E-Pôster
3173148 | PERFIL DE DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM DE PACIENTES CRÍTICOS ADMITIDOS EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA | Autores: Maria Corina Amaral Viana ; Ana Carolina Ribeiro Tamboril ; Adriana de Moraes Bezerra ; Aliniana da Silva Santos ; Naanda Kaanna Matos de Sousa |
Resumo: A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é legitimada como sendo o
marco teórico da prática de enfermagem. Configura-se como uma metodologia para
organizar e sistematizar o cuidado, com base nos princípios do método
científico. No Brasil, as primeiras tentativas de sistematizar os cuidados de
enfermagem foram propostas por Horta na década de 19701. A implementação da
SAE, mais do que uma opção para a organização do trabalho do enfermeiro,
apresenta-se como uma questão deontológica para a enfermagem. Conforme a
resolução nº 358/2009 do Conselho de Enfermagem2 as etapas de levantamento de
dados, diagnóstico, planejamento, prescrição de intervenções e avaliação dos
resultados obtidos têm sido objeto de diversos estudos que têm como meta o
aprimoramento da enfermagem enquanto ciência e a ampliação dos conhecimentos
científicos de forma a atender mais adequadamente à clientela sob seus
cuidados3. Destarte, dando ênfase a segunda etapa do processo de enfermagem, a
NANDA I4 traz que o diagnóstico de enfermagem (DE) deve ser um julgamento
clínico das respostas do indivíduo, família ou comunidade aos processos vitais
ou aos problemas de saúde atuais ou potenciais, os quais fornecem a base para
a seleção das intervenções de enfermagem, para atingir os resultados pelos
quais o enfermeiro é responsável. Neste contexto, objetivou-se identificar os
principais DE´s para pacientes críticos admitidos em uma Unidade de Terapia
Intensiva de um hospital filantrópico da Região do Cariri do Ceará, através do
recorte de um estudo um estudo* de abordagem quantitativa do tipo
observacional com delineamento de coorte aberta prospectiva. A coleta dos
dados ocorreu no período de novembro de 2016 a janeiro de 2017. A amostra da
coorte foi formada com os pacientes admitidos na Unidade durante o referido
período e por meio do critério de inclusão ter idade igual ou superior a 18
anos e estar internado na UTI adulto e, dos critérios de exclusão: o paciente
já estar internado na UTI no momento em que a pesquisadora iniciou o estudo.
Assim, fizeram parte da amostra 21 indivíduos. Para a coleta das variáveis
sóciodemográficas foi utilizado os prontuários dos pacientes e, para as
variáveis clínicas e posterior identificação dos DE´s, utilizou-se um
instrumento de coleta que continha informações hemodinâmicas, de perfusão
tecidual, hematológicas, bioquímicas e nutricional. O instrumento foi
desenvolvido previamente com colaboração de especialista no assunto, com o
intuito único de alcançar os objetivos do estudo. Ressalta-se que a
identificação dos diagnósticos se deu a partir do processo de elaboração e
inferência, e seguiu as etapas preconizadas por Gordon5: coleta,
interpretação/ agrupamento das informações e nomeação das categorias. Após a
etapa da coleta das informações, os dados foram interpretados e agrupados.
Adotou-se o software _Excel_ versão 2013 para compilação dos dados e análise
descritiva. Atendendo aos aspectos éticos da pesquisa com seres humanos,
conforme a Resolução 466/2012, o projeto de pesquisa foi submetido à aprovação
do Comitê de Ética em Pesquisa na área da saúde - CEPAS via plataforma Brasil,
obtendo parecer aprovado número 1.704.382. Na caracterização sociodemográfica
constatou-se que a maioria dos participantes era do sexo masculino (52,38%),
pardas (76,19%), com média de idade de 48,61 anos (dp = 19,60479). Quanto à
escolaridade, 38,09% dos participantes possuíam ensino fundamental incompleto.
