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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 3594282

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3594282

INSERÇÃO DO DISPOSITIVO INTRAUTERINO (DIU) NA ATENÇÃO PRIMÁRIA ATRAVÉS DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

Autores:
Andressa Albrecht Lopes ; Jadson Jovaert Mota Kreis

Resumo:
INTRODUÇÃO O Planejamento Familiar consiste em um conjunto de ações voltadas para o auxílio de casais no controle e decisão responsável sobre o desejo ou não de ter filhos, quantidade e em que momento de suas vidas desejam estender a unidade familiar. Este planejamento permite que o acompanhamento do casal aconteça de acordo com a sua vontade, consequentemente evitando abortos, gravidez indesejada e de risco e fornecendo melhor qualidade de vida. A Constituição Federal, em seu artigo 226, parágrafo 7, consta que é dever do Estado fornecer recursos educacionais e científicos para ser exercido o direito de livre decisão do casal e paternidade responsável1. O Sistema Único de Saúde (SUS), atualmente disponibiliza diversos métodos contraceptivos não definitivos, sendo eles: pílulas combinadas, minipílulas, injetáveis mensais, injetáveis trimestrais, preservativo feminino e masculino, diafragmas, contraceptivos de emergência e o Dispositivo Intra Uterino (DIU). O DIU é um método reversível, de longa duração, seguro, eficaz e com baixas taxas de falhas. É o método reversível mais utilizado no mundo, principalmente em países desenvolvidos. Sua incidência de uso diminui consideravelmente na América do Norte, Sul da Ásia, Oceania, África subsaariana e América Latina.2 No Brasil, de acordo com a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde de 20062, apenas 1,6% das mulheres entrevistadas utilizam este método contraceptivo reversível. O Ministério da Saúde, visando a ampliação do acesso ao DIU, tem realizado ações que tem como objetivo promover o método contraceptivo. Uma dessas ações está descrita na Portaria Nº 3.265, de 1º de dezembro de 20173,** **na qual assegura a possibilidade de oferta do método em maternidades para mulheres no pós-parto ou no pós-abortamento. Acredita-se que existam barreiras organizacionais que dificultam o acesso a esse método nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), como o conhecimento inadequado dos profissionais sobre os mecanismos de ação, falta de profissionais habilitados para a sua inserção, falsa ideia de exclusividade médica para realização do procedimento e ausência de protocolos.2 Usualmente, este procedimento acaba sendo realizado pela categoria médica, em sua maioria especialistas em ginecologia. Porém, em manuais lançados pela Organização Mundial da Saúde e Ministério da Saúde, orienta-se que a inserção do DIU seja realizada por profissional habilitado e treinado, sendo o enfermeiro um desses profissionais com capacidade e competência legal para inserção e retirada do DIU. Em vista dessas orientações, o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), confeccionou o PARECER Nº 17/2010/COFEN/CTLN4** **que conclui que o profissional enfermeiro possui habilidade para realizar consultas clínicas, prescrever e inserir o DIU. Esse profissional integra a equipe de estratégia de Saúde da família, e é um dos agentes promotores de saúde, garantindo a integralidade no atendimento ao paciente. Uma das ferramentas que auxilia o alcance da qualidade e segurança do paciente, constitui-se de Procedimento Operacional Padrão (POP). Documento que normatiza o procedimento, possibilitando que profissionais habilitados realizem atendimentos e garantindo acesso. O cenário de prática estudado, não possui padronização do procedimento a ser realizado por enfermeiro. Busca-se com esse estudo a criação, execução e ampliação das atividades para a rede municipal de saúde. OBJETIVO Elaboração de roteiro padronizado que oriente os profissionais da rede de atenção primária de saúde do Município de Florianópolis – Santa Catarina a realizar a inserção do DIU e capacitação do profissional enfermeiro através de treinamento sobre o dispositivo intrauterino, ampliando, desta forma, a oferta deste método contraceptivo. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa qualitativa que utilizou metodologia descritiva narrativa. Este método consiste em uma ferramenta utilizada para obtenção de resultado de pesquisa de diversos autores com finalidade de fundamentar teoricamente um determinado objetivo. O local de estudo foi uma capital no Sul do Brasil. O POP foi formulado em abril de 2017, respeitando-se os aspectos éticos, por 3 enfermeiros da Rede Municipal de Saúde de Florianópolis, utilizando como fundamentação teórica, produções científicas atualizadas sobre o tema. Após a confecção, o material foi encaminhado para aprovação na Comissão de Sistematização da Assistência de Enfermagem do município e atualmente está sendo utilizado para o processo de capacitação dos profissionais da rede, avaliações e ajustes necessários. RESULTADOS /DISCUSSÃO De acordo com as barreiras organizacionais para a disponibilização e inserção do DIU nos serviços de atenção básica, observa-se que entre os municípios observados que disponibilizam esse método a maioria não dispõe de POPs. Destaca-se que a inexistência desse dispositivo de padronização pode causar desencontro de informações e variabilidade nos procedimentos, levando a um trabalho com processo desorganizado ou sem respaldo legal2. A capacitação do enfermeiro e a rotina prática de suas atividades desenvolvidas, visa a melhora na qualidade da assistência e aperfeiçoamento. A formação do enfermeiro confere-lhe o conhecimento que ancora a habilidade técnica e atitudes necessárias na realização de processos. A consulta clínica quando realizada pelo enfermeiro é denominada consulta de enfermagem, neste momento ocorre a investigação sobre o estado de saúde-doença do paciente, exames físico geral, exame ginecológico e investigação de métodos contraceptivos. O enfermeiro é indispensável na estratégia de saúde da família. Por este motivo, deve ser ofertado a este profissional treinamentos/capacitações específicas pelos serviços para implementação de ações de planejamento familiar. A utilização do POP promove a melhoria da comunicação, diminuição da ocorrência de falhas constituindo uma poderosa ferramenta para a segurança do paciente promovendo aumento da qualidade de atendimento2. A elaboração dos POPs é parte estruturante da Sistematização da Assistência de Enfermagem na rede do estudo, estando os mesmos, vinculados aos protocolos clínicos da instituição. Desta forma, a inserção do DIU se constitui uma importante intervenção de enfermagem no planejamento familiar. Podemos observar também, que a implantação de capacitação e confecção de POP específico, atuará nas demais barreiras que dificultam o acesso ao método, já citadas anteriormente: conhecimento inadequado dos profissionais sobre os mecanismos de ação, falta de profissionais habilitados, exclusividade médica para realização do procedimento e ausência de protocolos. CONCLUSÃO/CONTRIBUIÇÕES PARA A ENFERMAGEM A existência de barreiras organizacionais para a inserção do DIU, constituem de motivos comuns e desnecessários, que acabam por prejudicar o acesso ao planejamento familiar em toda sua extensão. Através de medidas simples como aumento de informações acerca das legislações e diretrizes existentes e esforços empreendidos para desmistificar o processo, faz-se possível o aumento de profissionais aptos para absorver esta demanda. Através da pesquisa, obtiveram-se resultados que possibilitaram o desenvolvimento e criação de um procedimento operacional padrão que deverá ser implementado na rede municipal de saúde de Florianópolis. Com a inserção dessa normatização e capacitação, espera-se que seja aumentada a oferta de DIU na rede, observando critérios de elegibilidade do método, bem como a valorização e autonomia do profissional enfermeiro.


Referências:
1- Muller EV, Santos DF, Corrêa NAB. Prevalência de microrganismos em infecções do trato urinário de pacientes atendidos no laboratório de análises clínicas da Universidade Paranaense - Umuarama - PR. Rev. bras. anal. clin. 2008; 2- Stark H. Urinary tract infections in girls: the cost-effectiveness of currently recommended investigative routines. Pediatr Nephrol 1997; 3- Riyuzo Márcia C., Macedo Célia S., Bastos Herculano D.. Fatores associados à recorrência da infecção do trato urinário em crianças. Rev. Bras. Saude Mater. Infant. [Internet]. 2007