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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 2842904

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2842904

PROPOSTA DE SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM SETOR DE HEMODINÂMICA COM BASE NA CIPE®

Autores:
Joana D’arc de Souza Piancó ; Wagner Angelim da Silva ; Célida Juliana de Oliveira ; Simone Soares Damasceno ; Maria Eugênia Alves Almeida Coelho

Resumo:
A documentação das atividades e dos resultados do trabalho da enfermagem é um instrumento fundamental e efetivo de comunicação e planejamento. Nesse sentido, o enfermeiro deve ter na Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) a principal ferramenta para desenvolver o seu pensamento crítico e a tomada de decisão, por ser um método científico que orienta e qualifica a prática de enfermagem[1]. Dentre os sistemas de classificação para implementar um cuidado sistematizado, a Classificação Internacional para Prática de Enfermagem (CIPE**®**), possibilita a construção de afirmativas de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem e auxilia na melhoria da qualidade do cuidado em áreas específicas ou de especialidade do cuidar em enfermagem com propósitos bem definidos favorecendo o registro das atividades realizadas[2]. Conhecida e bem conceituada mundialmente quanto à sua eficácia, a CIPE**®** é uma classificação que visa unificar as terminologias da enfermagem, sendo um instrumento de informação para descrever a prática de enfermagem e, consequentemente, prover dados que identifiquem a contribuição da enfermagem no cuidado da saúde e, ao mesmo tempo, que promovem mudanças na prática por meio da educação, administração e pesquisa[3]. No entanto, apesar da importância do registro, nota-se a ausência recorrente de informações adequadas para apoiar a equipe, o paciente e a instituição. A falta de registro é um fator que dificulta a implementação da assistência de enfermagem e acontece muitas vezes por despreparo, falta de interesse profissional, falta de estímulo da coordenação de enfermagem para executá-lo, ou ainda, por falta de instrumentos adequados à realidade de cada setor hospitalar[4]. Durante estágios curriculares de uma das pesquisadoras em hospital referência em atendimento cardiológico e pulmonar da região do Cariri cearense foi percebida a escassez da SAE na unidade de hemodinâmica, sendo solicitada essa proposta pelo referido hospital. Neste sentido surgiu o questionamento: De que maneira a CIPE**® **poderia contribuir para melhorar a assistência de enfermagem em um setor de hemodinâmica? A resposta a essa questão torna o estudo relevante por ser pioneiro na região, contribuir para diminuir o impacto da escassez de cuidados sistematizados e melhorar a qualidade de vida da clientela assistida. Assim, objetivou-se elaborar instrumentos para coleta de dados do paciente no serviço de hemodinâmica, que permitam facilitar a obtenção do histórico de enfermagem e identificação dos diagnósticos e intervenções de enfermagem mais prevalentes em hemodinâmica, como proposta de Sistematização da Assistência de Enfermagem. Estudo metodológico desenvolvido em três etapas. Na primeira, foi feita uma revisão integrativa para retirar da literatura indicadores do cuidado em hemoterapia para a formação do banco de termos mais frequentemente utilizados no setor. Em seguida, ocorreu o mapeamento cruzado desses bancos de termos com os termos da base de referência CIPE®, por meio de agrupamento, comparação e exclusão das repetições e dos termos sem utilidade para o cuidado de enfermagem em hemodinâmica. Como terceira etapa, foi empregada a técnica de observação não participativa dentro do setor de hemodinâmica em estudo, para a verificação dos termos mais frequentes na rotina prática do serviço. Esta técnica foi escolhida pelo fato de aproximar a observadora com o ambiente de estudo e com a atuação dos profissionais de enfermagem do setor. As observações ocorreram entre fevereiro e março de 2015, sendo registradas em diário de campo, além do acesso aos instrumentos utilizados pela equipe de enfermagem do setor, servindo também de base para