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2631619 | MONITORIA ACADÊMICA NA CONSTRUÇÃO DE PERSPECTIVAS DO SER ENFERMEIRO: RELATO DE EXPERIÊNCIA | Autores: Josinéia Santos de Sousa ; Ramona Garcia Souza Dominguez |
Resumo: **Introdução:** A monitoria é entendida como uma modalidade de ensino que promove a interação entre docente/monitor e monitor/discentes, revelando novos horizontes e perspectivas tanto acadêmicas quanto profissionais(1). Esse processo de formação do enfermeiro exige um ambiente propício para o desenvolvimento de competências e habilidades que devem ser pautadas na valorização do sujeito crítico-reflexivo, articulação teórico-prática, diversificação dos cenários de aprendizagem, metodologias ativas e articulação pesquisa-ensino-extensão(2-3). **Objetivo:** descrever a prática de monitoria acadêmica, demonstrando a sua importância para a formação profissional do enfermeiro. **Método:** trata-se de um estudo descritivo, realizado através do relato de experiência de uma monitora da disciplina Planejamento e Administração nos Serviços de Saúde II (Hospitalar), ofertada aos acadêmicos do 7o semestre do Curso de Graduação em Enfermagem da UFRB entre outubro/2017 e março/2018. **Resultados:** A atividade de monitoria se deu através do acompanhamento no planejamento da disciplina e no auxílio didático-pedagógico aos discentes, bem como a realização de atividades de extensão e pesquisa. Os encontros com a docente ocorreram de forma presencial e _online_, onde foram discutidos o planejamento e organização da disciplina, além das demandas dos alunos ao longo do semestre. Os conteúdos programáticos foram organizados no plano de curso da disciplina conforme calendário acadêmico da Universidade, sendo apresentados através de aula expositiva dialogada com exercícios de problematizações e dinâmicas; prática supervisionada em campo de estágio dividida em duas etapas – observacional e intervencionista, buscando a associação entre teoria e prática; aulas práticas no formato de oficinas com exercícios direcionados para o desenvolvimento de habilidades gerenciais; e mesa redonda com enfermeiros gestores dos serviços de saúde hospitalar da região. Já os encontros com os discentes ocorreram, em sua maioria, de forma _online_ através de correio eletrônico, áudios, vídeos ou ligações telefônicas, principalmente devido à falta de disponibilidade destes para os encontros presenciais. Foram prestadas orientações quanto ao conteúdo das aulas teóricas, propostas listas de exercícios, esclarecimentos de dúvidas sobre as atividades práticas e auxílio na organização das oficinas de extensão coordenadas pela docente. As oficinas foram realizadas em três momentos, sendo abordados os seguintes temas: a) Dimensionamento e Escalonamento em Enfermagem; b) Aplicabilidade das ferramentas administrativas – matriz GUT, diagrama de Ishikawa entre outros; e c) Liderança _Coaching_ na Enfermagem e prioridades de pesquisa em gestão. Enquanto atividades de extensão, sua organização envolveu a criação de cartazes e de divulgação por meio eletrônico, _link_ de inscrição, registro na Gestão de Extensão da Universidade através de formulário próprio, construção de relatório após a execução, além de solicitação e entrega de certificados. Com a finalidade de organizar as atividades práticas em campo de estágio, os discentes receberam um guia com orientações sobre o local, divisão dos grupos, cronograma, carga horária, normas de vestimenta, critérios e instrumento de avaliação, rotina de estágio, produtos da prática – incluindo, diário de campo com a descrição de todas as atividades realizadas pelo discente em cada dia; plano de intervenção, a partir do levantamento de problemas, priorização e articulação com o serviço; e simulação realística através da montagem de uma unidade de internação hospitalar em laboratório de enfermagem com todos os instrumentos necessários para o seu funcionamento, incluindo escalas dos funcionários, normas/rotinas, protocolos etc. Além disso, cada grupo de prática foi orientado a escolher um aluno entre os seus componentes, responsável por liderar o grupo durante todo o período de prática, tendo sido entregue uma pasta contendo os impressos organizados na disciplina (guia de orientações, diários de campo e folha de frequência). As práticas ocorreram em um hospital privado localizado no Recôncavo da Bahia, onde os discentes acompanharam as lideranças de enfermagem dos setores da Emergência, Clínicas médica e cirúrgica, além da UTI. Inicialmente, foi realizada uma visita técnica ao hospital para conhecimento das instalações físicas e entrevista, seguindo um roteiro previamente elaborado pelos grupos, com as