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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 3163323

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3163323

DIFICULDADES ENFRENTADAS POR ENFERMEIROS NO COTIDIANO DA PRÁTICA DOCENTE UNIVERSITÁRIA

Autores:
Rafaela Lira Mendes Costa

Resumo:
INTRODUÇÃO: No Brasil, a formação, o desempenho e o desenvolvimento profissional do docente têm sido objeto de análise e estudos a partir do movimento de transformação do ensino superior. Pode-se considerar que educar é um dos principais papéis que o enfermeiro assume em sua prática profissional, não somente enfocando a educação em saúde, mas também a formação de novos profissionais que, além de aspectos técnicos e científicos, precisam compreender a dimensão do seu fazer, o compromisso e a responsabilidade que assumem ao cuidar de outras vidas. No entanto, o enfermeiro docente compromissado com a construção do conhecimento, se percebe, muitas vezes, imerso em um contexto de trabalho com muitas exigências e responsabilidades.1 Nessa perspectiva, um fator primordial para que o enfermeiro professor seja competente no exercício da docência universitária é que ele identifique e supere os obstáculos didáticos, não estando eles limitados ao espaço físico da sala de aula.2 Em face destas considerações, surgiu o seguinte questionamento que impulsionou a realização deste estudo: quais são as dificuldades enfrentadas por enfermeiros no cotidiano da prática docente universitária no Brasil? A relevância desta pesquisa se dá pela sua capacidade de conhecer o que vem sendo produzido e publicado sobre o cotidiano da prática pedagógica do enfermeiro docente, no que tange às dificuldades que são vivenciadas por este profissional durante o ensino superior. OBJETIVO: Identificar as produções científicas que abordam sobre as dificuldades enfrentadas por enfermeiros no cotidiano da prática docente universitária. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura realizada nas bases de dados eletrônicos da Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) e Base de Dados em Enfermagem (BDENF). O estudo foi realizado no mês de janeiro à fevereiro de 2018. A primeira etapa se deu a partir da definição da questão de pesquisa norteadora e dos descritores para a procura dos artigos. Em seguida, foi realizada a busca das publicações componentes da amostra, nas bases de dados escolhidas, utilizando os descritores segundo o DeCS, fazendo uso do operador booleano “and”, sendo estes: Docentes de Enfermagem and Satisfação no Emprego and Condições de Trabalho.  Os critérios de inclusão para a busca dos periódicos foram: artigos científicos publicados na íntegra, disponíveis online e gratuitos, em português, no período de 2007 a 2018, que abordassem sobre a temática e que respondessem à pergunta de pesquisa. E como critérios de exclusão: periódicos incompletos e que não atendessem aos critérios de inclusão. RESULTADOS: A apreciação das bases de dados selecionadas teve como resultado 54 publicações nacionais. O quantitativo de periódicos foi: LILACS 14 periódicos, BDENF 19 periódicos, MEDLINE 2 periódicos e SCIELO 19 periódicos. Do material obtido, 35 artigos foram selecionados para realização de leitura minuciosa pela pesquisadora. De acordo com os critérios de inclusão, foi verificado que 18 artigos responderam à pergunta norteadora e constituíram o corpus da pesquisa. Evidenciou-se que as dificuldades vivenciadas no trabalho docente estão relacionadas à reduzida valorização e reconhecimento de seu fazer, abrangendo diferentes aspectos associados, como o elevado número de alunos por campo e professor; relações com a instituição empregadora, com a disponibilidade de uma estrutura física inadequada e com recursos escassos, baixos salários, pressão organizacional, no tocante ao vínculo empregatício e remuneração, além de manifestações de desinteresse do estudante, que podem repercutir negativamente na prática docente. O despreparo para atuar na docência também pode configurar-se como um entrave, não