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2682103 | A IDENTIDADE SOCIAL DA ENFERMAGEM E AS INTERFACES COM A DECISÃO PROFISSIONAL DO ACADÊMICO | Autores: Geilsa Soraia Cavalcanti Valente ; Emillia C.gonçalves dos Santos ; André Luiz de Souza Braga |
Resumo: Introdução: O desenvolvimento da Enfermagem, ao longo dos anos, nos mostra uma
trajetória de lutas por espaço e reconhecimento profissional. Muitas foram e
ainda são as dificuldades enfrentadas pela profissão no que tange à construção
de um saber específico que confira cientificidade às suas ações e visibilidade
social. A imagem profissional remete à própria identidade profissional em sua
intrincada rede de significados, que se pretendem exclusivos e, portanto,
inerentes àquela profissão e se consubstancia, assim, na própria representação
da identidade profissional, que é em si um fenômeno histórico, social e
político1.. Objetivos: Compreender as implicações da imagem da Enfermagem pela
sociedade no processo de decisão profissional do acadêmico.Identificar a
concepção dos graduandos de Enfermagem quanto ás influências da configuração
identitária da profissão. Analisar como a concepção sobre a identidade social
da Enfermagem repercute no processo de decisão profissional do
acadêmico.Método: abordagem qualitativa e exploratório-descritivo. Trata-se
ainda de pesquisa de campo. Como sujeitos, os acadêmicos de Enfermagem da UFF
do quinto período da graduação. Claude Dubar foi eleito para referencial
teórico, o autor investiga as Identidades Profissionais e a Sociologia do
Trabalho, desvelando variações das formas identitárias profissionais que
aportam nas relações de trabalho e nas relações sociais e explana que as
identidades profissionais são modificadas ao longo da trajetória de vida. Como
instrumento de coleta de dados foi um questionário semi-estruturado.A coleta
foi realizada durante segundo semestre do ano de 2017 e optou-se pelos
seguintes critérios de inclusão:matriculado no quinto período de Enfermagem da
UFF, ter cursado as disciplinas de Fundamentos de Enfermagem e as disciplinas
básicas.Critérios de exclusão: ausente no dia e local determinado para a
coleta de dados e recusa em responder o questionário.A amostra abarcou 25
graduandos.Para a análise de dados foi realizada a análise temática de
conteúdo com base em Minayo (2014).Foram observadas as recomendações éticas
para a realização da investigação científica. Foi submetido ao Comitê de Ética
e Pesquisa da UFF e à Plataforma Brasil recebendo o número de CAAE
66917517.5.0000.5243. Resultados e discussão: Foram elaboradas 4 categorias
temáticas que emergiram dos discursos, por meio de 117 unidades de registro, a
saber: Categoria 1- O ser enfermeiro: identidade para si. retratou a concepção
dos estudantes em relação ao profissional enfermeiro como um indivíduo em
sociedade, exteriorizando uma identidade pessoal e profissional percebida para
si. Vem ao encontro do relatado por Dubar , "a identidade profissional é
considerada um processo e não um estado em si, para ser construída no âmbito
da educação, envolveria ensino e aprendizagem, interligados e relacionados do
ponto de vista dialético2. Diante do exposto, podemos dizer que a identidade
construída no processo de formação profissional é constituída por múltiplas
identidades como a individual, a social, a organizacional, a coletiva, nas
quais a interação é o elo entre elas e os indivíduos"3. Categoria 2-A opção
pela Enfermagem: caminhos e descaminhos da escolha profissional. refere-se aos
traços relacionados ao itinerário percorrido que subsidiaram a escolha
profissional sob a visão dos graduandos. Traz assertivas, recusas e resultados
da realidade vivida pelos estudantes participantes da pesquisa sobre aceitação
ou negação da escolha profissional pela Enfermagem. Dubar demonstra que no
caminho para chegar às formas das identidades, é necessário compreender as
representações ativas, ou seja, através dos discursos dos indivíduos sobre
suas relações sociais4. Essas representações ativas podem ser analisadas
através das seguintes dimensões: Da interação do indivíduo com o sistema ao
qual ele está inserido;da relação com o futuro; do modo como ele descreve e
vivencia uma situação.Categoria 3- A reação da família/amigos à Enfermagem:
identidade para o outro. Da aceitação e orgulho à negação e preconceito, esta
categoria descreve os evidências relacionadas à identidade da Enfermagem para
outrem (familiares, amigos, conhecidos) pelo ótica dos acadêmicos e alberga em
