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2887788 | REFERENCIAL TEÓRICO DE KOLB: CONTRIBUIÇÕES PARA A SIMULAÇÃO EM ENFERMAGEM | Autores: Luciana Bihain Hagemann de Malfussi ; Eliane Regina Pereira do Nascimento |
Resumo: **Introdução: **O processo de ensino e aprendizagem é objeto de estudo de diversas áreas do conhecimento humano, e permeia vários saberes apoiado em diversos pressupostos e referenciais teóricos. Nesta perspectiva, encontra-se a Teoria da Aprendizagem Experiencial – formulada por David Kolb1 (1984) que afirma que “o processo pelo qual o conhecimento é construído a partir da transformação da experiência”. Desta forma, a
teoria apresenta sob uma perspectiva holística integrativa na aprendizagem que
combina experiência, percepção, cognição e comportamento. Tais elementos são
identificados no processo de simulação clínica, que é uma ferramenta utilizada
no ensino em saúde e enfermagem e engloba estratégia, técnica, processo e
ferramenta2. A tecnologia, simulação clínica, coloca o estudante em contato
com uma situação hipotética, facilita a
participação do aluno, que nesse momento fica integrado a complexidade do
processo de aprendizagem no atendimento de diversas competências como a
comunicação, trabalho em equipe, cuidados em situações agudas, atenção
psicossocial, saúde materno infantil, atendimento ambulatorial, cuidados
médico-cirúrgicos, semiologia, deontologia, liderança, comunicação e
comportamento profissional, com o olhar voltado para a segurança do paciente.
A simulação clínica é uma técnica de ensino, e não uma tecnologia e possui o
objetivo de espelhar, antecipar ou ampliar situações reais com as experiências
guiadas de uma forma totalmente interativa e para sua implementação é preciso
a sustentação de um referencial teórico que abarque estes pressupostos.
Considerando que a Teoria da Aprendizagem Experiencial de Kolb e seu
diferencial na abordagem reflexiva do aprendizado, este trabalho espera expor
os princípios e conceitos da abordagem kolbiana no uso da simulação clínica em
enfermagem.** Objetivos: **apresentar a perspectiva teórica da Aprendizagem
Experiencial de David Kolb e refletir sobre a utilização na simulação clínica
em enfermagem.
**Descrição Metodológica**: trata-se de um estudo de um relato de experiência organizado em duas seções: **Conceitos fundamentais da Aprendizagem Experiencial **e** Contribuições da teoria para a simulação em enfermagem** cujo caminho metodológico escolhido partiu do objeto de investigação das autoras no ambiente acadêmico. Para fundamentar e sustentar a prática reflexiva deste relato, utilizou-se a obra pura de David Kolb (1984) – Teoria da Aprendizagem Experiencial, denominado _Experiential learning1_. **Resultados: Conceitos fundamentais da Aprendizagem Experiencial:** De acordo com a perspectiva de Kolb, o homem é um ser integrado ao meio natural e cultural, capaz de aprender a partir de sua experiência, em especial da reflexão consciente sobre a mesma. Neste sentido, a aprendizagem advém do processo de transformação, onde o aprender é um constante reaprender pois, não sendo “páginas em branco” cada indivíduo ancora o novo conhecimento a um saber prévio de forma a integrá-lo ou substituí-lo.1,3 Na visão do teorista, a experiência é central para o desenvolvimento. Faz parte de um processo dialético e ininterrupto de aprendizagem, presente permanentemente ao longo da vida do indivíduo. As experiências de aprendizagem levam ao desenvolvimento porque se dirigem a uma meta, um propósito específico de aprendizado4. A teoria apresenta aspectos combinados a serem cumpridos no processo de aprendizagem que são: experiência, percepção, cognição e comportamento. Estes aspectos integrados sob uma perspectiva holística formam o chamado “Ciclo de Kolb”. Desta maneira, a experiência concreta vivenciada pelo sujeito/aluno provoca um sentimento, que gera uma observação reflexiva, envolvendo o ato consciente de observar, para então pensar, que é denominado conceituação abstrata da teoria, e em seguida obtém a experimentação ativa que é propriamente o fazer. 