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3290087 | IMPLICAÇÕES DA APLICAÇÃO DO EXAME CLÍNICO OBJETIVO ESTRUTURADO (OSCE) NO DESEMPENHO DE ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA | Autores: Maria da Graça Oliveira Crossetti ; Lucas Henrique de Rosso ; Carolina Giordani da Silva |
Resumo: Introdução: As Diretrizes Curriculares Nacional do Curso de Graduação em
Enfermagem dentre seus objetivos propostos, retrata a formação de enfermeiros
que sejam dotados de competências e habilidades gerais e específicas para o
exercício da profissão. Frente a isso, se faz necessário adotar métodos
avaliativos que sejam voltados para avaliar esses aspectos e inovar os exames
tradicionais. Neste sentido, destaca-se o Exame Clínico Objetivo Estruturado
(OSCE)1 que é considerado um método para a avaliação de competências clínicas,
o qual é realizado de forma planeja, organizada e estruturada tendo em vista a
objetividade do exame. O OSCE se estrutura em estações que podem serem
práticas ou escritas, que se caracterizam por apresentar um caso clínico e uma
tarefa a ser realizada, de modo simultâneo em um tempo padrão. Os casos
clínicos podem ser simulados por atores que desempenham o papel de paciente
padronizado. Cada estação conta com um ou dois examinadores que tem consigo um
_checklist_ de avaliação, após o término da atividade o(s) mesmo(s) realiza(m)
um _feedback_ com o acadêmico. A produção de pesquisas utilizando o OSCE com
acadêmicos de enfermagem encontra-se em constante desenvolvimento e
aprimoramento, deste modo, demonstra-se a importância de analisar os
resultados que este método esta proporcionando no que tange a avaliação de
competências e habilidades clínicas. Objetivo: Analisar as implicações da
aplicação do OSCE no desempenho de acadêmicos de enfermagem. Método: Trata-se
de uma Revisão Sistemática (RS) orientada pelas recomendações do _Preferred
Reporting Itens for Systematic Reviews and Meta-Analyses_ (PRISMA). A coleta
de dados ocorreu no período de novembro a dezembro de 2017, sendo a busca
realizada nas bases de dados PubMed, Web of Science, Scopus, CINAHL e SciELO,
utilizando-se os seguintes descritores controlados, segundo o DeCS: _“clinical
competence”_, _“simulation”_, _“learning”_, _“problem solving”_, _“educational
measurement”_ e _“evaluation”_. O descritor não controlado aplicado foi
“OSCE”. Foram realizadas estratégias de busca e utilizado o operador booleano
_AND_ entre os descritores. O recorte temporal estabelecido foi do ano de 1990
a 2017, devido a primeira aplicação do OSCE ocorrer em meados dos anos 90 no
Brasil. Incluiu-se artigos primários publicados em periódicos nacionais e
internacionais realizados com acadêmicos de enfermagem, que encontravam-se
disponíveis no formato online e gratuito, nos idiomas inglês, espanhol e
português, que utilizaram diferentes métodos de pesquisa com abordagens
quantitativas ou qualitativas ou métodos mistos, cujo foco principal dos
estudos foi a utilização do OSCE com acadêmicos da área da enfermagem. Foram
excluídos editoriais, cartas, estudos teóricos e reflexivos, resumos de
eventos científicos, manuais, projetos de pesquisa, teses, dissertações,
monografias, revisões integrativas e sistemáticas. A questão de pesquisa foi
formulada com base no acrômio PICO - Paciente, Intervenção, Comparação e
“_Outcomes_” (desfecho), sendo que não houve comparação (letra C), desta
forma, frente ao objetivo deste trabalho, resultou-se na seguinte questão:
Quais as principais implicações da aplicação do OSCE em acadêmicos de
enfermagem?. Este estudo foi aprovado pela Comissão de Pesquisa da Escola de
Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS e Comitê de
Ética em Pesquisa da UFRGS, sob o número: 2.465.369. Resultados: A busca dos
estudos nas bases de dados eletrônicas resultou em 533 artigos, dos quais 114
foram duplicados e após aplicação dos testes de relevância resultou-se na
amostra de 16 estudos. Houve a prevalência de pesquisas realizadas na Europa
(n = 6 – 37,5%), América (n = 4 – 25%) e Ásia (n = 4 – 25%). Destaca-se que
