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2513827 | O OLHAR DO ESTUDANTE DE ENFERMAGEM SOBRE O ENSINO: RELATO DE EXPERIÊNCIA | Autores: Marlucilena Pinheiro da Silva ; Gabriela de Souza Amanajás ; Jéssica Natasha Brandão Silva Bezerra ; Ana Carolina Farias Vieira ; Jéssica Gomes da Silva |
Resumo: **Introdução: **A graduação em Enfermagem objetiva fornecer ao estudante habilidades técnico-científicas para torná-lo capacitado a exercer o cuidado eficaz. A partir de variadas estratégias de ensino e aprendizagem, tais como aulas expositivo-dialogadas, práticas laboratoriais e em instituições de saúde, seminários e clubes de revista, almeja-se que o aluno desenvolva capacidade crítico-reflexiva no campo de atuação, com habilidades de liderança e gerenciamento de equipes, além do desenvolvimento de uma visão integral e humanista pautada na ética profissional¹. No decorrer dos anos, o desenho curricular tem sofrido constantes alterações aliadas ao aumento da oferta de vagas nos cursos de graduação em Enfermagem no Brasil, principalmente pela iniciativa privada. No cenário competitivo atual, houve um aumento das exigências do mercado de trabalho por profissionais capacitados. Face a isso, a exigência pela qualidade da educação do ensino superior tornou-se progressiva, contínua e prioritária. **Objetivos: **Relatar a experiência de estudantes durante os anos vivenciados na graduação de enfermagem em relação ao ensino atual e o impacto na sua formação profissional; provocar reflexões a partir da ótica discente sobre a temática. **Metodologia: **Trata-se de um relato de experiência de estudantes do último ano do curso de Bacharelado em Enfermagem da Universidade Federal do Amapá localizada no município de Macapá-Amapá. O curso tem duração atual de quatro anos e o ensino é realizado em horário integral. O relato foi escrito baseado a partir de discussões da vivência de quatro acadêmicas durante os anos de graduação desde o ingresso na universidade, com abordagem descritiva e metodologia reflexiva. **Resultados e discussões:** O primeiro contato com a graduação representa um momento de maior liberdade e autonomia pelo discente, com a necessidade de adoção de uma postura mais independente. Porém, não diferindo significativamente do modelo do ensino médio, dentre as metodologias empregadas pelos professores, a mais predominante são as aulas expositivas dialogadas, em contrapartida, os alunos da graduação relatam ter uma aprendizagem mais significativa ao adotarem uma postura mais ativa frente a este processo na qual a troca de conhecimentos entre docente e discente favorece um aprendizado mais enriquecedor e interativo. O processo de ensino e aprendizagem, segundo Freire², deve ser uma relação entre o educador e o educando por meio de um sistema de trocas, uma vez que, cada um dos envolvidos nesse processo está inserido de uma realidade diferente. Observou-se que parte dos acadêmicos de graduação em enfermagem alcançam bom rendimento acadêmico demonstrado através de currículos exemplares e aprovação em programas de residência e mestrado, porém outros vivenciam atrasos acadêmicos de um ano ou mais devido ao modelo de pré-requisitos adotado por algumas universidades por meio de sua matriz curricular e ambos sofrem impactos em sua saúde e qualidade de vida na busca de atender o modelo tradicionalista e ditatorial praticado pelas universidade federais. Tais barreiras institucionais tornam questionáveis os ideais e preceitos do ensino superior, que essencialmente deveriam tornar os acadêmicos intelectualmente aptos e psicologicamente seguros a enfrentar a vida acadêmica e o mercado profissional. Diante do modelo rigidamente estabelecido através dos anos os estudantes se vêem parte de um sistema imutável, o qual engessa o acadêmico sempre no mesmo perfil. A universidade, portanto, deve oportunizar ao acadêmico a expressão de idéias inovadoras de novas gerações e melhorar a qualidade de ensino. Em um universo de constantes mudanças manter um modelo de ensino padrão e arcaico é manter a educação ultrapassada. O mercado de trabalho e os programas de residência e mestrado exigem do recém-formado atividades extracurriculares que nem sempre são compatíveis com a disponibilidade de horários do ensino integral da academia. O estudante que deseja participar dessas atividades extras necessita, portanto, obter uma flexibilidade e uma sobrecarga de atividades, o que muitas vezes, compromete o ensino em sala de aula. O que podemos observar, portanto, é que devido à mera necessidade de cumprimento de carga horária estipulada, o processo de ensino e aprendizagem nem sempre é concretizado. Dessa forma, apesar do crescente número de profissionais diplomados na área da enfermagem, é passível de questionamento se o ensino oferecido nas instituições de educação superior é realmente eficaz para a construção de profissionais conforme objetiva as normas e diretrizes curriculares do ensino de enfermagem. **Conclusões: **O ensino de enfermagem traz desafios constantes, requisitando desse aluno um conteúdo extra-curricular que muitas vezes a própria graduação não permite tempo hábil para o fazer, tornando o aluno sobrecarregado física e psicologicamente. Outro desafio importante relacionado ao ensino na graduação se insere na didática dos professores em sala de aula. Desse modo, foi possível identificar os desafios no qual o ensino na graduação perpassa sob a ótica do estudante. Trata-se, portanto, de uma perspectiva que possui reflexo na construção da categoria profissional da enfermagem que atualmente alavanca discussões acerca da valorização e significância da profissão. É ponto de partida na compreensão da realidade da nossa categoria profissional. **Implicações para a Enfermagem: **O ensino é a base da formação profissional, os acadêmicos de enfermagem muitas vezes tendem a buscar conhecimento além do que lhe é ofertado dentro da sala de aula, objetivando aprimorar o seu aprendizado e se tornar um profissional diferenciado. Toda experiência traz benefícios, esse trabalho mostra a realidade por meio do olhar de alunos sobre o ensino ofertado alertando para a necessidade da melhoria do ensino, com o enfoque na qualificação pedagógica da prática docente universitária. Desse modo, é possível formar profissionais mais humanos e capacitados para a inserção no mercado de trabalho.
Referências: 1. Moreira-Almeida A, Pinsky I, Zaleski M. Laranjeira R. Envolvimento religioso e fatores sociodemográficos: resultados de um levantamento nacional no Brasil. Rev Psiq. Clin. [Internet] 2010; 37(1):12-5. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rpc/v37n1/a03v37n1.pdf 2. Machado P. Cuidado Espiritual de Enfermagem: Análise de Conceito. Tese (Doutorado em Enfermagem). Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2016. 3. Battey BW. Perspectives of Spiritual Care for Nurse Managers. Journal of Nurse Managements. [Internet] 2002; 20(8):1012-20. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23151103. 4. Menezes TMO. Dimensão Espiritual do Cuidado na Saúde e Enfermagem. Rev. baiana enferm. [Internet] (2017); 31(2):e22522. Disponível em: https://portalseer.ufba.br/index.php/enfermagem/article/view/22522/14622. 5. Evangelista C, Lopes M, Costa S, Abrão F, Batista P, Oliveira R. Espiritualidade no cuidar de pacientes paliativos: um estudo com enfermeiros. Esc Anna Nery. [Internet] 2016; 20(1):176-82. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ean/v20n1/1414-8145-ean-20-01-0176.pdf |