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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 2344300

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2344300

DOUTOR EM ENFERMAGEM: DESAFIOS E POSSIBILIDADES PARA O EXERCÍCIO DO PROCESSO EDUCATIVO

Autores:
Diana Coelho Gomes ; Adriele Souza Kuster ; Bruna Pedroso Canever ; Vânia Marli Schubert Backes ; Marta Lenise do Prado

Resumo:
**Introdução: **O incremento da produção científica para a construção do corpo do conhecimento da enfermagem implica em uma forte mudança de cultura profissional. Para isso, precisamos fomentar a apropriação da produção de conhecimento desde a graduação, inserindo a pesquisa como inerente à ação profissional. O desafio, então, está na formação de Enfermeiros pesquisadores. Nesse sentindo, cabe ao Doutor em Enfermagem não somente produzir novos conhecimentos, mas também formar novos pesquisadores. É isso que propõe o _Perfil do Doutor em Enfermagem_1 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES/Ministério da Educação/Brasil) em seu domínio sete (07), referente ao exercício do processo educativo em todos os âmbitos da formação profissional (graduação e pós-graduação).** **Estudar sobre o papel educativo do recém-doutor em Enfermagem torna-se necessário, tendo em vista as mudanças das necessidades da sociedade contemporânea. O modelo de educador porta-voz de um saber dogmatizado, que transfere o conhecimento por meio da oratória e em aulas magistrais, já é considerado ultrapassado e não atende às necessidades da sociedade. Nessa perspectiva, torna-se necessário o conhecimento acerca da formação pedagógica dos doutores em Enfermagem e a sua aplicação na transformação da realidade.2** Objetivo:** Caracterizar atuação dos recém-doutores referente ao domínio sete do _Perfil do Doutor em Enfermagem da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior,_ para o exercício do processo educativo. **Descrição metodológica: **Pesquisa exploratória, analítica, abordagem qualitativa, realizada com 16 egressos de Cursos de Doutorado em Enfermagem com conceito 5, 6 e 7, titulados nos 5 anos anteriores a esta pesquisa (2008-2012), considerados recém-doutores. Os dados foram coletados por meio de entrevistas e análise documental, entre fevereiro e abril de 2014, utilizando um roteiro semiestruturado construído, especialmente, para esse estudo e composto de questões abertas. Para isso, foi entregue uma cópia do documento do Perfil do Doutor em Enfermagem/CAPES1 para leitura prévia e seu conhecimento. Com relação ao domínio sete (07) do _Perfil do Doutor em Enfermagem_/CAPES, foram definidos três (03) indicadores: Orientação de alunos em trabalhos de conclusão de curso de graduação e especialização, iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado; Supervisão e estágios em outras instituições do Brasil e do exterior; Supervisão de estágio-pós-doutoral. A matriz de indicadores foi submetida à validação por experts na área. Todos as participantes foram mulheres, com idade entre 32 a 55 anos, graduadas em Enfermagem. Sete (07) obtiveram o título em 2008, duas (02), em 2009, três (03) em 2010, três (03) em 2011 e uma (01), em 2012. As entrevistadas estavam, no momento da coleta de dados, em diferentes áreas de atuação, sendo elas: ensino, atenção à saúde, gestão em saúde e gestão educacional. Encontravam-se em três regiões distintas do Brasil (Sul, Sudeste e Nordeste) e em dois países estrangeiros. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), de acordo com a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde3, sendo aprovado pelo parecer n. 539.118/CEP. **Resultados:** A partir da análise do domínio sete (07), que diz respeito ao “Exercício do processo educativo, colaborando na formação de novos pensadores/profissionais para competências/aptidões em conhecimentos ou saberes da área da Enfermagem e/ou áreas afins com visão crítico-reflexiva, construtiva e colaborativa”1:7**, **emergiram duas categorias: O e_xercício do processo educativo nos diferentes níveis da formação profissional: _Com relação ao exercício do processo educativo, as entrevistadas relataram atuação como docentes universitárias na graduação, especialização, residência e pós-graduação, exercendo atividade de ensino, pesquisa e extensão em conjunto com os estudantes. Mesmo não atuando na docência universitária, exclusivamente, as egressas acreditam terem contemplado o domínio sete (07), pois participaram e/ou participam de atividades educativas em diferentes dimensões. Com relação a categoria _Dificuldades enfrentadas na inserção no mundo da escola_, surgiram relatos de dificuldades relacionadas à atuação docente em universidades privadas, referentes à prioridade financeira em descompasso com o potencial formador do professor, à estrutura inadequada e aos baixos salários. Em contrapartida, algumas dificuldades relacionadas ao serviço público emergiram no discurso das entrevistas, principalmente, ao que se refere à burocratização do serviço público. Outras dificuldades foram evidenciadas nos discursos das doutoras em Enfermagem, principalmente, acerca da inserção na carreira docente relacionando as poucas oportunidades de ingresso em universidades públicas e a atuação na pesquisa, ensino e extensão, a escassez de concursos públicos, a contratação de professores substitutos e a recontratação de professores aposentados. Na percepção das entrevistadas a inserção do recém-doutor nos espaços acadêmicos consiste em um grande desafio determinado pelas políticas institucionais e/ou pelas políticas governamentais. A docência universitária, por si só já constitui um espaço altamente complexo, tendo em vista as exigências de ensino, de pesquisa e de extensão atribuídas a esses profissionais, sendo o tripé universitário uma condição _sine qua non_ para a educação universitária. **Conclusão:** As recém doutoras em Enfermagem apresentaram diferentes áreas de atuação e implementação do processo educativo, demonstrando que o ato de educar vai além da sala de aula, das escolas de Enfermagem e universidades, sendo intrínsecas em todos os âmbitos da prática profissional do Enfermeiro doutor. Os doutores em Enfermagem, precisam estar atentos ao desenvolvimento de competência para o exercício do processo educativo, colaborando na formação de novos pensadores/profissionais com visão crítico-reflexiva, observando a realidade em que estão inseridos, e, a partir dessa realidade, buscarem estratégias de transformação e superação dos limites impostos pela realidade. A transformação da realidade não é um processo fácil, porém espera-se do Doutor em Enfermagem essa capacidade de contribuir para a conscientização das instituições de ensino superior acerca da importância da articulação ensino-pesquisa-extensão para a formação de profissionais enfermeiros competentes.


Referências:
1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2013 2. Silva RS, Nóbrega MML. Medeiros, ACT, Jesus NVA, Pereira A. Termos da CIPE® empregados pela equipe de enfermagem na assistência à pessoa em cuidados paliativos. Revista Eletrônica de Enfermagem. 2015;17(2):269-77. 3. Landsberg GAP, Savassi LCM, Sousa AB, Freitas JMR, Nascimento JLN, Azagra R. Análise de demanda em Medicina de Família no Brasil utilizando a Classificação Internacional de Atenção Primária. Ciência & Saúde Coletiva. 2012;17(11):3025-36. 4. Silva AAS, Carvalho AMC. Prontuário Eletrônico do Cidadão: ferramenta para fortalecimento da Sistematização da Assistência na Atenção Básica. In: 5º Seminário Nacional de Diretrizes de Enfermagem na Atenção Básica em Saúde - SENABS, 2016, São Luis. Anais do 5º Seminário Nacional de Diretrizes de Enfermagem na Atenção Básica em Saúde - SENABS, 2016. 5. Brasil. INCA – Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2018. Incidência do Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2018.