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3712819 | PERFIL DE ESTUDANTES DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM EM UMA UNIVERSIDADE DE EXPANSÃO | Autores: Iuri Bastos Pereira ; Pacita Geovana Gama de Sousa Aperibense ; Roberta Pereira Coutinho |
Resumo: **Introdução:** A expansão de muitas universidades federais para cidades do interior operacionalizou-se através do Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), aprovado pelo MEC por meio do Decreto nº 6.096 de 24 de abril de 2007. Esta política de expansão universitária teve como finalidade primeira a viabilização da ampliação do acesso e a permanência do acadêmico na graduação. O programa estabelece ainda, diversas diretrizes sendo as mais importantes à redução das taxas de evasão, a ocupação de vagas ociosas e o aumento de ingresso dos alunos, especialmente no período noturno. Nesse contexto, nos últimos 10 anos, estratégias foram estipuladas para alcançar tais objetivos. Conforme o relatório da comissão que analisou a expansão das Universidades Federais no período de 2003 a 2010, houve uma ampliação de 31% (45 para 59) das universidades e um crescimento de 85% (148 para 274) dos _campi_/unidades. O relatório destaca ainda que a interiorização também proporcionou uma expansão no país quando se elevou o número de municípios atendidos por universidades federais de 114 para 2721. Considerando a importância dos estudos sobre interiorização da universidade para entender suas repercussões no âmbito das transformações não só econômicas, mas também sociais e espaciais, **esta pesquisa delimitou como objetivo:** analisar o perfil dos estudantes que ingressaram nos primeiros 5 anos do curso de Enfermagem de uma universidade federal de expansão no estado do Rio de Janeiro. **Metodologia:** trata-se de um estudo de natureza quantitativa em que se empregou a análise documental como método. As fontes incluíram boletins dos estudantes de graduação do curso de Enfermagem e a base de dados própria da instituição. O recorte temporal compreendeu o período de 2009 a 2013, sendo os marcos inicial e final, respectivamente, o ano de ingresso da primeira turma e ano em que os estudantes concluiriam os 10 períodos letivos do curso (período mínimo previsto de integralização do curso). Os dados foram trabalhados através de quadros e tabelas destacando as seguintes categorias de análise: naturalidade, total de alunos ingressantes e concluintes, tempo de integralização, reprovações, origem da inativação da matrícula. **Resultados:** Na lógica da política de interiorização, a sede da universidade em questão decidiu implantar o Curso de Enfermagem em seu campus de expansão. A implementação do curso manteve o compromisso social de formar o profissional enfermeiro com espírito científico, crítico-reflexivo e comprometido com as reais necessidades de saúde da população. O currículo do curso de graduação da sede foi usado como base para a criação do currículo do _campus_ de expansão, com mudanças significativas nas suas denominações, distribuição de créditos e de carga horária de estágio, reformulação dos programas curriculares e integração de interdisciplinar com os outros cursos da área da saúde. Desta forma, as atividades deste currículo pretendiam capacitar o estudante de Enfermagem, em seus cinco anos de integralização acadêmica, a buscar o autoconhecimento e o aperfeiçoamento pessoal e profissional, baseado no pensamento crítico, reflexivo e na criatividade, utilizando como metodologia ativa a aprendizagem baseada em problemas. Assim, em agosto de 2009 foi criado o Curso de Enfermagem ofertando inicialmente 20 vagas por período letivo e a partir de 2016, 40 vagas. Ao longo dos 5 primeiros anos de existência ingressaram no curso um total de 169 estudantes. O perfil do curso de Enfermagem é de ser um curso majoritariamente feminino, o que reforça tal afirmativa ao comparar a relação de homens e mulheres entre os 169 estudantes. Destes, 90% são mulheres (152) e 10% são homens (17). Este total deveria ter concluído o curso até o segundo semestre do ano de 2017. Entretanto, diferentes fatores determinam a saída dos alunos do curso, seja por trancamento, cancelamento ou abando. Outros apresentaram reprovações principalmente nas disciplinas do ciclo básico, o que impede integralização em seu tempo normal. Assim, temos que 43% (72) dos