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2679309 | PERCEPÇÃO DAS PUÉRPERAS E SEUS ACOMPANHANTES SOBRE OS CUIDADOS RECEBIDOS NA MATERNIDADE | Autores: Bianca da Costa Vieira ; Karina Graziela Jochem Marques ; Márcia Guimarães Alcântara ; Marli Terezinha Stein Backes ; Tamiris Scoz Amorim |
Resumo: **Introdução: **A satisfação com o cuidado recebido na maternidade é um indicador usado para a qualificação da atenção obstétrica e neonatal(1). Este estudo teve como enfoque a percepção das puérperas e seus acompanhantes sobre os cuidados recebidos na maternidade, incluindo a assistência recebida no centro obstétrico e alojamento conjunto, desde a admissão até a alta hospitalar. **O****bjetivo: **Compreender a percepção das puérperas e seus acompanhantes sobre os cuidados de enfermagem recebidos na maternidade. **Descrição metodológica: **Pesquisa de abordagem qualitativa, baseada nos princípios da Grounded Theory(2). O estudo foi realizado em duas maternidades públicas de Florianópolis/SC/Brasil. A coleta de dados foi realizada no período de fevereiro a julho de 2016. Os critérios de inclusão das puérperas foram: ter completado 24 horas de pós-parto, residir no município da grande Florianópolis e ter realizado pelo menos uma consulta de pré-natal em um Centro de Saúde da Secretaria Municipal de Saúde do município. Também foram incluídos no estudo os acompanhantes das puérperas entrevistadas. Excluíram-se as puérperas menores de 18 anos que não tinham responsável para assinar o termo de consentimento livre e esclarecido. Foram coletados dados dos prontuários das puérperas, da caderneta da gestante e da caderneta da criança sobre: o trabalho de parto, a abertura e o preenchimento do partograma, o uso da indução no trabalho de parto, o tipo de parto, sobre o parto e condições de nascimento dos recém-nascidos, peso e medidas antropométricas do Recém-nascido (RN) a fim de verificar o registro das boas práticas relacionadas ao parto e nascimento, tais como: o contato pele a pele na primeira hora de vida, o campleamento tardio do cordão umbilical e a amamentação na primeira meia hora de vida. Também foram realizadas 12 entrevistas com puérperas e seus acompanhantes durante a internação no alojamento conjunto, utilizando um roteiro semiestruturado. Essas entrevistas foram gravadas em áudio e, posteriormente, foram transcritas na íntegra para análise. A análise dos dados foi realizada através da codificação aberta e axial, conforme preconiza a Grounded Theory(2). A pesquisa seguiu as recomendações da Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisas envolvendo seres humano(3) e teve a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina através do parecer nº 1.148.080 de 13 de julho de 2015 e a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos da Maternidade Carmela Dutra, por meio do parecer nº 1.158.569, em 24 de julho de 2015. **Resultados: **a partir dos dados coletados no prontuário da puérpera, incluindo dados sobre o recém-nascido, constatou-se que todos os recém-nascidos eram de partos únicos e nasceram em boas condições e com boa vitalidade. No entanto, evidenciou-se que algumas boas práticas, como cortar o cordão umbilical depois que ele parou de pulsar, foi realizado em apenas quatro nascimentos. Apenas metade (seis) dos recém-nascidos foi colocada diretamente sobre a mãe após o nascimento e também foram amamentados logo na primeira hora de vida. E em três recém-nascidos foi dado banho antes de eles completarem seis horas de vida. A partir das entrevistas realizadas, foram elaboradas duas categorias: Percepção sobre os cuidados recebidos na Maternidade e Percepção sobre os cuidados relacionados ao aleitamento materno. Algumas puérperas e seus acompanhantes relataram não ter recebido os cuidados conforme gostariam em algum momento do ciclo gravídico-puerperal, como não prolongar a gestação por mais de 40 semanas. Isso demonstra claramente a falta de conhecimento/preparo sobre a importância do parto fisiológico e de ter que aguardar o trabalho de parto espontâneo, uma vez em que essa espera trouxe insatisfação e frustração. Em contrapartida, as mulheres orientadas sobre a importância do parto normal, perceberam que mesmo o trabalho de parto e parto tendo sido doloroso e sofrido, ao final, a experiência foi percebida como bem positiva. Em geral, as puérperas ficaram satisfeitas com o atendimento dos profissionais, que em sua maioria foram atenciosos, respeitaram e valorizaram