No que se refere à ocupação, verificou-se que 23,80% das pessoas eram
aposentadas, 23,80% do lar, 14,28% eram estudantes e 38,09% possuíam outras
ocupações, destacando-se motorista e pedreiro. No tocante às características
clínicas, verificou-se que a hipótese diagnóstica mais prevalente na unidade
de estudo foi o Traumatismo Crânio Encefálico (TCE), presente em 47,61% dos
participantes, seguido de AVC, identificado em 19,04% das pessoas. A partir
das variáveis clínicas obtidas foram identificados 30 títulos diagnósticos de
enfermagem, constatando-se na admissão prevalência dos DE: _Risco de
infecção_, presente em todos os pacientes no momento da admissão, _Mobilidade
física prejudicada _e_ Risco de motilidade gastrintestinal disfuncional_
(90,5%), _Risco de perfusão tissular cerebral ineficaz_ e _Comunicação verbal
prejudicada _(85,7%), _Risco de integridade da pele prejudicada _e _Troca de
gases prejudicada_ (80,9%) e, _Padrão respiratório ineficaz_ (76,1%). Os
diagnósticos identificados para os pacientes da coorte em estudo estão
distribuídos nos domínios dois (Nutrição), três (Eliminação e troca), quatro
(Atividade/Repouso), cinco (Percepção/ Cognição) e 11 (segurança/proteção)
segundo a Taxonomia II da NANDA I. Tais achados podem evidenciar um perfil
diagnóstico da unidade do estudo, conhecer o perfil dos pacientes admitidos na
Unidade e, para o enfermeiro, informações essenciais para planejar e organizar
a assistência na UTI, no sentido de implementar e aprimorar protocolos de
assistência, visando garantir um cuidado qualificado, bem como desenvolver uma
visão crítica reflexiva na elaboração do plano de cuidados de pacientes que
tenham esses diagnósticos. Essa capacidade de julgar criticamente os dados da
prática clínica é o que confere autonomia ao enfermeiro durante a sua atuação.
O julgamento crítico, enquanto requisito do raciocínio clínico, é o que
permite que o enfermeiro faça diagnósticos na prática clínica, de forma a
fundamentar o planejamento, a implementação e a avaliação dos cuidados de
enfermagem. Nesta perspectiva, é preciso incentivar os enfermeiros a buscar
evidências que fundamentem a identificação de DE´s, fornecendo subsídios para
implementação de intervenções adequadas, propiciando a qualificação da
assistência. Assim também, é de extrema importância que o enfermeiro conheça
conceitos essenciais, sendo necessário antes de iniciar a coleta dos dados do
paciente se aprofundar nos conceitos críticos importantes à prática de
enfermagem, como: respiração, eliminação, nutrição termorregulação, conforto
físico, cognição e integridade da pele, pois, sem uma coleta adequada, não há
diagnósticos de enfermagem e, sem este, pode não haver intervenções de
enfermagem independentes. Administrar a assistência é também uma forma de
cuidar. Conclui-se que o processo de enfermagem é um instrumento metodológico
que tem assegurado a aplicabilidade na prática profissional dos referenciais
teóricos próprios de enfermagem, que guiam decisões específicas sobre o que
questionar e diagnosticar, como intervir e o que avaliar.
Referências: Carrijo AR. Registro de uma prática: anotações de enfermagem na memória de enfermeiras da primeira escola Nightingaleana no Brasil (1959-1970). [Dissertação]. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2007.
Silva TGS, Santos RM, Crispim LMC, Almeida LMWS. Conteúdo dos registros de enfermagem em hospitais: contribuições para o desenvolvimento do processo de enfermagem. Enferm Foco. 2016.7(1)-24-27.
Gonçalves VLM. Anotação de Enfermagem. In: Cianciarullo TI, Gualda DMR, Melleiro MM, Anabuki MH. Sistema de Assistência de Enfermagem: evolução e tendências. São Paulo: Cone, 2001.
Santos SR, Paula AFA, Lima JP. O enfermeiro e sua percepção sobre o sistema manual de registro no prontuário. Rev Latino-am Enfermagem 2003 janeiro-fevereiro; 11(1):80-7.
Tannure MC. Processo de Enfermagem: comparação do registro manual versus eletrônico. J. Health Inform. 2015 Julho-Setembro; 7(3): 69-74. |