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3466451 | O PROCESSO DE REFERÊNCIA DO PACIENTE COM DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA SOB O OLHAR DO ENFERMEIRO | Autores: Giovana Dornelles Callegaro ; Alacoque Lorenzini Erdmann ; Aliny Fernandes Goularte ; Marina Miotello ; Gabriela Marcellino de Melo Lanzoni |
Resumo: **Introdução:** As doenças que afetam o aparelho circulatório apresentam um expressivo impacto no que se refere à morbimortalidade, tanto no cenário nacional como internacional, provocando perda de qualidade de vida por sequelas advindas de lesões e importante repercussão econômica para as famílias e Estado1. Neste contexto, estudos vêm sendo desenvolvidos a fim de ampliar o acompanhamento de qualidade, resolutividade e oferecer maior segurança durante a assistência ao paciente com Doença Arterial Coronariana (DAC) no âmbito da Atenção Primária em Saúde (APS) 2. O perfil complexo do paciente com DAC exige que os profissionais de saúde tenham domínio do sistema de referência para serviços com diferentes densidades tecnológicas da rede, uma vez que seu tratamento pode abranger desde a abordagem medicamentosa, reperfusão química e mecânica, bem como a cirurgia de revascularização do miocárdio (CRM). Neste ambiente, o enfermeiro se torna o primeiro profissional que o paciente interage ao adentrar na unidade. Conceitos como escuta qualificada e acolhimento são elementos-chave para maior aproximação e construção de vínculo com indivíduo.
**Objetivo:** O estudo tem por objetivo compreender, a partir da vivência do enfermeiro, o processo de referência de pessoas com DAC a partir da APS para outros serviços, bem como o seu acompanhamento em saúde neste cenário.
**Metodologia:** Trata-se de um estudo qualitativo que utilizou Análise Temática para processamento dos dados, visando extrair significados a partir de palavras, frases ou incidentes, atribuídos por uma pessoa ou coletividade a determinado assunto ou fenômeno3. O cenário do estudo foram Unidades Básicas de Saúde de um município da região Sul do Brasil e seus dados coletados no período de janeiro a abril de 2016. Os participantes foram selecionados intencionalmente utilizando a lógica de _snowball _para identificar informantes comunicativos e envolvidos com a linha de cuidado cardiovascular_,_ culminando na participação de 16 enfermeiros. Para coleta dos dados, que ocorreu de forma simultânea com a análise de dados, utilizou-se de entrevista semi-estruturada individual e a questão norteadora: Como você, enfermeiro da APS, vivencia e contribui para o processo de o acompanhamento em saúde e referência de pessoas com DAC para outros serviços?
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**Resultados e Discussão:** A partir da análise dos dados emergiu uma principal categoria intitulada de “Desafios para os enfermeiros na consolidação do cuidado longitudinal à pessoa com DAC” a qual emergiu duas subcategorias. A primeira, “Ações do enfermeiro no acompanhamento das pessoas com DAC na APS”, refere-se à atuação do enfermeiro na supervisão e controle dos pacientes que estão em lista de espera para exames e consultas com especialistas. Visando manter o monitoramento constante, a interface com ações educativas caracteriza-se como estratégias de prevenção à essas doenças, com foco na redução dos fatores de risco e reincidência de problemas cardíacos4. Como uma ação de educação em saúde, o enfermeiro realiza o acompanhamento do paciente por meio da consulta de enfermagem. Desse modo, o profissional tem a oportunidade de ouvir as demandas do paciente e avaliar suas condições de saúde, podendo assim fornecer orientações adequadas para cada caso. Logo, para que o acompanhamento ocorra de forma eficaz, é necessário a continuidade das informações acerca do paciente, que é abordado na segunda subcategoria chamada de “Fatores que influenciam o acompanhamento da pessoa com DAC”. Nesta, repercutiu a falta de comunicação entre os serviços de atenção à saúde, sendo um dos principais entraves para efetivação da referência, contrarreferência e acompanhamento de saúde do paciente com cardiopatia. Não existe compartilhamento de informações clínicas entre a APS e a alta complexidade, visto que não há integração dos sistemas de informação, resultando no desconhecimento dos profissionais da APS acerca do paciente após seu encaminhamento. Um estudo evidenciou aspectos positivos ao disponibilizar o prontuário eletrônico pelas redes do município, o que resultou em agilidade nas etapas de registro e ampliou o acesso as informações de saúde ao paciente, qualificando a equipe da ESF para o atendimento ao usuário e assim, oferecendo um cuidado integral e otimizado5.
**Conclusão e implicações para enfermagem:** Ressalta-se que o acompanhamento efetivo com base no monitoramento, acolhimento e encaminhamento do paciente pelos diferentes níveis de complexidade podem contribuir para a continuidade e longitudinalidade do cuidado ao paciente com DAC. Há a necessidade de aprimoramento das estratégias desenvolvidas por enfermeiros para monitoramento do fluxo interno de usuários e a gestão multidisciplinar de casos para o alcance coletivo das decisões e definições de cuidado ao paciente com DAC. Sugere-se a realização de novos estudos sobre o presente tema em outros cenários de cuidado, incluindo a visão da equipe de enfermagem e de outros profissionais de saúde a fim de obter maior subsídio para implementação de melhores práticas na linha cuidado ao paciente com DAC.
Referências: Pizzinato, A. et al. A Integração Ensino-Serviço como Estratégia na
Formação Profissional para o SUS. REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MÉDICA 36 (1 Supl. 2) : 170 – 177 ; 2012
Barbera MC, Cecagno D, Seva AM, Siqueira HCH, López MJ, Maciá L. Formação acadêmica do profissional de enfermagem e sua adequação às atividades de trabalho. Rev. Latino-Am. Enfermagem maio-jun. 2015;23(3):404-10.
Brasil. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Ensino Superior. Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/Enf.pdf
Acesso em: 11 de Março de 2018.
Come, F. Valente, G. Preceptoria de enfermagem na atenção básica: questão de
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Moreira F. Ferreira E. Teoria, Prática e Relação na formação inicial na Enfermagem e nba Docência. Rev Educação, Sociedade & Culturas, nº 41, 2014, 127-148 |