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3349508 | INTEGRAÇÃO DISCIPLINAR: DESAFIO NO PENSAR E FAZER A EDUCAÇÃO EM ENFERMAGEM | Autores: Edna Thais Jeremias Martins ; Vilma Constância Fioravante dos Santos ; Gímerson Erick Ferreira ; Claudia Capellari |
Resumo: Introdução: Durante sua formação, o enfermeiro é orientado a assistir o
paciente, família e comunidade de maneira integral, considerando os diversos
aspectos que compõem suas condições de saúde. No entanto, uma formação
integrada que propicie este olhar e que permita superar a fragmentação do
saber e do fazer acadêmico, ainda se constitui desafio importante na formação
destes profissionais. A opção por um currículo integrado tem sido relatada
como ferramenta estratégica à superação da dicotomia existente entre teoria e
prática, e ao fomento de metodologias de ensino pautadas na contextualização
de saberes, na problematização e na articulação entre ensino, serviço e
comunidade1. Entretanto, esta alternativa nem sempre é viável, especialmente
em instituições de ensino privadas, sendo necessário realizar adaptações que
possam atender às demandas institucionais, considerando ao mesmo tempo, a
necessidade de articulação de saberes e práticas do enfermeiro durante a
formação acadêmica, em um processo dinâmico em consonância à realidade das
Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN). Objetivos: Descrever a experiência
de integração disciplinar de um Curso de Enfermagem-Bacharelado, em uma
Instituição de Ensino Superior (IES) de caráter comunitário, do interior do
Rio Grande do Sul. Descrição Metodológica: Trata-se de um relato de
experiência desenvolvido ao narrar a estratégia de integração de disciplinas
que têm interface com a prática de gerenciamento do cuidado do enfermeiro no
currículo do Curso de Enfermagem em questão. Por estar inserido em uma
instituição comunitária, e considerando a sustentabilidade financeira desta, a
oferta curricular ocorre mediante avaliação semestral. A partir da organização
da grade semestral de disciplinas, o Núcleo Docente Estruturante (NDE) do
Curso, em articulação com os docentes responsáveis pela disciplina, propôs a
integração destas, mediante desenvolvimento de atividades que envolvessem
construção de conhecimentos compartilhados nos diferentes espaços de formação:
sala de aula, laboratórios e em campo de práticas e estágios curriculares.
Competências e saberes são articulados de maneira a incluir o aluno em
atividades que proporcionem a maximização da visão dos saberes e da atuação do
profissional enfermeiro. As etapas seguidas para a integração de disciplinas
percorre a seguinte trajetória: 1. Apresentação da oferta semestral de
disciplinas; 2. Discussão da possibilidade de integração mediante avaliação de
competências, conteúdos, cenários de prática e/ou estágios curriculares,
processos avaliativos, turnos de ocorrência das atividades, semestre
correspondente a cada disciplina e acadêmicos que cursam disciplinas
concomitantemente (em reunião de colegiado); 3. Construção dos planos de
disciplinas, contendo proposta metodológica e avaliativa integrada; 4.
Operacionalização (apresentação ao grupo de estudantes envolvido e condução da
proposta ao longo do semestre); 5. Avaliação e apresentação aos pares (em
encontro integrador com docentes e discentes envolvidos e em reunião de
colegiado). Resultados: A integração disciplinar teve início no ano de 2015,
quando cinco disciplinas foram conduzidas concomitantemente, a partir de
conteúdos, práticas e processos avaliativos. Nesta edição, foram incluídas as
disciplinas Saúde do Trabalhador, Educação Permanente em Saúde, Administração
e Gerenciamento de Enfermagem, Prática de Cuidado V e Prática de Cuidado VI
(práticas relacionadas à administração e gerenciamento de enfermagem em
ambiente hospitalar e na atenção básica), relativas ao oitavo semestre da
graduação. Os acadêmicos cursavam tais componentes curriculares
simultaneamente, o que facilitou a condução do trabalho. O primeiro passo se
constituiu da formulação dos planos de disciplinas, os quais foram
estruturados conjuntamente pelos docentes. A progressão das disciplinas,
envolvendo a construção e consolidação de competências do enfermeiro, foram
sendo conduzidas paralela e articuladamente, de maneira que as experiências,
exemplos, relatos e fundamentação teórica deveriam perpassar todas as
disciplinas envolvidas. Acadêmicos e docentes reuniram-se em três encontros
integradores, os quais objetivaram nortear a proposta, debater acerca da
condução da mesma e do aproveitamento acadêmico e, por fim, refletir acerca da
