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2389924 | 1° FORUM DE SAÚDE DA POPULAÇÃO LGBT E POPULAÇÃO NEGRA: UM POTENTE ESPAÇO PARA A FORMAÇÃO EM ENFERMAGEM | Autores: Amanda Lin ; Tiago Souza Paiva ; Thamires Souza Hilário ; Thiago da Silva ; Denise Machado Gref |
Resumo: **Introdução:** O cotidiano do trabalho dos profissionais da enfermagem demanda uma formação que contemple a diversidade do perfil dos usuários que utilizam os serviços de saúde. Por isso, as novas competências que devem ser desenvolvidas, ancoradas na diversidade cultural e social dos dias atuais, exigem uma formação mais ampla¹ e horizontal. Desse modo, torna-se possível a integração das práticas de cuidado científicas com os fatores que permeiam e determinam as condições de vida e de saúde de indivíduos e grupos sociais. Sabendo disso, busca-se que na atualidade o cuidado de enfermagem esteja centrado na diversidade das múltiplas culturas, nos diferentes costumes, nas questões relacionadas ao gênero, raça e orientação sexual. Determinantes que tornam ainda mais complexo e subjetivo o processo saúde e doença. Historicamente alguns grupos possuem os seus direitos violados e, com isso, estão mais vulneráveis ao processo de adoecimento quando comparados com outros². Um exemplo disso, são os indivíduos que estão inseridos no grupo LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) e a população negra. O atual cenário das políticas públicas para estas populações apresenta um cabedal de questões que precisam entrar em pauta na formação na saúde. Neste contexto a formação do (a) enfermeiro necessita estar ancorada em discussões teóricos, mas, sobretudo em experiências que contribuam para a compreensão das questões que produzem vulnerabilidade ao adoecimento de pessoas do grupo LGBT e da população negra. Por isso, a construção do conhecimento sobre esses temas, por meio das atividades pedagógicas que estão focalizadas no desenvolvimento de competências do (a) profissional de enfermagem, também precisam prever a inserção do estudante em cenários de debate e construção coletiva do conhecimento. Estes cenários precisam ser pensados de modo que coloquem usuários, trabalhadores, gestores e estudantes da área da saúde como protagonistas do processo de ensino e aprendizagem. **Objetivos:** Relatar a experiência da organização do 1° Fórum sobre a saúde da população LGBT e saúde da população negra. **Descrição metodológica**: Trata-se de um relato de experiência da organização do fórum sobre a saúde da população LGBT e saúde da população negra que foi organizado por acadêmicos (as) de enfermagem. O evento também foi pensado para que fosse possível produzir um espaço de compreensão e discussão acerca das políticas públicas de saúde voltadas para grupos mais vulneráveis. O evento ocorreu no dia 17/11/2017 no Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter) no município de Porto Alegre no Estado do Rio Grande do Sul. Na ocasião acadêmicos do curso de Bacharelado em Enfermagem matriculados nas unidades curriculares Programa Interdisciplinar Comunitário e Políticas Públicas em Enfermagem organizaram o 1° Fórum sobre a saúde da população LGBT e saúde da população negra. As disciplinas supracitadas abordam a interdisciplinaridade na atenção à saúde a partir de discussões teóricas sobre as políticas púbicas de saúde no Brasil e através do planejamento de projetos de intervenção realizados em comunidades mais vulneráveis do entorno da instituição de ensino superior, enfocando-se o desenvolvimento de competências para a formação de enfermeiros (as) críticos (as), reflexivos (as) e que sejam agentes políticos de transformação social. A proposta emergiu a partir das discussões teóricas sobre a situação de saúde da população LGBT e negra do Estado do Rio Grande do Sul/RS, durante os encontros da disciplina Politicas Publicas em Enfermagem e, a partir das intervenções na comunidade realizadas pelos alunos do Programa Interdisciplinar Comunitário. Com isso, o evento passou a compor o cronograma das disciplinas, culminando, em um espaço coletivo e integrado para que os temas fossem discutidos. **Resultados:** O evento contou com a participação de uma Drag Queen ativista de movimentos sociais que buscam a ampliação de direitos da população LGBT no município. Além disso, a mesa de debate foi composta por uma enfermeira gestora da Política Municipal de Atenção Integral à Saúde da População Negra do município de Porto Alegre. No encontro ocorreu um amplo debate sobre os temas em questão, mediado pelo professor responsável pela disciplina e pelos alunos que participaram da organização do evento. Com isso, foi possível construir um espaço de escuta das questões que emergiram da fala da ativista LGBT, exemplificando, a falta de acolhimento no atendimento do (a) enfermeiro (a) e acesso aos serviços de saúde. Na ocasião a convidada mencionou a dificuldade que mulheres transexuais possuem para serem identificadas pelo nome social, mesmo esse fato sendo um direto garantido dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). Sobre as questões relacionadas à saúde da população negra, a enfermeira que integra a gestão municipal da saúde apresentou os avanços a partir do advento da política de saúde da população negra, onde, mencionou as estratégias que foram formuladas para a obtenção do diagnóstico e tratamento de indivíduos com anemia falciforme. Além disso, a convidada destacou a Lei municipal n° 8.470, de 21 de março de 2000 que estabelece a identificação de raça e etnia nos dados cadastrais em documentos da administração pública. Ao final do evento, observou-se a partir dos relatos dos estudantes que o fórum colaborou para o desenvolvimento de uma melhor compreensão dos temas em destaque e para que ocorresse uma aproximação e construção de vínculos com indivíduos que atuam nos espaços de discussão, planejamento e gestão de políticas públicas voltadas para a saúde da população LGBT e negra. **Conclusão:** Conclui-se que o espaço construído colaborou com o desenvolvimento do protagonismo dos estudantes, visto que o planejamento e execução foram realizados pelos discentes. Além disso, rompeu com o paradigma de aulas tradicionais para o debate de assuntos que permeiam o cenário político e que são relevantes para a formação do (a) enfermeiro. **Implicações para a enfermagem:** Construir espaços de ensino e aprendizagem que aproximem e integrem estudantes, gestores e atores dos movimentos sociais contribui para a formação de enfermeiros (as) engajados e que sejam capazes de desenvolverem estratégias coletivas para o enfrentamento de problemas que emergem no atual contexto social. Também contribui para o desenvolvimento de competências ético-política, essencial aos egressos dos cursos de graduação em enfermagem. Além disso, o planejamento de ações de ensino semelhantes a mencionada neste trabalho facilita o processo de aprendizagem dos estudantes, pois, coloca o aluno no centro do processo de formação, por meio do desenvolvimento da autonomia, protagonismo e liderança.
Referências: 1- Sobral FR, CAMPOS, Claudinei JG. The use of active methodology in nursing care and teaching in national productions: an integrative review. Rev Esc Enferm. USP; 2012; 46(1): 208-218..
2 – NUNES, J. G. P. Julgamento clínico e raciocínio diagnóstico de estudantes de enfermagem em simulação clínica de alta-fidelidade. 2016. 157 f. Tese (Doutorado) - Curso de Enfermagem, Universidade de São Paulo, Riberão Preto, 2015.
3 - Martins JCA, Mazzo A, Baptista RCN, Coutinho VRD, Godoy S de, Mendes IAC et al. The simulated clinical experience in nursing education: a historical review. Acta Paul Enferm. 2012. 25(4): 619-625. |