apenas uma pesquisa foi realizada no Brasil. Referente aos anos das
publicações sobre o tema prevaleceu 2012 (n = 4 – 25%) e 2014 (n = 4 – 25%),
seguidos dos anos de 2016 (n = 3 – 18,75%) e 2017 (n = 2 – 12,5%), os anos de
2010, 2011 e 2013 tiveram somente um artigo publicado cada (n = 1 – 6,25%). Em
reposta a questões da RS deste trabalho, identificou-se que existem diferenças
no desempenho dos acadêmicos entre as estações, pois o melhor desempenho da
habilidade representa em um maior conhecimento sobre determinado conteúdo1. A
utilização de pacientes padronizados aponta resultados mais significativos em
relação ao emprego de manequins de baixa, média e alta fidelidade, uma vez que
reduz o medo dos acadêmicos em cometer erros quando adentrarem a prática
real2. O OSCE foi avaliado positivamente como um ambiente que replica a
prática clínica factual, facilita a aquisição de novos conhecimentos e motiva
o processo de ensino-aprendizagem3, em razão de fornecerem um âmbito seguro e
controlado que permite o desenvolvimento de uma série de habilidades de graus
de complexidade variados por meio de uma atmosfera interativa, segura e
realista². Devido à metodologia OSCE ocorrer em ambiente simulado, verificou-
se que este aspecto auxilia na preparação para o enfrentamento de situações
cotidianas reais1. Desta forma, o exame possibilita aos acadêmicos uma
experiência de aprendizado inovadora, proporcionando a melhora das habilidades
críticas na resolução de problemas4, além de possibilitar que os mesmos
reconheçam suas fraquezas e pontos a serem melhorados, sendo visto o exame
como uma oportunidade de aprender5. O _feedback_ foi considerado um momento
que permite a discussão de conceitos, correções de erros e simulação de
processos de pensamentos reflexivos1. Ressalta-se que os quesitos
confiabilidade e validade foram destacados como os principais benefícios do
OSCE, sendo considerado um método aceitável e confiável para avaliar as
competência e habilidades clínicas3. Conclusão: As implicações da aplicação do
OSCE no desempenho de acadêmicos de enfermagem revelaram que o exame
apresenta-se como um método avaliativo inovador e válido para a avaliação,
desenvolvimento e aprimoramento de competências e habilidades clínicas, além
de promover segurança aos mesmos para quando adentrarem a prática clínica
real. Contribuições/implicações para enfermagem: A utilização do OSCE ainda
encontra-se incipiente na área da enfermagem, principalmente, na realidade
brasileira. Desta maneira, a introdução do exame nas grades curriculares dos
cursos de graduação da área afim possibilita que sejam observados o processo
de ensino-aprendizagem dos acadêmicos e estratégias possam ser realizadas com
intuito de preparar estes futuros enfermeiros para a prática profissional.
Frente ao perfil a ser formado, o qual os enfermeiros devem deter de um
caráter generalista, crítico e reflexivo e que disponham de competências e
habilidade, acredita-se que a implantação e implementação do OSCE possa
auxiliar no desenvolvimento e preparação destes futuros profissionais.
Referências: 1. Scheil-Adlung, X. Global evidence on inequities in rural health protection: New data on rural deficits in health coverage for 174 countries. International Labour Office: Geneva, 2015.
2. Lea, J.; Cruickshank, M. Supporting new graduate nurses making the transition to rural nursing practice: views from experienced rural nurses. Journal of Clinical Nursing, 2015 24: 2826–2834.
3. Galvão, C.M.; Sawada, N.O.; Trevisan, M.A. Revisão sistemática: recurso que proporciona a incorporação das evidências na prática da enfermagem. Revista latino Americana de Enfermagem 2004 12(3): 540-556.
4. Ministério da Saúde (Brasil). Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão Participativa Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e Floresta. Brasília: Ministério da Saúde; 2013. 52p.
5. Ministério da Saúde (Brasil). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Educação Popular em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. 26p. |