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2336171 | ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM GESTÃO EM SAÚDE E ENFERMAGEM: UMA TRANSIÇÃO PEDAGÓGICA NECESSÁRIA | Autores: Vânia Marli Schubert Backes ; Jorge Lorenzetti ; Selma Regina de Andrade ; Gelson Albuquerque ; Alacoque Lorenzini Erdmann |
Resumo: **Introdução: **o Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina inovou com a proposta pedagógica e metodológica de implantação do componente da prática da disciplina Gestão em Saúde e Enfermagem na modalidade de estágio supervisionado obrigatório. A proposta foi elaborada em 2014 pelo conjunto de professores da unidade curricular. Foi devidamente apreciada e aprovada em Fórum de Professores, Núcleo Docente Estruturante e Colegiado do Curso. As competências necessárias à formação do enfermeiro, estabelecidas nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) valorizam a dimensão da gestão ao definir que, juntamente com a capacitação para a atenção à saúde, é necessário priorizar conhecimento, habilidades e atitudes nos campos de tomada de decisão, comunicação, liderança, administração e gerenciamento e educação permanente. Na competência de administração e gerenciamento, “os profissionais devem estar aptos a tomar iniciativas, fazer o gerenciamento e administração tanto da força de trabalho quanto dos recursos físicos e materiais e de informação, da mesma forma que devem estar aptos a serem empreendedores, gestores, empregadores ou lideranças na equipe de saúde”1. Por outro lado, a legislação profissional prevê, como atribuição privativa dos enfermeiros, o planejamento, coordenação e avaliação da assistência de enfermagem, ou seja, enfermeiros devem ser responsáveis pelo conjunto do trabalho da enfermagem. As atribuições privativas do enfermeiro incluem “a) direção do órgão de Enfermagem integrante da estrutura básica da instituição de saúde, pública ou privada, e chefia de serviço e de unidade de Enfermagem; b) organização e direção dos serviços de Enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses serviços; c) planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços da assistência de Enfermagem; d) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de Enfermagem; [...]”2. Aliados aos aspectos legais, estudos têm demonstrado que a dimensão gerencial é dominante nos processos de trabalho dos enfermeiros3-5. **Objetivo: **relatar a experiência de implantação da modalidade de estágio supervisionado para a prática da disciplina Gestão em Saúde e Enfermagem. **Descrição metodológica: **relato de experiência de implantação da modalidade de estágio supervisionado para a prática da disciplina Gestão em Saúde e Enfermagem, no período de 2014 a 2017 (oito semestres). Essa adaptação ocorreu em virtude da mudança curricular iniciada em 2011, com base na Resolução CNE Nº 4/2009, que alterou a carga horária mínima para a graduação em enfermagem (de 8 para 10 semestres) e demais cursos da área da saúde. A metodologia proposta para a disciplina contemplou uma experiência acumulada de disciplinas do currículo anterior. Seu percurso demonstrou efetividade no desenvolvimento do raciocínio em gestão de enfermagem nos estudantes, praticado durante a realização de turnos de trabalho/prática, respeitando os turnos dos campos profissionais, em momentos distintos de atuação em unidades de internação hospitalar (UIHs) e em unidades básica de saúde (UBSs). **Resultados: **O raciocínio em gestão compõe-se do conhecimento da realidade, identificação dos problemas, seleção e elaboração de propostas de solução aos problemas, desenvolvimento das propostas em ações locais, e avaliação das ações realizadas, reiniciando o raciocínio a partir dos resultados e produtos encontrados. Para o desenvolvimento deste raciocínio, a tecnologia de ensino desenvolvida pelos professores para a prática estudantil inclui a elaboração de um plano de ação, a execução deste plano e a avaliação das ações realizadas em campo. Destaca-se, nesse processo, a natureza “obrigatória” de dois conjuntos de ações realizados por todos os grupos de alunos, vez que propõem a habilitar os estudantes no exercício da gestão do cuidado de enfermagem (ação 1- processos assistenciais); e gestão administrativa do serviço de enfermagem (ação 2 – processos administrativos), para atender à atribuição privativa do