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2901571 | O ENSINO E A PRÁTICA DA CLASSIFICAÇÃO DIAGNÓSTICA DA NANDA NA DISCIPLINA DE FUNDAMENTOS DE ENFERMAGEM: UMA EXPERIENCIA NA POLICLÍNICA REGIONAL DA ENGENHOCA/RJ | Autores: Suely Lopes de Azevedo ; Ângela Maria Silva ; Deise Ferreira de Souza ; Isaura Setenta Porto ; Aline Silva da Fonte Santa Rosa de Oliveira |
Resumo: A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é uma atribuição privativa
do enfermeiro. Sendo assim, a SAE é uma das ferramentas fundamentais do
processo de trabalho da Enfermagem, pois através dela, o enfermeiro aplica seu
conhecimento técnico-científico durante o planejamento da assistência junto ao
cliente, família e comunidade1. Ações sistematizadas e inter-relacionadas são
necessárias para identificar, tratar e controlar a doença e cabe ao enfermeiro
desenvolver ações específicas no planejamento de estratégias para garantir
maior resolutividade no processo do cuidar, devendo para isso ter como
arcabouço um método científico2. O Processo de Enfermagem (PE) é um
instrumento imprescindível para assistir de forma sistemática, pois permite
redirecionar o olhar para a prática assistencial, na medida em que prevê que a
assistência seja pautada na avaliação do paciente3. O ensino do PE e das
Classificações Internacionais das Práticas de Enfermagem torna-se fundamental,
pois auxilia o aluno a desenvolver o pensamento crítico e a tomada de decisão,
além de proporcionar melhor compreensão do uso da linguagem padronizada,
contribui para que o planejamento do cuidado seja baseado em evidências.
Enfatiza-se que fazer diagnósticos de enfermagem (DE) a partir do raciocínio
clínico e do uso da classificação diagnóstica é fundamental para a provisão de
um cuidado qualificado com inúmeros benefícios para a Enfermagem4. Neste
sentido, o DE segundo a taxonomia da North American Nursing Diagnosis
Association (NANDA) é parte do PE utilizada no ensino de alunos de graduação
de Enfermagem na disciplina de Fundamentos de Enfermagem I da Universidade
Federal Fluminense. A Associação Norte Americana de Diagnóstico de Enfermagem
(North American Nursing Diagnosis Association – NANDA) define o DE como um
julgamento clínico das respostas do individuo, família ou comunidade aos
processos vitais ou aos problemas de saúde atuais ou potenciais, os quais
fornecem as bases para a seleção das intervenções de enfermagem, pelas quais o
enfermeiro é responsável5. A identificação de DE precisos garante a qualidade
das intervenções, sendo fundamental o ensino dessa ferramenta na formação
profissional. Vale ressaltar que o uso de uma linguagem uniformizada facilita
o processo de comunicação, evitando uma interpretação dúbia das informações e
proporciona maior visibilidade e autonomia profissional2. O Projeto da
disciplina tem como principal objetivo: oferecer aos alunos do Curso de
Graduação em Enfermagem um campo rico de oportunidades para o desenvolvimento
de seu aprendizado onde os alunos, desde o início da formação profissional
desenvolvem ações de promoção à saúde e de prevenção, controle e tratamento de
agravos, através da consulta de enfermagem sistematizada4. Alguns estudos
apontam para o distanciamento e a dicotomia entre o pensar e o fazer, entre
teoria e prática, como principais causas da não utilização da SAE pelos
enfermeiros nos diferentes campos de cuidados. Nesta perspectiva, a disciplina
vem implementando estratégias de ensino com o objetivo de desenvolver nos
alunos habilidades técnicas e metodológicas que deem suporte para implementar
o PE e a linguagem diagnóstica nos serviços de saúde. Assim, as ações com os
alunos visam estimular sua competência para definição do DE, favorecer a
identificação dos fatores de riscos e das alterações nos sistemas
fisiológicos, orientar o autocuidado e, quando necessário, proceder
encaminhamento dos clientes a outros profissionais, numa perspectiva de
trabalho multidisciplinar. **Objetivos**: Identificar os diagnósticos mais
prevalentes registrados pelos alunos durante a consulta de enfermagem junto
aos clientes hipertensos e diabéticos e Avaliar o ensino do PE com o uso da
Taxonomia da NANDA na disciplina Fundamentos de Enfermagem I durante as
atividades teórico-práticas desenvolvidas na Policlínica Regional da
Engenhoca. **Metodologia**: Estudo descritivo exploratório, realizado a partir
das consultas de enfermagem no programa de extensão “Programa de Educação em
saúde: A prevenção e o tratamento da Diabetes Mellitus (DM) e da Hipertensão
Arterial Sistémica (HAS) na Unidade Básica de Saúde", no município de Niterói,
