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3686784 | "CONTRIBUIÇÕES DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA FORMAÇÃO HUMANISTA DO ENFERMEIRO NAS URGÊNCIAS" | Autores: Diomedia Zacarias Teixeira ; Rose Mary Costa Rosa Andrade Silva ; Sandra Conceição Ribeiro Chícharo ; Eliane Ramos Pereira ; Nelson dos Santos Nunes |
Resumo: **Introdução **
O cotidiano dos hospitais públicos de alta complexidade
expõe os descompassos do Sistema Único de Saúde (SUS), os quais se refletem na
elevada demanda por atendimento para uma diversidade de casos, especialmente
urgências como lombalgia, cefaleia, infecção do trato urinário (ITU) e
infecção das vias aéreas superiores1. Tal demanda acaba por descaracterizar a
hierarquia por níveis de complexidade de atendimento nas unidades de saúde,
prevista nas diretrizes do Sistema Único de Saúde2, levando à superlotação nos
hospitais públicos por casos que poderiam ser resolvidos na atenção básica.
Contudo, nossa experiência profissional nos hospitais de alta complexidade
mostra que concorre para este fato o hábito dos usuários reputarem ao hospital
a efetividade do atendimento que necessitam e o buscam em razão do maior
número de profissionais e do melhor aparelhamento.
A promoção da saúde e a prevenção de doenças são ações que
impõem desafios aos profissionais de enfermagem, demandando qualificada
formação técnico-científica, bem como frequentes atualizações em razão do
dinamismo na construção desse conhecimento. No âmbito do Sistema Único de
Saúde (SUS), as políticas públicas atribuem à União o dever de fomentar a
formação de recursos humanos em saúde2. Nesse sentido, torna-se imprescindível
integrar as instituições de ensino profissional às unidades públicas de
serviços de saúde, buscando articular os conhecimentos teórico-práticos à luz
da Política de Humanização do SUS (HumanizaSUS), segundo a qual humanizar
consiste numa atitude ética, estética e política para criar benefícios no
âmbito das relações sociais humanas3.
Nesse escopo, o homem em sua condição humana é tomado como
referência, de acordo com o conceito de humanismo elaborado por Jean-Paul
Sartre, para o qual o universo humano é o universo da subjetividade humana4.
Logo, lidar com subjetividades significa lidar com suas singulares dimensões
constitutivas.
Desse modo, a Sistematização da Assistência de Enfermagem
(SAE)5, ordenadora e instrumentalizadora da produção do cuidado, por
considerar a indissolubilidade das dimensões constitutivas do ser e por
ordenar e instrumentalizar as ações do cuidado em qualquer cenário da
assistência de enfermagem, constitui-se como recurso de valor para a formação
profissional humanista.
**Objetivo**
Relatar a experiência da contribuição da SAE na formação
humanista do enfermeiro, a partir do atendimento às urgências de baixa e média
complexidade.
**Método**
Relato da experiência profissional da aplicação da SAE no
atendimento às urgências de baixa e média complexidade em um hospital público
de alta complexidade. Realizou-se também consulta à legislação brasileira de
saúde no Saúde Legis – Sistema de Legislação da Saúde, do Ministério da Saúde
do Brasil e pesquisa de artigos originais na biblioteca Scientific Electronic
Library Online (SciELO).
**Resultados**
No cotidiano dos hospitais públicos de alta complexidade
são frequentes os atendimentos às urgências de baixa e média complexidades,
eventos estes que de acordo com a Política Nacional de Atenção às Urgências
(PNAU), o Princípio da Integralidade do Sistema Único de Saúde (SUS) e o
conceito de resolutividade da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB)
poderiam e deveriam ser tratados nas unidades básicas de saúde (UBS), na
medida em que, tais unidades são porta de entrada preferencial para o primeiro
atendimento às urgências e emergências, referenciando-as para um nível de
complexidade maior quando das primeiras medidas não resultam efeitos esperados
ou quando os casos requerem intervenções diagnósticas e terapêuticas que
extrapolam sua capacidade resolutiva.
Nos atendimentos às urgências de baixa e média
complexidade, por habitualmente terem uma resolutividade mais rápida e
efetiva, a aplicação da SAE mostrou ser possível atender às expectativas dos
usuários do SUS nas suas dimensões físicas, psíquicas, sociais e espirituais,
ao mesmo tempo em que apontou para a possibilidade de serem instituídas e
fomentadas práticas profissionais no sentido de atenderem à estas dimensões
constitutivas do Ser, as quais modulam a subjetividade humana, que por sua
vez, de acordo com Sartre, constrói e configura uma existência própria num
universo humano.
Desse modo, a SAE mostrou-se aplicável às situações de
urgências de baixa e média complexidade de forma a viabilizar e influenciar
através dos seus aspectos constitutivos na formação e na capacitação
profissional sob o enfoque do humanismo e da integralidade da assistência.
**Conclusão**
A aplicabilidade da SAE às urgências de baixa e média
complexidades num hospital de alta complexidade evidenciou que se é possível
implementá-la nesse cenário poderá sê-la nas salas de repouso da atenção
básica. Ao mesmo tempo, reafirma a referência da UBS e sua resolutividade
perante a população de seu território, contribuindo para reordenar e
hierarquizar o atendimento aos usuários, desafogando as unidades de alta
complexidade.
**Implicações para a Enfermagem**
Nas urgências de baixa e média complexidade, a aplicabilidade da
SAE mostrou que considerando as dimensões constitutivas do Ser viabiliza a
integralidade do cuidado de enfermagem, na medida em que levar em conta as
expectativas do usuário, valoriza a subjetividade humana e influencia na
qualidade do atendimento tanto quanto na formação e capacitação profissional
humanista dos enfermeiros, pois possibilita orientar o cuidado profissional
considerando-se as dimensões constitutivas humanas.
Referências: 1-Santos, JS; Lima, LM; Melo, I. A. Sistematização da Assistência de Enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva: Revisão bibliográfica. Ciências Biológicas e da Saúde. Aracaju, 2014; 2(2): 59-68
2-Cofen. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEN 358/2009. Dispõe sobre a sistematização da assistência de enfermagem e a implantação do processo de enfermagem em ambientes públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de enfermagem, e dá outras providências. [citado 2009 out 15].
3-Marinelli, NP; Silva, ARA; Silva, DNO. Sistematização da assistência de enfermagem-desafios para a implantação. Revista Enfermagem Contemporânea. 2015; 4 (2): 254-263.
4-NANDA, Diagnósticos de enfermagem da: definições e classificação 2015-2017/ [NANDA International]. 8 ed. 2015. Porto Alegre: Artmed.
5-Gordon, M. Nursing diagnosis: process and aplication. 3rd ed. 1994. St. Louis: Mosby |