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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 2901571

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2901571

O ENSINO E A PRÁTICA DA CLASSIFICAÇÃO DIAGNÓSTICA DA NANDA NA DISCIPLINA DE FUNDAMENTOS DE ENFERMAGEM: UMA EXPERIENCIA NA POLICLÍNICA REGIONAL DA ENGENHOCA/RJ

Autores:
Suely Lopes de Azevedo ; Ângela Maria Silva ; Deise Ferreira de Souza ; Isaura Setenta Porto ; Aline Silva da Fonte Santa Rosa de Oliveira

Resumo:
A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é uma atribuição privativa do enfermeiro. Sendo assim, a SAE é uma das ferramentas fundamentais do processo de trabalho da Enfermagem, pois através dela, o enfermeiro aplica seu conhecimento técnico-científico durante o planejamento da assistência junto ao cliente, família e comunidade1. Ações sistematizadas e inter-relacionadas são necessárias para identificar, tratar e controlar a doença e cabe ao enfermeiro desenvolver ações específicas no planejamento de estratégias para garantir maior resolutividade no processo do cuidar, devendo para isso ter como arcabouço um método científico2. O Processo de Enfermagem (PE) é um instrumento imprescindível para assistir de forma sistemática, pois permite redirecionar o olhar para a prática assistencial, na medida em que prevê que a assistência seja pautada na avaliação do paciente3. O ensino do PE e das Classificações Internacionais das Práticas de Enfermagem torna-se fundamental, pois auxilia o aluno a desenvolver o pensamento crítico e a tomada de decisão, além de proporcionar melhor compreensão do uso da linguagem padronizada, contribui para que o planejamento do cuidado seja baseado em evidências. Enfatiza-se que fazer diagnósticos de enfermagem (DE) a partir do raciocínio clínico e do uso da classificação diagnóstica é fundamental para a provisão de um cuidado qualificado com inúmeros benefícios para a Enfermagem4. Neste sentido, o DE segundo a taxonomia da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA) é parte do PE utilizada no ensino de alunos de graduação de Enfermagem na disciplina de Fundamentos de Enfermagem I da Universidade Federal Fluminense. A Associação Norte Americana de Diagnóstico de Enfermagem (North American Nursing Diagnosis Association – NANDA) define o DE como um julgamento clínico das respostas do individuo, família ou comunidade aos processos vitais ou aos problemas de saúde atuais ou potenciais, os quais fornecem as bases para a seleção das intervenções de enfermagem, pelas quais o enfermeiro é responsável5. A identificação de DE precisos garante a qualidade das intervenções, sendo fundamental o ensino dessa ferramenta na formação profissional. Vale ressaltar que o uso de uma linguagem uniformizada facilita o processo de comunicação, evitando uma interpretação dúbia das informações e proporciona maior visibilidade e autonomia profissional2. O Projeto da disciplina tem como principal objetivo: oferecer aos alunos do Curso de Graduação em Enfermagem um campo rico de oportunidades para o desenvolvimento de seu aprendizado onde os alunos, desde o início da formação profissional desenvolvem ações de promoção à saúde e de prevenção, controle e tratamento de agravos, através da consulta de enfermagem sistematizada4. Alguns estudos apontam para o distanciamento e a dicotomia entre o pensar e o fazer, entre teoria e prática, como principais causas da não utilização da SAE pelos enfermeiros nos diferentes campos de cuidados. Nesta perspectiva, a disciplina vem implementando estratégias de ensino com o objetivo de desenvolver nos alunos habilidades técnicas e metodológicas que deem suporte para implementar o PE e a linguagem diagnóstica nos serviços de saúde. Assim, as ações com os alunos visam estimular sua competência para definição do DE, favorecer a identificação dos fatores de riscos e das alterações nos sistemas fisiológicos, orientar o autocuidado e, quando necessário, proceder encaminhamento dos clientes a outros profissionais, numa perspectiva de trabalho multidisciplinar. **Objetivos**: Identificar os diagnósticos mais prevalentes registrados pelos alunos durante a consulta de enfermagem junto aos clientes hipertensos e diabéticos e Avaliar o ensino do PE com o uso da Taxonomia da NANDA na disciplina Fundamentos de Enfermagem I durante as atividades teórico-práticas desenvolvidas na Policlínica Regional da Engenhoca. **Metodologia**: Estudo descritivo exploratório, realizado a partir das consultas de enfermagem no programa de extensão “Programa de Educação em saúde: A prevenção e o tratamento da Diabetes Mellitus (DM) e da