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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 3009431

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3009431

GESTÃO DO CUIDADO À TUBERCULOSE: UMA EXPERIÊNCIA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Autores:
Michelly Miranda ; Marciane Gonçalves Maciel ; Kelly Maciel Silva

Resumo:
**Introdução: **A tuberculose é um grave problema de saúde pública mundial. Milhares de pessoas adoecem e morrem devido à doença e suas complicações.  O Brasil é um dos países com maior número de casos no mundo, embora seja uma doença com diagnóstico e tratamento realizados pelo Sistema Único de Saúde, ainda constatam-se barreiras no acesso e acontecem cerca de 69 mil casos novos e 4.500 óbitos a cada ano como causa básica tuberculose1. Desta forma, se faz necessário o desenvolvimento de medidas que visem à prevenção e o controle da tuberculose. Na prática dos serviços de saúde, percebe-se que os enfermeiros têm papel protagonista no controle deste problema. Diante disso, o Município de Florianópolis, por meio de Protocolo de Enfermagem - Volume 2: Infecções sexualmente transmissíveis e outras doenças transmissíveis de interesse em saúde coletiva (Dengue/tuberculose)2, amplia as atribuições dos enfermeiros para que estes possam realizar diagnóstico e tratamento de tuberculose. **Objetivo:** relatar a experiência de gestão de cuidado à tuberculose, a partir da descrição de um caso clínico, desenvolvida por uma enfermeira da Atenção Primária de Saúde, utilizando-se de Protocolo de Enfermagem. **Método:** trata-se de um relato de experiência que descreve aspectos vivenciados pela autora no desenvolvimento de sua prática profissional em uma Unidade Básica de Saúde do Município de Florianópolis/ SC, no que se refere ao cuidado a uma pessoa portadora de tuberculose, entre os meses de março a setembro de 2017. Utilizaram-se métodos descritivos e observacionais a partir de um olhar qualitativo acerca da problemática estudada. Para a coleta dos dados, utilizaram-se as seguintes estratégias: desenvolvimento de consultas clínicas, bem como consulta aos registros de atendimento e relatórios assistenciais. **Resultados e discussão**: A Unidade Básica de Saúde, em que o caso relatado foi desenvolvido, tem uma população de aproximadamente 10 mil pessoas, conta com três equipes da Estratégia de Saúde da Família para o atendimento desta população. Entre os serviços oferecidos encontram-se: vacinação; teste do pezinho; curativos, procedimentos de enfermagem, realização de testes rápidos de HIV, sífilis e hepatites; fornecimentos de medicamentos; procedimentos odontológicos; grupos de educação em saúde; consultas médicas e de enfermagem, entre outros. Os usuários são atendidos de maneira programada ou por demanda espontânea, não necessitando agendamento prévio. O relato a ser apresentado refere-se ao atendimento de um usuário que teve acesso à Consulta de Enfermagem a partir de atendimento de demanda espontânea. **Primeira Consulta de Enfermagem:** usuário masculino, 44 anos, chega à Consulta de Enfermagem com queixa de tosse produtiva há um mês e perda de peso. A partir dos sintomas referidos, exame físico e informações obtidas através do histórico de enfermagem, suspeitou-se de tuberculose pulmonar. A enfermeira solicitou duas amostras de escarro e Raio-X de tórax. Em alguns dias, o laboratório Municipal, informou via e-mail da Unidade de Saúde que o exame de baciloscopia direta para pesquisa de BAAR já se encontrava disponível no prontuário eletrônico do usuário.  