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3897929 | SAÚDE DA MULHER: OPERACIONALIZAÇÃO DO ESTÁGIO OBRIGATÓRIO DO CURSO DE ENFERMAGEM - relato de experiência. | Autores: Lena Maria Barros Fonseca ; Paula Cristina Alves da Silva |
Resumo: **Introdução:** A Saúde da Mulher no Brasil foi incorporada às políticas nacionais de saúde nas primeiras décadas do século XX. Porém, limitada às demandas relativas à gravidez e ao parto. Com a intervenção do movimento de mulheres, as ações foram ampliadas e a partir de 1984 com a instituição pelo Ministério da Saúde, do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), implementadas com o Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PHPN) no ano de 2000 e da Rede Cegonha em 2011. Esta, comporta em seu conteúdo diversas leis e portarias relacionadas ao parto e nascimento.1 Mas, foi a partir da Constituição de 1988, com a instituição do Sistema Único de Saúde (SUS), que as mudanças no modo de conceber e produzir saúde sinalizaram para transformações no modo de atuar no campo da saúde, exigindo mudanças na formação dos profissionais de saúde. No ano de 2000 houve a homologação das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) dos cursos da área da saúde, tendo como referencia os cursos de enfermagem, medicina e odontologia, por apresentarem uma estrutura semelhante e seus egressos fazerem para da equipe de Saúde da Família3. Dentre estas estruturas encontra-se o estágio obrigatório, que compreende a vivência dos futuros profissionais de saúde em espaços reais de prática, em que o estudante encontra a oportunidade de expandir seus conhecimentos, associando a teoria à prática.4 Nessa perspectiva, o estágio obrigatório em Saúde da Mulher, dos graduandos de enfermagem, visa o aprimoramento de conhecimentos e desenvolvimento de habilidades fundamentais nessa área, de forma a contribuir com sua formação para melhorar os indicadores de saúde materno-infantil na Atenção Básica de Saúde. **Objetivo:** Descrever a operacionalização do estágio obrigatório de Saúde da Mulher. **Descrição metodológica:** Trata-se de um relato de experiência do estágio obrigatório do Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), realizado no segundo semestre de 2017. Foi desenvolvido no ambulatório de uma maternidade filantrópica e no hospital Universitário da UFMA, com carga horária de 135 horas. Os estagiários foram acompanhados por duas supervisoras docentes e por enfermeiras do serviço. As atividades de campo foram precedidas por revisão do conteúdo na semana pedagógica do estágio, onde ocorreu a apresentação do plano de estágio e discussão das atividades, de modo a sanar as dúvidas dos estagiários além de melhorar a integração do grupo com os supervisores. Os alunos foram divididos e 4 grupos, rodando em 4 estágios diferentes, por 21 dias em cada área, em sistema de escala por estudante e por setor. **Resultados e discussão:** No Centro de Parto e no ambulatório foram supervisionados por docente do curso. Após as atividades diárias nesses setores eram feitas discussões sobre as diversas situações. No ambulatório, foram realizadas consulta de pré-natal e prevenção do câncer de colo do útero, permeadas por palestras educativas para as gestantes. Nos demais setores, os alunos foram supervisionados pelos enfermeiros do serviço, devidamente cadastrados pela coordenação do Curso. Nesses setores, o primeiro dia de atividade a supervisora docente acompanhou os alunos na visita técnica nos setores, para apresentação dos estagiários. _No ambulatório_: na consulta de enfermagem no pré-natal e preventivo do câncer de colo uterino e mama, o contato dos alunos com a usuária iniciava com a triagem, seguida da consulta, com ênfase no acolhimento da mulher e seu acompanhante, prosseguindo com anamnese, exame físico e obstétrico (na gestante), finalizado com a conduta, cujas orientações levou-se em consideração os achados na anamnese e as demandas da mulher ou família. Na _prevenção do Câncer de colo e mama_: além das etapas já mencionadas, era coletado o material cérvico vaginal para o teste de Papanicolaou com esclarecimento das dúvidas sobre os aspectos do colo e mama, com as orientações e agendamento do retorno. _No centro obstétrico (CO)_: a supervisora motivou os alunos a vivenciarem a rotina do CO, desde o acolhimento da parturiente, acompanhamento do trabalho de parto, assistência no parto até a recepção e cuidados imediatos ao recém-nascido. Especificamente