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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 2728426

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2728426

IDENTIDADE PROFISSIONAL DOCENTE EM ENFERMAGEM

Autores:
Carla Natalina da Silva Fernandes ; Maria Conceição Bernardo de Mello E Souza

Resumo:
Para constituir uma identidade profissional docente se põem em questão a mobilização de muitas experiências, saberes, subjetividades que são influenciadas por vários contextos desde os pessoais aos profissionais, os aspectos políticos e históricos, e das relações que estabelecem entre si, sobretudo na tensão e no conflito, pois não se trata apenas de transpor as identidades de enfermeira para professora. Neste estudo para a compreensão da identidade profissional utilizaremos o referencial proposto por Dubar(1-2). O **objetivo **desta pesquisa foi investigar as relações entre formação pedagógica e o processo de construção da identidade docente dos professores que atuam em cursos de graduação em enfermagem nas instituições públicas e fundações municipais de ensino superior no estado de Goiás. **Tratou-se de uma pesquisa qualitativa** de natureza descritiva e exploratória, realizada em todas as instituições de ensino superior públicas do estado de Goiás, foram selecionados os cursos de enfermagem mais antigos das instituições, localizados nas cidades de Goiânia, Ceres, Rio Verde e Goiatuba. Participaram da pesquisa onze professores de cursos de enfermagem, enfermeiros, com mais de três anos de atuação na docência. O presente estudo faz parte de uma pesquisa matriz, que buscou investigar o processo de construção da identidade docente entre professores enfermeiros. O processo de coleta de dados ocorreu entre setembro e dezembro de 2014. Como recurso para a obtenção dos dados foi utilizada a entrevista semi-estruturada. A análise de dados foi fundamentada pela análise de conteúdo de Bardin(3). A pesquisa foi aprovada pelo CEP/EERP/USP, parecer n. 711.121. **Resultados e Discussão**: **Caracterização do perfil das docentes em enfermagem: **Foram atribuídos nomes fictícios para as participantes como mecanismo de garantia do anonimato. Como características de aproximação verificou-se que todas as participantes são mulheres, com o estado civil de casada para sete em onze participantes, e ter filhos para oito participantes que tem entre um e três filhos. A idade das participantes variou entre 58 e 28 anos, sendo a média de 37,9 anos. Em relação a formação tem-se oito participantes com graduação em enfermagem realizada em instituições públicas de ensino superior. Quanto à qualificação acadêmica das participantes tem-se três doutoras, duas mestres e seis especialistas. Sete das participantes são efetivas nas instituições de ensino e quatro trabalham com vínculo de contrato temporário. O tempo de experiência na docência universitária entre as professoras variou entre três e 35 anos, representados no ciclo de vida profissional docente tem-se seis professoras na fase de estabilização; quatro na fase de diversificação e questionamento e duas na fase de distanciamento afetivo e desinvestimento(4). A fase de estabilização é marcada pelo comprometimento com a profissão, consolidação pedagógica sendo comum a manifestação de agrado em relação ao trabalho trazendo um significado de pertença a profissão e o aumento da sua competência pedagógica(4). Seis participantes têm mais de um vínculo empregatício, articulando geralmente trabalho na docência e serviços de saúde, o que por um lado pode favorecer a ampliação de experiência inclusive para aplicação no ensino, pode também denunciar a incapacidade das participantes manterem-se financeiramente como docente, a fragilidade dos vínculos empregatícios e a sobrecarga de atividades realizadas pelas participantes. **Trabalho docente:** **Ingresso e formação: **Para a maioria das participantes destacou- se a contingência como fator que motivou o ingresso na profissão evidenciando a falta de planejamento para o ingresso na profissão, prevalecendo como justificativa o acaso por meio do uso de expressões como “caí de paraquedas”, ou ainda como uma determinação divina com o uso da expressão “Deus trilhou meu caminho”. Como representa a fala: _Eu nunca pensei que eu ia ser docente, eu acho que quase todo mundo cai um pouco de paraquedas né, porque eu caí de paraquedas, também [...]. (Joana). _Apenas três, em onze participantes, manifestaram planejamento e interesse prévio em ingressar na profissão docente no ensino superior em enfermagem. Nessa perspectiva, a docência pode ser vivida como algo natural, nato, herdado ou ainda como escolha divina. O que por consequência provoca angústias de identificação profissional até mesmo para lidar com provocações utilizadas no cotidiano, que não privilegiam a docência como profissão, aumentando as incertezas e angústias do trabalhador, como evidenciado: _[...] Mas, acho que para o enfermeiro é fácil a gente ser professora assim de [...]Eu sempre fui as duas coisas parece, educadora e enfermeira. Por isso que eu falo, parece que a gente é educadora sempre, não é?. (Lia). _Compreender o sentido e o significado da profissão está diretamente ligado ao processo de constituição da identidade profissional, sendo que para as docentes participantes a compreensão que se tem sobre a motivação para o ingresso na profissão ainda se dá, sobretudo numa valorização maior da identidade social virtual e dos atos de atribuição do que para os atos de pertença(1). Assim os reflexos dessa compreensão são percebidos também no modo que vivenciam os processos de formação em docência já que uma parte delas não consegue elaborar um sentido positivo e de desenvolvimento profissional aos processos formativos que participaram especialmente os oferecidos (em sua maior parte em condição obrigatória) pelas instituições em que trabalham, como indicam: _Quando a gente entra na universidade, a gente faz aquele curso de formação mas, naquele momento. Mas, particularmente, não achei que fez tanta diferença, você estuda algumas coisas, vê algumas novidades, mas não foi um curso de formação assim com uma carga horária mais expressiva eu nunca fiz não. (Sofia). _**Considerações finais:** Importantes elementos influenciam na educação e na formação do professorado como as mudanças aceleradas no campo da cultura, conhecimento científico, modelos de organização social e política, meios de comunicação de massas e tecnologias, modelos de educação e papel docente (multitarefa) e sobretudo as mudanças no papel do Estado com sua crescente desregulação por meio de lógica mercantilista e neoliberalista, complementado pelo neoconservadorismo implicado nas políticas educacionais(5). O contexto do trabalho docente influencia diretamente as práticas formativas e a prática pedagógica dos professores, podendo repercutir em inovação e mudança, ou em casos reversos em desacreditação da formação profissional como mecanismo de transformação no trabalho docente. Desse modo reforça-se a relevância da formação pedagógica que antecede ao ingresso na profissão e durante toda sua permanência no trabalho. Este estudo revela as fragilidades das condições de acesso e permanência no trabalho docente uma vez que a formação pedagógica ainda é pouco valorizada pelos profissionais e pelas instituições de ensino superior.


Referências:
1. Manual para operacionalização das ações educativas no SUS. Educação em saúde planejando as ações educativas (teoria e prática). São Paulo: CVE; 1997. 2. RIBEIRINHOS da Amazônia. In: PORTAL da Amazônia. Disponível em: . Acesso em: 12 de agosto de 2017. 3. Brasil. M.S. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: hipertensão arterial sistêmica. 1 ed. Brasília: MS; 2013. 4. Paiva C. Novos critérios de diagnostico e classificação da diabetes mellitus. Med. Int 2001; 7(4): 234-238.