estudantes estão com as matrículas inativas (oriundas de trancamento, abandono ou cancelamento); apenas 34% (57) colaram grau e 23% (40) ainda encontra-se em processo de integralização no curso. Estes dados não são suficientes para refletir uma análise pormenorizada considerando a inexistência de dados de outras instituições de expansão para possível comparação. A análise da naturalidade dos alunos mostra que a lógica de interiorização das universidades tem atingido parcialmente seu propósito de dar oportunidade de estudos universitários a estudantes que vivem fora dos grandes centros urbanos, pois dos 169 estudantes, 53% (90) são oriundos do interior sendo 34% (58) do próprio estado do Rio de Janeiro e 19% (32) estudantes naturais de regiões do interior de diferentes estados do país. Já os outros 47% (79) saem das capitais para estudar na referida Universidade de expansão, sendo 36% (61) proveniente da própria capital do estado, Rio de Janeiro e 11% (18), das capitais dos outros estados da federação. Cabe destacar que apenas 11 dos 169 estudantes são naturais da cidade onde a Universidade está sediada. No que diz respeito ao tempo de integralização, observou-se que dos 57 estudantes que se formaram, 63% (36) conseguiram concluir em 10 semestres letivos e os outros 37% (21), entre 11 e 14 semestres. Com a adoção do Enem/Sisu pela maioria das universidades, o Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) constituiu-se apoio fundamental aos estudantes que se deslocam de outras regiões e cidades e que não possuem condições financeiras para permanecer nas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES). É importante ter presente que, com a implantação das cotas, a demanda de estudantes que necessitam de apoio tenderá a crescer, exigindo políticas mais consistentes em termos da assistência estudantil inclusive no âmbito psicológico, para reduzir as taxas de evasão, que conforme expostas na pesquisa, mostram-se bastante elevadas. **Conclusão: **Fica evidente que a expansão das universidades federais é um marco importante na política educacional brasileira, que precisa ser compreendido como etapa de um processo que deve ser contínuo por isso, os dados expostos nesta pesquisa sofrerão uma análise qualitativa para melhor subsidiar as discussões acerca do alcance dos objetivos do REUNI. **Contribuições/implicações para a Enfermagem: **Desta forma, a presente pesquisa fornecerá subsídios para discussões, junto ao Núcleo Docente Estruturante do Curso, permitindo traçar estratégias para reduzir a evasão e o tempo de integralização dos estudantes, bem como tentar compreender os motivos que levam a desistência do curso. Ao mesmo tempo, o presente estudo oferece dados às instâncias que definem as políticas de educação e do próprio REUNI para reflexões em nível nacional.
Referências: 1 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAUDE (OMS). Relatório mundial de Envelhecimento e Saúde. Resumo. 2015 [acesso em 2017 jun 05]. Disponível em: http://sbgg.org.br/wp-content/uploads/2015/10/OMS-ENVELHECIMENTO-2015-port.pdf.
2 SOCIEDADE BRASILEIRA DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA. Quedas em idosos: prevenção. Projeto Diretrizes. 2008 out. 26 [acesso em 2017 jun 05]. Disponível em: http://sbgg.org.br/wp-content/uploads/2014/10/queda-idosos.pdf.
3 Carneiro FS, Bezerra ALQ, Silva ABC, Souza LP, Paranagua TTB, Branquinho NCSS. Eventos adversos na clínica cirúrgica de um hospital universitário: instrumento de avaliação da qualidade. Rev Enferm UERJ. 2011 abr/jun [acesso em 2017 jun 21];19(2):204-11. Disponível em: http://www.facenf.uerj.br/v19n2/v19n2a06.pdf.
4 BRASIL. Ministério da Saúde. Anexo 01: Programa Nacional de Segurança do Paciente. Protocolo Prevenção de Quedas. Protocolo integrante do Programa Nacional de Segurança do Paciente. Elaborado pela equipe técnica do PROQUALIS [Internet]. Rio de Janeiro. Ministério da Saúde/Anvisa /Fiocruz. 2013 maio 03 [acesso em 2017 jun 19]. Disponível em: http://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/publicacoes/item/prevencao-de-quedas.
5 Almeida RAR, Abreu CCF, Mendes AMOC. Quedas em doentes hospitalizados: contributos para uma prática baseada na prevenção. Revista de Enfermagem Referência. 2010 dez; [acesso em 2017 jun 6];III,Série-n°2:01-10. Disponível em: http://www.index-f.com/referencia/2010pdf/32-163.pdf. |