lideranças e gerente de enfermagem. Durante o período de estágio, a distribuição dos discentes entre as áreas do hospital coube à liderança de cada grupo, bem como o planejamento das atividades práticas a serem realizadas por cada aluno, tendo como base o roteiro da disciplina. Desse modo, cada grupo teve a oportunidade de desenvolver autonomia e iniciativa diante das oportunidades que foram surgindo no decorrer do estágio, exigindo também o desenvolvimento das habilidades de liderança, comunicação, resolução de conflitos, negociação e criatividade diante das dificuldades. Assim, a aplicação de metodologias ativas de problematizações tanto nas aulas teóricas quanto no conteúdo prático, a simulação realística e a vivência compartilhada proporciona um maior comprometimento do discente com o seu processo de ensino-aprendizagem de maneira crítico-reflexiva, sendo um fator motivador para a construção de saberes(4). Enquanto monitora, pude acompanhar algumas situações que exigiram um novo planejamento das atividades da disciplina pela docente, principalmente das práticas em campo de estágio. Por exemplo, inicialmente, estavam matriculados dez discentes, porém, devido à questões de ordem pessoal (gravidez, adoecimento e vínculo empregatício), quatro alunas trancaram ou desistiram da disciplina em curso. Com essa redução, os grupos de práticas foram colapsados a fim de evitar iniquidade na composição numérica e sobrecarga de atividades entre os membros. Por esse motivo, uma das atividades práticas que deveria ser organizada pelos discentes e prevista no planejamento da disciplina – mesa redonda com gestores de serviços hospitalares – precisou ser adaptada para uma atividade extramuro de entrevista com os enfermeiros gestores de diferentes serviços públicos hospitalares da região, com apresentação e análise das narrativas pelos discentes de modo a comparar as diferentes experiências. Nesse sentido, salienta-se a necessidade de desenvolver habilidades de comunicação, flexibilidade, negociação e adaptação também na prática docente. Além disso, tais vivências possibilitam a compreensão de que a organização e o planejamento acadêmico são ferramentas essenciais para o processo de trabalho do docente e facilitam o enfrentamento das demandas que surgem ao longo do semestre. **Conclusão:** essa experiência foi de suma importância para o crescimento pessoal e profissional como acadêmica de enfermagem, além de favorecer uma visão real das atividades de docência. **Contribuições/Implicações para a Enfermagem:** a monitoria é uma atividade que auxilia professores orientadores na organização da disciplina e proporciona a inserção do monitor na prática da docência, em atividades de extensão e pesquisa, devendo ser incentivada na graduação de Enfermagem. Além disso, esse estudo evidenciou que as tecnologias exercem um papel facilitador na execução das tarefas dispensadas ao monitor e que os conteúdos de Planejamento e Administração trabalhados na disciplina podem ser aplicados também na docência, contribuindo para o desenvolvimento de habilidades gerenciais e interpessoais. Ademais, verifica-se que a aplicabilidade de metodologias ativas no curso de Enfermagem contribui de forma positiva para o processo de ensino-aprendizagem, principalmente, no que tange à construção do ser enfermeiro gerente através de experiências que se aproximam da realidade a ser vivenciada profissionalmente.
Referências: 1. ALBUQUERQUE, A. F. L. L. et al. Tecnologia para o autocuidado da saúde sexual e reprodutiva de mulheres estomizadas. Rev. Bras. Enferm., Brasília , v. 69, n. 6, p. 1164-1171, Dec. 2016. . Acesso em: 18 out. 2017.
2. SOBRINHO-SANTOS, C. K. et. al. Relatos de caminhoneiros sobre a prevenção do HIV e o material educacional impresso: reflexões para educação em saúde. Ciênc. educ. (Bauru), Bauru, v. 21, n. 4, p. 1011-1030, Dec. 2015. . Acesso em: 20 de ago. 2017.
3. JESUS, P. B.; BRANDÃO, E. S.; SILVA, C. R. L. Cuidados de enfermagem aos clientes com úlceras venosas uma revisão integrativa da literatura. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online, [S.l.], v. 7, n. 2, p. 2639-2648, apr. 2015. ISSN 2175-5361. Disponível em: . Acesso em: 22 nov. 2017.
4. CÂMARA, R. H. Análise de conteúdo: da teoria à prática em pesquisas sociais aplicadas as organizações Gerais. Revista Interinstitucional de Psicologia, 6 (2), jul - dez, 2013,179-191 . Acesso em: 27 de set. 2017
5. PEREIRA, A. V.; VIEIRA, A. L. S.; AMANCIO FILHO, A. Grupos de educação em saúde: aprendizagem permanente com pessoas soropositivas para o HIV. Trab. educ. saúde (Online), Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 25-41, Jun. 2011. . Acesso em: 25 de set. 2017. |