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3971102 | “COLOCANDO AS COISAS NOS EIXOS”, OFICINA DE INTRODUÇÃO A CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL PARA A PRÁTICA DE ENFERMAGEM NO MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS. | Autores: Elizimara Ferreira Siqueira ; Karina Mendes Garcia |
Resumo: **Introdução:** Em 2014 foi instituído no âmbito da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis, a Comissão Permanente de Sistematização da Assistência de Enfermagem (CSAE). A CSAE constitui-se num grupo técnico-consultivo para a tomada de decisões da Secretaria Municipal da Saúde envolvendo as ações e Serviços de Enfermagem. Uma das competências desta comissão é construir coletivamente a proposta da Sistematização da Assistência de Enfermagem na Secretaria Municipal da Saúde de Florianópolis além de acompanhar, apoiar e monitorar todo o processo de implementação na rede municipal. Conforme o arcabouço legal que fundamenta a profissão, o Processo de Enfermagem é executado por todos os profissionais de Enfermagem, cabendo ao enfermeiro a liderança na execução e avaliação deste processo, de modo a alcançar os resultados esperados. É privativo ao enfermeiro a elaboração do diagnóstico de enfermagem, sendo este acerca das respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo saúde e doença; bem como a prescrição das ações ou intervenções de enfermagem a serem realizadas, em face dessas respostas¹. Para registro do Enfermeiro no prontuário eletrônico, a Carteira de Serviços da Atenção Primária de Florianópolis recomenda o uso da CIPE® (Classificação Internacional para Prática de Enfermagem). A CIPE® é uma terminologia padronizada, ampla e complexa, que representa o domínio da prática de enfermagem no âmbito mundial. É considerada, também, uma tecnologia de informação que proporciona a coleta, o armazenamento e a análise de dados de enfermagem em uma variedade de cenários, linguagens e regiões geográficas, no âmbito mundial, contribuindo para que a prática dos profissionais da enfermagem seja eficaz e, sobretudo, se torne visível no conjunto de dados sobre saúde e reconhecida pela sociedade.² A CIPE® permite a construção de afirmativas de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem a partir da utilização de seus sete eixos. As definições dos sete eixos, representam as ações de enfermagem; e são: “Foco: a área de atenção que é relevante para a Enfermagem. Julgamento: opinião clínica ou determinação relacionada ao foco da prática de enfermagem. Cliente: sujeito ao qual o diagnóstico se refere e que é o recipiente de uma intervenção. Ação: um processo intencional aplicado a um cliente. Meios: uma maneira ou um método de desempenhar uma intervenção de enfermagem. Localização: orientação anatômica e espacial de um diagnóstico ou intervenções. Tempo: o momento, período, instante, intervalo ou duração de uma ocorrência”. Para a construção dos enunciados dos Diagnósticos e dos Resultados de Enfermagem a CIPE® propõem a inclusão de: um termo do Eixo Foco e um termo do Eixo Julgamento, podendo ser adicionados termos de qualquer outro eixo, conforme necessário, exceto eixo ação. Para a construção dos enunciados das Intervenções de Enfermagem devem ser incluídos um termo do Eixo Ação e termos alvos de qualquer outro eixo, exceto do eixo julgamento.³ **Objetivo:** Relatar a experiência acerca da realização da oficina denominada “ Colocando as coisas nos eixos” destinada a introdução e alinhamento da CIPE® aos enfermeiros da Atenção Primária em Saúde de Florianópolis além de estimulá-los a usá-la durante a consulta de enfermagem e registro no prontuário eletrônico. **Descrição Metodológica:** No intuito de iniciar a discussão com os enfermeiros da Atenção Primária da rede municipal de Florianópolis a CSAE criou uma oficina com metodologia ativa e problematizadora para introdução e alinhamento quanto CIPE®. Essa oficina foi realizada em reuniões de enfermagem que acontecem mensalmente em cada Distrito Sanitário no ano de 2015. A oficina tinha início com a apresentação de um estudo de caso rotineiro da Atenção Primária e os enfermeiros eram convidados a fazerem individualmente um registro da consulta de enfermagem. Após um tempo estipulado havia um momento para compartilhamento dos registros, principalmente dos diagnósticos e intervenções de enfermagem. O segundo momento foi a divisão da turma em 5 minigrupos e distribuído partes de um texto para cada um deles, o texto trazia informações da criação da CIPE® e a evolução histórica da mesma até a versão atual naquele momento. Cada grupo lia, discutia a sua parte do texto e apresentava para o grande grupo. O terceiro momento é o chamado “colocando as coisas nos eixos”, onde os sete eixos escritos em tarjetas eram fixados na parede e outras tarjetas com termos dos eixos da CIPE® eram distribuídas para os participantes. Cada participante tinha que colocar os termos das suas tarjetas abaixo do eixo correspondente. Após todos participarem, as dúvidas eram tiradas e correções quando necessárias eram feitas. No quarto momento os enfermeiros foram motivados a criarem, com as tarjetas colocadas afixadas na parede, enunciados diagnósticos, resultados e intervenções de Enfermagem como propõem a CIPE®. No quinto momento, o estudo de caso do início da oficina era resgatado e os enfermeiros convidados, a partir dos novos conhecimentos, a construírem juntos diagnósticos, resultados e intervenções agora utilizando a CIPE® e comparando com a primeira experiência. O sexto e último momento ocorria a avaliação da oficina. **Resultados:** A maioria dos enfermeiros não utilizavam nenhuma classificação específica para a elaboração de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem nas consultas de enfermagem, assim como não conheciam a CIPE®. A oficina foi avaliada positivamente por usar uma metodologia ativa e usar a realidade dos enfermeiros para problematizar e discutir o tema. Os enfermeiros julgaram como fácil a utilização da CIPE® e que esta poderia auxiliar no processo de enfermagem/consulta de enfermagem. A padronização de uma classificação para toda a rede municipal de Florianópolis foi vista como positiva e importante para o fortalecimento da enfermagem. **Conclusão:** A oficina mostrou como o uso da CIPE® pode facilitar o raciocínio clínico, a comunicação entre profissionais e o planejamento e gerenciamento dos cuidados de enfermagem. Percebemos que por meio desta classificação a CSAE pode efetivamente implantar e consolidar o processo de enfermagem no Município de Florianópolis. **Contribuições/implicações para Enfermagem: **Constitui-se como uma ferramenta metodológica que oportuniza aos enfermeiros um primeiro contato com as bases conceituais da CIPE®, permitindo uma imersão na linha do tempo da terminologia de forma lúdica e problematizadora, bem como sua aplicabilidade nos diferentes cenários de prática.
Referências: 1 Chistóforo BEB, Zagonel IP, Carvalho D. Relacionamento enfermeiro-paciente no pré
operatório: uma reflexão à luz da teoria de Joyce Travelbee. Cogitare Enfermagem. 2006
jan;11(1):55-9.
2 Silva DC, Alvim NAT. Ambiente do centro cirúrgico e os elementos que o integram:
implicações para o cuidado de enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem. 2010 maio;
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3 Nanda. Diagnósticos de Enfermagem da Nanda. Porto Alegre: Artmed; 2010.
4 Pritchard MJ. Managing anxiety in the elective surgical patient. Br Journal Nurse. 2009
Apr;18(7):416-9.
5 Sarginotto IRA, Tramontini, CC. Sistematização da Assistência de Enfermagem
Perioperatória – Estratégias utilizadas por Enfermeiros para a sua aplicação. Ciência,
Cuidado e Saúde. 2009 jul;8(3):366-371. |