a obtenção de informações para formular os instrumentos pretendidos. Da organização e análise dos resultados evidenciados no universo de publicações sobre a sistematização da assistência de enfermagem ao cliente submetido a procedimentos no setor de hemodinâmica, os estudos possibilitaram a formação de duas categorias: 1) Diagnósticos e intervenções de enfermagem em hemodinâmica, visto que tais estudos ofereceram subsídios para elaboração dos diagnósticos e intervenções utilizando a CIPE; 2) Indicadores gerais para o cuidado de enfermagem em hemodinâmica, que evidenciou o perfil epidemiológico e o estilo de vida de clientes com doenças cardiovasculares, sendo importante para a construção dos instrumentos. Após esta categorização e análise dos dados obtidos na revisão integrativa, ocorreu a listagem de termos identificados e os utilizados nos prontuários do serviço, adquiridos em colaboração com o enfermeiro do referido local e houve o mapeamento cruzado com os termos da CIPE®. Os termos que apresentavam redundância com outros conceitos da CIPE® ou que eram repetidos foram excluídos. Assim, foi criado um instrumento que identificasse com precisão e rapidez as necessidades dos pacientes no momento da admissão. Em conjunto com a experiência do enfermeiro do setor de hemodinâmica, juntamente com os resultados da revisão integrativa, criou-se mais um instrumento, que foi dividido por necessidades psicobiológicas, psicossociais e psicoespirituais, conforme a teoria das necessidades básicas[5], para a identificação dos diagnósticos/intervenções e relacionados em uma planilha de forma a facilitar o processo de informatização dos instrumentos pelo hospital. Foram formulados 26 diagnósticos de enfermagem segundo a CIPE®, resultando em um instrumento codificado, com diagnósticos de enfermagem e respectivas Intervenções conforme essa classificação. Também foi realizada a adaptação dos instrumentos utilizados para realização do histórico de enfermagem e da prescrição dos cuidados na UTI do mesmo hospital para o setor de hemodinâmica. Tais adaptações foram fundamentadas na literatura, tornando o plano terapêutico com o tratamento, a prescrição e a avaliação de enfermagem utilizável no setor de hemodinâmica. Assim, com a criação/adaptação desses instrumentos, foram alcançados os objetivos do estudo, de propor uma sistematização da assistência de enfermagem com base na CIPE® para o referido serviço de hemodinâmica. Com base no exposto pode-se inferir que a Sistematização da Assistência de Enfermagem com ênfase na CIPE® facilita e organiza o trabalho do enfermeiro, proporcionando uma assistência científica e menos indutiva, fortalece o trabalho multiprofissional e intersetorial, possibilitando a qualificação da assistência e consequente humanização das práticas. Este assunto ainda merece maiores estudos sob a perspectiva do treinamento acerca da utilização dos instrumentos, além da validação do material na pratica clínica. Feita a revisão integrativa da literatura, notou- se uma escassez de produção científica frente ao tema em estudo, o que deve nos instigar a desenvolver mais conhecimento científico nessa área. Evidenciou-se, também, o pouco interesse de pesquisas voltadas para as necessidades psicoespirituais de clientes submetidos a procedimentos em setor de hemodinâmica, não sendo encontrado sequer um artigo que tratasse sobre essa necessidade humana básica.


Referências:
1. Wachter RMA. Compreendendo a segurança do paciente. Porto Alegre: Artmed; 2010. 2. World Health Organization. Orientac¸o~es da OMS para a Cirurgia Segura 2009: Cirurgia Segura Salva Vidas (Safe Surgery Saves Lives). 2009. 3. Vincent C. Segurança do paciente: orientações para evitar eventos adversos. São Caetano do Sul (SP): Yendis Editora; 2009. 4. Silva CSO, Pinheiro GO, Beatriz CF, Figuereido BM, Macedo WTP, Silva ECL. Checklist de cirurgia segura: os desafios da implantação e adesão nas instituições hospitalares brasileiras. Rev Esp Cien & Sau 2017, v. 5, n. 2, p. 72-86 5. Dos Santos J, Henckmeier L, Benedet SA. O impacto da orientação pré-operatória na recuperação do paciente cirúrgico. Enferm Foco. 2011; 2(3): 184-7.