somente no aspecto didático pedagógico, mas no processo como um todo.1 Observou-se que este profissional leva certo tempo para se sentir professor, provavelmente o mesmo tempo que ele leva para passar da fase de instabilidade e ansiedade de iniciação da carreira para a fase de estabilização. Em relatos de professores, foi possível perceber que a sua construção como docentes ocorreu de forma contínua ao longo da carreira, o que ficou evidenciado quando afirmaram serem melhores professores agora do que no início e que apesar de ser uma caminhada espinhosa inicialmente, tornou-se prazerosa e significativa com o passar do tempo.2 Além disso, aspectos relacionados à instituição também geram sofrimento no trabalho docente e se mostram em termos de uma estrutura física inadequada para o ensino, recursos materiais indisponíveis e campos de estágio que não condizem com as condições necessárias à aprendizagem e nem sempre possibilitam o alcance dos objetivos das disciplinas. As exigências burocráticas que retardam a entrada do estudante nestes locais de prática, resultam em gasto de energia, tempo e dinheiro da universidade e dos docentes, prejudicando o processo ensino-aprendizado e angustiando esses profissionais.3 No que tange à teoria ministrada para os estudantes do curso de Enfermagem, esta é realizada, em sua maioria, de forma expositiva e dialogada em sala de aula com toda a turma, para só depois, separá-los em grupos menores que realizarão a prática em instituições prestadoras de serviços de saúde. Deste modo, a relação estresse - aulas teóricas foi frequentemente observada nas falas de docentes de Enfermagem, que citaram como fatores estressantes as conversas paralelas, ensinar em meio ao barulho, interrupções, entre outros. Vale ressaltar que a discordância entre o que é ministrado em aula e o que o serviço impõe também constitui um desencadeador de estresse no trabalho docente, de forma que há uma desconstrução do conhecimento do aluno acerca do que é correto, frente a prática que ocorre de forma inadequada.4 Verificou-se ainda que o enfermeiro docente não consegue responder de forma efetiva ao elevado volume de atividades laborais e que por vezes necessita utilizar seu tempo de descanso e lazer, abrindo mão da convivência com a família e amigos, para preparação de projetos e artigos, fazer relatórios de pesquisa e aumento da produção científica para se manterem em programas de pós-graduação e financiamentos para pesquisas, levando-os ao cansaço e ao estresse. Logo, este ritmo intenso de trabalho favorece ao sofrimento físico e psíquico, portanto, ao adoecimento.5 CONCLUSÃO: Em suma, foi possível perceber que o cotidiano da prática docente é marcado por muitos obstáculos enfrentados por enfermeiros durante o ensino universitário brasileiro, os quais interferem diretamente no processo de trabalho destes profissionais e na aprendizagem dos estudantes. CONTRIBUIÇÕES/IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM: Compreender as dificuldades enfrentadas por enfermeiros docentes implica reconhecer que diversos fatores, tais como a trajetória individual, o ambiente e as relações interpessoais presentes nas instituições em que esses trabalhadores estão inseridos, refletem na qualidade do ensino e na valorização da Enfermagem enquanto ciência.


Referências:
1. Simões Neto JC, Andrade IL. A contribuição da monitoria acadêmica para o incentivo a docência. Rev Interfaces. 2016. 12(4):93-9. 2. Celestino Júnior AF, Matos ECO, Andrade EGR, Lobato RV, Negrão SMC, Rego NCC. Monitoria acadêmica e metodologia da problematização: relato de experiência. Rev. Ciênc. Ext. 2017. 13(3):136-45. 3. Jeronymo ACO, Lima AKN, Scio E. A monitoria acadêmico como elemento construtor do profissional enfermeiro: relato de experiência. Rev. Eletr Gestão & Saúde. 2014. 5(3):1101-08. 4. Costa RRO, Medeiros SM, Martins JCA, Menezes MP, Araújo MS. O uso da simulação no contexto da educação e formação em saúde e enfermagem: uma reflexão acadêmica. Rev Espaço para a saúde. 2015. Jan-Mar. 16(1):59-65.