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2679956 | A LUTA DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA MOTORA PELA ACESSIBILIDADE NAS UNIVERSIDADES E NOS ESPAÇOS SOCIAIS | Autores: Maria Itayra Padilha ; Maiara Suelen Mazera |
Resumo: **Introdução: **A acessibilidade é compreendida como a possibilidade de acesso, da aproximação, da socialização e da utilização de todos os ambientes. Indica a condição favorável de um pedestre dentro de suas capacidades individuais de se movimentar, locomover e atingir o destino planejado, porém a acessibilidade é influenciada pelo que o ambiente oferece1. Sendo assim, a deficiência motora não deve ser compreendida apenas pela deficiência do corpo, pois se o ambiente propicia possibilidade de acesso, o corpo não sente a dificuldade de se mobilizar pelos locais. As pessoas com deficiência têm os mesmos direitos que àquelas pessoas que não têm deficiência, e, dentre esses direitos podemos destacar o direito à acessibilidade. Contudo, a acessibilidade de pessoas com deficiência motora nos espaços sociais é um desafio constante. Para buscar uma abordagem mais ampla e a melhor compreensão da acessibilidade, é necessário saber e compreender a percepção de espaço e de ambiente em que essas pessoas (con)vivem, e nesses espaços de vivência a pessoa com deficiência motora pode ter limitações que muitas vezes geram impossibilidades de execução das atividades da vida diária, resultando na dificuldade de exercer sua autonomia enquanto sujeito. **Objetivo: **Conhecer as dificuldades de acessibilidade que os estudantes universitários com deficiência motora vivenciam no âmbito da universidade e fora dela. **Descrição metodológica: **Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa na qual procuramos salientar os aspectos da experiência humana, para isso, utilizou-se a história de vida como técnica para coleta de dados. Com a história de vida é possível obter a narrativa dos sujeitos sobre sua experiência de vida. Normalmente o roteiro de uma entrevista que utiliza esta técnica de coleta de dados é preparado pelo pesquisador de modo a estabelecer uma linha do tempo para o encadeamento dos fatos relatados pelo entrevistado. Este enfoca desde a infância até o tempo histórico que interessa ao pesquisador, que pode ser um momento do passado ou do presente2. Os participantes do estudo foram contatados pelo conhecimento da pesquisadora, e pelo método bola de neve (_Snowball_) que consiste na indicação de novos participantes por meio do participante anterior, assim sucessivamente, e também foram selecionados a partir do contato prévio com o setor de acessibilidade de uma Universidade Federal do Sul do Brasil, onde há uma lista de universitários com deficiência motora, cadastrados e que recebem acompanhamento. Foram realizadas oito entrevistas com jovens, estudantes universitários, com deficiência motora congênita ou adquirida ao longo de sua vida. As entrevistas foram previamente agendadas conforme a disponibilidade dos participantes, onde aconteceram em suas residências ou na universidade, sendo gravadas em gravador digital em uma única etapa tendo duração média de 01 hora e 20 minutos. Posteriormente realizou-se a transcrição, validação, transcriação, conferência, carta de cessão e o arquivamento dos dados. Os dados foram analisados e chegou-se a duas categorias: Acessibilidade na Universidade; Deficiência social. A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa, via Plataforma Brasil, fazendo parte do macro projeto PRONEX/FAPESC/CAPES respeitando assim a Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde que regulamenta as diretrizes e normas para a realização de pesquisas envolvendo seres humanos, a fim de assegurar os direitos e deveres dos participantes da pesquisa, da comunidade científica e do Estado, sendo aprovada pelo nº 03932812.2.0000.0121. **Resultados: **Dos oito participantes do estudo, três são do sexo feminino e cinco do sexo masculino com idade média de 26,5 anos. Desses, quatro pessoas foram diagnosticadas com deficiência ao nascer e as outras quatro pessoas adquiriram a deficiência na adolescência. Os participantes ressaltaram que a sua acessibilidade foi ampliada com o uso da cadeira de rodas, sendo que ao contrário do que muitas pessoas pensam, a cadeira de rodas propiciou maior acesso a todos os lugares. A cadeira de rodas aproximou o sujeito da vida social, e a cadeira de rodas já faz parte de seu corpo. Em relação à acessibilidade na universidade, conviver com a deficiência motora passa a ser mais difícil para aquelas pessoas que necessitam de cadeira de rodas para se locomover. Há muitas barreiras nos trajetos da universidade que dificultam ou impedem o percurso, frente a essas dificuldades encontradas, as pessoas passam a contar com a ajuda de outras pessoas que cruzam seu caminho, impossibilitando que a pessoa com deficiência motora exerça a sua autonomia. Referente à deficiência social, foi relatado o incômodo que essas pessoas sentem ao ver que a sociedade não está preparada para receber a pessoa com deficiência, e um exemplo desse despreparo é a pessoa com deficiência ser imitada e ridicularizada diante da comunidade, o que causa revolta no indivíduo. Outro aspecto enfocado foi a invisibilidade da pessoa com deficiência por aqueles considerados “normais”. **Conclusão: **Por meio deste estudo, foi possível identificar e acreditar em três deficiências: a deficiência do corpo, a do ambiente e a social, e vimos que essas deficiências estão associadas. Com base nisso, a deficiência do corpo apenas é sentida quando o ambiente e a sociedade não estão preparados para atender as demandas dessas pessoas que têm deficiência motora. A partir desta pesquisa, percebemos que a sociedade ainda exclui e pouco acolhe as pessoas com deficiência, pois a deficiência motora ainda é algo novo e diferente, e tudo que é novo causa espanto e curiosidade. As pessoas com deficiência motora se percebem com limitações, pois ainda não são incluídas de forma efetiva e afetiva no cotidiano da vida social. **Contribuições/implicações para a Enfermagem: **Esta pesquisa mostrou que ainda existe uma lacuna na formação curricular do curso de graduação em enfermagem, com relação ao cuidado de pessoas com deficiência motora nos três níveis de atenção à saúde. No cotidiano da prática, os enfermeiros têm importância vital na reabilitação e ressocialização das pessoas com deficiência motora, promovendo a sua independência e autonomia nas atividades de autocuidado como o cuidado corporal, as eliminações, as atividades do lar e na vida social, estimulando a autonomia dessas pessoas com deficiência. Acreditamos que essa pesquisa trouxe conhecimento que servirá de embasamento para os enfermeiros compreenderem a importância desta temática como conteúdo obrigatório nos currículos dos Cursos de Graduação em Enfermagem, e que a partir dela, os profissionais de enfermagem tenham consciência da importância da sua atuação na área da deficiência.
Referências: 1. BRASIL. Lei n. 8080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 set. 1990. p. 18055.
2. BRASIL. Decreto nº 7.602, de 7 de novembro de 2011. Dispõe sobre a Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho – PNSST. Disponível: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7602.htm. Acesso em 12.03.18.
3. Freitas, L.C. Manual de Segurança e Saúde do Trabalho. 3.ª Edição. Editora Sílabo. Lisboa, 2016.
4. Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Resolução COFEN nº 358, de 15 de outubro de 2009. Dispõe sobre a Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de enfermagem, e dá outras providências. Brasília (DF): COFEn; 2009.
5. LINS, Glauce Araújo Ideão. Subconjunto terminológico CIPE® para a prática de enfermagem ambiental e ocupacional. 2017. 221 f., il. Tese (Doutorado em Enfermagem)-Universidade de Brasília, Brasília, 2017. |