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3960488 | UMA EXPERIÊNCIA EXITOSA: CONSTRUÇÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM EM UM AMBULATÓRIO | Autores: Juliana Balbinot Reis Girondi ; Lúcia Nazareth Amante ; Bruno de Campos Gobato ; Luciara Fabiane Sebold |
Resumo: **Introdução**: O conselho Federal de Enfermagem (COFEN) pela resolução n°358/2009 considera que a Sistematização da Assistência de Enfermagem organiza o trabalho profissional quanto ao método pessoal e instrumentos, tornando viável a operacionalização do processo de Enfermagem. O mesmo considera que o processo de enfermagem é um instrumento metodológico que orienta o cuidado profissional de enfermagem e a documentação da prática profissional1. O processo de enfermagem contém as seguintes fases: histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem, prescrição de enfermagem e evolução de enfermagem2. Nessa perspectiva, a experiência que a graduação proporciona ao discente, promove o protagonismo na elaboração de ações relacionadas ao cuidado na área ambulatorial, assim como a utilização do raciocínio clínico com a finalidade de identificar situações de saúde/doença, designar e elaborar intervenções de enfermagem que auxiliem na promoção, prevenção e proteção da saúde do indivíduo. **Objetivo: **Relatar a experiência de construção do Processo de Enfermagem no cenário ambulatorial. **Descrição metodológica: **A experiência se deu na graduação, a partir de uma consulta de enfermagem realizada no ambulatório de um Hospital Universitário do sul do Brasil. Foram levantadas informações do paciente para compor o histórico de enfermagem, que reúne informações sobre a atual condição clínica de saúde, englobando dados relacionados a identificação do cliente, percepção e/ou expectativa sobre sua condição atual, problemas relacionados às necessidades humanas básicas e necessidades psicossociais e espirituais. Segue o caso: L,S,V, masculino, 28 anos, branco, evangélico praticante, possui ensino superior completo, natural de Florianópolis/SC. Relatou que seu diagnóstico médico de Leucemia Linfóide Aguda (LLA) é recente, há cerca de 1 mês, e agora inicia o tratamento quimioterápico no ambulatório de quimioterapia Relatou que desde o momento do diagnóstico não possuiu queixas álgicas ou percebeu alterações em sono, alimentação e eliminações vesicointestinais. Porém refere falta de ar aos pequenos esforços realizado durante a deambulação. Afirmou que está positivo e esperançoso no que diz respeito a melhora de seu quadro e que possui uma rede de apoio familiar. **Resultados: **Uma das principais complicações que o paciente possui devido ao quadro de LLA é a imunossupressão decorrente da própria doença e induzida pela quimioterapia, pois estes fármacos não possuem uma especificidade, agindo sobre células saudáveis e as destruindo também3. Dito isto, o diagnóstico elencado utilizando como base o Sistema de classificação International (NANDA-I)4 e levando em consideração o retorno deste paciente ao seu domicílio, foi: Risco de infecção evidenciado por imunossupressão. Dentre as intervenções para este diagnóstico destacam-se: Orientar importância e o modo correto da higienização das mãos, rotineiramente, usando água e sabão ou álcool em gel; orientar e recomendar a importância do uso de máscaras respiratórias, principalmente em locais onde não há circulação de ar e aglomerações; orientar sobre a importância de monitorar a temperatura corporal pelo menos uma vez no dia; sobre a realização de uma correta higiene oral e corporal, bem como a limpeza do domicílio. Além disso, se fez necessário o desenvolvimento de um diagnóstico de disposição para esperança melhorado. A esperança faz o indivíduo agir, se mover e alcançar suas metas. A falta de esperança o torna opaco, sem objetivos e aguardando a morte. Ela está relacionada ao bem-estar, qualidade de vida, sobrevida e provê força para resolver problemas e enfrentamentos como perda, tragédia, solidão e sofrimento5. Dentre as intervenções destacam-se a orientação familiar da importância de estimular o