realização das atividades e contribuições das mesmas para a formação
acadêmica. O processo avaliativo ocorreu durante todo o percurso do semestre
mediante o Portfólio Integrador de Práticas Profissionais do(a) Enfermeiro(a)
(PIPPE). Tal instrumento constituiu-se do registro de atividades e da
progressão de cada estudante, sendo, ao longo do semestre, avaliado por todos
os docentes envolvidos nas disciplinas. O PIPPE foi submetido à análise da
produção subjetiva das sínteses individuais acerca dos conhecimentos,
habilidades e atitudes adquiridos nos diferentes contextos em que o enfermeiro
pode atuar e que foram experienciados durante o semestre. Os docentes, ao
realizarem a leitura, foram norteados pela avaliação formativa, registrando
percepções e orientando a construção do documento. Além das anotações no corpo
do portfólio, foi utilizado um instrumento de avaliação, preenchido por todos
os docentes duas vezes no semestre. Este instrumento continha critérios de
avaliação que permitia quantificar a avaliação dos estudantes, uma vez que é
necessária a atribuição de notas de Grau 1 e Grau 2. A partir desta
experiência, semestralmente são organizadas disciplinas integradas, de maneira
que docentes e discentes são desafiados a experimentar o novo, a adaptação e a
motivação para alcançar os propósitos da formação acadêmica, ao concretizar os
objetivos de cada disciplina e do curso, construindo o perfil do egresso. A
integração ocorre entre duas e até cinco disciplinas, a partir de como o
cenário se apresenta semestralmente e tem sido realizada desde a experiência
aqui apresentada. A integração entre disciplinas básicas e as mais avançadas
permite ao aluno a melhor compreensão do fazer do enfermeiro, o que é
corroborado por trabalho realizado com docentes de uma universidade federal de
Minas Gerais, Brasil1. Ao mesmo tempo, disciplinas correspondentes a semestres
próximos permitem o reforço de informações, a articulação teoria-prática, a
aplicação de saberes e a percepção quanto à flexibilidade de atuação
profissional do enfermeiro. Ao docente, cabe a dinamização do processo,
adaptando as propostas conforme a realidade. Conclusão: Entende-se que a
experiência aqui apresentada dá conta da superação do modelo disciplinar, ao
propor integração que responde à complexidade do processo formativo dos
enfermeiros. Embora ainda não seja possível a operacionalização de um
currículo integrado no contexto em que esta experiência ocorre, a atual
abordagem permite moldar-se a realidades diversas e àquilo que os currículos
integrados apresentam como interesses e necessidades dos alunos e como
relevância social do conhecimento2. Contribuições para a Enfermagem: Até o
momento, experiências diversas tem apresentado currículos com proposta
disciplinar ou com currículos integrados. O presente relato aborda a formação
por disciplinas integradas em um processo dinâmico e adaptável a realidades
diversas de formação, constituindo-se em uma estratégia metodológica passível
de adequação conforme necessidades, interesses institucionais e,
especialmente, de acordo com o contexto do curso de Enfermagem onde venha a
ser aplicada.
Referências: 1. Dias de Araújo, Diego; Ferreira da Silva Júnior, Renê; Santos Alves, Elaine Cristina; Maia Gusmão, Ricardo Otávio; Campos Mota, Écila Campos. La Importancia de La Higiene de Las Manos En El Control de Infecciones En Servicios de Salud. Revista de Enfermagem Universidade Federal de Pernambuco, 2016. 10 (6): 4880-4884.
2. Melo de Souza, Luccas; Fernandes Ramos, Maríndia; Santos da Silva Becker, Evelin; da Silva Meirelles, Lisiani Celina; Oliveira Monteiro, Suzana Aparecida. Adherence to the five moments for hand hygiene among intensive care professionals. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, 2015. 36 (4): 21-28.
3. Campos Mota, Écila; Barbosa, Dulce Aparecida; Rezende Marinho da Silveira, Beatriz; Azevêdo Rabelo, Taniti, et al. Hand hygiene: a review of adherence and practice of health professionals in hospital infection control. Revista de Epidemiologia e Controle de Infecção, Santa Cruz do Sul, 2014. 4 (1): 12-17.
4. de Oliveira, Adriana Cristina; Oliveira de Paula, Adriana; Almeida de Souza, Mariana; Gomes da Silva, Alanna. Adhesion of hand hygiene by professionals in the emergency care of a university hospital. Revista de Medicina, São Paulo, 2016. 95 (4): 162-167.
5. Ribeiro dos Santos, Adilson; Lemos Coutinho, Márcio. Educação permanente em saúde: construções de enfermeiros da estratégia saúde da família. Revista Baiana Saúde Pública, Bahia, 2014. 38 (3): 708-724. |