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3163323 | DIFICULDADES ENFRENTADAS POR ENFERMEIROS NO COTIDIANO DA PRÁTICA DOCENTE UNIVERSITÁRIA | Autores: Rafaela Lira Mendes Costa |
Resumo: INTRODUÇÃO: No Brasil, a formação, o desempenho e o desenvolvimento
profissional do docente têm sido objeto de análise e estudos a partir do
movimento de transformação do ensino superior. Pode-se considerar que educar é
um dos principais papéis que o enfermeiro assume em sua prática profissional,
não somente enfocando a educação em saúde, mas também a formação de novos
profissionais que, além de aspectos técnicos e científicos, precisam
compreender a dimensão do seu fazer, o compromisso e a responsabilidade que
assumem ao cuidar de outras vidas. No entanto, o enfermeiro docente
compromissado com a construção do conhecimento, se percebe, muitas vezes,
imerso em um contexto de trabalho com muitas exigências e responsabilidades.1
Nessa perspectiva, um fator primordial para que o enfermeiro professor seja
competente no exercício da docência universitária é que ele identifique e
supere os obstáculos didáticos, não estando eles limitados ao espaço físico da
sala de aula.2 Em face destas considerações, surgiu o seguinte questionamento
que impulsionou a realização deste estudo: quais são as dificuldades
enfrentadas por enfermeiros no cotidiano da prática docente universitária no
Brasil? A relevância desta pesquisa se dá pela sua capacidade de conhecer o
que vem sendo produzido e publicado sobre o cotidiano da prática pedagógica do
enfermeiro docente, no que tange às dificuldades que são vivenciadas por este
profissional durante o ensino superior. OBJETIVO: Identificar as produções
científicas que abordam sobre as dificuldades enfrentadas por enfermeiros no
cotidiano da prática docente universitária. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA: Trata-se
de uma revisão integrativa da literatura realizada nas bases de dados
eletrônicos da Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), Literatura
Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature
Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) e Base de Dados em Enfermagem
(BDENF). O estudo foi realizado no mês de janeiro à fevereiro de 2018. A
primeira etapa se deu a partir da definição da questão de pesquisa norteadora
e dos descritores para a procura dos artigos. Em seguida, foi realizada a
busca das publicações componentes da amostra, nas bases de dados escolhidas,
utilizando os descritores segundo o DeCS, fazendo uso do operador booleano
“and”, sendo estes: Docentes de Enfermagem and Satisfação no Emprego and
Condições de Trabalho. Os critérios de inclusão para a busca dos periódicos
foram: artigos científicos publicados na íntegra, disponíveis online e
gratuitos, em português, no período de 2007 a 2018, que abordassem sobre a
temática e que respondessem à pergunta de pesquisa. E como critérios de
exclusão: periódicos incompletos e que não atendessem aos critérios de
inclusão. RESULTADOS: A apreciação das bases de dados selecionadas teve como
resultado 54 publicações nacionais. O quantitativo de periódicos foi: LILACS
14 periódicos, BDENF 19 periódicos, MEDLINE 2 periódicos e SCIELO 19
periódicos. Do material obtido, 35 artigos foram selecionados para realização
de leitura minuciosa pela pesquisadora. De acordo com os critérios de
inclusão, foi verificado que 18 artigos responderam à pergunta norteadora e
constituíram o corpus da pesquisa. Evidenciou-se que as dificuldades
vivenciadas no trabalho docente estão relacionadas à reduzida valorização e
reconhecimento de seu fazer, abrangendo diferentes aspectos associados, como o
elevado número de alunos por campo e professor; relações com a instituição
empregadora, com a disponibilidade de uma estrutura física inadequada e com
recursos escassos, baixos salários, pressão organizacional, no tocante ao
vínculo empregatício e remuneração, além de manifestações de desinteresse do
estudante, que podem repercutir negativamente na prática docente. O despreparo
