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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 3077582

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3077582

ANÁLISE DO CONCEITO DE SEDE PERIOPERATÓRIA

Autores:
Thammy Gonçalves Nakaya ; Isadora Pierotti ; Lauany Oliveira Gaspar ; Leonel Alves do Nascimento

Resumo:
**Introdução: **A sede é uma das mais prementes sensações percebidas pelo ser humano e gera desconforto intenso e prolongado. Sintomas subjetivos como a sede no perioperatório, no entanto, ainda permanecem subvalorizados pela equipe de saúde, principalmente por desconhecimento de evidências quanto a sua identificação, mensuração e os métodos de alívio. Os fatores que contribuem para a permanência do jejum no pós-operatório imediato (POI) incluem o temor de eventos respiratórios adversos, como a broncoaspiração. No entanto, novos avanços no manejo da sede permitem a utilização de estratégias efetivas e seguras para minorar esse desconforto no perioperatório. Particularmente no paciente cirúrgico, a sede é um dos desconfortos mais intensos e prevalentes, independente das faixas etárias, do procedimento cirúrgico ou anestésico realizado1. **Objetivos: **Analisar o conceito de Sede Perioperatória, identificando os usos, antecedentes, atributos essenciais e consequentes. **Método: **Estudo de abordagem qualitativa, focado na análise conceitual, baseado no modelo proposto por Walker e Avant (2011)2, utilizando as seguintes etapas: seleção do conceito; determinação dos objetivos da análise conceitual; identificação dos possíveis usos do conceito; determinação dos atributos críticos ou essenciais e dos eventos antecedentes e consequentes do conceito. Para a realização desta análise de conceito foi realizada uma revisão narrativa utilizando o acervo evidências científicas e experiência do Grupo de Estudo e Pesquisa da Sede. **Resultados: Seleção do conceito: **A sede possui alta incidência e elevado desconforto no perioperatório e acomete de crianças a idosos submetidos a diferentes procedimentos cirúrgicos e técnicas anestésicas, afetando de forma negativa o processo cirúrgico. A análise do conceito de sede perioperatória subsidiará a elaboração e validação deste diagnóstico guiando a prática clínica do enfermeiro no período perioperatório. **Determinação dos objetivos da análise conceitual: **A análise do conceito de sede no perioperatório irá resultar na elaboração de seu conceito, fatores antecedentes e consequentes, possibilitando a proposição deste diagnóstico para a comunidade de enfermeiros. **Identificação dos possíveis usos do conceito: **O conceito sede possui outros usos e significados na língua portuguesa, por exemplo, no sentido figurado, exprimindo a falta de algo, como a busca por justiça. Nesta análise, selecionou-se a sede como um sintoma desconfortável, descrita pela literatura em saúde como um sintoma complexo e multifatorial, envolvendo aspectos fisiológicos, motivacionais, afetivos, ambientais, culturais e diferenças individuais como gênero e idade1. Na perspectiva da fisiologia, a sede é descrita como um sistema complexo que envolve estímulos plasmáticos de regulação osmóticas e volêmicas e também a participação de receptores de pressão e temperatura, decodificados pelo hipotálamo em sua gênese e saciedade3. Os principais estudos da área da saúde relacionados a sede focam em pacientes em fase terminal ou em cuidados paliativos, renais crônicos e em pacientes cirúrgicos1.  **Determinação dos atributos críticos ou essenciais: **Após a identificação dos usos do conceito e análise das definições, destacaram-se os seguintes atributos: boca seca, lábios secos, garganta seca, gosto ruim na boca, saliva grossa, vontade de beber água. Outros atributos incluem a irritabilidade, raiva, sensação de desespero e alusão a morte, xerostomia, redução da secreção de saliva4. **Eventos antecedentes e consequentes do conceito**: A sede pode ser classificada em sede osmótica ou hipovolêmica. Discreto aumento da osmolaridade plasmática (1-2%) é suficiente para ativar os osmoreceptores hipotalâmicos e secretar vasopressina, desencadeando