Rio de Janeiro durante o primeiro semestre letivo do ano de 2017. Elaborou-se
um protocolo visando a participação do aluno no desenvolvimento da consulta ao
cliente hipertenso e/ou diabético durante o ensino teórico-prático na
disciplina Fundamentos de Enfermagem, ministrada no 4o período do Curso de
Graduação em Enfermagem da Universidade Federal Fluminense. Para a coleta dos
dados utilizou-se os diários de campos dos alunos onde foram registradas todas
as etapas do PE de 20 clientes atendidos na consulta de enfermagem. Com vistas
a avaliar o ensino do DE, os alunos foram orientados para agrupar os DE
encontrados em categorias e padrões de respostas humanas, segundo o
referencial da NANDA. A partir das categorias formuladas procurou-se discutir,
a luz dos referenciais teóricos, os DE encontrados, o planejamento do cuidado
para atender as necessidades dos clientes, assim como os conhecimentos
adquiridos pelos alunos na disciplina relacionados à prática da linguagem
diagnóstica.**Resultados**: Através da análise dos dados foram identificadas
dezessete categorias diagnósticas: controle ineficaz do regime terapêutico,
déficit de conhecimento, nutrição desequilibrada: mais do que as necessidades
corporais, déficit de autocuidado, intolerância à atividade, mobilidade física
prejudicada, isolamento social, risco para solidão, volume de líquidos
excessivo, eliminação urinária prejudicada, integridade tissular prejudicada,
ansiedade, medo, distúrbio no padrão do sono, fadiga e padrão de sexualidade
ineficaz. O controle ineficaz do regime terapêutico foi o diagnóstico mais
frequente, apareceu de alguma forma, em todos os clientes que participaram do
estudo. Está relacionado com a necessidade do tratamento continuado, que por
sua vez envolve a dificuldade de acesso aos serviços de saúde e aos altos
custos dos medicamentos e mudanças de hábitos. Por outro lado, também se
observou o déficit de conhecimentos como responsável pelo controle ineficaz,
que leva ao déficit de autocuidado, sobretudo à nutrição desequilibrada: mais
do que as necessidades corporais, trazendo como consequência à obesidade,
considerada um dois principais fatores de risco para o desenvolvimento da
hipertensão e de suas complicações. A avaliação do ensino da classificação
diagnóstica da NANDA na disciplina evidenciou que os alunos perceberam a
viabilidade e importância do uso do DE, conseguiram identificar os principais
DE da clientela e fizeram a seleção de intervenções de enfermagem eficazes e
direcionadas para as ações de cuidados inerentes à Enfermagem. Isso mostra que
a assistência organizada e qualificada, proporcionou o discernimento do aluno
para a prática profissional do enfermeiro, permitindo criar condições para
autonomia do cuidado. **Conclusão:** A pesquisa reforçou do uso da linguagem
diagnóstica como mecanismos para estruturar o conhecimento de enfermagem. A
linguagem padronizada utilizada pelos alunos contribuiu para os registros de
enfermagem, torna-os mais confiáveis, facilitando a avaliação do cuidado.
Nesse contexto, a utilização de classificações de enfermagem com a
identificação dos DE mais frequentes na clientela assistida pode orientar as
ações assistenciais, redimensionando-as de forma a contemplar as necessidades
de seu público, dando maior racionalidade ao uso dos recursos materiais e
humanos. **Contribuições do estudo**: O ensino da SAE permitiu introduzir o
PE, com o uso da classificação diagnóstica nos campos de ensino teórico-
prático de outras disciplinas. Entende-se que a valorização desse saber, desde
o inicio da formação, propicia aos alunos conhecer os modelos conceituais e
teóricos na pratica profissional. Neste sentido, podemos afirmar que a
utilização da classificação da diagnóstica da NANDA carece de esforços
conjuntos, partindo da formação profissional para o desenvolvimento da
consciência crítica, com integração efetiva entre o ensino, a prática e os
serviços de saúde.
Referências: 1. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Atenção à saúde da pessoa e envelhecimento. Área técnica saúde do idoso. Série Pactos pela Saúde. Atenção à saúde da pessoa idosa e envelhecimento. Volume 12. Brasília; 2010.
2. Brasil. Lei número 8.842 de 4 de janeiro de 1994. Dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília; 1994.
3. Sá MJL. A formação de recursos humanos em Gerontologia: fundamentos epistemológicos e conceituais. In: Freitas EV, Py L, Cançado F, Gorzoni, ML e organizadores. Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002. p. 1119-1124. |