Imprimir Resumo


SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 3209390

E-Pôster


3209390

SEGURANÇA DO PACIENTE NA UNIDADE DE EMERGÊNCIA DE UM HOSPITAL PÚBLICO DE SALVADOR/BA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores:
Alana de Souza Reis Carneiro ; Rauan Sousa da Hora ; Neuranides Santana

Resumo:
**Introdução:** O processo de trabalho é compreendido como um conjunto de saberes, instrumentos e meios, em que sujeitos profissionais se organizam para produzirem serviços, a fim de prestarem a assistência individual e coletiva para obtenção de resultados. Nesse processo, a enfermeira exerce singular papel à medida que exerce várias funções em seu ambiente de trabalho, tendo como objeto da prática o cuidado¹. Entende-se por segurança do paciente como a redução, a um mínimo aceitável, do risco de dano desnecessário associado ao cuidado de saúde². Tais danos contrariam os princípios da qualidade dos serviços nas instituições de saúde que buscam oferecer à clientela assistência com o mínimo de riscos e danos. A unidade de emergência é considerada um ambiente de estresse e de alto risco para ocorrência de vários tipos de eventos adversos e incidentes, devido à rotatividade, dinâmica de atendimento e por absorver grande demanda de pacientes com graus variados de agravos, além de conviver com deficiência quantitativa e qualitativa dos recursos humanos e materiais³. Diante desse panorama, o Programa Nacional de Segurança do Paciente foi instituído no país pela portaria GM/MS nº 529 de 2013, com o objetivo de contribuir para a qualificação do cuidado em saúde em todos os estabelecimentos de saúde do país. A resolução nº 36 de 2013 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária dispõe sobre as ações de segurança do paciente em serviços de saúde do país. As seis metas internacionais para segurança do paciente são: identificar corretamente o paciente; melhorar a comunicação entre os profissionais de saúde; melhorar a segurança na prescrição, no uso e na administração de medicamentos; assegurar cirurgia segura em local de intervenção, procedimento e pacientes corretos; higienizar as mãos para evitar infecções; e reduzir o risco de quedas e úlceras por pressão4. **Objetivo:** Relatar a experiência vivenciada por acadêmicos de enfermagem em uma unidade de emergência de um hospital estadual do município de Salvador/BA. **Metodologia:** Trata-se de um relato de experiência vivenciado por acadêmicos de enfermagem da Universidade Federal da Bahia, durante a prática do componente curricular “Gestão e Educação Permanente em Saúde e Enfermagem”, na unidade de emergência de um hospital estadual do município de Salvador/BA. A prática em campo ocorreu entre o período de outubro a dezembro de 2017. A experiência consistiu no desenvolvimento de um plano de ação, o qual norteou a proposta de intervenção que foi implementada na unidade. O plano de ação consistiu nas seguintes etapas: 1) Definição dos problemas, em conjunto com a docente nas primeiras semanas de prática no campo, onde pudemos através da observação da rotina da unidade e dos profissionais, listar quais eram os principais problemas encontrados. 2) Definição das causas e consequências dos problemas, para compreendermos o processo gerador e o impacto desses problemas e suas repercussões negativas. 3) Análise estratégica, nessa etapa houve uma ordenação por prioridade dos problemas encontrados na unidade de emergência, através da aplicação da matriz GUT, que é uma ferramenta de auxílio na priorização de resolução de problemas. A matriz GUT leva em consideração a gravidade, urgência e tendência. 4) Elaboração e detalhamento do plano de ação, onde definimos período, objetivos gerais e específicos, ações, metas, orçamento e responsáveis pela proposta de intervenção para enfrentamento dos problemas. E por fim, a 5) Intervenção no campo de prática, com colaboração da coordenadora da unidade e participação dos profissionais envolvidos. **Resultados:** Os problemas encontrados na unidade de emergência e ordenados prioritariamente foram: Checagem da administração de medicamentos e procedimentos realizados; Conferência do carro de emergência; Risco de queda; e Irregularidade na passagem de plantão. Esses problemas obtiveram, a partir da aplicação da matriz GUT, a pontuação equivalente a 100, 100, 64 e 12, respectivamente. Devido ao pouco tempo restante pelos acadêmicos