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3007155 | PERFIL E FATORES DE RISCOS DA CLIENTELA NO PROGRAMA HIPERDIA: ESTRATÉGIA PARA O ENSINO DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM | Autores: Isaura Setenta Porto ; Ângela Maria Silva ; Deise Ferreira de Souza ; Suely Lopes de Azevedo ; André Luiz de Souza Braga |
Resumo: As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), com destaque para as doenças
circulatórias (31,3%), câncer (16,3%), diabetes (5,2%) e doença respiratória
(5,8%), são as principais causas de mortes, com impactos na economia e na
qualidade de vida das pessoas, por causa do alto grau de limitação para as
atividades de trabalho e de lazer, e pelo fato de que acometem indivíduos de
todas as camadas socioeconômicas e de forma mais intensa, aqueles pertencentes
a grupos vulneráveis, como os idosos, indivíduos com baixa renda familiar e
baixa escolaridade1. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, é estimado
que o Brasil passe da 8ª posição com prevalência das DCNT de 4,6%, em 2000,
para a 6ª posição com 11,3%, em 20302. No Brasil, as DCNT correspondem a 72%
das causas de mortes, a HAS e a DM atingem respectivamente 23,3% e 6,3% dos
brasileiros adultos3. Estudo do Ministério da Saúde mostra que em 10 anos o
índice de diabetes cresceu 61% em indivíduos maiores de 18 anos que moram em
capitais3, não somente devido ao envelhecimento da população e crescente
urbanização, mas, sobretudo, pelo estilo de vida pouco saudável. Os hábitos
alimentares e o estilo de vida estão associados ao aumento da prevalência das
DCNT, e, em termos de mortes atribuíveis, os grandes fatores de risco
globalmente conhecidos são: pressão arterial elevada (responsável por 13% das
mortes no mundo), tabagismo (9%), altos níveis de glicose sanguínea (6%),
sedentarismo (6%), sobrepeso e obesidade (5%)². Por isso, é necessário
mudanças no estilo de vida, e cuidado multidisciplinar contínuo para diminuir
as implicações das DCNT. Ter hábito saudável é essencial, assim como, a
prevenção, identificação e o controle dos fatores de risco são fundamentais
para evitar um crescimento epidêmico das DCNT e suas consequências para o
sistema de saúde. Para o monitoramento dos fatores comportamentais de risco,
em 2003 foi estruturado o sistema de inquéritos domiciliares, telefônicos e em
populações específicas3,4. Dados recentes da Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por inquérito telefônico mostram que o
diagnóstico médico de diabetes passou de 5,5% em 2006 para 8,9% em 2016 e o de
hipertensão de 22,5% em 2006 para 25,7% em 20164. Neste contexto, se observa a
necessidade da identificação e disponibilização de informações referentes às
condições de saúde dos hipertensos e diabéticos para que, tanto os
profissionais ligados diretamente à atenção, quanto os gestores de saúde
possam ter acesso aos dados e, com isso, realizar avaliação permanente da
situação, dos fatores de risco e possíveis complicações das DCNT5. Objetivos:
Relatar a experiência dos acadêmicos de Enfermagem na identificação do perfil
da clientela atendida no programa Hiperdia; Identificar os principais fatores
de riscos apontados pelos acadêmicos durante a consulta de enfermagem no
programa Hiperdia. Metodologia: Relato de experiência, estudo descritivo, a
partir dos dados obtidos durante o ensino teórico-prático dos alunos do quarto
período do Curso de Graduação em Enfermagem de uma Universidade Federal do Rio
de Janeiro. O período da coleta de dados foi o segundo período letivo de 2017,
no consultório de Enfermagem de uma Unidade Básica de Saúde, no município de
Niterói, no estado do Rio de Janeiro. Para a coleta de dados os alunos
aplicaram durante atividades com clientes do programa Hiperdia um questionário
semiestruturado, composto por perguntas fechadas e abertas, sobre os hábitos
de vida. O publico alvo foi constituído de 37 pacientes hipertensos e/ou
diabéticos, cadastrados no Programa Hiperdia/SUS e que participam do grupo
educativo. Todos os sujeitos foram informados sobre a pesquisa, e assinaram o
termo de “Consentimento livre e esclarecido” em observância a Resolução
196/96, do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Resultados: Do total de 37
pacientes a maioria, 86%, era do sexo feminino com idade compreendida entre 39
e 82 anos, com a média da idade, incluindo os dois sexos, de 59 anos. Quanto à
escolaridade**,** 58% possuíam apenas o ensino fundamental incompleto, 4%
tinham ensino fundamental completo, 18% o ensino médio completo, 6% de
analfabetos, 4% possuíam ensino superior completo e outros 10% não
responderam. Em relação ao estado civil, 14% eram solteiros, 46% casados, 30%
viúvos e 10% divorciados. Em relação os horários das refeições, destacamos que
24% se alimentavam quatro vezes/dia, nos horários regulares, 42% mais de sete
vezes/dia, com hábito de “beliscar” durante todo o dia e 34% três vezes/dia.
