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3748254 | A FORMAÇÃO DA ENFERMAGEM OBSTÉTRICA POR MEIO DA PÓS-GRADUAÇÃO NA MODALIDADE RESIDÊNCIA UMA INTEGRAÇÃO ENTRE ENSINO-SERVIÇO E RETORNO A COMUNIDADE: RELATO DE EXPERIÊNCIA | Autores: Laura de Fátima Lobato Silva ; Ivonete Vieira Pereira Peixoto ; Elyade Nelly Pires Rocha Camacho ; Márcia Simão Carneiro |
Resumo: **Introdução**: O Brasil não alcançou o quinto Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM), estipulado pela Organização das Nações Unidas (ONU), o quinto ODM compreendia a melhoria da saúde materna. Em 1990 o indicador de mortalidade compreendia em 141 óbitos maternos a cada 100 mil nascidos vivos. Em 2012 a taxa de mortalidade materna no Brasil reduziu para 62 óbitos/ 100 mil nascidos vivos, sendo a meta 35 óbitos/100 mil nascidos vivos. Um dos fatores que contribui para dificuldade em reduzir a taxa de mortalidade materna no Brasil, é o elevado número de nascimentos por cesarianas, quando de forma eletiva, eleva 3,5 vezes a mais da mulher ir a óbito e de 5 vezes de desenvolver infecção no pós-parto1. Frente a este desafio diversas estratégias e políticas foram traçadas para a redução deste grande problema de saúde pública, tais como: a Política Nacional de Ação Integral de Saúde da Mulher (PNAISM); o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento; o Pacto Nacional pela redução da mortalidade materna neonatal; a Política Nacional de Atenção Obstétrica e Neonatal e a Rede Cegonha2. A inserção da Enfermagem Obstétrica na assistência ao parto também é considerada pelo Ministério da Saúde uma estratégia para redução de cesarianas desnecessárias3. Com a criação do programa da residência multiprofissional na área da saúde e posteriormente a criação do Programa Nacional de Bolsas para Residência em Enfermagem Obstétrica (PRONAEF), os enfermeiros passam a ter a oportunidade de cursar a especialização na modalidade lato sensu, consolidando seu conhecimento em sua grande parte no campo prático através do serviço a comunidade nos estabelecimentos de saúde conveniados. As experiências vividas através do ensino por meio da integração a comunidade nos serviços de saúde, gera resultados e estes resultados precisam ser compartilhados no âmbito acadêmico, para melhor compreensão do que vem representando a Residência em Enfermagem Obstétrica para os Enfermeiros Obstétricos formados. **Objetivos:** Descrever a experiência vivenciada durante a residência de enfermeiras obstétricas durante a formação lato sensu, na modalidade residência pela Universidade Federal do Pará (UFPA) com foco na atenção ao pré-natal, trabalho de parto e parto. **Descrição metodológica:** este relato é proveniente das atividades desenvolvida no período de 24 meses de vivências práticas ocorrida nos serviços que são referências a saúde da mulher. O programa de Residência em Enfermagem Obstétrica- UFPA iniciou no ano de 2012 e desenvolve-se de maneira descentralizada nos serviços de atenção a saúde da mulher. As turmas são compostas por doze enfermeiros dimensionados em regime de 60 horas semanais, com períodos de rodízio entre dois meses, incluindo plantão noturno. A assistência é prestada nos programas de atenção a saúde da mulher nas Estratégias Saúde da Família (ESF), Unidades Básicas de Saúde (UBS), em Centros de Atenção a Saúde da Mulher e Unidade de Referência Materno Infantil e nas maternidades de baixo e alto risco em uma cidade do estado do Pará. **Resultados**: a inserção no universo da saúde da mulher por meio do serviço nos trouxe um rico aprendizado durante 24 meses, nos oportunizou a compreensão da responsabilidade da Enfermagem Obstétrica, a conduta nos principais urgência e emergências obstétricas, executar a Sistematização da Assistência de Enfermagem voltada para o binômio mãe-bebê, vivenciar a rotina e fluxos de serviços e principalmente colocar em prática o novo cuidado a mulher durante o trabalho de parto e parto na luz da humanização da assistência estipulado pela rede cegonha. Destacamos também como