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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 3007155

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3007155

PERFIL E FATORES DE RISCOS DA CLIENTELA NO PROGRAMA HIPERDIA: ESTRATÉGIA PARA O ENSINO DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

Autores:
Isaura Setenta Porto ; Ângela Maria Silva ; Deise Ferreira de Souza ; Suely Lopes de Azevedo ; André Luiz de Souza Braga

Resumo:
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), com destaque para as doenças circulatórias (31,3%), câncer (16,3%), diabetes (5,2%) e doença respiratória (5,8%), são as principais causas de mortes, com impactos na economia e na qualidade de vida das pessoas, por causa do alto grau de limitação para as atividades de trabalho e de lazer, e pelo fato de que acometem indivíduos de todas as camadas socioeconômicas e de forma mais intensa, aqueles pertencentes a grupos vulneráveis, como os idosos, indivíduos com baixa renda familiar e baixa escolaridade1. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, é estimado que o Brasil passe da 8ª posição com prevalência das DCNT de 4,6%, em 2000, para a 6ª posição com 11,3%, em 20302. No Brasil, as DCNT correspondem a 72% das causas de mortes, a HAS e a DM atingem respectivamente 23,3% e 6,3% dos brasileiros adultos3. Estudo do Ministério da Saúde mostra que em 10 anos o índice de diabetes cresceu 61% em indivíduos maiores de 18 anos que moram em capitais3, não somente devido ao envelhecimento da população e crescente urbanização, mas, sobretudo, pelo estilo de vida pouco saudável. Os hábitos alimentares e o estilo de vida estão associados ao aumento da prevalência das DCNT, e, em termos de mortes atribuíveis, os grandes fatores de risco globalmente conhecidos são: pressão arterial elevada (responsável por 13% das mortes no mundo), tabagismo (9%), altos níveis de glicose sanguínea (6%), sedentarismo (6%), sobrepeso e obesidade (5%)². Por isso, é necessário mudanças no estilo de vida, e cuidado multidisciplinar contínuo para diminuir as implicações das DCNT. Ter hábito saudável é essencial, assim como, a prevenção, identificação e o controle dos fatores de risco são fundamentais para evitar um crescimento epidêmico das DCNT e suas consequências para o sistema de saúde. Para o monitoramento dos fatores comportamentais de risco, em 2003 foi estruturado o sistema de inquéritos domiciliares, telefônicos e em populações específicas3,4. Dados recentes da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por inquérito telefônico mostram que o diagnóstico médico de diabetes passou de 5,5% em 2006 para 8,9% em 2016 e o de hipertensão de 22,5% em 2006 para 25,7% em 20164. Neste contexto, se observa a necessidade da identificação e disponibilização de informações referentes às condições de saúde dos hipertensos e diabéticos para que, tanto os profissionais ligados diretamente à atenção, quanto os gestores de saúde possam ter acesso aos dados e, com isso, realizar avaliação permanente da situação, dos fatores de risco e possíveis complicações das DCNT5. Objetivos: Relatar a experiência dos acadêmicos de Enfermagem na identificação do perfil da clientela atendida no programa Hiperdia; Identificar os principais fatores de riscos apontados pelos acadêmicos durante a consulta de enfermagem no programa Hiperdia. Metodologia: Relato de experiência, estudo descritivo, a partir dos dados obtidos durante o ensino teórico-prático dos alunos do quarto período do Curso de Graduação em Enfermagem de uma Universidade Federal do Rio de Janeiro. O período da coleta de dados foi o segundo período letivo de 2017, no consultório de Enfermagem de uma Unidade Básica de Saúde, no município de Niterói, no estado do Rio de Janeiro. Para a coleta de dados os alunos aplicaram durante atividades com clientes do programa Hiperdia um questionário semiestruturado, composto por perguntas fechadas e abertas, sobre os hábitos de vida. O publico alvo foi constituído de 37 pacientes hipertensos e/ou diabéticos, cadastrados no Programa Hiperdia/SUS e que participam do grupo educativo. Todos os sujeitos foram informados sobre a pesquisa, e assinaram o termo de “Consentimento livre e esclarecido” em observância a Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Resultados: Do total de 37 pacientes a maioria, 86%, era do sexo feminino com idade compreendida entre 39 e 82 anos, com a média da idade, incluindo os dois sexos, de 59 anos. Quanto à escolaridade**,** 58% possuíam apenas o ensino fundamental incompleto, 4% tinham ensino fundamental completo, 18% o ensino médio completo, 6% de analfabetos, 4% possuíam ensino superior completo e outros 10% não responderam. Em relação ao estado civil, 14% eram solteiros, 46% casados, 30% viúvos e 10% divorciados. Em relação os horários das refeições, destacamos que 24% se alimentavam quatro vezes/dia, nos horários regulares, 42% mais de sete vezes/dia, com hábito de “beliscar” durante todo o dia e 34% três vezes/dia. Quanto aos hábitos de alimentar-se, 36%, apesar de comer regulamente relataram sentir fome, 22% informaram comer mesmo sem sentir fome e 28% referiu sentir muita fome e 4% não sentir fome. Quando questionados sobre acompanhamento nutricional, a maioria, 45%, relatou seguir a dieta prescrita, embora não siga a orientação de alimentar-se de três em três horas. Quanto à prática de exercício físico, 56%, não praticavam nenhum tipo de exercício, e, 24%, informaram que praticavam exercícios físicos, como caminhadas e ginástica, pelo menos três vezes na semana, e 20% relataram que as atividades realizadas de forma irregular no cotidiano, como caminhar até o mercado, levar filho na escola, limpar o quintal, foi considerado como exercícios físicos. Em relação à qualidade do sono, 62% informaram que dormem cerca de 6 a 8 horas/dia, apesar de, 26%, afirmaram acordar cansados e/ou não conseguir dormir tranquilamente no período noturno. Cerca de 40 % dos pacientes que responderam não dormir no período noturno, 28%, são idosos e possuíam o hábito de dormir no período diurno após refeições. Nenhum dos participantes relatou ser tabagista, porém 28% são ex-fumantes, 55% não fazia uso de algum tipo de bebida alcoólica, 41% bebia esporadicamente, principalmente nos finais de semana e/ou em datas comemorativas e apenas 4% era etilista. Em relação ao nível de estresse, 29%, relataram não sentir estresse, 67%, disseram sentir-se estressados por diversos fatores e 4% não responderam. Conclusão: Os dados do estudo apontam para o fato de que a prática de hábitos saudáveis, como exercícios físicos, restrições alimentares e ingestão de álcool, não foram incorporadas no estilo de vida e/ou ainda são adotadas de forma incipiente pelos pacientes atendidos no programa Hiperdia. Houve predominância na dificuldade de adesão da dieta e da prática regular de exercícios físicos. Esses resultados reportam que os profissionais de saúde, o docente e os acadêmicos de enfermagem que atuam no Programa Hiperdia precisam buscar novas estratégias com o objetivo de contribuir de maneira mais eficaz para a melhor e maior adesão dos clientes ao tratamento não medicamentoso. Implicações para a Enfermagem: Ações preventivas e promocionais de saúde, associadas à detecção precoce dos fatores de riscos das DCNT pelos profissionais da saúde e pelos acadêmicos de Enfermagem, são essenciais no cuidado da clientela hipertensa e diabética nas Unidades de Atenção Básica. O ensino teórico-prático com a inserção dos alunos no Programa Hiperdia é uma forma de contribuir para que a assistência de Enfermagem possa ajudar o paciente a conviver melhor com a sua condição crônica. Neste sentido, as instituições de ensino precisam estar atentas para importância do ensino das estratégias de educação em saúde durante a formação profissional. Assim, deve proporcionar aos alunos experiências junto aos programas de educação em saúde, inserindo-os, através da implementação de ações educativas, no atendimento ambulatorial, o que permite que o enfermeiro atue de forma eficaz e preventiva, estimulando o paciente a adquirir novos hábitos de vida e um estilo de vida mais saudável.


Referências:
BRASIL. Ministério da Educação. RESOLUÇÃO CNE/CES Nº 3, DE 7 DE NOVEMBRO DE 2001. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. FREIRE. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2011.