literatura cuja metodologia
possibilita a investigação sistematizada sobre determinada problemática no
campo científico, com o propósito de identificação das possíveis lacunas do
conhecimento. Para a elaboração desta pesquisa foram determinadas as seguintes
etapas metodológicas: estabelecimento da questão norteadora; seleção e
obtenção dos artigos (critérios de inclusão e exclusão); avaliação dos estudos
pré-selecionados; discussão dos resultados e apresentação da revisão
integrativa.5 Para a primeira etapa foi elaborada a seguinte questão
norteadora para o estudo: Quais são as dificuldades e facilidades dos
enfermeiros na realização da Sistematização da Assistência em Enfermagem? O
levantamento de artigos ocorreu em março de 2018, na base de dados Scielo,
com o emprego dos descritores “planejamento da assistência ao paciente”,
“processo de enfermagem” e o termo “sistematização da assistência de
enfermagem’’ publicados no período entre 2009 a 2018. Foram encontrados 55
resultados através dos descritores citados e termo, esses passaram por leitura
do título e resumo, após esse processo foram selecionados 31 artigos, estes
foram submetidos leitura integral. Durante esta etapa foram excluídos 10
artigos, por não abordarem a questão norteadora, totalizando 21 artigos. Os
critérios de inclusão estabelecidos para a seleção dos artigos foram: ser
artigo na base de dados Scielo; responder a questão norteadora; ter
disponibilidade eletrônica na forma de texto completo, ter sido publicado no
período supracitado nos idiomas português ou inglês. Foram excluídos os
artigos que não abordavam o tema. Para síntese e análise dos artigos
selecionados, utilizou-se quadro sinóptico com descrição dos seguintes
aspectos: nome dos autores, ano, periódico, objetivo, pontos positivos e
dificuldades na realização da SAE. Resultados: A partir dos 21 artigos
analisados, foi possível perceber uma frequência maior de publicações nos anos
de 2009, 2011 e 2012, cada um com quatro artigos publicados, seguido de 2015
com três, 2017 com dois e 2010, 2013, 2014 e 2016 com um artigo publicado por
ano. A Revista Brasileira de Enfermagem foi a que publicou mais artigos no
período analisado, cinco artigos, seguida da Revista da Escola de Enfermagem
Anna Nery com quatro artigos, Revista Acta Paulista e Revista da Escola de
Enfermagem da USP com três artigos cada, Enfermería Global com dois, Revista
Ciencia y Enfermería, Revista Referência, Revista Gaúcha e Texto e Contexto
com um artigo cada. A análise dos artigos permitiu perceber que a SAE é
compreendida pelos enfermeiros como um instrumento que auxilia seu trabalho,
aumentando a qualidade da assistência aos pacientes, contribui para o
planejamento e a organização do trabalho e proporciona uma melhor autonomia
profissional. Acredita-se que através da SAE é possível proporcionar um
atendimento individualizado, qualificado, com mais segurança para os
pacientes, por meio de uma assistência personalizada e decisões tomadas com
base científica; dessa forma promove a valorização e autonomia do papel do
enfermeiro dentro dos ambientes de saúde. Entretanto apesar dos enfermeiros
compreenderem a SAE como um ferramenta de trabalho, entre as barreiras
encontradas na sua implementação destacam-se a falta de conhecimento e
dificuldades de compreensão e utilização da SAE; outros obstáculos também
foram identificados, principalmente relacionados a questões institucionais,
que fazem com que a SAE não seja realizada nas duas dimensões – gerenciamento
e cuidado. Foi possível perceber com frequência nos artigos, relatos sobre
dificuldades relacionadas à falta de recursos humanos, carga horária de
trabalho e desinteresse da instituição. Dois artigos denunciam que o excesso
de formulários e impressos institucionais para o registro das atividades da
SAE direcionam o enfermeiro para o mecanicismo de suas ações, dificultando seu
monitoramento, avaliação e reflexões sobre melhorias voltadas à integralidade
na aplicação da SAE. Conclusão: Tendo em vista as dificuldades e
potencialidades encontradas nos relatos, instituições e enfermeiros precisam
se envolver de forma a melhorar e criar oportunidades que otimizem a
realização da SAE sem dificuldades. Uma das opções é a criação de projetos de
educação permanente, que viabilize atualizações teóricas para os profissionais
e além disso, a valorização da SAE por parte das instituições.
Contribuições/implicações para a Enfermagem: Este estudo mostra o quanto a SAE
vem ganhando espaço e reconhecimento desde 2009, e que apesar de ainda
existirem dificuldades, sua visibilidade e reconhecimento pelos enfermeiros
têm aumentado.
Referências: 1.Ferreira AM, et al. Diagnósticos de enfermagem em terapia intensiva: mapeamento cruzado e Taxonomia da NANDA-I. Rev. Bras. Enferm. 2016 Abr; 69(2):307-315.
2.Horta FG; Salgado PO; Chianca TCM; Guedes HM. Ações de enfermagem prescritas para pacientes internados em um centro de terapia intensiva. Rev. Eletr. Enf. 2014; 16(3):542-8.
3.BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Comissão Nacional de Ética em Saúde. Resolução CNS nº 466/12. Normas para pesquisa envolvendo seres humanos. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 2012.
4.Lucena AF, Barros ALBL. Mapeamento cruzado: uma alternativa para a análise de dados em enfermagem. Acta Paul Enferm 2005; 18(1):82-8.
5.Herdman TH; Kamitsuru S. Diagnósticos de enfermagem da NANDA Internacional: definições e classificação 2015-2017. 10ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2015. 468p. |