aprendizado o resguardando a autônima e empoderamento feminino e tomada de decisão em conjunto com a cliente, como rege os principais princípios da bioética “beneficência, não-maleficência, autonomia, justiça e equidade”, este aprendizado foi favorecido a nós através das mulheres as quais assistíamos, onde podemos compreender a importância da autonomia não só para as usuárias mas para nossa vida pessoal. Pertencer às primeiras turmas da residência em Enfermagem Obstétrica no Estado do Pará, sem dúvida foi um desafio, pois estávamos e estamos vivendo um cenário de mudanças no contexto do parto e nascimento, onde a figura médica era atrelada ao principal assistente ao parto, atualmente as novas diretrizes e políticas emergentes na assistência obstétrica trazem a figura da Enfermagem Obstétrica como uma profissão com autonomia e habilidades para assistência ao parto normal de risco habitual. Estas novas diretrizes geraram entraves que foram sendo superados com o passar do tempo através da empatia com a equipe multiprofissional e pela constante busca de qualificação profissional em eventos científicos e simpósios que abordavam a assistência ao trabalho de parto e parto baseada em evidências científicas, onde foi possível uma reconstrução do que foi aprendido na graduação e a aquisição de novos moldes de assistir a mulher e finalmente o compartilhamento da equipe responsável por prestar assistência a parturiente. Também as novas diretrizes de assistência ao parto e nascimento trazem a figura da mulher como participante ativa do seu processo de parturição, ou seja, a mulher deve ser a protagonista da assistência, o que nos oportunizou aprender como cada mulher que foi assistida por nós, um aprendizado/troca de saberes que se transformavam em agradecimento de mão dupla, de quem é assistido e de quem assiste. **Conclusão: **o aprendizado pela práxis do cuidar na enfermagem obstétrica gerou em nós, a autonomia do saber e do fazer, permitindo a formação de profissionais mais seguros para atuação no mercado de trabalho e nos estimulou a buscar as melhoras formas de cuidar e gerou muitas inquietações para serem investigadas por meio de pesquisas. Após a rica experiência adquirida, muitos caminhos foram sendo trilhados, foi possível compormos a comissão para implementação do primeiro Centro de Parto Normal peri hospitalar na região Norte, a inserção em Mestrados acadêmicos e profissional, o trabalho autônomo na prestação de consultorias, atuação na docência e atuação na assistência ao pré-natal, trabalho de parto, parto eutócico e nascimento.** Contribuições/implicações para enfermagem**: o ensino por meio do serviço, não só na só na Enfermagem Obstétrica, mas, nas demais especialidades disponíveis, como: Enfermagem em clínica médica e cirúrgica, oncologia, Estratégia Saúde da Família, Unidade de Terapia Intensiva, Urgência e Emergência e demais, torna-se uma oportunidade de desenvolver a Enfermagem com autonomia e a busca constante pelo conhecimento. Para nossa área a contribuição da residência para a Enfermagem trouxe o retorno de Enfermeiros que possuem senso crítico e reflexivo de suas práticas, divergindo de práticas mecanizadas e implementando práticas humanísticas, possibilita a construção e reconstrução contínua do aprendizado que leva a reflexão para o resgate e fortalecimento do real papel da Enfermagem Obstétrica para a saúde da mulher no Brasil, nos instiga a fomentar o empoderamento de mulheres na luta por uma atenção de qualidade, resolutiva e respeitosa.
Referências: 1. Reis ML, Medeiros M, Pacheco LR, Caixeta CC. Evaluation of the multiprofessional work of the family health support center (nasf). Texto Contexto Enferm 2016 [cited 2018 mar 15];25(1):e2810014: Available from: http://www.scielo.br/pdf/tce/v25n1/pt_0104-0707-tce-25-01-2810014.pdf.
2. Severo SB, Seminotti N. Integralidade e transdisciplinaridade em equipes multiprofissionais na saúde coletiva. Ciência & Saúde Coletiva. 2010; 15(1):1685-98.
3. Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 2011. 229p. |