Imprimir Resumo


SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 3590722

E-Pôster


3590722

VIVÊNCIA DAS ACADÊMICAS DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM EM UM GRUPO DE AJUDA MÚTUA COM PESSOAS COM PARKINSON

Autores:
Franciny da Silva ; Angela Maria Alvarez ; Maria Eduarda Massari Silva ; Lays Souza de Oliveira ; Sara Bernardo Virissimo

Resumo:
**Introdução: **A Doença de Parkinson (DP) é um problema neurodegenerativo com índice maior de acometimento entre a população idosa. Os indivíduos apresentam como sintomatologia os chamados sinais cardinais: tremores, lentidão no movimento, rigidez da musculatura, instabilidade na postura. Outros sintomas também podem ocorrer compondo o quadro clínico da pessoa com doença de Parkinson como: transtornos do humor, dores, apatia, queimação, prurido, fadiga e insônia, pele fria, seborreia, dificuldade na fala e na deglutição, constipação intestinal, incontinência urinária, disfunção erétil, diminuição da libido, hipotensão arterial e hipotensão ortostática1. Apesar de sua causa ser desconhecida, sabe-se que ocorre uma diminuição na produção de dopamina, neurotransmissor responsável pelo controle dos movimentos2. O principal tratamento baseia-se na reposição da dopamina por meio da levodopa. Porém, o uso da levodopa pode trazer, a longo prazo, efeitos indesejados ao paciente, por isso deve ser realizado em pequenas quantidades e pequenos espaços de tempo2. O tratamento não medicamentoso pode trazer ao paciente uma melhora na qualidade de vida e convivência com a doença e aceitação dos sintomas causados pelo uso da medicação em longo prazo, como também das incapacidade e perda da autonomia decorrentes da própria patologia, além de auxiliar a família e ou cuidadores no enfrentamento do diagnóstico da doença. Uma forma de assistir às pessoas com a doença de Parkinson e seus familiares é o cuidado em grupo. Esse tipo de modelo de assistência permite uma aproximação e um cuidado diferenciado, no qual é possível desenvolver o princípio da ajuda mútua “[...] em que pessoas e membros familiares que partilham de um mesmo problema de vida/sofrimento buscam apoio para seu fortalecimento através da troca de experiências de suas estratégias de enfrentamento3”.** Objetivos: **Apresentar e relatar a experiência de quatro acadêmicas do curso de graduação em enfermagem, que participaram como bolsistas, durante o tempo de um ano, do Grupo de ajuda mútua com pessoas com Parkinson, familiares e/ou cuidadores. **Descrição Metodológica**: A atuação como bolsistas de extensão universitária ocorreu por meio de suas vivencias com pessoas com a doença de Parkinson e os familiares cuidadores destas. A interação e a observação durante a atividade de grupo, assim como os contatos telefônicos para lembra-los das reuniões e das atividades sócio recreativas que ocorrem paralelamente ao grupo promovidas pela Associação Parkinson Santa Catarina. As reuniões de ajuda mútua ocorrem quinzenalmente no auditório do Núcleo de Estudos da Terceira Idade, na Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Trindade. Durante as reuniões, as acadêmicas apoiavam e colaboravam no desenvolvimento das dinâmicas e estratégias preparadas para o dia do encontro, e se certificavam de que o ambiente estivesse agradável à todos, para que se sentissem confortáveis e entusiasmados para participarem e acompanharem toda a reunião. **Resultados: **Durante a convivência com as pessoas com Parkinson e seus familiares/cuidadores, em uma percepção inicial das acadêmicas, foi notado que o grupo é composto por uma população bastante heterogênea (abrangendo pessoas com diferentes idades, profissões, vivências de vida, diferentes capacidades de resiliência, formas de enxergar e conviver com a doença, tanto do ponto de vista pessoal quanto o da família e ou cuidador). Como o grupo já tem muitos anos de funcionamento muitos já se conheciam e possuíam apreço um pelo outro. Nessas atividades em questão, eram acolhidas as pessoas com doença de Parkinson, suas famílias e cuidadores, oferecia-se um momento para cuidado de si, através de rodas de conversa, relaxamento, cafés da tarde e atividades de educação em saúde variadas, onde se permitia reflexão e novos conhecimentos compartilhados entre