a autonomia da mulher e buscaram evitar intervenções desnecessárias, como a cesariana. As puérperas referiram que tiveram um acompanhante durante o trabalho de parto e parto. Dez delas foram acompanhadas pelo seu companheiro (pai da criança), e as outras duas foram acompanhadas por um familiar, no caso a mãe ou irmã. Quase todas as puérperas mostraram satisfação quanto às orientações recebidas em relação aos cuidados consigo mesma e com o recém-nascido. Embora mais da metade das puérperas tenham recebido orientações em relação aos cuidados com o recém-nascido apenas no alojamento conjunto da maternidade, no momento das entrevistas a maioria delas relatou que já não possuía mais dificuldades em relação a esse aspecto. Em relação à categoria Cuidados relacionados ao Aleitamento materno o presente estudo mostrou que metade das puérperas apresentou dificuldades com a amamentação, principalmente, em relação à pega correta (3) e à sucção do recém-nascido (3), sendo que duas puérperas apresentaram fissuras por não saberem como amamentar. Neste sentido, o pré-natal é um momento oportuno para fornecer orientações acerca do preparo das mamas e do aleitamento materno, o que vem em contradição com o estudo realizado. Além disso, o grupo de gestante também é uma oportunidade ímpar para fornecer orientações para as gestantes, sendo que a maioria das participantes do presente estudo negou a participação em grupos de educação em saúde durante a gestação. O enfermeiro desempenha uma atuação muito importante durante o ciclo gravídico puerperal, fornecendo orientações e esclarecendo dúvidas pertinentes a esse período, bem como de proteção e prevenção à saúde da unidade mãe filho, visto que esta é uma fase onde a mulher passa por inseguranças e medos, necessitando de apoio para desempenhar seu novo papel. **Conclusão: **a maioria dos participantes admitiu que os cuidados recebidos na maternidade foram muito bons. Assim, a percepção sobre os cuidados recebidos na maternidade permite uma mediação entre o cuidado esperado pelo casal e aquele que a Instituição pode oferecer. Dessa maneira, na visão dos entrevistados pode-se inferir que os cuidados de natureza técnica foram percebidos como bons pela puérpera/casal. No entanto, também ficou evidente que é preciso também acolher as expectativas, anseios e limites maternos para assim aproximar os cuidados da sua realidade, para que não haja uma supremacia da decisão profissional sobre a autonomia da mulher e do seu acompanhante. Ouvir e compreender as percepções dos sujeitos do cuidado é de suma importância quando o objetivo é oferecer uma atenção qualificada e diferenciada. Ao integrar o olhar sobre os focos da atenção ao pré-natal, trabalho de parto e parto, nascimento, pós-parto e amamentação, este estudo avança ao assinalar potencialidades e lacunas deste processo, que aqui foram expressas em termos de preferência pelo atendimento do enfermeiro por este ser mais atencioso, claro e deixar o casal mais à vontade para perguntar e como contribuição sinaliza para melhorias nas habilidades de comunicação, visando o empoderamento, autonomia e respeito às singularidades de cada casal/família.** Contribuições/implicações para a Enfermagem: **Os enfermeiros e médicos devem dar mais importância para as dimensões subjetivas do cuidado durante o pré-natal, expressas na necessidade de orientações que vão além das técnicas e dos procedimentos, incluindo a noção sobre os direitos, a fisiologia do trabalho de parto, parto, amamentação e cuidados com o recém-nascido, tão importantes sob o olhar da puérpera e do acompanhante quanto as ações de saúde oferecidas na maternidade.
Referências: 1- Roldan JMD, Gonzales PEJ, Chacón JMB, Alfaro CG, Barbosa O, Trindade Filho G. Diagnóstico de Morte Encefálica. Cuidados Neurointensivos. 18. ed. São Paulo: Atheneu; 2013.
2- Freire SG, Freire ILS, Pinto JTJM, Vasconcelos QLDAQ, Torres GDV. Alterações fisiológicas da morte encefálica em potenciais doadores de órgãos e tecidos para transplantes. Esc Anna Nery [Internet]. 2012 [citado em 01 de março de 2018]; 16(4): 761-766.
3- Araújo S, Cintra EA, Bachega EB. Manuntenção do potencial doador de órgãos. São Paulo: Atheneu; 2005.
4- Conselho Federal de Enfermagem. Resolução nº 292/2004. Normatiza a atuação do Enfermeiro na Captação e Transplante de órgãos e Tecidos. [Internet]. 2004 [cited 2017 May 02]; Available from: http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-2922004_4328.html |