Hipertensão Arterial Sistémica (HAS) na Unidade Básica de Saúde", no município de Niterói, Rio de Janeiro durante o primeiro semestre letivo do ano de 2017. Elaborou-se um protocolo visando a participação do aluno no desenvolvimento da consulta ao cliente hipertenso e/ou diabético durante o ensino teórico-prático na disciplina Fundamentos de Enfermagem, ministrada no 4o período do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal Fluminense. Para a coleta dos dados utilizou-se os diários de campos dos alunos onde foram registradas todas as etapas do PE de 20 clientes atendidos na consulta de enfermagem. Com vistas a avaliar o ensino do DE, os alunos foram orientados para agrupar os DE encontrados em categorias e padrões de respostas humanas, segundo o referencial da NANDA. A partir das categorias formuladas procurou-se discutir, a luz dos referenciais teóricos, os DE encontrados, o planejamento do cuidado para atender as necessidades dos clientes, assim como os conhecimentos adquiridos pelos alunos na disciplina relacionados à prática da linguagem diagnóstica.**Resultados**: Através da análise dos dados foram identificadas dezessete categorias diagnósticas: controle ineficaz do regime terapêutico, déficit de conhecimento, nutrição desequilibrada: mais do que as necessidades corporais, déficit de autocuidado, intolerância à atividade, mobilidade física prejudicada, isolamento social, risco para solidão, volume de líquidos excessivo, eliminação urinária prejudicada, integridade tissular prejudicada, ansiedade, medo, distúrbio no padrão do sono, fadiga e padrão de sexualidade ineficaz. O controle ineficaz do regime terapêutico foi o diagnóstico mais frequente, apareceu de alguma forma, em todos os clientes que participaram do estudo. Está relacionado com a necessidade do tratamento continuado, que por sua vez envolve a dificuldade de acesso aos serviços de saúde e aos altos custos dos medicamentos e mudanças de hábitos. Por outro lado, também se observou o déficit de conhecimentos como responsável pelo controle ineficaz, que leva ao déficit de autocuidado, sobretudo à nutrição desequilibrada: mais do que as necessidades corporais, trazendo como consequência à obesidade, considerada um dois principais fatores de risco para o desenvolvimento da hipertensão e de suas complicações. A avaliação do ensino da classificação diagnóstica da NANDA na disciplina evidenciou que os alunos perceberam a viabilidade e importância do uso do DE, conseguiram identificar os principais DE da clientela e fizeram a seleção de intervenções de enfermagem eficazes e direcionadas para as ações de cuidados inerentes à Enfermagem. Isso mostra que a assistência organizada e qualificada, proporcionou o discernimento do aluno para a prática profissional do enfermeiro, permitindo criar condições para autonomia do cuidado. **Conclusão:** A pesquisa reforçou do uso da linguagem diagnóstica como mecanismos para estruturar o conhecimento de enfermagem. A linguagem padronizada utilizada pelos alunos contribuiu para os registros de enfermagem, torna-os mais confiáveis, facilitando a avaliação do cuidado. Nesse contexto, a utilização de classificações de enfermagem com a identificação dos DE mais frequentes na clientela assistida pode orientar as ações assistenciais, redimensionando-as de forma a contemplar as necessidades de seu público, dando maior racionalidade ao uso dos recursos materiais e humanos. **Contribuições do estudo**: O ensino da SAE permitiu introduzir o PE, com o uso da classificação diagnóstica nos campos de ensino teórico- prático de outras disciplinas. Entende-se que a valorização desse saber, desde o inicio da formação, propicia aos alunos conhecer os modelos conceituais e teóricos na pratica profissional. Neste sentido, podemos afirmar que a utilização da classificação da diagnóstica da NANDA carece de esforços conjuntos, partindo da formação profissional para o desenvolvimento da consciência crítica, com integração efetiva entre o ensino, a prática e os serviços de saúde.


Referências:
1. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Atenção à saúde da pessoa e envelhecimento. Área técnica saúde do idoso. Série Pactos pela Saúde. Atenção à saúde da pessoa idosa e envelhecimento. Volume 12. Brasília; 2010. 2. Brasil. Lei número 8.842 de 4 de janeiro de 1994. Dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília; 1994. 3. Sá MJL. A formação de recursos humanos em Gerontologia: fundamentos epistemológicos e conceituais. In: Freitas EV, Py L, Cançado F, Gorzoni, ML e organizadores. Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002. p. 1119-1124.