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3694389 | PREVALÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS DEFINIDORAS DE CONFORTO PREJUDICADO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM CÂNCER ACOMPANHADOS NO HOSPITAL-DIA | Autores: Marcos Venícios de Oliveira Lopes ; Marília Mendes Nunes ; Nirla Gomes Guedes ; Tania Alteniza Leandro |
Resumo: **Introdução:** Na oncologia, uma possibilidade da criança realizar o tratamento do câncer tem sido a quimioterapia ambulatorial, contribuindo para o retorno da criança e do adolescente ao lar algumas horas após o recebimento das medicações. Esta tem sido uma alternativa para minimizar danos relacionados à quebra de vínculos familiares.(1) No entanto, mesmo na quimioterapia ambulatorial, possível para o tratamento de alguns tipos de câncer infantil, a criança e a família podem adquirir repercussões negativas durante esse processo.(2) Portanto, o tratamento no hospital-dia envolve a realização de quimioterapia ambulatorial, resolução de intercorrências e administrações de transfusões e outras medicações quando necessário. Durante o tratamento, as crianças e os adolescentes alternam entre hospital e domicílio, mantendo, desta forma, o contato e apoio dos familiares, dos amigos, bem como o conforto domiciliar. Mas, podem passar por situações estressantes como espera prolongada para receber medicações ou para realizar as consultas. Então, a quimioterapia ambulatorial é uma possibilidade de realizar o tratamento sem a quebra de vínculos familiares decorrentes da hospitalização, uma vez que a criança retorna ao lar após algumas horas de permanência no hospital. Alguns tipos de câncer infantil são tratados exclusivamente de forma ambulatorial, sendo a internação hospitalar somente utilizada para atender possíveis complicações. Contudo, independente do tratamento ser em regime ambulatorial ou em internação, o tratamento do câncer traz problemas negativos nos pacientes e seus familiares, como a constante permanência no hospital.(1) Diante do contexto, crianças e adolescentes com câncer podem desenvolver diagnósticos de enfermagem que se referem a um julgamento clínico acerca das respostas de um indivíduo, família ou comunidade aos problemas de saúde/processos de vida reais ou potenciais.(3) Nesse sentido, pressupõe-se que dentre os diagnósticos de enfermagem que possam surgir durante o tratamento quimioterápico é o Conforto prejudicado. Este é definido como “Falta percebida da sensação de conforto, alívio e transcendência nas dimensões física, psicoespiritual, ambiental e social”.(3) **Objetivo:** Identificar a prevalência das características definidoras do diagnóstico de enfermagem Conforto prejudicado em crianças e adolescentes com câncer acompanhados no hospital-dia. **Material e Métodos:** Estudo do tipo transversal realizado em centro especializado no tratamento do câncer de um hospital de referência da rede pública estadual que conta com uma estrutura de assistência integral qualificada, em níveis de atenção terciária. O local onde foram realizadas as avaliações foi o hospital-dia com crianças e adolescentes com câncer e idades entre seis e 18 anos. Os dados foram coletados por uma enfermeira e por duas acadêmicas de enfermagem bolsistas de iniciação científica, ambas participantes de um grupo de pesquisa sobre cuidados de enfermagem na saúde da criança. Todos os membros da coleta de dados foram treinados a fim de padronizar a coleta das informações e reduzir os possíveis vieses. Para realizar as avaliações foi criado um instrumento com questões sobre os sinais e sintomas de Conforto prejudicado. As caraterísticas definidoras investigadas do diagnóstico foram: Ansiedade, Choro, Incapacidade de relaxar, Inquietação, Irritabilidade, Medo, Alteração no padrão de sono, Prurido, Descontentamento com a situação, Desconforto com a situação, Sensação de fome, Sensação de calor, Sensação de frio, Sensação de desconforto, Sintomas de sofrimento e Suspiros. Os dados foram compilados por meio de uma planilha do software Excel® (2010) para consolidar informações referentes aos sinais e sintomas do diagnóstico estudado. A presença ou a ausência das características definidora foi determinada com base na consulta ao protocolo elaborado com as definições conceituais e operacionais de cada característica definidora. A análise estatística foi realizada com o apoio do programa estatístico IBM® SPSS® versão 21.0 for Windows® e do software R versão 2.12.1. Para a análise descritiva calculou-se as frequências absolutas e percentuais. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da universidade proponente do estudo com o parecer favorável. Foram cumpridas às recomendações da resolução 466, referente às pesquisas com seres humanos.(4) A coleta de dados foi realizada após assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido dos pais e termo de assentimento dos adolescentes. **Resultados:** A manifestação das características definidoras do diagnóstico de enfermagem Conforto prejudicado em crianças e adolescentes com câncer avaliados no hospital-dia apresentou as seguintes prevalências: Sensação de desconforto (74,5%); Desconforto com a situação (49,1%); Irritabilidade (53,8%); Medo (48,1%); Descontentamento com a situação (42,5%); Choro (42,5%); Inquietação (30,2%); Sensação de calor (25,5%); Sensação de frio (24,5%); Alteração no Padrão de sono (21,7%); Sensação de fome (18,9%); Incapacidade de relaxar (17%); Prurido (16%); Ansiedade (15,1%); Lamentação (12,3%); Sintomas de sofrimento (11,3%). A característica suspiro não foi identificada em nenhuma das crianças e adolescentes avaliados no hospital-dia. **Conclusão:** Sensação de desconforto e Irritabilidade apresentou prevalência acima de 50% na amostra estudada. As características que apresentaram prevalência abaixo de 50% foram quatorze e suspiros não foi manifestado pela população em estudo. **Implicações para a enfermagem**: O conhecimento da manifestação das características definidoras de Conforto prejudicado torna-se importante, tanto para o enfermeiro da oncologia pediátrica como para a população infanto-juvenil com câncer, por ser fatores que devem ser minimizados durante o tratamento oncológico a fim de reduzir o desconforto intrínseco ao tratamento e a doença. Além disso, percebeu-se que apesar de possuírem uma doença crônica e de difícil tratamento a população infanto-juvenil que fazem o acompanhamento oncológico no hospital-dia apresentou apenas dois sinais e sintomas com uma prevalência acima de 50%, podendo implicar que a realização do tratamento nesse tipo de unidade pode ser favorável para diminuir a manifestação das características de desconforto.
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