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2466248 | PROTAGONISMO DA ENFERMAGEM NA TRANSFUSÃO SANGUÍNEA | Autores: Elielza Guerreiro Menezes ; Sonia Rejane de Senna Frantz ; Gisele Torrente |
Resumo: **Introdução: **A transfusão sanguínea é um recurso terapêutico importante no tratamento de doenças e complicações, é um procedimento que acontece nos serviços de saúde em diversos ambientes de atendimento requerendo do profissional de enfermagem uma assistência de qualidade alicerçada no conhecimento científico, habilidade, atitude, valores e a percepção do entorno das atividades praticadas. A hemoterapia é uma especialidade na área da saúde influenciada pelo avanço científico e tecnológico que vem conquistando seu espaço e permitindo melhorias significativas dos meios de diagnósticos e de tratamento de doenças. É uma área em intensa evolução com conquistas extraordinárias na qualidade, quantidade e no desenvolvimento de suas atividades1. O processo de obtenção do hemocomponente é complexo e envolve tecnologia importante, desde a qualidade do material para coleta do sangue até os testes sorológicos e procedimentos transfusionais. O processo hemoterápico é constituído por um conjunto de atividades que são desenvolvidas com o objetivo de disponibilizar componentes sanguíneos que garantam a segurança transfusional do paciente, por isso segue uma legislação própria. Esse processo é sistemático e inicia com a captação e coleta do sangue até sua última etapa, a infusão dos hemocomponentes. A transfusão do produto sanguíneo é a última etapa das atividades do processo transfusional. O ato transfusional é de responsabilidade médica, todavia o processo transfusional, pela sua complexidade, contempla cuidado multidisciplinar, e cada profissional responde individualmente por suas ações 2. Neste texto, buscamos pontuar informações importantes sobre o processo de transfusão levando o (a) leitor (a) a reflexão das atividades nos cuidados/condutas de enfermagem direcionados ao paciente nos momentos de pré, intra e pós-transfusão. **Objetivo**: Contribuir para a prática segura direcionada ao paciente/receptor e tomada de decisão dos profissionais de enfermagem. **Descrição Metodológica**: Estudo descritivo com levantamento das principais evidências clínicas envolvidas na terapia transfusional e estabelecimento dos principais diagnósticos de enfermagem a serem contemplados no plano de cuidados, com base na taxonomia _North American Nursing Diagnosis Association _(_NANDA_)3. **Resultados**: A Resolução 0511/2016 do COFEN determina que, dentre as competências e atribuições do enfermeiro em hemoterapia, que ele possa assistir de maneira integral os doadores, receptores e suas famílias, promovendo ações preventivas, educativas e curativas entre receptores, familiares e doadores; triagem clínica para avaliação de doadores e receptores; além das ações relacionadas à supervisão e controle da equipe de enfermagem4. O paciente apresenta diferentes manifestações biológicas e psicológicas antes, durante e depois da transfusão. Como o processo não está livre de danos, pode ocorrer reação transfusional (RT), efeito indesejável que ocorre durante ou após a transfusão sanguínea. Estima-se que 3% dos pacientes transfundidos podem apresentar reação transfusional, as quais podem ser classificadas de acordo com o tempo de aparecimento, em imediatas (até 24h do início da transfusão) ou tardias, e de acordo com a fisiopatologia, em imunes e não-imunes. As manifestações clínicas de uma reação transfusional podem ser leves como prurido, náuseas e vômitos ou graves, podendo ocasionar o óbito do paciente5. Os cuidados de enfermagem permeiam ações desde a obtenção do produto, armazenamento, transporte e a transfusão em si, perpassando pela família, paciente e equipe de saúde, no entanto este texto irá contemplar somente os cuidados diretos ao paciente com prescrição de transfusão sanguínea, mapeados pelos sinais e sintomas identificados na literatura. De posse dessa informação os Diagnósticos de Enfermagem (DE) apontados nesse texto são aplicáveis para os pacientes submetidos à transfusão sanguínea. Referente ao grau de prioridade, este deverá ser identificado pelo enfermeiro na execução da primeira etapa do processo de enfermagem compreendida com histórico (anamnese e exame físico). São eles: **1.Ansiedade** _relacionada_ ao procedimento desconhecido _evidenciado_ por relato verbal/faces de preocupação; a) Informar ao paciente e família o procedimento com ênfase nos riscos e benefícios; b) Sanar as dúvidas do paciente sobre o procedimento; **2. Risco de Infecção** _evidenciado_ pela janela imunológica do doador; a) Lavar as mãos antes e após o contato com paciente e hemocomponente; b) Realizar procedimento com técnica asséptica; c) Monitorar sinais de infecção (temperatura corporal e exames laboratoriais); **3. Risco de choque** _evidenciado_ pela resposta imune do receptor ao hemocomponente; a) Verificar os sinais vitais antes, durante e após a transfusão sanguínea; b) Avaliar nível de consciência pela escala de coma de Glasgow antes, durante e após a transfusão; c) Controle rigoroso do gotejamento; c) Atentar para queixas. **4. Risco de desequilíbrio na temperatura corporal** _evidenciado_ pela alteração da taxa metabólica; a) Monitorar temperatura corporal antes do inicio da transfusão, de 15 em 15 minutos durante e ao termino do procedimento; **5. Risco de lesão** _evidenciado_ pela resposta imune do receptor ao hemocomponente; a) Atentar para queixas de náuseas, vômitos, prurido e desconforto respiratório; b) Controle rigoroso do gotejamento. **Conclusão**: Numa escala de tempo os cuidados à saúde se tornaram mais complexos, mais efetivos e eficazes e em contrapartida potencialmente inseguros. O poder público e organizações de saúde públicas e privadas vêm investindo arduamente na qualidade da assistência prestada ao paciente envolvendo estrutura, processo e resultado. A hemoterapia adiantou-se no estabelecimento das práticas seguras pautada na natureza do seu produto em ser potencial fonte de transmissão de doenças oriundas dos seus doadores para os respectivos receptores, porém só a qualidade dos produtos produzidos não garante a plenitude da segurança transfusional. É importante que os profissionais de saúde envolvidos em todos os cuidados ao receptor estejam capacitados para garantir a segurança e a qualidade de todo o processo, reduzindo a possibilidade de erros que podem comprometer a vida dos pacientes. **Implicações para a enfermagem**: Considerando o fator humano como ponto frágil no sistema, acredita-se que o investimento em capacitação profissional, ajustes no processo e recursos estruturais funcionam como barreira para mitigar o evento adverso relacionado a terapia transfusional potencializando o cuidado seguro. Para o desfecho favorável e obtenção do resultado esperado no paciente é importante o envolvimento da equipe multidisciplinar abrangendo as etapas da doação até o momento final da infusão do produto. Cabe a (o) enfermeira (o) protagonizar o processo de cuidar do paciente crítico, empoderada (o) por conhecimentos pautados na legislação profissional, melhores evidências científicas e assegurar o raciocínio clínico sistemático para a mais coerente tomada de decisão.
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