Quanto aos hábitos de alimentar-se, 36%, apesar de comer regulamente relataram
sentir fome, 22% informaram comer mesmo sem sentir fome e 28% referiu sentir
muita fome e 4% não sentir fome. Quando questionados sobre acompanhamento
nutricional, a maioria, 45%, relatou seguir a dieta prescrita, embora não siga
a orientação de alimentar-se de três em três horas. Quanto à prática de
exercício físico, 56%, não praticavam nenhum tipo de exercício, e, 24%,
informaram que praticavam exercícios físicos, como caminhadas e ginástica,
pelo menos três vezes na semana, e 20% relataram que as atividades realizadas
de forma irregular no cotidiano, como caminhar até o mercado, levar filho na
escola, limpar o quintal, foi considerado como exercícios físicos. Em relação
à qualidade do sono, 62% informaram que dormem cerca de 6 a 8 horas/dia,
apesar de, 26%, afirmaram acordar cansados e/ou não conseguir dormir
tranquilamente no período noturno. Cerca de 40 % dos pacientes que responderam
não dormir no período noturno, 28%, são idosos e possuíam o hábito de dormir
no período diurno após refeições. Nenhum dos participantes relatou ser
tabagista, porém 28% são ex-fumantes, 55% não fazia uso de algum tipo de
bebida alcoólica, 41% bebia esporadicamente, principalmente nos finais de
semana e/ou em datas comemorativas e apenas 4% era etilista. Em relação ao
nível de estresse, 29%, relataram não sentir estresse, 67%, disseram sentir-se
estressados por diversos fatores e 4% não responderam. Conclusão: Os dados do
estudo apontam para o fato de que a prática de hábitos saudáveis, como
exercícios físicos, restrições alimentares e ingestão de álcool, não foram
incorporadas no estilo de vida e/ou ainda são adotadas de forma incipiente
pelos pacientes atendidos no programa Hiperdia. Houve predominância na
dificuldade de adesão da dieta e da prática regular de exercícios físicos.
Esses resultados reportam que os profissionais de saúde, o docente e os
acadêmicos de enfermagem que atuam no Programa Hiperdia precisam buscar novas
estratégias com o objetivo de contribuir de maneira mais eficaz para a melhor
e maior adesão dos clientes ao tratamento não medicamentoso. Implicações para
a Enfermagem: Ações preventivas e promocionais de saúde, associadas à detecção
precoce dos fatores de riscos das DCNT pelos profissionais da saúde e pelos
acadêmicos de Enfermagem, são essenciais no cuidado da clientela hipertensa e
diabética nas Unidades de Atenção Básica. O ensino teórico-prático com a
inserção dos alunos no Programa Hiperdia é uma forma de contribuir para que a
assistência de Enfermagem possa ajudar o paciente a conviver melhor com a sua
condição crônica. Neste sentido, as instituições de ensino precisam estar
atentas para importância do ensino das estratégias de educação em saúde
durante a formação profissional. Assim, deve proporcionar aos alunos
experiências junto aos programas de educação em saúde, inserindo-os, através
da implementação de ações educativas, no atendimento ambulatorial, o que
permite que o enfermeiro atue de forma eficaz e preventiva, estimulando o
paciente a adquirir novos hábitos de vida e um estilo de vida mais saudável.
Referências: BRASIL. Ministério da Educação. RESOLUÇÃO CNE/CES Nº 3, DE 7 DE NOVEMBRO DE 2001. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem.
FREIRE. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2011. |