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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 3814910

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3814910

CAPTAÇÃO DE DOADORES E DOAÇÃO DE SANGUE NO ESTADO DE SANTA CATARINA ENTRE 1960 E OS TEMPOS ATUAIS

Autores:
Rosane Suely May Rodrigues ; Rafaela Dutra Nunes da Silva ; Rosane Gonçalves Nitschke ; Janete Lourdes Cattani Baldisser ; Luciana Martins da Rosa

Resumo:
**INTRODUÇÃO: **a atual Hemoterapia no Estado de Santa Catarina é fruto da construção de ideias, projetos e, principalmente, da soma das atuações dos diversos profissionais, atores dessa construção histórica. A importância do sangue sempre se fez pela necessidade do sangue e homoderivados no cuidado à saúde, e porque ainda não existe sangue artificial. Assim, a captação de doadores e consequente doação de sangue são essenciais para a Hemoterapia. A história da Hemoterapia Catarinense se destaca a partir de 1960 e para registrar essa história, um projeto de pesquisa foi elaborado para que a partir dos relatos dos protagonistas e dos registros em documentos os fatos fossem registrados para serem perpetuados, pois o passado esclarece o presente e auxilia a construção do futuro. **OBJETIVO: **revelar os principais fatos da captação de doadores  e doação de sangue no Estado de Santa Catarina, entre a década de 1960 e a implementação e consolidação da Hemorrede Pública Estadual. **PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: **estudo qualitativo, exploratório e descritivo, que coletou dados por meio de entrevista semiestruturada em 2014. Foram  incluídos 18 profissionais das diversas formações em saúde, atuantes no Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina e na Hemorrede Pública Catarinense. As entrevistas foram transcritas na íntegra e após foram validadas em 2015. As comunicações foram organizadas e analisadas segundo a análise de conteúdo.1 Para manter o anonimato, os protagonistas foram identificados pela letra “P” seguida de um número arábico conforme ordem de realização das entrevistas. **RESULTADOS: **os relatos deram origem a três categorias temáticas: Da doação remunerada à espontânea; Busca pela qualidade e segurança na doação de sangue; Aprimoramento profissional. A categoria “Da doação remunerada à espontânea” mostra que a doação somente ocorria mediante remuneração e ao longo do tempo e com o aprimoramento da hemoterapia e, principalmente, com a preocupação com a qualidade do sangue na transfusão, a cultura da doação de sangue passou para forma voluntária e altruísta. Para isto houve necessidade da capacitação profissional, estruturação da hemoterapia e mudança da cultura da população sobre a doação de sangue. Essa mudança ocorreu por meio de uma longa trajetória de educação da população, e que ainda se faz necessária nos tempos atuais. Apresenta-se um depoimento para exemplificar esta categoria: “_A cultura de doação era ainda de doação remunerada ou coagida, porém foi substituída, após as oficinas de captação do Ministério da Saúde, por atividades de conscientização da população à importância da doação de sangue de forma saudável, habitual e altruísta, envolvendo uma gama de segmentos da sociedade como: escolas, empresas, clubes de serviços, imprensa, igrejas, prefeituras e secretarias, dentre outros”_(Protagonista 7). A  categoria temática:** “**Busca pela qualidade e segurança na doação de sangue” retrata a transformação do serviço, inicialmente desenvolvido de forma precária e sem reconhecimento. A qualidade do sangue pouco era destacada, por exemplo, testes sorológicos não eram realizados. As grandes transformações na qualidade da hemoterapia e, consequentemente, do sangue doado ocorreu, principalmente, na década de 80, com o advento da Aids. Capacitações profissionais foram organizadas, a infraestrutura e equipamentos foram melhorados, legislações, decretos e normas foram instituídos.  ** “**_Em 1977,_ [...] _começou uma longa reestruturação... devagar..., já que o banco de sangue era visto como uma das últimas etapas do serviço hospitalar, no fundo do corredor, na sala que sobrava, com a verba que sobrava_. _Aos poucos começamos a trabalhar juntos, conseguimos estruturar o serviço_ [...] _trouxemos coisas novas, modificamos as técnicas pré-transfusionais, colocamos novos detalhes sorológicos, melhoramos a parte de equipamento e colocamos a triagem pré-doação_ [...]” (Protagonista 1). “_Com o surgimento da aids e de outras doenças transmissíveis pelo sangue, o Ministério da Saúde passou a investir mais recursos para a compra de equipamentos e insumos, realização de treinamentos dos profissionais da área e investimentos à conscientização da população à doação de sangue consciente. O fato também contribuiu para o cumprimento das legislações, as quais são revisadas periodicamente, visando maior segurança transfusional, minimizando riscos de doenças _(Protagonista 7). A categoria temática: “Aprimoramento profissional” evidencia a contribuição do conhecimento na transformação e qualificação da hemoterapia no Estado de Santa Catarina, resultante de um movimento nacional. Exemplificando: “_No fim da década de 1980 foram criadas Coordenadorias no Ministério da Saúde, sendo uma delas a de sangue e hemoderivados, a qual iniciou a normatização da área da hemoterapia, estabelecendo critérios para a doação de sangue e demais processos envolvidos, como a captação de doadores, coleta, análises laboratoriais e o ato transfusional_. _Em 1988, ocorreu a 1ª Oficina de Captação de Doadores no Brasil, planejada pelo Ministério da Saúde e, realizada em Brasília. Esta oficina reuniu representantes de todos os Estados, a fim de estabelecer ações de captação visando à obtenção de doadores saudáveis e maior segurança do processo transfusional. O processo permitiu padronizar a captação de doadores no Estado.” _(Protagonista 7) **CONCLUSÃO: **o desenvolvimento organizacional, científico, o aprimoramento profissional, o estabelecimentos das normalizações, a informação e a educação, configuram os principais fatos da história da hemoterapia, que permitiram  a transformação da captação de doadores e da doação de sangue no Estado de Santa Catarina, a exemplo do movimento nacional e mundial para qualidade do sangue e segurança na transfusão. **CONTRIBUIÇÕES/IMPLICAÇÕES PARA ENFERMAGEM:** revelar os fatos da construção da hemoterapia catarinense possibilita reflexão sobre a construção da própria história, mas, principalmente, do papel da enfermagem nessa construção, pois na coleta e transfusão de sangue a enfermagem exerce um papel fundamental, destacando-se por seu empenho e cuidados com os doadores e pessoas que necessitam do sangue ou hemoderivados. O cuidado de enfermagem organizado e planejado permite que o doador perceba a atenção dispensada, a preocupação com seu bem-estar, com sua segurança, e além disto favorece com que ele se sinta valorizado e, essas características contribuem com a fidelização do doador. **DESCRITORES: **Serviço de hemoterapia;  Doadores de sangue; Discursos. **TEMA 2:** Integração ensino-serviço-comunidade como estratégia para a formação profissional e consolidação da Sistematização da Assistência de Enfermagem. **REFERÊNCIAS** 1. Bardin L. Análise de conteúdo. São Paulo: editora 70; 2011.


Referências:
1. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.351/GM/MS, de 5 de outubro de 2011. Altera a Portaria nº 1.459/GM/MS, de 24 de junho de 2011, que institui, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a Rede Cegonha. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 27 jul. 2011. Disponível em:. Acesso em: 04 maio 2016; 2. BRASIL. Presidência da República. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: 1988. 3. MOREIRA, C.O.F., DIAS, M.S.DE A. Diretrizes Curriculares na saúde e as mudançasnos modelos de saúde e de educação. ABCS Health Sci. 2015; 40(3):300-305. 4. Evangelista, D.L., IVO, O.P. Contribuições do Estágio Supervisionado para a formação do profissional de enfermagem. Revista Enfermagem Contemporânea. 2014 Dez;3(2):123-130