no campo de prática para realização do plano, o mesmo levou em consideração apenas dois dos problemas prioritários, que foram a “Checagem da administração de medicamentos e procedimentos realizados” e “Risco de Queda”. Identificou-se como principais causas para esses problemas: o desconhecimento dos profissionais acerca do processo de trabalho e das implicações éticas e legais envolvidas; a precarização do trabalho; a ausência de registro da ocorrência de eventos adversos; e recursos físicos materiais insuficientes. Quanto às consequências desses problemas, podemos destacar: incidência elevada de eventos adversos; prolongamento do tempo de internação hospitalar; negligência; e complicações de saúde, desde sequelas permanentes até óbitos. Ambas intervenções desses problemas tiveram como objetivo geral: “Promover a segurança do paciente na unidade de emergência”, e como objetivos específicos, respectivamente “Melhorar a segurança na prescrição, no uso e na administração de medicamentos” e “Reduzir o risco de queda”. As ações desenvolvidas para solucionar o primeiro problema consistiram em: sensibilizar os profissionais sobre o registros de enfermagem e sinalizar medicamentos de alta vigilância e semelhantes. E como metas, sensibilizar 100% da equipe de enfermagem do turno e melhorar o armazenamento de 100% dos medicamentos de alta vigilância. Já para reduzir o risco de queda, as ações implementadas foram: sensibilizar os profissionais e orientar os pacientes e acompanhantes quanto ao risco de queda. E como metas, sensibilizar e orientar 100% dos profissionais, pacientes e acompanhantes do turno e a fixação de placas de sinalização de risco de queda na unidade Além disso, os acadêmicos realizaram a conferência dos carros de emergência das salas vermelha, amarela e verde, e observaram uma grande quantidade de medicamentos vencidas, isto é, estava ocorrendo uma falha no processo de checagem diária dos carros, demanda do processo de trabalho da enfermeira no hospital. Em virtude disso, criou-se um impresso acerca da validade das medicações para preenchimento mensal e realizou-se a sensibilização das enfermeiras sobre a importância da conferência diária do carro de emergência. **Conclusão:** Evidenciou-se que o processo de trabalho da enfermeira é essencial para o delineamento do campo de trabalho e construção política e legal, além da gestão da assistência assegurar à segurança e qualidade do cuidado. A experiência prática do componente curricular “Gestão e Educação Permanente em Saúde e Enfermagem” em uma unidade de emergência do serviço público, por sua vez, permitiu a formação de pensamento crítico dos acadêmicos de enfermagem, como também a articulação e contextualização do conhecimento teórico-prático, permitindo o olhar ampliado sobre a qualidade da assistência à saúde e, consequentemente, segurança do paciente, formação diferencial do profissional de enfermagem. Os eventos adversos e incidentes ocorridos constituem a principal fonte de informação de tais eventos, portanto, cabe tanto ao profissional que vivenciou o evento quanto a instituição a identificação das possíveis causas, para avaliar os danos, propor soluções e criar estratégias de prevenção para minimizar as falhas organizacionais e pessoais e estimular uma cultura de segurança. Foi constatada ainda a ausência de um sistema de informação dos eventos adversos/incidentes, o que aponta falhas na organização do serviço, visto que as condutas adotadas para o enfrentamento da ocorrência desses eventos pela instituição e profissionais não estão sistematizadas. Recomenda-se o planejamento de estratégias de educação continuada visando à mudança de atitude, o gerenciamento de riscos e o desenvolvimento de uma cultura de segurança.


Referências:
1. Erdmann AL, Fernandes JD, Teixeira GA. Panorama da educação em enfermagem no Brasil: graduação e pós-graduação. Enfermagem em Foco 2011; 2(supl):89-93. 2. Dourado SBPB, Bezerra CF, Anjos CCN. Conhecimentos e aplicabilidade das teorias de enfermagem pelos acadêmicos. Ver. Enferm UFSM 2014 Abr/Jun;4(2):284-291. 3. George JB et al. Teorias de enfermagem:os fundamentos para a prática profissional. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. 4. Sobral FR, Campos CJG. Utilização de metodologia ativa no ensino e assistência de enfermagem na produção nacional: revisão integrativa. Rev. esc. enferm. USP; 2012 46(1):208-18.