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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 2338362

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2338362

DIAGNÓSTICO SOFRIMENTO ESPIRITUAL DURANTE O TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO: REVISÃO INTEGRATIVA

Autores:
Angelo Braga Mendonça ; Marcela de Sousa Honorio dos Santos Freitas ; Isadora Pinto Flores ; Ticiane Roberta Pinto Góes

Resumo:
**Introdução:** A avaliação e as intervenções de Enfermagem devem contemplar todas as necessidades de cuidado do cliente, e é com esta finalidade que o processo de Enfermagem cumpre sua função. A análise do estado de saúde espiritual de clientes em quimioterapia (QTA) é imprescindível. Entretanto, enfrenta alguns percalços e dilemas, fazendo com que a identificação e tratamento adequado do diagnóstico sofrimento espiritual não sejam, rotineiramente, realizados. Segundo estudos, a situação causa abandono do tratamento, depressão, ansiedade e pior resposta à QTA. Destarte, é imprescindível buscar contribuir com a operacionalização deste diagnóstico e a implementação de um cuidado espiritual eficaz. **Objetivos:** Analisar a produção científica de estudos primários, relacionada ao diagnóstico sofrimento espiritual em pacientes sob tratamento quimioterápico. **Descrição** **metodológica:** Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, realizada entre dezembro de 2017 e fevereiro de 2018. Utilizaram-se as bases de dados LILACS, BVS, BDENF, PUBMED, PSYCINFO e CINAHL. Os descritores DeCS e MeSH empregados foram Quimioterapia/_Drug Therapy_, Espiritualidade/_Spirituality_, e as palavras-chave Sofrimento Espiritual/_Spiritual_ _Distress_, com o operador booleano _AND_ conectando os termos. Os critérios de inclusão foram estudos originais que abordassem o sofrimento espiritual e terapias espirituais em pacientes com câncer, submetidos à quimioterapia antineoplásica, publicados nos últimos cinco anos. Foram excluídos artigos em duplicata, revisões integrativas e sistemáticas, reflexões teóricas e aqueles sem metodologia clara para possível reprodução. Foram seguidas, para seleção de artigos que compuseram esta amostra, as recomendações STROBE (_Strengthening the Reporting of Observacional Studies in Epidemiology Statement_), para estudos com método observacional; COREQ (_Consolidated Criteria for Reporting Qualitative Research_), para pesquisa qualitativa, e CONSORT (_Consolidate Standards of Reporting Trials_), para ensaios clínicos randomizados. Para inclusão final, foi necessário o preenchimento de, pelo menos, 70% dos critérios estabelecidos acima. **Resultados:** Um total de 20 estudos primários apresentaram afinidade com as propostas desta investigação, sendo selecionados. Constatou-se que grande parte das pesquisas com o diagnóstico sofrimento espiritual, no contexto do tratamento quimioterápico, trata-se de estudos de correlação. Há um número limitado de investigações qualitativas, sendo também escassos os ensaios clínicos avaliando o efeito de intervenções espirituais no diagnóstico sofrimento espiritual. Não se encontraram estudos que comparassem o sofrimento de pacientes na espera do tratamento quimioterápico, ligados ao temor de seus efeitos colaterais, e o sofrimento de pacientes enfrentando toxicidade imposta pelo mesmo. Sobretudo, evidências encontradas sugeriram aumento da angústia espiritual antes do início do tratamento, quando a ansiedade é mais intensa e o risco de suicídio é maior. Foi observado, nos estudos quantitativos, uma estreita relação entre a adesão ao tratamento quimioterápico e a disponibilidade de pacientes para participar de atividades religiosas, fornecendo uma nova visão dos aspectos espirituais inseridos na assistência. Observou-se, nos estudos de correlação, uma associação forte entre sofrimento espiritual e o uso de medicação antidepressiva, trabalho moderado ou pesado, idade, escolaridade e ausência de suporte familiar. Quanto ao gênero, foram reveladas altas pontuações de religiosidade em pacientes do sexo feminino. Supreendentemente, não foi identificada correlação entre sofrimento espiritual e os objetivos curativo _versus_ paliativos do tratamento quimioterápico. No entanto, nos pacientes que receberam qualquer tipo de QTA (adjuvante, neoadjuvante, paliativa ou curativa), os índices de sofrimento emocional foram menores quando comparados a pacientes que não receberam qualquer tratamento oncológico. Desta forma, percebe-se que a esperança ligada