os participantes do grupo. Outras questões como fraquezas, medos, dúvidas e incapacidades eram trazidas à tona, tornando um ambiente de aprendizado, onde todos partilhavam suas experiências e conhecimentos, a fim de ajudar ao seu próximo e também ser ajudado. Foi possível identificar o quão gratificante é quando nos agradecem pelo nosso trabalho, o qual é realizado com intuito de propiciar um momento onde possam cuidar de si, levando em consideração que, muitas vezes há dificuldade desse ato, devido ao avanço da doença, que é progressiva e incapacitante. O que por consequência, prejudica o dia-a-dia e a qualidade de vida dos participantes. O acolhimento ofereceu um momento de conversa e relaxamento muito recompensador, sendo possível notar a satisfação e ansiedade deles, no aguardo pelo próximo encontro. Muitos encontraram novas amizades dentro do grupo, onde relatavam realizar atividades e exercícios juntos, possibilitando outra forma de cuidado até mesmo fora do grupo de ajuda mútua. Todas as reuniões demonstraram a importância de um olhar dinâmico e sistêmico frente a um paciente, seja ele com a Doença de Parkinson ou de qualquer outra enfermidade. Essa relevância melhorou a jornada atual de graduação, pois, permitiu tanto fortalecer o conhecimento perante a doença e sintomas da mesma, quanto à importância e diferença de um cuidado humanizado e de qualidade. **Conclusão: **Através da convivência com o Grupo de Ajuda Mútua foi possível compreender melhor sobre a doença de Parkinson, como ocorre o enfrentamento da mesma por parte dos idosos que a detém, seus familiares e/ou cuidadores. Foi explorada uma forma distinta de cuidado em relação ao que foi trabalhado durante as fases já passadas pelas bolsistas, possibilitando uma visão diferenciada do cuidado e dando uma maior notoriedade à promoção da saúde. Além disso, a participação contribuiu para a formação pessoal e profissional, de forma que, mostrou a importância da empatia e a solidariedade com o próximo, desenvolvendo a questão da humanização como futuras profissionais de enfermagem e o despertar da importância em compreender os limites de cada indivíduo, frente às incapacidades decorrentes da vivência com uma doença crônica. **Contribuições/Implicações para a enfermagem: **O enfermeiro necessita de um amplo conhecimento da pessoa a ser cuidada para poder desempenhar um trabalho satisfatório. A estratégia de realização de grupos de ajuda mútua permite ao profissional conhecer melhor a sua população, para então compreender suas necessidades, dúvidas, anseios e potencialidades e, com essas ferramentas, poder exercitar principalmente a promoção da saúde. Também é possível, através desta estratégia, destacar a capacidade do enfermeiro como facilitador ao se inserir na vida dos participantes para detectar novas necessidades do grupo ou individual e ajudar na reabilitação dos indivíduos, no qual se tem, geralmente, estreitos laços, visto que o grupo dispõe de longos momentos de convivência. A reflexão acerca de novas estratégias de cuidado na enfermagem deve ser sempre explorada, a fim de proporcionar o melhor atendimento e ampliar sua visão para além da doença e do ser humano em si, e o método de grupo de ajuda mútua proporciona um espaço ideal para a prática de enfermagem ser realizada em suas diversas esferas.


Referências:
1- Boff L. Espiritualidade: um caminho de transformação. Rio de Janeiro: Sextante; 2006. 2- Koenig HG. Medicina, Religião e Saúde: o encontro da ciência e da espiritualidade. 1 ed. Porto Alegre: L± 2012. 3- Mendes KDS, Silveira RCCP, Galvão CM. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto & Contexto Enferm. 2008 [acesso em 10 nov 2016]; 17(4):758-64. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v17n4/18.pdf. 4- Veloza-Gómez M, Rodríguez LM, Guevara-Armenta C, Mesa-Rodríguez, S. The Importance of Spiritual Care in Nursing Practice. J Holist Nurs. 2016 [acesso em 21 out 2016]. Disponível em: http://jhn.sagepub.com/content/early/2016/02/05/0898010115626777.full.pdf+html. 5- Waldow VR. Enfermagem: a prática do cuidado sob o ponto de vista filosófico. Investig Enferm. Imagen Desarr [Internet]. 2015 [acesso em 10 nov 2017]; 17(1):13-25. Disponível em: http://dx.doi.org/10.11144/Javeriana.IE17-1.epdc.