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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 3524280

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3524280

CONSTRUÇÃO COLETIVA DE SABERES COMO ACOLHIMENTO À GESTANTE

Autores:
Gabriela Silva dos Santos ; Dirlei Domingues dos Santos ; Ann Mary Machado Tinoco Feitosa Rosas ; Cosme Sueli de Faria Pereira

Resumo:
**Introdução:** O acolhimento segundo a Política Nacional de Humanização (PNH) é um processo constitutivo das práticas de produção e promoção de saúde que implica responsabilização do trabalhador/equipe pelo usuário, com objetivo lançar novas práticas de gestão e atenção à saúde, propondo a construção de vínculo que deve partir de movimentos dos usuários e da equipe, buscando a ampliação do acesso e melhoria da qualidade do pré-natal. O presente estudo é relevante uma vez que o acolhimento não deve ser visto somente como estratégia de trabalho, mas também como forma de compreender essas usuárias, atender a suas demandas em todas as instâncias,  estabelecer um vínculo entre os diversos atores e assim possibilitar atingir a qualidade da assistência, além de promover a corresponsabilidade da adesão dessas mulheres **Objetivo:** compreender a percepção das gestantes sobre o acolhimento em uma Unidade de Atenção Básica. **Descrição metodológica**: Trata-se de uma pesquisa qualitativa do tipo descritiva à luz do referencial teórico de Edgar Morin1. O cenário da pesquisa foi o Centro Municipal de Saúde (CMS) São Francisco de Assis, que está inserido no Instituto de Atenção à Saúde São Francisco de Assis/HESFA, bairro Cidade Nova, Município do Rio de Janeiro- RJ.  Participaram do estudo gestantes maiores de 18anos cadastradas e acompanhadas durante seu pré-natal nesta unidade de assistência. Os dados foram produzidos por meio de entrevistas utilizando um roteiro com perguntas semiestruturadas e analisados posteriormente de acordo com a Análise de Conteúdo. O projeto foi apreciado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Escola de Enfermagem Anna Nery - UFRJ, e aprovado por meio do Parecer N.º 2.142.234. As entrevistadas foram identificadas com a Letra G (gestante), correspondendo à ordem das entrevistas, por exemplo: a primeira entrevistada é a G1 e assim sucessivamente.  **Resultados**: as gestantes têm uma compreensão bastante positiva acerca do acolhimento. Ao serem questionadas sobre o que entendem a respeito do acolhimento, as respostas foram quase unânimes. Referiram ao acolhimento como um aprendizado, um atendimento diferenciado prestando assistência em todo período gestacional, assistindo a mãe e o concepto.  Promove uma reflexão sobre a intersubjetividade processada no cuidado, a interação e a comunicação entre gestante e profissional, não se resume apenas a processos fisiológicos, mas sim ao atendimento às necessidades das usuárias. “_É um aprendizado no início do processo de gestação, porque antes quando eu fiquei grávida eu estava perdida, não sabia aonde ir, o que tinha que fazer” (G1). “A gente vem aqui tirar algumas dúvidas sobre o período gestacional, solicitar exames, entender melhor como é a gravidez. Porque a gente lê um pouco na internet, fala com a família, mas nada é como ter um profissional” (G3). _Para as participantes do estudo, o acolhimento consiste em ser bem tratada a partir de sua chegada à unidade de saúde, local onde ela encontra uma equipe que se responsabiliza pelos seus cuidados, disposta a ouvir suas queixas, preocupações e angústias.  Para elas fica estabelecida uma relação de confiança. Dessa forma, o acolhimento constitui ferramenta primordial para a efetivação da assistência ao pré-natal e representa o primeiro contato da mulher gestante com o serviço de saúde.  O acolhimento é uma atenção dispensada pela escuta qualificada onde se valorizam as queixas, se identificam necessidades e demandas, que se transformam em ações de saúde levando à resolução de problemas que o usuário apresenta2. A interação pautada na humanização e no acolhimento contribui para que a gestante mantenha vínculo com os serviços de saúde durante todo o período gestacional. Além disso, a assistência ao pré-natal, quando mediada por diálogo e respeito entre profissionais de saúde e gestantes, promove uma participação ativa e consciente dessa mulher no atendimento3.As atitudes dos profissionais são bastante valorizadas pelos usuários, que para eles representam o diferencial da proposta em relação às experiências no serviço de saúde4. O terceiro saber  de Morin “Ensinar a condição humana” afirma que, compreender o humano é compreender sua unidade na diversidade e sua diversidade na unidade. Ensinar a condição humana deveria ser o objeto essencial de todo ensino1. Contudo, nesta categoria com suporte nesses depoimentos identificou-se que a prática do acolhimento vem sendo construída coletivamente entre profissionais e usuárias de acordo com o que norteia a Política Nacional de Humanização, de que acolhimento é reconhecer o que o outro traz como legítima e singular necessidade de saúde, sendo promovida a construção de relações de confiança, aprendizado, compromisso e vínculo. **Conclusão**: Observou-se que o Acolhimento é mais do que receber a gestante no serviço, o acolhimento proporciona a essas mulheres um ambiente de aprendizado, elas associam a atenção ao pré-natal a um momento educativo que pode ser compartilhado entre todos os envolvidos no serviço. A PNH preconiza que a atenção deva ser resolutiva, propondo responsabilização pela integralidade do sujeito, processo este que vive em constate construção no SUS. Mas, constatamos que essa prática vem sendo incorporada de forma coletiva. E com vista à materialização das políticas de saúde do SUS as perspectivas vêm sendo sanadas. **Contribuições/implicações para a Enfermagem :** Diante o exposto enfatiza-se que o profissional enfermeiro precisa entender sua prática, estar comprometido, tomar para si a responsabilidade em intervir na realidade daquela gestante, devendo ser visto como dispositivo potente para propiciar o vínculo das gestantes com o serviço e desencadear transformações no processo de trabalho.


Referências:
1) Herdman TH, Kamitsuru S. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: Definições e classificação 2018-2020. Porto Alegre: Artmed, 2018. 2) Martinez JD, Galor A, Betancourt NR, Cervantes AL, Beltrán F, Zárate JO, et al. Frequency and risk factors associated with dry eye in patients attending a tertiary care ophthalmology center in Mexico City. Clin Ophthalmol. 2016; 10: 1335–1342. 3) Araújo DD, Almeida NG, Silva PMA, Ribeiro NS, Werli-Alvarenga A, Chianca TCM. Predição de risco e incidência de olho seco em pacientes críticos. Rev Lat Am Enfermagem. 2016; 24(0). 4) Fernandes APNL. Gravidade do Olho Seco em pacientes internados em unidade de terapia intensiva: análise de conceito e construção de definições [dissertação]. Departamento de Enfermagem: Universidade Federal do Rio Grande do Norte; 2015. 5) Moorhead S, Johnson M, Maas ML, Swanson E. Nursing Outcomes Classification (NOC). 5ª ed. Missouri: Elsevier; 2013.