1, 3 A partir de então, o aprendizado, impulsionado pela experiência pode ser classificado em três níveis sucessivos de consciência: aquisitivo, especializado e integrado1. O nível aquisitivo diz respeito aos novos conhecimentos que envolvem habilidades básicas e simbolização, neste nível o aprendiz está com foco na identificação, reconhecimento e registro dos objetos envolvidos na ação. O nível especializado está relacionado aos significados dados a ação que estão embutidos de características pessoais do estudante, e ele o aplica a uma realidade. O nível integrado é o mais complexo do desenvolvimento, pois envolve a capacidade de reconhecer as próprias competências e necessidade de novas mudanças, a parte reflexiva do processo. **Contribuições da teoria para a simulação em enfermagem: **Os pressupostos trazidos pela Aprendizagem Experiencial contrapõem as abordagens tradicionais pedagógicas, onde o conhecimento estático e imutável, a aprendizagem experiencial defende uma educação em constante transformação influenciada pelo contexto social do indivíduo que é capaz de criar e recriar o seu próprio conhecimento através da experiência.1,3 Neste sentido, apresenta-se a simulação clínica, que oferece a possibilidade de vivenciar experiências, essenciais para a aprendizagem, quando ocorrida de forma segura e pedagogicamente planejada. A simulação clínica é um processo dinâmico que envolve a criação de uma oportunidade hipotética que incorpora uma representação autêntica da realidade, facilitando a participação ativa do aluno e integrando as complexidades do aprendizado prático e teórico com oportunidades para a repetição, feedback, avaliação e reflexão.5 Diante deste constructo, a possibilidade de apoiar as atividades simuladas na teoria da aprendizagem experiencial justifica-se por ambas apoiarem-se na reflexão para formar um processo rico e adequado de aprendizagem voltados à formação crítico- reflexiva dos sujeitos. A aprendizagem experiencial por meio da simulação clínica é uma estratégia de metodologia ativa que desenvolve no aluno a curiosidade epistemológica. Ela desperta o raciocínio crítico/criativo e promove a reflexão, contribuindo para o desenvolvimento integral do aluno ao longo da vida3. **Conclusão: **a teoria da aprendizagem experiencial e a simulação clínica se aproximam pela característica do pensamento reflexivo que ambas possuem em seus pressupostos metodológicos. A utilização desta teoria para amparar a construção de cenários simulados e simulações clínicas é uma proposta formativa neste campo de conhecimento. A partir do uso de simulação clínica, o aluno, chega a prática com melhor destreza para atuar no reconhecimento das mais diversas situações de aprendizado. C**ontribuições/implicações para a Enfermagem:** a partir deste relato, os docentes, alunos, pesquisadores, imersos no universo da simulação clínica interessados em avançar neste tema podem desenvolver novas pesquisas com este casamento da teoria com a prática simulada. A simulação clínica em situações agudas deve ser utilizada para treinamento de estudantes e profissionais da área da saúde, com o objetivo principal de avaliar, mensurar e desenvolver habilidade técnicas, contribuindo dessa maneira para segurança e melhoria dos cuidados prestados aos pacientes. Os trabalhos realizados com as obras de Kolb em simulação em enfermagem ainda são inéditas e mostram-se com grande potencial de aplicação para estudos futuros.
Referências: Referências:
CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM (COFEN).Resolução COFEN 328/2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem, e dá outras providências. Disponível em acesso em 15 jul 2015.
FLORIANÓPOLIS. Prefeitura Municipal. Protocolo de Enfermagem. Hipertensão, diabetes e outros fatores associados à doenças cardiovasculares. Volume 1, versão 1.5. Florianópolis, junho de 2015.Atualizado em setembro de 2017.
FLORIANÓPOLIS. Prefeitura Municipal de Florianópolis. Secretaria Municipal de Saúde. Comissão Permanente para a Sistematização da Enfermagem. Planilha de Monitoramento da Utilização dos Diagnósticos de Enfermagem. Versão 1 e 2, maio a outubro de 2016. |