à perspectiva de tratamento atual pode ser traduzida em menores níveis de sofrimento. Neste aspecto, outro estudo observacional mensurou índices de religião (IPA) em pacientes com câncer avançado, realizando (QTA) paliativa. O estudo mostrou uma relação inversa entre os níveis de inflamação e o IPA, apontando para mecanismos imunológicos e neuroendócrinos. Além disso, maior IPA foi considerado um fator prognóstico independente nos pacientes sob QTA. Nos artigos selecionados, foi possível, também, a identificação de várias publicações analisando a natureza do _coping_ religioso e espiritual utilizado por pacientes durante a QTA. Os resultados mostram uma tendência para o uso de _coping_ negativo nos indivíduos mais jovens, sem religião declarada e que não consideram o apoio espiritual como importante. A saúde mental foi positivamente relacionada ao conceito de um Deus amoroso, e negativamente relacionada ao conceito de um Deus severo. Ver Deus como amoroso esteve fortemente correlacionado a melhores escores de saúde mental, mesmo na presença de mau prognóstico ou dor. A maioria dos estudos identificados corroborou com a necessidade de futuras investigações para melhor esclarecimento das conexões estabelecidas entre religiosidade, qualidade de vida, enfrentamento e outros resultados de saúde mental. Poucas investigações se dedicaram aos aspectos qualitativos da experiência de sofrimento, sendo encontradas apenas duas publicações.  Na análise dos dados qualitativos, pode-se constatar que o sofrimento também atua como mecanismo de discernimento, ajudando pessoas a estabelecerem prioridades. Os resultados de pesquisas qualitativas analisadas sugerem que o enfrentamento religioso pode facilitar a resiliência e a reavaliação positiva da doença, ajudando, assim, a integrar a experiência de sofrimento com a perspectiva de vida, encontrando um significado nela. Isso, por sua vez, pode levar a sentimentos de esperança e outros estados psicológicos positivos, tais como sentimentos de força interior e crescimento pessoal. No que se refere a pesquisas com intervenções de Enfermagem, o número foi ainda mais limitado, tendo sido encontrado apenas um estudo que contemplou aos critérios de inclusão. Este estudo avaliou os efeitos da prece, que demonstrou ser uma estratégia eficiente na redução da ansiedade de pacientes sob QTA. **Conclusão: **Os resultados do estudo atual lançam luz sobre o diagnóstico sofrimento espiritual em pacientes realizando QTA, apontando grupos de maior vulnerabilidade e a influência que aspectos religiosos e espirituais exercem em sua manifestação. Sempre que um diagnóstico de Enfermagem se constituir em resposta complexa, e não se reduzir a intervenções farmacológicas, há necessidade de investigação através de ensaios clínicos bem delineados. Sendo assim, terapias espirituais devem ser melhor exploradas por meio de investigação clínica, definindo-se o rol de atividades que podem ser integradas as competências técnicas, éticas e legais de enfermeiros que atuam em terapia antineoplásica.  Apesar da difícil análise do impacto de intervenções espirituais sobre o sofrimento de pacientes em quimioterapia, decorrentes do controle complexo de outras variáveis, ?como idade, gênero, perspectivas de tratamento atual e suporte familiar, urge mover o campo de intervenções de Enfermagem através de ensaios clínicos para solucionar este diagnóstico.** Contribuições/implicações para a Enfermagem**: Os estudos de correlação podem instrumentalizar enfermeiros na anamnese espiritual e raciocínio crítico, contribuindo com a identificação de novos fatores etiológicos e de risco para o diagnóstico sofrimento espiritual. Alguns destes fatores foram elucidados, e alertaram para a necessidade de atenção a grupos específicos de pacientes, mais suscetíveis ao diagnóstico sofrimento espiritual.


Referências:
1. CUNHA, K.S. et al. Revascularização do Miocárdio: Desvelando estratégias de referência e contra referência na atenção primária à saúde. Revista Baiana de Enfermagem, Salvador, v.30, n.1, p.295-305, jan/mar. 2016. 2. ERDMANN, A. L.et al. Compreendendo o processo de viver significado por pacientes submetidos a cirurgia de revascularização do miocárdio. Rev. Latino-am. Enferm., Florianópolis, v.21, n.1, jan/fev. 2013. 3. BECCARIA, L. M. et al. Complicações pós-operatórias em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca em hospital de ensino. Arquivos de Ciência da Saúde, São José do Rio Preto, v. 3, n. 22, p.37-41, 2015.