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3783840 | PRECAUÇÃO PADRÃO EM UMA UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO: RELATO DE EXPERIÊNCIA. | Autores: Lourdes Oliveira Gomes ; Rafaela Vitoria Rendeiro Ferreira da Silva ; Rodrigo Maia da Silva |
Resumo: **Introdução: **Biossegurança refere-se à aplicação do conhecimento, técnicas e equipamentos com a finalidade de prevenir a exposição do trabalhador. Os riscos ocupacionais, que atingem os trabalhadores dos serviços de saúde são originados a partir de fatores físicos, químicos, psicossocias, ergonômicos e biológicos. Esses últimos, por sua vez, são provocados por agentes infecciosos, tais como bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários e vírus¹. Os riscos biológicos merecem destaque como um dos mais frequentes no desenvolvimento das atividades dos profissionais de Enfermagem, sobretudo por estes estarem envolvidos à manipulação e contato direto de material contaminado com sangue e secreções. A presença do risco biológico se evidencia pela não observância das Medidas de Precaução Padrão (MPP) durante a realização de curativos, limpos ou contaminados, e/ou na aplicação de medicamentos. As MPP são recomendadas para todo profissional que exerça suas atividades ocupacionais nos serviços de saúde e estas tem por objetivo à prevenção e controle de infecções relacionadas à assistência à saúde em todos os níveis de atenção. Sua composição inclui a utilização de barreiras representadas pelos Equipamentos de Proteção Individual (EPI), higienização das mãos, limpeza e desinfecção de superfícies do ambiente e dos equipamentos, manejo adequado dos resíduos dos serviços de saúde e imunização. As MPP são recomendadas para reduzir a exposição aos riscos biológicos presente na assistência à saúde tanto dos profissionais quanto aos oriundos dos usuários. Nesse contexto, insere-se a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) que é um estabelecimento de saúde de complexidade intermediária, onde os trabalhadores estão expostos potencialmente aos riscos biológicos. **Objetivos: **Descrever a experiência de discentes do Curso Técnico de Segurança do Trabalho durante a observação das atividades laborais realizadas pela equipe de enfermagem durante os atendimentos de urgência/emergência. **Descrição Metodológica: **Considerando a natureza do problema e o objeto de estudo proposto, optamos por realizar uma pesquisa exploratória descritiva com abordagem qualitativa. Nesse contexto, a pesquisa descritiva é aquela que descreve as características de determinadas populações ou fenômenos. Uma de suas particularidades é a utilização de técnicas padronizadas de coletas de dados, tais como o questionário e a observação sistemática³. O mesmo tem uma abordagem qualitativa, do tipo relato de experiência, por considerar que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade4. As atividades de observação foram realizadas pelos alunos do segundo período do curso técnico de segurança do trabalho do Instituto Federal do Pará – campus Ananindeua, durante a disciplina de Doenças Ocupacionais e Biossegurança, com o intuito de gerar um relatório que identificasse os riscos ocupacionais dos trabalhadores de enfermagem. A atividade acadêmica foi realizada em uma Unidade de Pronto Atendimento 24 horas (UPA), localizada na região metropolitana de Belém/PA. Devemos ressaltar que as UPAs 24h são estruturas de complexidade intermediária entre as Unidades Básicas de Saúde e as portas de urgência hospitalares, onde em conjunto com estas compõe uma rede organizada de Atenção às Urgências. **Resultados: **Durante o período de 13 a 28 de novembro de 2017, foram realizadas três atividades observacionais nos turnos matutino, vespertino e noturno (19:00 as 23:00) nas salas verde e vermelha da referida unidade. Durante esse processo os alunos puderam perceber que a assistência de enfermagem se dá de maneira dinâmica, porém pouco sistematizada quando consideramos as orientações acerca da Precaução Padrão. Nesse sentido, podemos verificar a importância que os técnicos de enfermagem demonstravam com o uso das luvas de procedimento, bem como das máscaras cirúrgicas e máscaras N-95, o que evidencia comprometimento com a proteção contra doenças como: tuberculose, meningite, hepatites virais, HIV, entre outras. No entanto, a lavagem das mãos ou higienização das mãos com álcool em gel, utilizando a técnica correta, pouco foi visualizada. Percebemos a ausência desta prática no mesmo instante em que notamos que a troca de luvas entre um atendimento e outro, nem sempre era realizada. Tal aspecto pode ser explicado pela superlotação do serviço e pelo alto grau de absenteísmo verificado na unidade. Outro aspecto que merece destaque é a desinformação quanto a necessidade real da utilização da máscara N – 95. Um notório número de profissionais de nível médio exigia o uso da referida máscara, mesmo quando o paciente não demandava precaução por aerossóis. Nessa perspectiva, achamos importante planejar uma atividade de educação em saúde com o intuito de esclarecer as dúvidas e incertezas presentes. No aspecto relacionado ao descarte de material perfurocortante, notou-se uma dificuldade no manejo adequado da caixa coletora, pois em todos os turnos observados, o limite de descarte era ultrapassado. Tal comportamento gera insegurança no processo de trabalho da equipe de enfermagem, promovendo um alto grau de risco ocupacional, sobretudo de risco biológico. **Conclusão: **A experiência oportunizou aos alunos um momento de observação da prática profissional da equipe de enfermagem, bem como da evidenciação ocupacional a agentes biológicos que estes trabalhadores estão expostos. Percebeu-se ainda, que no ambiente de atendimento de saúde todos compreendem a importância e a necessidade das ações de biossegurança na prevenção contra as doenças transmissíveis, tanto para os profissionais quanto para o paciente5. No entanto, é notória a dificuldade relacionada ao quantitativo e rotatividade de pacientes, bem como ao dimensionamento de pessoal. Quanto ao uso dos equipamentos de proteção individual, fica claro que a ausência dos mesmos na unidade é um fator determinante ao seu uso. Por fim, os alunos de segurança do trabalho refletiram sobre a necessidade de realizar ações educativas, em parceria com a direção da unidade, com o intuito de proporcionar impacto na prática assistencial observada.5 **Contribuições/ implicações para a Enfermagem**: Para a equipe de enfermagem percebe-se a necessidade de um redimensionamento da equipe assistência com o intuito de qualificar o cuidado prestado e fortalecer as ações de proteção dos trabalhados e usuários. Existe ainda a necessidade de ampliação das atividades de educação e saúde que visem sensibilizar os profissionais quanto à importância de sua proteção. Por fim, percebe - se que a atuação do técnico em segurança do trabalho se faz relevante às orientações de prevenção e controle dos riscos ocupacionais que a equipe de enfermagem esta exposta.
Referências: 1. Moraes EN. Atenção à Saúde do Idoso: Aspectos Conceituais. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde; 2012; 2. Brehmer LCF, Ramos FRS. Experiências de integração ensino-serviço no processo de formação profissional em saúde: revisão integrativa. Rev Eletrônica Enferm 2014; 16(1):228-37.; 3. de Souza Rodrigues dos Santos, A, Alfradique de Souza, P, Marques Dutra do Valle, A, Dantas Cavalcanti, AC, Chaves Sá, SP, Ferreira Santana, R. Caracterização dos diagnósticos de enfermagem identificados em prontuários de idosos: um estudo retrospectivo. Texto & Contexto Enfermagem [Internet]. 2008;17(1):141-149. |