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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 3686784

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3686784

"CONTRIBUIÇÕES DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA FORMAÇÃO HUMANISTA DO ENFERMEIRO NAS URGÊNCIAS"

Autores:
Diomedia Zacarias Teixeira ; Rose Mary Costa Rosa Andrade Silva ; Sandra Conceição Ribeiro Chícharo ; Eliane Ramos Pereira ; Nelson dos Santos Nunes

Resumo:
**Introdução    **                    O cotidiano dos hospitais públicos de alta complexidade expõe os descompassos do Sistema Único de Saúde (SUS), os quais se refletem na elevada demanda por atendimento para uma diversidade de casos, especialmente urgências como lombalgia, cefaleia, infecção do trato urinário (ITU) e infecção das vias aéreas superiores1. Tal demanda acaba por descaracterizar a hierarquia por níveis de complexidade de atendimento nas unidades de saúde, prevista nas diretrizes do Sistema Único de Saúde2, levando à superlotação nos hospitais públicos por casos que poderiam ser resolvidos na atenção básica. Contudo, nossa experiência profissional nos hospitais de alta complexidade mostra que concorre para este fato o hábito dos usuários reputarem ao hospital a efetividade do atendimento que necessitam e o buscam em razão do maior número de profissionais e do melhor aparelhamento.                    A promoção da saúde e a prevenção de doenças são ações que impõem desafios aos profissionais de enfermagem, demandando qualificada formação técnico-científica, bem como frequentes atualizações em razão do dinamismo na construção desse conhecimento. No âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), as políticas públicas atribuem à União o dever de fomentar a formação de recursos humanos em saúde2. Nesse sentido, torna-se imprescindível integrar as instituições de ensino profissional às unidades públicas de serviços de saúde, buscando articular os conhecimentos teórico-práticos à luz da Política de Humanização do SUS (HumanizaSUS), segundo a qual humanizar consiste numa atitude ética, estética e política para criar benefícios no âmbito das relações sociais humanas3.                    Nesse escopo, o homem em sua condição humana é tomado como referência, de acordo com o conceito de humanismo elaborado por Jean-Paul Sartre, para o qual o universo humano é o universo da subjetividade humana4. Logo, lidar com subjetividades significa lidar com suas singulares dimensões constitutivas.                    Desse modo, a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE)5, ordenadora e instrumentalizadora da produção do cuidado, por considerar a indissolubilidade das dimensões constitutivas do ser e por ordenar e instrumentalizar as ações do cuidado em qualquer cenário da assistência de enfermagem, constitui-se como recurso de valor para a formação profissional humanista. **Objetivo**                    Relatar a experiência da contribuição da SAE na formação humanista do enfermeiro, a partir do atendimento às urgências de baixa e média complexidade. **Método**                    Relato da experiência profissional da aplicação da SAE no atendimento às urgências de baixa e média complexidade em um hospital público de alta complexidade. Realizou-se também consulta à legislação brasileira de saúde no Saúde Legis – Sistema de Legislação da Saúde, do Ministério da Saúde do Brasil e pesquisa de artigos originais na biblioteca Scientific Electronic Library Online (SciELO). **Resultados**                    No cotidiano dos hospitais públicos de alta complexidade são frequentes os atendimentos às urgências de baixa e média complexidades, eventos estes que de acordo com a Política Nacional de Atenção às Urgências (PNAU), o Princípio da Integralidade do Sistema Único de Saúde (SUS) e o conceito de resolutividade da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) poderiam e deveriam ser tratados nas unidades básicas de saúde (UBS), na medida em que, tais unidades são porta de entrada preferencial para o primeiro atendimento às urgências e emergências, referenciando-as para um nível de complexidade maior quando das primeiras medidas não resultam efeitos esperados ou quando os casos requerem intervenções diagnósticas e terapêuticas que extrapolam sua capacidade resolutiva.                    Nos atendimentos às urgências de baixa e média complexidade, por habitualmente terem uma resolutividade mais rápida e efetiva, a aplicação da SAE mostrou ser possível atender às expectativas dos usuários do SUS nas suas dimensões físicas, psíquicas, sociais e espirituais, ao mesmo tempo em que apontou para a possibilidade de serem instituídas e fomentadas práticas profissionais no sentido de atenderem à estas dimensões constitutivas do Ser, as quais modulam a subjetividade humana, que por sua vez, de acordo com Sartre, constrói e configura uma existência própria num universo humano.                    Desse modo, a SAE mostrou-se aplicável às situações de urgências de baixa e média complexidade de forma a viabilizar e influenciar através dos seus aspectos constitutivos na formação e na capacitação profissional sob o enfoque do humanismo e da integralidade da assistência. **Conclusão**                    A aplicabilidade da SAE às urgências de baixa e média complexidades num hospital de alta complexidade evidenciou que se é possível implementá-la nesse cenário poderá sê-la nas salas de repouso da atenção básica. Ao mesmo tempo, reafirma a referência da UBS e sua resolutividade perante a população de seu território, contribuindo para reordenar e hierarquizar o atendimento aos usuários, desafogando as unidades de alta complexidade. **Implicações para a Enfermagem**             Nas urgências de baixa e média complexidade, a aplicabilidade da SAE mostrou que  considerando as dimensões constitutivas do Ser viabiliza a integralidade do cuidado de enfermagem, na medida em que levar em conta as expectativas do usuário, valoriza a subjetividade humana e influencia na qualidade do atendimento tanto quanto na formação e capacitação profissional humanista dos enfermeiros, pois possibilita orientar o cuidado profissional considerando-se as dimensões constitutivas humanas.


Referências:
1-Santos, JS; Lima, LM; Melo, I. A. Sistematização da Assistência de Enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva: Revisão bibliográfica. Ciências Biológicas e da Saúde. Aracaju, 2014; 2(2): 59-68 2-Cofen. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEN 358/2009. Dispõe sobre a sistematização da assistência de enfermagem e a implantação do processo de enfermagem em ambientes públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de enfermagem, e dá outras providências. [citado 2009 out 15]. 3-Marinelli, NP; Silva, ARA; Silva, DNO. Sistematização da assistência de enfermagem-desafios para a implantação. Revista Enfermagem Contemporânea. 2015; 4 (2): 254-263. 4-NANDA, Diagnósticos de enfermagem da: definições e classificação 2015-2017/ [NANDA International]. 8 ed. 2015. Porto Alegre: Artmed. 5-Gordon, M. Nursing diagnosis: process and aplication. 3rd ed. 1994. St. Louis: Mosby