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CURSO TÉCNICO DE ENFERMAGEM: REPRESENTAÇÃOES DO SUS E EFEITOS DA FORMAÇÃO

Autores:
Kenia Lara da Silva ; João André Tavares Álvares da Silva

Resumo:
**CURSO TÉCNICO DE ENFERMAGEM: REPRESENTAÇÃOES DO SUS E EFEITOS DA FORMAÇÃO** **INTRODUÇÃO: ** As transformações que vêm ocorrendo no Sistema Único de Saúde (SUS) buscam implementar um modelo de saúde incorporando noções de promoção da saúde e integralidade para superar as práticas sanitárias fragmentadas. Para superar estas práticas faz-se necessário formar profissionais com qualificação ética, técnica e política na perspectiva do cuidado. Nesse sentido, o ensino profissional técnico no SUS tem buscado valorizar as vivências dos alunos nos processos de ensino-aprendizagem como forma de estimular a busca de novos conhecimentos e o desenvolvimento da criatividade, da criticidade e da competência, favorecendo a compreensão da realidade e as possibilidades de transformá-la. Apesar de todas as iniciativas e estratégias para promover a educação técnica na saúde, e do esforço empreendido no âmbito do ensino para reorganizar os processos formativos, verificam-se insuficiências e inadequações na formação de profissionais técnicos para o SUS, indicando necessidade de avanços neste campo. Parte dessa problemática refere-se à natureza essencialmente técnica dos conteúdos nessa modalidade do ensino com direcionamento para o desenvolvimento de habilidades que respondam às exigências do mercado de trabalho. Torna-se, portanto, um desafio formar, na educação técnica profissional, sujeitos com competência técnica e política, sem perder de vista a problematização das vivências (3, 5). Diante disso questiona-se como a formação técnica de enfermagem repercute no SUS? **OBJETIVO: ** Analisar representações acerca do SUS e repercussões da formação técnica de enfermagem. **DESCRIÇÃO METODOLOGIA: ** Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa fundamentada no referencial teórico da dialética((10, 11). Tomou-se como cenário o Curso Técnico de Enfermagem da Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP-MG). Participaram da pesquisa alunas egressas que concluíram o curso técnico de enfermagem entre os anos 2012 e 2015 e estavam trabalhando como técnicas de enfermagem no SUS durante o período de coleta de dados, bem como docentes que lecionaram nas turmas concluídas no referido período. Para a coleta de dados foram utilizadas a pesquisa documental e entrevistas semiestruturadas a partir de roteiros específicos para egressas e docentes. Os dados foram submetidos à Análise de Discurso Crítica (ADC)(12). A pesquisa seguiu os princípios éticos dispostos na Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (9), que define as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. **RESULTADOS** Os resultados indicam que a representação do SUS é marcada por construções discursivas que reproduzem, em texto, construções histórico-sociais sobre o sistema público de saúde que determinam o processo de trabalho em enfermagem. São apresentadas as contradições presentes no sistema que saúde que simultaneamente é cenário de prática profissional e objeto de estudo frente a necessidade qualificação profissional específica para atuar nesse sistema. Nesse sentido os efeitos da formação técnica em enfermagem são identificados pela reprodução do discurso da política de saúde e de ordens de discurso que determinam o processo de trabalho na enfermagem. O SUS é representado no discurso dos atores sociais do Curso Técnico de Enfermagem da ESP-MG como um sistema voltado para pessoas pobres. A partir de suas vivências no trabalho, egressas e docentes constroem formações discursivas em torno da ideia de que o SUS é um bom projeto mal executado. Os aspectos considerados importantes para a formação do trabalhador do SUS, têm origem nos textos das leis e políticas do SUS, revelando uma prática social normativa institucional desse sistema. Sob pontos de vista individuais, a formação técnica é reconhecida como possibilidade de progressão na carreira e de reconhecimento pela equipe multiprofissional, aspectos intrinsecamente relacionados à satisfação pessoal com o trabalho. Os discursos indicam, ainda, uma influência da política de saúde na formação e, consequentemente, na prática profissional. Na dimensão particular da Enfermagem, os achados sugerem que a formação técnica não acarretou mudanças na prática profissional em relação às funções que as egressas realizavam antes do curso tendo em vista a organização do processo de trabalho. Na perspectiva estrutural, na qual operam a determinação política do trabalho e da formação na Enfermagem, os relatos indicam a assimilação do discurso político da saúde, com menções diretas ao SUS como política pública. Como uma política pública de saúde, o SUS, se configura em campo de práticas sociais, concretizando-se em cenário complexo do processo de trabalho em saúde, no qual está inserido o profissional técnico de enfermagem. Dessa forma, a produção de discursos sobre o SUS revela aspectos importantes a serem considerados no processo de formação do Técnico de Enfermagem. Os discursos de representação do SUS que circulam no Curso Técnico de Enfermagem remetem diretamente à implantação do SUS inserido no movimento da reforma sanitária brasileira, que foi determinado por opções ético-políticas democráticas de defesa da saúde como direito social. Egressas e docentes, anteriormente ao curso, já estavam inseridas sistema público de saúde como trabalhadores. Portanto, as representações acerca do SUS aludem ao contexto político, social e econômico de construção desse sistema, revelando contradições de âmbito estrutural. A representação do SUS a partir do Curso Técnico de Enfermagem é construída também a partir de avaliações das egressas sobre o seu processo de trabalho na equipe de enfermagem revelando aspectos do processo histórico de constituição da Enfermagem como profissão. Ao enumerar as atividades que realizam, materializa-se no discurso a divisão técnica e social do trabalho, consequência do desenvolvimento da profissão sob influência capitalista levando à dicotomia entre o executar e o planejar, bem como entre o cuidar e o gerenciar (19, 20). Entre regularidades e contradições estruturais e discursivas, o SUS é representado como sistema ideológico, dinâmico e em construção, que determina processos de trabalho dos profissionais técnicos de enfermagem. Dialeticamente, o mesmo sistema que apresenta profissionais técnicos de enfermagem atuando sem a devida qualificação se configura no principal objeto/tema para a formação dos técnicos de enfermagem. **Conclusão** Os discursos indicam que os efeitos da formação repercutem com destaque na dimensão singular. Entretanto, na dimensão particular, a formação técnica repercute na reprodução do processo de trabalho fragmentado diante da autonomia limitada das egressas sobre a organização do seu trabalho. Na dimensão estrutural o curso repercute para egressas no conhecimento das políticas de saúde. Os discursos indicam a assimilação da política pública de saúde tanto para egressas quanto para docentes, que se manifesta pela presença de termos específicos nas formações discursivas, que variam da crítica que reconhece os avanços do processo de construção do SUS à reprodução das hegemonias e ideologias, que embora ocultas nos discursos, operam na determinação das condições de organização do trabalho e da formação na Enfermagem e na saúde. **Contribuições para a área da Enfermagem, saúde ou política pública** O estudo permite refletir acerca da necessidade de investimentos formação e qualificação técnica de enfermagem, considerando a parcela significativa de profissionais atuando na assistência direta, que essa categoria representa. Nesse sentido, torna-se oportuno o aprofundamento na reflexão das bases teóricas que fundamentam o ensino técnico de enfermagem, compreendendo que elas determinam imediatamente o processo pedagógico e mediatamente o processo de trabalho. Assim, apresenta-se uma possibilidade de resignificar concepções de trabalho e educação com vista à reconstrução da identidade do ensino técnico de enfermagem fundado na relação teoria e prática.


Referências:
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