sentimento de esperança no paciente através de diálogo sempre que possível, além de fornecer suporte à esperança que o próprio paciente já que o mesmo tem com compreensão e encorajamento. Ademais, ao desenvolver da consulta, se fez nítido que o enfermeiro que atua em ambulatório deve possuir de características essenciais no contato com o paciente, sempre demonstrando empatia, cordialidade e autenticidade ao se relacionar com o mesmo, demonstrando esperança, reconhecendo o valor intrínseco e encarando sua doença como um aspecto de si mesmo. O enfermeiro também dever de incentivar o paciente,no momento da consulta a ingressar em grupos de apoio em centros de saúde perto de sua residência para uma melhora na adesão e aceitação de seu quadro clínico e suas implicações. **Conclusão: **A experiência da consulta e o desenvolvimento do Processo de Enfermagem permitiu a ampliação da visão e do conhecimento sobre a função do enfermeiro que atua no cenário ambulatorial, onde o mesmo tem como prioridade direcionar suas intervenções de saúde de forma a favorecer e ressaltar o empoderamento do próprio paciente em relação ao seu processo de saúde-doença. As intervenções e orientações de enfermagem são voltadas para a rotina do indivíduo e possuem ação indireta, já que não serão realizadas pelo profissional, mas sim pelo próprio indivíduo. Logo, as ações de autocuidado são enfatizadas a fim de evitar agravos e possíveis internações por complicações no quadro de saúde. Por conseguinte, ao desenvolver da consulta, se tornou notória a importância da SAE, pois a mesma possibilitou o levantamento de problemas, raciocínio clínico e o desenvolvimento de intervenções. Tornou-se evidente que para a maioria dos pacientes no âmbito ambulatorial, as dificuldades de compreensão são tão acentuadas, que se torna difícil a aceitação da necessidade e do verdadeiro significado do tratamento. É fundamental atender o paciente na alteração de suas necessidades bio-psico-sócio e espirituais, pois, além de estar doente, este paciente necessita aprender a conviver com suas possíveis limitações. O enfermeiro, no intuito de ser facilitador da aprendizagem, deve ser criativo e deve apresentar qualidades imprescindíveis, como autenticidade, deixar transparecer uma pessoa real, apresentar-se tal como é e, na relação com o outro, não se mostrar distante e com autoridade. Além da aceitação do outro como indivíduo, com capacidade e individualidade deve haver demonstração de interesse pelos sentimentos e compreensão empática. **Contribuições/implicações para a Enfermagem: **Este relato demonstra que a aproximação com a prática do cuidado em enfermagem no cenário ambulatorial pode ser um diferencial na formação acadêmica, pois percebe-se a importância da atuação do enfermeiro nesse contexto, e neste sentido a contribuição para a enfermagem implica em uma formação de excelência para os futuros profissionais. Além disso, legitima a enfermagem como profissão essencial para o cuidado. Portanto, a contribuição para a formação em Enfermagem, busca através das práticas das atividades acadêmicas proporcionarem ao aluno experiência mais próximas da realidade, podendo exercitar o processo de enfermagem.
Referências: 1 APECIH. Associação paulista de epidemiologia e controle de infecção relacionada à
assistência à saúde. Um Compêndio de Estratégias para a Prevenção de Infecções
Relacionadas à Assistência à Saúde em Hospitais de Cuidados Agudos. 2008.
2 Pinto, CZS et al. Caracterização de artroplastias de quadril e joelho e fatores associados à
infecção. Revista Brasileira de Ortopedia. 2015 maio; 50(6):694–699.
3 Daines, B; Dennis, D; Amann, S. Infection prevention in total knee arthroplasty. Journal of
the American Academy of Orthopaedic Surgeons.? 2015 junho; 23(6) 356-364.
4 ?Milandt, N et al. Iodine-impregnated incision drape and bacterial recolonization in
simulated total knee arthroplasty. Acta Orthopaedica. 2016 maio; 87 (4)380-385.
5 Morris, A; Gollish, J. Arthroplasty and postoperative antimicrobial prophylaxis. Canadian
Medical Association Journal. 2016 março; 188 (4) 243-244. |