enfermeiro. Complementarmente, os estudantes, em conjunto com as chefias de enfermagem e professores, identificam outras situações, para as quais propõem ações para seu enfrentamento, como parte do exercício de gestão da unidade de saúde. As estratégias de ensino, na execução modalidade de estágio supervisionado norteiam-se pela pedagogia problematizadora, carreada por diversas ações pedagógicas: seminários; grupos de discussão; exposição dialogada; pesquisas bibliográficas; visitas técnicas, além do estímulo ao desenvolvimento de atividades educacionais flexíveis e inovadoras. Estas estratégias colaboram com o desenvolvimento de uma ação transformadora junto ao serviço, com base no levantamento diagnóstico da realidade local, teorização crítica, análise e implementação do que foi planejado, coletivamente, com a participação dos trabalhadores, bem como, com as diversas unidades administrativas e assistenciais do campo de experimentação. A prática do raciocínio gerencial segue uma modelagem teórico-metodológica compreendida por dois percursos. O primeiro, com 30% da carga horária da disciplina, utilizando-se de metodologias ativas; o segundo, com 70% da carga horária para atividades em UBSs e em UIHs. Neste segundo percurso, os alunos são distribuídos em 10 grupos, numa média de 3-4 alunos por grupo, número ideal segundo uma perspectiva de transição para aquisição de autonomia. A carga horária é desenvolvida de acordo com o campo de estágio: I - UIH - as horas/aulas são distribuídas em 23 turnos completos de atividades (seis horas relógio/dia), em consonância com a organização das unidades. O estudante pode fazer plantões noturnos e em finais de semana, de até 12h/dia, para compreender a dinâmica e funcionamento deste no exercício profissional; II - UBS - as horas/aulas são distribuídas em 23 turnos completos de atividades (quatro horas relógio/dia), em consonância com a organização das unidades. Assim, os 10 grupos são distribuídos em dois momentos de 23 dias, sendo que no primeiro momento 5 grupos atuam no campo hospitalar e 5 grupos no campo de Unidade Básica de Saúde. No segundo momento, ocorre a inversão dos grupos e campos de estágio. **Conclusão: **considerando a matriz curricular da graduação em enfermagem da UFSC, é possível entender a formação do enfermeiro com a seguinte conformação: da 1ª até a 7ª fase uma sequência com ênfase na clinica de enfermagem, no sentido de compromisso com o bem estar das pessoas no seu ciclo vital, integrando as dimensões de proteção, promoção, recuperação e reabilitação da saúde. Ao mesmo tempo, contemplando nas diversas situações de ensino e aprendizagem, aspectos transversais da ética e desafios profissionais da enfermagem; na 8ª fase ênfase nas competências de gestão e demais competências diretamente relacionadas como tomada de decisão, liderança, comunicação e educação no trabalho, associada à ética profissional e a aquisição de segurança nos procedimentos assistenciais mais complexos privativos dos enfermeiros; na 9ª, 10ª e TCC, período de consolidação da formação do enfermeiro como profissional critico, ético, reflexivo e dotado de capacitação básica em torno das seis competências das DCNs. **Contribuições/implicações para a Enfermagem: **a modalidade de estágio supervisionado possibilita a vivência cotidiana dos alunos nos serviços de saúde junto aos profissionais e dos professores orientadores. A disciplina Gestão em Saúde e Enfermagem promove o aprendizado de competências próprias da atividade profissional, objetivando o desenvolvimento do estudante para a vida cidadã e para o trabalho. A competência em gestão, de preferência numa concepção participativa, é indispensável à prática do enfermeiro, sem deixar de reconhecer a centralidade do cuidado. Ao contrário, compreende sobretudo que os cuidados de enfermagem seguros e de qualidade à população, em conformidade com os princípios do SUS, constituem a missão social finalística da enfermagem e exige uma gestão destes cuidados de forma eficaz, eficiente e efetiva.
Referências: 1. Organização Mundial da Saúde - OMS. Segundo desafio global para a segurança do paciente. Cirurgias Seguras Salvam Vidas. Tradução Nilo MS, Duran IA. Rio de Janeiro: OPAS; 2009.
2.Ferraz EM. A cirurgia segura: uma exigência do século XXI. Rev Col Bras Cir. 2009;36(4):281-2. PMid:20076914. http://dx.doi. org/10.1590/S0100-69912009000400001 |