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3744686 | O ENSINO PELA PESQUISA EM ENFERMAGEM | Autores: Cláudia Mara de Melo Tavares ; Letycia Sardinha Peixoto Manhães ; Marcela Pimenta Muniz |
Resumo: INTRODUÇÃO: Na atualidade, a sociedade mostra-se dinâmica e em constante
transformação. Em decorrência disso, professores e estudantes se vêem
mergulhados nas mais diversas informações, disponíveis em diferentes fontes.
Nesse sentido, os professores têm que realizar as suas práticas de modo
renovado para propiciar aos estudantes condições de participação na construção
ou até de reconstrução do conhecimento1. A prática de pesquisa viabiliza a
reconstrução de saberes, transforma os estudantes em seres produtores de
conhecimentos e remete a questões relevantes dos processos de ensino e de
aprendizagem, tais como o interesse, a curiosidade, a motivação, a
participação, o questionamento, a dúvida, o vivenciar a prática para a
produção de conhecimentos2. O ser humano aprende pela investigação, na procura
de soluções para os problemas, na curiosidade, ou ainda, pela ausência de
algo3. Além disto, Demo4 afirma que o estudante tem papel importante para a
pesquisa, não sendo só como objeto, mas também um sujeito social atuante
naquele temática. No âmbito acadêmico, estudantes de graduação e pós-graduação
são apresentados a diversas questões que compõem a formação em Enfermagem. Via
de regra, eles entendem os fenômenos que lhes foram explicitados, mas mostram-
se despreparados para utilizar estes conhecimentos de modo criativo nas reais
demandas do campo do ensino e saúde. A justificativa para o desenvolvimento
deste estudo se dá pela necessidade de reflexões que venham a embasar mudanças
no ensino de Enfermagem, buscando superar a prática de aprendizagem hegemônica
que reflete uma formação de profissionais reprodutivistas. O objetivo deste
estudo foi relatar a experiência com práticas de ensino pela pesquisa em saúde
e enfermagem em grupo de estudo. Utilizou-se a abordagem metodológica
qualitativa do tipo relato de experiência. RESULTADOS E DISCUSSÃO: As autoras
tiveram experiências com o emprego da pesquisa visando ao ensino através do
espaço de grupos de estudo da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da
Universidade Federal Fluminense, no município de Niterói-RJ. Ao pesquisar
sobre o tema de pesquisa de outra pessoa do grupo de estudo, este membro irá
aumentar seu arsenal de conhecimento temático e, sobretudo, passa a perceber
outros assuntos de saúde e enfermagem de um modo mais ampliado, uma vez que o
aumento da quantidade e qualidade de leituras temáticas proporciona ao
indivíduo em formação uma visão integral no âmbito da saúde. Nas práticas de
ensino pela pesquisa, pôde-se perceber que os estudantes da graduação e pós-
graduação em Enfermagem vinculados aos grupos de estudo mostram-se
interessados em romper com a ideia de roteiros de ensino enrijecidos. “A
pesquisa é uma das estratégias da prática educativa que atualmente pode ser o
grande ponto de partida para os avanços nos processos de ensino e de
aprendizagem”2:316. No entanto, quando se trata do aprendizado em disciplinas
de sala de aula, nota-se que o ensino pela pesquisa ainda é um desconforto
para os estudantes, principalmente, de graduação. Considerando-se o valor da
pesquisa para a formação em Enfermagem enquanto algo de grande importância,
mas ainda pouco vista enquanto alicerce para o ensino, para que ela venha a
assumir efetivamente este papel fundamental, a pesquisa “precisa desdobrar a
competência formal forjada pelo conhecimento inovador, para alojar-se, com a
mais absoluta naturalidade, na qualidade política também”4:6. Enquanto as
pesquisas propostas em disciplinas de sala de aula ainda têm o perfil de
pesquisas mais individuais, as pesquisas propostas aos estudantes em um grupo
de estudo estão envolvidas mais horizontalmente com as temáticas de interesse
de cada linha de pesquisa do grupo. Quanto a isto, verificou-se que as
práticas do ensino pela pesquisa tornam-se potencializadas quando são
propostas para um coletivo que possua entre si a maior noção de pertencimento
possível. São apresentados a tópicos de pesquisa que são necessários, por