Neste primeiro exame: pesquisa de BAAR – positiva; Cultura para BAAR: positiva +++. Como o diagnóstico foi evidenciado pela baciloscopia e cultura, de acordo com o Protocolo de Enfermagem2, o enfermeiro poderia iniciar tratamento. Para isso, foi feito contato, via telefone, com o usuário para que o mesmo comparecesse à Unidade de Saúde em Consulta de Enfermagem. **Segunda Consulta de Enfermagem**: neste momento, a enfermeira comunicou ao usuário o diagnóstico, realizou notificação do caso, investigação dos contatos e certificou-se das condições gerais para prescrição do tratamento com esquema básico (RHZE+RH). Usuário era considerado caso novo de tuberculose; HIV negativo (realizado teste rápido no momento da consulta); Ausência de histórico de doenças hepáticas, nefropatias e desnutrição severa. O usuário foi informado acerca da importância de realizar o tratamento corretamente para obtenção da cura. Combinou-se que o Agente Comunitário de Saúde iria realizar visita domiciliar para monitorar o uso dos medicamentos. Foi explicada a dose diária da medicação a ser ingerida, de acordo com o peso do usuário, bem como os possíveis efeitos adversos das medicações. Agendado retorno em 15 dias. **Terceira Consulta de Enfermagem: **usuário procurou a enfermeira, em consulta de demanda espontânea dois dias após inicio do tratamento, queixando-se de prurido e exantema pelo corpo. Relatou desejo de suspender o tratamento. Em interconsulta com médico da área, foi realizado o manejo e prescrição de medicação sintomática para um provável efeito adverso à medicação. A enfermeira reforçou a importância da adesão ao tratamento, explicou os potenciais riscos caso não fosse feito. Colocou-se à disposição para auxiliar caso o usuário apresentasse dificuldades. **Quarta Consulta de Enfermagem**: Em 15 dias, após início do tratamento, usuário retornou em consulta de enfermagem. Referiu regressão dos sintomas adversos. Apresentava ganho de peso, maior disposição e diminuição da tosse. Solicitado, para controle, baciloscopia direta para BAAR. Em dois dias, recebemos resultado negativo. **Quinta Consulta de Enfermagem**: Em um mês de tratamento, usuário retornou sem queixas. Apresentava boa adesão ao tratamento e boa evolução clínica. Havia retornado ao trabalho e suas atividades da vida diária. Foi fornecido medicamento para um mês e orientado retorno em 30 dias, ou antes, caso necessitasse. **Sexta Consulta de Enfermagem**: usuário não compareceu à consulta programada. A enfermeira realizou contato telefônico para busca ativa. Por telefone, o usuário referiu ter esquecido a consulta programada, relatou preferir procurar a enfermeira em consulta sem agendamento. No dia seguinte, realizou a sexta Consulta de Enfermagem finalizando a primeira fase do tratamento. Usuário mantinha-se sem queixas, com boa adesão ao tratamento. A enfermeira orientou e prescreveu a segunda fase do tratamento, fase de manutenção, com duração de 4 meses. Como usuário não teve alteração do quadro clínico, os retornos subsequentes foram mensais. Por duas vezes, a enfermeira precisou chamar o usuário para as consultas quando estava se aproximando o período de término da medicação, nas demais, ele procurou a enfermeira em demanda espontânea. Na décima primeira Consulta de Enfermagem o usuário recebeu alta do tratamento. Além dos atendimentos clínicos, a enfermeira ficou responsável pelo relatório de acompanhamento, encaminhado mensalmente para a vigilância epidemiológica, investigação dos contatos, solicitação, controle e dispensação dos medicamentos para tuberculose, bem como supervisão do trabalho do Agente Comunitário de Saúde. **Considerações finais: **o uso do Protocolo de Enfermagem ampliou a clínica do enfermeiro, favoreceu a tomada de decisões e início do tratamento o mais precoce possível. A flexibilidade de acesso às Consultas de Enfermagem possibilitou o manejo de situações adversas, bem como evitou um provável abandono do tratamento. Destaca-se que o vínculo construído, ao longo dos atendimentos, e a corresponsabilização do usuário foram essenciais para o êxito do tratamento. Reinterando o papel fundamental do profissional enfermeiro no controle da tuberculose.


Referências:
1. Brasil. Plano nacional de educação 2014-2024: lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, que aprova o plano nacional de educação e dá outras providências. Brasília: Câmara dos Deputados, edições câmara, 2014. 86 p. 2. Brasil. Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde. Sec. De Educação do Trabalho e Educação na Saúde. Brasília: Ministério da Saúde. Ministério da Educação, 2007. 77 p. 3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Instrutivo PSE. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 27 p.