seu bojo as reações, sentimentos e atitudes acerca da aceitação ou negação da
escolha profissional pela Enfermagem. Nesse movimento de interação com
diversos meios ou grupos ocorrem os processos biográficos que se traduzem na
identidade para si (definição de si). Nessa conjuntura, a identidade para si
está apoiada nas identidades herdadas, porém passa a sofrer mutações com a
entrada no mercado de trabalho. Esse período é estabelecido na transição da
adolescência para a vida adulta e que permitem a desenvoltura dos processos
relacionais (identidade para o outro/rotulagem por outrem)2. Categoria 4-
Projetando o futuro profissional. Demonstra a imagem do futuro da profissão de
Enfermagem e do graduando, participante dessa pesquisa, no que diz respeito à
visualização do seu porvir como profissional inserido nessa área. “A saída do
sistema escolar e o confronto com o mercado de trabalho constituem um momento
essencial na construção da identidade autônoma”. Do resultado deste confronto
dependem as modalidades de construção de uma identidade “profissional” de base
que constitui não só uma identidade do “trabalho”, mas também e, sobretudo uma
projeção de si no futuro, a antecipação de uma trajetória de emprego e o
desencadear de uma lógica de aprendizagem, ou melhor, de formação4 . Além
disso, foram construídas quatro unidades de contexto as quais sumarizaram as
ideologias predominantes oriundas dos discursos dos acadêmicos, quais sejam:
1-O cuidado e o cuidar.2-As vicissitudes do percurso às carreiras
valorizadas.3-Da aceitação e orgulho à negação e preconceito.4-Os nexos da
Enfermagem: status, salários, jornadas e áreas de atuação. Conforme refere
Dubar, identidade é o “resultado a um só tempo estável e provisório,
individual e coletivo, subjetivo e objetivo, que, conjuntamente, constroem os
indivíduos e definem as instituições”3. Conclusão: Os acadêmicos trazem
consigo interpretações do que é ser enfermeiro a partir de suas vivências e
experiências consubstanciadas com o que a sociedade pensa a respeito da figura
do enfermeiro. Os enfermeiros procuram dar uma imagem da sua profissão que é
efetivamente condicionada e influenciada pelo contexto profissional e social
em que trabalham5. A escolha pela Enfermagem e dá por inúmeros caminhos, que
se inter-seccionam em determinados lances e tornaram a Enfermagem parte
fundamental da vida desses estudantes. A multifatoriedade percebida neste
estudo encontrou respaldo na literatura cientifica e apura-se paradigmas e
alegorias da Enfermagem historicamente alicerçados, veiculados e condensados
nas abstrações sociais. A conjunção de virtudes, limitações e imagens que
compõem a Identidade Profissional da enfermeira configuram-se na imagem servil
e submissa, na imagem inepta e vocacionada e a imagem profissional, em
contínua busca de especificidade e especialidade do seu saber e fazer. No
conflituoso continuum pelo reconhecimento, valorização e respeito atrelados à
construção de uma identidade profissional, o enfermeiro movimenta-se
perenemente pela busca de uma imagem que possa corresponder com suas
aspirações no sentido de lutar pela mudança de seu status-quo. Implicações:
vital importância atentar para os estudos que refletem a identidade social e
profissional para compreensão da carreira em sua plenitude utilizando-se
conceitos de psicologia social e sociologia das profissões, desvelando
confrontos, embaraços, e triunfos, tanto para os profissionais da Enfermagem
quanto para os que a escolhem como profissão e a sociedade, pois que em algum
momento terá necessidade de ser cuidado por um profissional da Enfermagem.
Referências: 1.BRASIL. Portaria n. 1.378, de 9 de julho de 2013. Regulamenta as responsabilidades e define diretrizes para execução e financiamento das ações de Vigilância em Saúde pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, relativos ao Sistema Nacional de Vigilância em Saúde e Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. Diário Oficial da União. 9 jul de 2013.
2.BRASIL. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Presidência da República Casa Civil. 19 set 1990.
3.Garcia, T.R. Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem – CIPE: aplicação à realidade brasileira. Porto Alegre: Artmed, 2015.
4.D´Innocenzo M, Adami N, Cunha I. O movimento pela qualidade nos serviços de saúde e enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem 2006 [acesso 22 de fevereiro de 2018]; 59(1): [84-8]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reben/v59n1/a16v59n1.pdf. |