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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 3207979

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3207979

ESCOLAS TÉCNICAS DO SUS: PERFIL DOS EGRESSOS DO CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

Autores:
Elaine Kelly Nery Carneiro ; Juliana Costa Ribeiro Barbosa ; Juliana Maciel Machado Paiva

Resumo:
**Introdução:** estudos apontam que o técnico em enfermagem é o profissional que mais presta a assistência direta em saúde para a população, o que reafirma a necessidade de uma formação qualificada, implicando em uma melhor assistência ao usuário. A formação técnica em geral no Brasil, e também em enfermagem, continua sendo bastante voltada para o saber tecnicista, dificultando a formação de profissionais críticos, reflexivos, criativos e que tenham a capacidade de tomar decisões e transformar a realidade. A fim de requalificar a formação técnica, o MS cria em 1980 a Rede de Escolas Técnicas do SUS para qualificar/formar profissionais do/para o SUS de acordo com os seus próprios princípios e diretrizes. As ETSUS utilizam as unidades de saúde como espaços de aprendizagem. Além disso, adequam o currículo ao contexto regional e têm como modelo pedagógico a integração ensino-serviço, com sua concepção fundamentada na articulação entre Trabalho, Saúde e Educação, tendo o trabalho e a pesquisa como princípios educativos. Em Salvador, a instituição integrante desta rede é a EFTS Professor Jorge Novis. Esta escola tem como opção o currículo integrado e a metodologia da problematização, contribuindo para a aprendizagem significativa dos seus alunos trabalhadores, adultos, com escolaridade heterogênea e com experiência prática. A metodologia da problematização traz a educação como ação de transformação, em que o diálogo e as relações entre docentes, discentes, equipes de saúde e população são mediadores do processo ensino-aprendizagem. Estudos trazem que para definir a identidade do curso, torna-se necessário que as instituições de ensino revejam suas estratégias para responder aos desafios da formação, retomando o perfil do profissional de enfermagem.** Objetivo**: traçar o perfil dos egressos do curso técnico em enfermagem de uma Escola Técnica do SUS. **Método:** trata-se de uma pesquisa do tipo exploratória e descritiva, de abordagem quantitativa, realizada com os egressos de 2008 a 2015, de uma escola técnica do SUS no estado da Bahia. O recorte temporal escolhido foi devido a implantação da cogestão na EFTS em 2007, sendoi implantada pela NOB-RH, a qual está alinhada com a missão das ETSUS priorizando a integração ensino-serviço, metodologias inovadoras, transformação do sujeito trabalhador, e uma gestão baseada em negociação. Este estudo faz parte de um projeto guarda-chuva intitulado “Avaliação da formação técnica de nível médio em enfermagem” desenvolvido pela Escola de Formação Técnica de Saúde Prof. Jorge Novis, aprovado pelo edital Fapesb 030/2013. Para a coleta de dados foi realizada uma busca ativa nos documentos da escola com o intuito de localizar os contatos dos egressos. Também foi utilizada a técnica _snowball _durante o contato telefônico com a meta de contatar mais egressos. Previamente foi construído um questionário após extensa revisão de literatura, auxílio de experts e avaliação por membros de um grupo de pesquisa que trabalha com o tema. Este questionário foi aplicado aos egressos online via e-mail. Por e-mail também foram enviados a carta - convite e Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Dos 19 questionários enviados 10 foram respondidos. A análise dos dados do questionário de caracterização do perfil dos egressos se realizou com o apoio do Google Forms 2016 e do Excel 2010®, onde foi realizada a análise estatística descritiva. **Resultados:** Foram encontradas 04 turmas do curso técnico em enfermagem de 2008 a 2015, sendo 03 turmas de 2008 e uma de 2013. Os egressos são predominantemente do sexo feminino, em uma fase adulta jovem, entre 25 e 29 anos, solteiras, sem filhos. Após a realização do curso 60% tem um novo vínculo empregatício; 60% trabalham no setor saúde; 30% atuam como técnico em enfermagem; 80% dos egressos passaram a trabalhar 40 horas semanais; 30% tem renda inferior a R$ 880,00, porém 80% considera o vínculo atual melhor que o anterior. 70% dos profissionais tem o vínculo profissional fortemente ligado ao curso realizado. 90% dos egressos procuraram uma nova formação; 10% realizam ou realizaram graduação em enfermagem 60% não realizariam mudanças no curso para futuros alunos. **Conclusão:** a categoria técnica em enfermagem egressa da EFTS no período de 2008 a 2015 é majoritariamente feminina na fase adulto jovem, solteira e sem filhos. A maioria possui casa própria e utiliza transporte público, porém uma parcela considerável destes egressos já possui transporte particular. A maioria relata possuir um novo vínculo empregatício, porém com salários menores do que antes da formação. E, talvez, devido à insatisfação com estes salários e também com as condições de trabalho, 90% informam ter ou estar realizando outro curso após conclusão do curso técnico da EFTS. A maioria considera que não há necessidade de modificações, mas a parcela que aconselha realização de mudanças para melhoria ainda é alta. É perceptível uma insatisfação por parte dos profissionais com o trabalho técnico em enfermagem, e também com a enfermagem em geral. São poucos os egressos que trabalham como técnico em enfermagem, e muito menos os que estão realizando a graduação em enfermagem. Então estes profissionais estão procurando uma evolução para sua carreira profissional realizando cursos de nível superior e evadindo da enfermagem. Talvez, esta evasão seja reflexo dos resultados obtidos nesta pesquisa sobre carga horária de trabalho e renda. Prevalência de salários baixos e carga horária de trabalho exacerbada, e sabe-se que há pouco reconhecimento dos profissionais da enfermagem, principalmente quando se trata da equipe técnica. Porém, para a construção deste perfil houve limitação devido à falta e antiguidade dos registros da EFTS, onde muitas das matrículas não tinham os contatos dos egressos, ou os números telefônicos que tinham eram muito antigos e não existiam mais. Também existe a dificuldade de encontrar estudos/literatura atualizada sobre a formação técnica em enfermagem para contextualizar o desenvolvimento do trabalho, mostrando a necessidade de melhora na organização e preenchimento das fichas cadastrais dos discentes da EFTS, o que irá facilitar o acesso aos dados necessários, contribuindo para futuras pesquisas. Por fim, frente à insatisfação dos egressos do curso técnico em enfermagem da EFTS Professor Jorge Novis, tornam-se necessários estudos qualitativos para entender a formação na visão dos alunos/egressos. **Contribuições para a enfermagem: **espera-se que as características/perfil dos alunos dos cursos técnicos em enfermagem para o SUS sejam levadas em consideração durante a construção de Projetos Políticos Pedagógicos e metodologias de ensino, implicando em uma evolução positiva na formação de futuros profissionais da área.


Referências:
1. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar. 2 ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2015. 2. Nietsche E A et al. Tecnologias educacionais, assistenciais e gerenciais: uma reflexão a partir da concepção dos docentes de enfermagem. Rev. Latino-Am. Enfermagem 2005; 13(3):344-353. 3. Monteiro S, Vargas EP. (Orgs). Educação, comunicação e tecnologia: Interfaces com o campo da saúde. Rio de Janeiro. Editora Fiocruz. 2006. 4. Carvalho HT, Santos TCP. Uma oficina para o audiovisual em saúde: Relato de experiência. Revista Eletrônica de Informação, Comunicação e Inovação em Saúde, 2011;5(2). 5. Straus S E, Tetroe J, Graham I. Knowledge translation in health care: moving from evidence to practice. Ed. A John Wiley & Sons, ltd, Publication. Canadá. 2009.