exemplo, à monografia ou à dissertação de um dos membros do grupo,
pesquisando-os e, por conseqüência, aprendendo-os já sob o ponto de vista da
aplicabilidade dele por ser relevante para o contexto da pesquisa ou da
prática de Enfermagem do colega do grupo de estudo. Nesta nuance, a
experiência das autoras aponta uma relação existente entre o ensino pela
pesquisa com a noção de grupalidade nos processo de aprendizagem. Os grupos de
estudos acadêmicos possuem uma sazonalidade com relação à maioria de seus
integrantes. Estes permanecem no grupo por um período de 2 a 6 anos, a
depender da sua motivação e da fase acadêmica em que se encontra ou na qual
pretende ingressar. Considerando-se que o grupo de estudo mostra-se um lugar
de pesquisa e ensino para todos os membros, a cada momento em que se recebe um
novo integrante, pergunta-se internamente: “Que lugar vai ocupar o novo
elemento?”; “Que lugar cada um passará a ocupar no grupo?”. Isto não se trata
apenas dos lugares físicos, que são os evidentes, mas principalmente dos
afetivos. É importante observar o movimento que o grupo faz com a presença de
um novo elemento. O_ grupo __“__estabelece uma zona comum na qual os membros
podem comunicar e aprender a se compreender uns aos outros através da
experiência para que isso seja significativo e, conseqüentemente
eficaz__”__5__:65__. _Estes aspectos constituem uma grupalidade que está viva,
vibrante, e isto é solo fértil para o ensino pela pesquisa, já que este
movimento potencializa a busca de conhecimentos associados à sensação de
pertencimento entre os membros do grupo e seus respectivos temas de estudo.
CONCLUSÃO: Evidenciou-se que os grupos de estudo são atualmente espaços mais
propensos ao desenvolvimento do ensino pela pesquisa, enquanto que, em aulas
de disciplinas curriculares, os estudantes ainda estão menos inclinados a
estas práticas pela pesquisa e mais abertos à repetição do modelo de ensino
com ênfase nos conteúdos de moldes pré-determinados. Percebeu-se que as
atividades desenvolvidas com a pesquisa nos grupos de estudo oportunizaram aos
estudantes uma aprendizagem que pode ir além do conteúdo disciplinar, pois o
ensino pela pesquisa redimensiona e amplia os códigos e conceitos em saúde.
CONTRIBUIÇÕES: As reflexões contidas neste estudo poderão estimular o ensinar
e o aprender pela pesquisa na formação em Enfermagem. Os resultados deste
estudo realçam o papel do estudante no processo de ensino-aprendizagem
enquanto alguém que não está estagnado esperando receber o conhecimento apenas
da forma pré-determinada pelo professor, bem como o usuário do Sistema Único
de Saúde não deve ser atendido somente nos moldes que o profissional de saúde
impõe. Todos os envolvidos, tanto nos processos de cuidar quanto nos processos
de ensino-aprendizagem, devem estar em posições horizontais e éticas. Desta
forma, vislumbra-se que o ensino pela pesquisa, ao produzir compromisso e
empoderamento do estudante, terá contribuições de alcance às práticas de
cuidado em Enfermagem com compromisso social e criatividade para a busca de
solução de problemas em saúde e com liberdade na produção de conhecimento.
Referências: Referencia: Garcia, TR, Carvalho, EC, Dalri, MCB. Sistematização da Prática de Enfermagem: uma dimensão do trabalho gerencial do enfermeiro. PROENF Gestão, 2012;2(1):9-24. 2) AZZOLIN, G. M.C.- Processo de trabalho gerencial do enfermeiro e processo de enfermagem: a articulação na visão de docentes. [dissertação]. São Paulo: Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2007. 3) Menezes SRT, Priel MR, Pereira LL. Nurses’ autonomy and vulnerability in the Nursing Assistance Systematization practice* Rev Esc Enferm USP. 2011;45:953-8. 4) Silva EGC, Oliveira VC, Neves GBC, Guimarães TMR. Nurses’ knowledge about Nursing Care Systematization: from theory to practice. Rev Esc Enferm USP. 2011; 45:1380-6. 5) Gimenes FRE, Motta APG, Silva PCS, Gobbo AFF, Atila E, Carvalho EC. Identifying nursing interventions associated with the accuracy used nursing diagnoses for patients with liver cirrhosis. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2017;25: e2933. [Access 20/11/2017]; Available in: http://www.redalyc.org/pdf/2814/281449566059.pdf. DOI: http://dx.doi. org/10.1590/1518-8345.2016.2933. |