para atuar na docência também pode configurar-se como um entrave, não somente
no aspecto didático pedagógico, mas no processo como um todo.1 Observou-se que
este profissional leva certo tempo para se sentir professor, provavelmente o
mesmo tempo que ele leva para passar da fase de instabilidade e ansiedade de
iniciação da carreira para a fase de estabilização. Em relatos de professores,
foi possível perceber que a sua construção como docentes ocorreu de forma
contínua ao longo da carreira, o que ficou evidenciado quando afirmaram serem
melhores professores agora do que no início e que apesar de ser uma caminhada
espinhosa inicialmente, tornou-se prazerosa e significativa com o passar do
tempo.2 Além disso, aspectos relacionados à instituição também geram
sofrimento no trabalho docente e se mostram em termos de uma estrutura física
inadequada para o ensino, recursos materiais indisponíveis e campos de estágio
que não condizem com as condições necessárias à aprendizagem e nem sempre
possibilitam o alcance dos objetivos das disciplinas. As exigências
burocráticas que retardam a entrada do estudante nestes locais de prática,
resultam em gasto de energia, tempo e dinheiro da universidade e dos docentes,
prejudicando o processo ensino-aprendizado e angustiando esses profissionais.3
No que tange à teoria ministrada para os estudantes do curso de Enfermagem,
esta é realizada, em sua maioria, de forma expositiva e dialogada em sala de
aula com toda a turma, para só depois, separá-los em grupos menores que
realizarão a prática em instituições prestadoras de serviços de saúde. Deste
modo, a relação estresse - aulas teóricas foi frequentemente observada nas
falas de docentes de Enfermagem, que citaram como fatores estressantes as
conversas paralelas, ensinar em meio ao barulho, interrupções, entre outros.
Vale ressaltar que a discordância entre o que é ministrado em aula e o que o
serviço impõe também constitui um desencadeador de estresse no trabalho
docente, de forma que há uma desconstrução do conhecimento do aluno acerca do
que é correto, frente a prática que ocorre de forma inadequada.4 Verificou-se
ainda que o enfermeiro docente não consegue responder de forma efetiva ao
elevado volume de atividades laborais e que por vezes necessita utilizar seu
tempo de descanso e lazer, abrindo mão da convivência com a família e amigos,
para preparação de projetos e artigos, fazer relatórios de pesquisa e aumento
da produção científica para se manterem em programas de pós-graduação e
financiamentos para pesquisas, levando-os ao cansaço e ao estresse. Logo, este
ritmo intenso de trabalho favorece ao sofrimento físico e psíquico, portanto,
ao adoecimento.5 CONCLUSÃO: Em suma, foi possível perceber que o cotidiano da
prática docente é marcado por muitos obstáculos enfrentados por enfermeiros
durante o ensino universitário brasileiro, os quais interferem diretamente no
processo de trabalho destes profissionais e na aprendizagem dos estudantes.
CONTRIBUIÇÕES/IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM: Compreender as dificuldades
enfrentadas por enfermeiros docentes implica reconhecer que diversos fatores,
tais como a trajetória individual, o ambiente e as relações interpessoais
presentes nas instituições em que esses trabalhadores estão inseridos,
refletem na qualidade do ensino e na valorização da Enfermagem enquanto
ciência.
Referências: 1. Simões Neto JC, Andrade IL. A contribuição da monitoria acadêmica para o incentivo a docência. Rev Interfaces. 2016. 12(4):93-9.
2. Celestino Júnior AF, Matos ECO, Andrade EGR, Lobato RV, Negrão SMC, Rego NCC. Monitoria acadêmica e metodologia da problematização: relato de experiência. Rev. Ciênc. Ext. 2017. 13(3):136-45.
3. Jeronymo ACO, Lima AKN, Scio E. A monitoria acadêmico como elemento construtor do profissional enfermeiro: relato de experiência. Rev. Eletr Gestão & Saúde. 2014. 5(3):1101-08.
4. Costa RRO, Medeiros SM, Martins JCA, Menezes MP, Araújo MS. O uso da simulação no contexto da educação e formação em saúde e enfermagem: uma reflexão acadêmica. Rev Espaço para a saúde. 2015. Jan-Mar. 16(1):59-65. |