a sede osmótica. Já a sede hipovolêmica está associada a mudanças menos sensíveis no volume intravascular, acionando o sistema renina-angiotensina-aldosterona, sendo necessária diminuição de 10% do plasma para desencadear a sede. O paciente cirúrgico apresenta fatores que desencadeiam alterações nestes dois mecanismos, como o jejum pré-operatório, alterações no estado emocional, perda de sangue intraoperatório, medicações anestésicas e intubação orotraqueal3. A sede resultante desses fatores repercute em imperiosos desconfortos subjetivos, que sobrepujam até mesmo a dor. É vivenciada de forma marcante por sinais periféricos como: boca seca, lábios rachados, alteração na textura da língua e salivar, que geram sensação de fraqueza e sufocamento e alterações de humor4. **Definir referenciais empíricos: **A sede pode ser identificada por meio de exames laboratoriais e imagens cerebrais por emissão de pósitrons. Na prática clínica, a avaliação da sede perioperatória é realizada com o auxílio das seguintes escalas: Escala Visual Analógica (EVA), Escala Verbal Numérica (EVN), Escala de Faces (EF), escalas de desconforto. A EVA consiste em uma linha de 10 cm, cujas extremidades representam os extremos da sede. O paciente marca um ponto na linha que representa sua sede. A EVN distribui números de 0-10, sendo zero o correspondente a “sem sede” e dez como a “pior sede vivenciada”. A EF é utilizada para crianças e adultos com dificuldade de comunicação4. Outra escala likert recentemente validada, a “Escala do Desconforto da Sede Perioperatória” (EDESP) avalia as dimensões subjetivas da sede. O paciente identifica se está: nada, pouco ou muito incomodado em relação ao desconforto. Os atributos avaliados são: minha boca está seca, meus lábios estão ressecados, minha língua está grossa, minha saliva está grossa, minha garganta está seca, sinto gosto ruim na boca e tenho vontade de beber água5. **Conclusões: **A análise do conceito de sede perioperatória permitiu observar que pesquisas em relação à sede no paciente cirúrgico ainda são recentes e pouco trabalhadas na literatura e na prática clínica. Analisar o conceito de sede trouxe maiores subsídios para a futura elaboração do diagnóstico de Sede Perioperatória. **Contribuições / Implicações para a Enfermagem: **O Sistema de Linguagem Padronizada permite a uniformização, identificação na prática clínica, generalização em diferentes ambientes e realização de cuidados específicos para este conceito/diagnóstico. A análise de conceito permite a clarificação ou descrição minuciosa dos reais significados dos conceitos utilizados pela enfermagem. O conceito sede perioperatória como diagnóstico de enfermagem, implicará na melhoria da assistência ao paciente cirúrgico, ao tornar explícito o conhecimento deste sintoma. Ao reconhecer que esse grupo de pacientes está exposto a vivenciá-la, a equipe poderá incluir a sede perioperatória em seu plano de cuidados, adotando estratégias para seu alívio. Dessa maneira, o cuidado ao paciente torna-se mais humanizado.


Referências:
1BRASIL, Ministerio da Saude. Secretaria de Atenção à Saúde departamento de ações Programáticas e Estratégicas. Cartilha do Idoso: um guia para viver mais e melhor. 6/14/06 2:48 2BRASIL, Ministerio da Saude. Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica. Caderno de Atenção Básica - n°19. Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa. Brasília, DF, 2006 3BRASIL, Ministerio da Saude. Série E. Legislação de Saúde. Estatuto do Idoso. 2.ª edição 1.ª reimpressão. Brasília, DF, 2007 4FERNANDES, Maria Teresinha de Oliveira and SOARES, Sônia Maria.O desenvolvimento de políticas públicas de atenção ao idoso no Brasil. Rev. esc. enferm. USP [online]. 2012, vol.46, n.6, pp.1494-1502. ISSN 0080-6234. http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342012000600029. 5CAMACHO, Alessandra Conceição Leite Funchal and COELHO, Maria José.Políticas públicas para a saúde do idoso: revisão sistemática. Rev. bras. enferm.[online]. 2010, vol.63, n.2, pp.279-284. ISSN 0034-7167. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672010000200017.