no trabalho de parto, realizaram procedimentos que eles relataram pouco conhecimento e prática durante as aulas prática da disciplina de Saúde da Mulher, como a ausculta do BCF, dinâmica uterina, toque vaginal, orientações sobre o processo do parto para a gestante/acompanhante, a oferta de medidas não farmacológicas para o alivio da dor e promoção do conforto. Os relatos demonstraram que muitas parturientes tiveram uma rápida evolução do trabalho de parto com as massagens, uso de bola suíça, aromoterapia e utilização de banquetas, fazendo os alunos acreditarem que a evolução foi favorecida pelo procedimento e pela interação harmoniosa e de confiança entre a mulher e o docente/estagiários durante a assistência. Nos outros setores como: _Alojamento Conjunto_, _Acolhimento e Classificação de Risco_, _Internação a gestante de Alto risco_, _Pré-natal Especializado_ e _Planejamento Familiar_, os alunos demonstraram que a vivencia foi de grande valia pelo amadurecimento no desenvolvimento das ações sem a presença do supervisor docente contando com a contribuição dos profissionais da instituição. Em cada local/setor de estágio, assim como nas consultas e nos atendimentos, buscaram o acolhimento à mulher e seu acompanhante e uma boa convivência com os funcionários das instituições. Perceberam que o acolhimento é a principal estratégia para o estabelecimento da confiança mulher/acadêmicos, permitindo assegurar a garantia do sigilo e da confidencialidade das informações relatadas pelas usuárias durante as consultas e demais atendimentos. Todas as atividades do estágio relacionadas com o cuidado à mulher, foram permeadas pela educação em saúde, assim como o aconselhamento, visando contribuir para melhorar o auto cuidado da mulher, família e concepto, desenvolver a autonomia e aumentar os conhecimentos e confiança dos estagiários. Utilizou-se como base do cuidado às mulheres, a teoria do Auto Cuidado e a Teoria das Necessidades Humanas Básicas. Foi solicitado aos alunos um estudo de caso, que eles realizaram no setor de internação obstétrica e ginecológica de alto risco, apresentado e discutido no final do estágio. **Conclusão: **a operacionalização do estágio obrigatório de Saúde da Mulher foi expressa pelos alunos durante a avaliação como uma experiência de grande importância para as ações de promoção à saúde da mulher na atenção básica de saúde e relevante na formação dos futuros profissionais de saúde. Possibilitou o crescimento dos acadêmicos e a interação destes com as professoras e funcionários envolvidas uma vez que não se limitaram somente aos cuidados prestados às mulheres, mas também assumiram responsabilidades na área de gerenciamento de enfermagem, no atendimento ao cliente, na tomada de decisão e prescrição de cuidado. E mais do que isso, incentivou a busca incessante da qualidade e da humanização da assistência à Saúde da Mulher. Acredita-se que assistir as mulheres de forma integral e humanizada exige de todos os acadêmicos e profissionais de saúde, competência, ética e habilidade técnica, além de profissionais disponíveis e capacitados para oferecerem oportunidade aos alunos e contribuírem na consolidação dos conhecimentos para a formação dos futuros profissionais. **Contribuições/implicações para a enfermagem:** Acredita-se que alcançar a máxima qualidade do estágio supervisionado oferecido ao aluno, necessita de campo com infraestrutura satisfatória, supervisores docentes e técnicos capacitados, bem como planejamento das atividades para que possam superar as dificuldades que se apresente e possa utilizá-lo como momento de aprendizagem, qualificando-se para ser o futuro profissional de enfermagem, competente e ético que o mercado de trabalho requer.
Referências: 1. Leandro RFR; Ferraz OB. Enfermeiro clínico assistencial. In: Nisho EA; Franco MTG. Modelo de gestão em enfermagem: qualidade assistencial e segurança do paciente. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
2. Munyewende PO; Rispel LC; Chirwa T. Positive practice environments influence job satisfaction of primary health care clinic nursing managers in two South African provinces. Human Resources for Health, Londres. 2014: 12 (27):1-14. Disponível em: Acesso em: 04 de março. 2018
3. Silveira VHK da; Dal Pai D. Violência sofrida por homens e mulheres da equipe de enfermagem no trabalho em hospital universitário. Salão UFRGS 2015: SIC - XXVII Salão de iniciação científica da UFRGS. 2015. Porto Alegre – RS. |