Imprimir Resumo


SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 2319418

E-Pôster


2319418

CONSTRUÇÃO COLETIVA DO PROCESSO DE ENFERMAGEM EM UM SERVIÇO DE SAÚDE MENTAL

Autores:
Eliani Costa ; Dulcinéia Ghizoni Schneider ; Mario Sergio Bruggmann ; Ana Izabel Jatobá de Souza

Resumo:
**Introdução: **o Processo de Enfermagem (PE) se apresenta como parte integrante da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), sendo descrito pelo Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) como uma ferramenta metodológica que organiza a assistência de enfermagem(1).Tal metodologia é descrita desde Florence Nightingale, quando a profissão iniciava o desenvolvimento de suas atividades apoiadas em critérios científicos. Neste contexto evolutivo, as técnicas de enfermagem se apresentam como o início do saber científico e sistematizado da profissão, fundamentadas pelas teorias de enfermagem e, mais contemporaneamente, pelas classificações de enfermagem(2). No cenário brasileiro, Wanda de Aguiar Horta descreveu o PE como ações sistematizadas que se articulam entre si, contemplando o histórico, diagnóstico, plano assistencial, prescrição, evolução e prognóstico de enfermagem(3). No sentido de amparar técnica, ética e legalmente a assistência de enfermagem, o COFEN publicou em 2009, a Resolução Nº 358/2009, que dispõe sobre a implantação da SAE em ambientes públicos e privados, bem como a necessidade do PE estar fundamentado em um suporte teórico que oriente sua realização(1). Ao se discutir sobre a assistência de enfermagem às pessoas com transtornos mentais, é relevante apontar que ao longo dos tempos, tal cuidado se desenvolveu de forma desarticulada, sem bases científicas. Em Santa Catarina o processo de transição da assistência psiquiátrica foi marcado pela criação do Instituto de Psiquiatria do Estado de Santa Catarina (IPq-SC) e do Centro de Convivência Santana (CCS) em 1996, mediante o fechamento do Hospital Colônia Santana (HCS)(4). A assistência de enfermagem no IPq-SC vem sendo repensada e lapidada por enfermeiros para a promoção de um cuidado seguro. Também na perspectiva de desvelar a melhor assistência de enfermagem às pessoas com transtornos mentais, estes profissionais fomentaram profundas mudanças nos paradigmas assistenciais da instituição. No sentido de continuar construindo novos saberes, estes profissionais aliam a cientificidade à sua prática assistencial e se apropriando do poder advindo de um saber, que elenca o PE enquanto verdade necessária ao planejamento da assistência de enfermagem. **Objetivo: **construir coletivamente o Processo de Enfermagem em um serviço de saúde mental. **Descrição Metodológica: **trata-se de uma pesquisa qualitativa na modalidade de Pesquisa-Ação, desenvolvida no IPq-SC entre março e junho de 2014. A pesquisa foi elaborada como Dissertação de Mestrado do curso de Pós-graduação em Gestão do Cuidado de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina. Participaram da pesquisa 18 enfermeiros selecionados intencionalmente, lotados no IPq-SC, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), independente do tempo de formação e ou atuação no hospital, elencando assim, os critérios de inclusão. Os critérios de exclusão constituíram: enfermeiros de férias ou licenças no período de coleta de dados e os que não aceitaram fazer parte da pesquisa. A coleta de dados aconteceu em dois momentos, o primeiro foi a aplicação de um questionário semiestruturado e o segundo contemplou a realização de quatro oficinas planejadas a partir dos temas emergentes extraídos dos questionários. Os dados originados das oficinas foram registrados em um diário de campo pelo pesquisador. Para a interpretação dos dados e seus segmentos foi utilizada a análise de conteúdo de Bardin à luz do referencial Foucaultiano de saber/poder e verdade. Para realização deste estudo foram atendidos os preceitos éticos assegurados pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde que dispõe sobre as Diretrizes e Normas Regulamentadoras da Pesquisa Envolvendo Seres Humanos, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina sob o parecer 538.888 e Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) 26221014.6.0000.0121. Para garantir anonimato, os nomes dos participantes foram substituídos por pseudônimos formados pela letra “E”, seguida do número correspondente à sequência dos questionários respondidos por eles. **Resultados: **o discurso dos enfermeiros sobre um saber coletivo** **para a construção e implantação do PE na instituição, manteve-se apoiado nas prerrogativas éticas, técnicas e legais da Resolução 358/2009 do COFEN, que dispõe sobre SAE. A partir deste ponto fundamental e dos temas emergentes da coleta de dados, os enfermeiros discutiram a relevância do PE estar apoiado em um suporte teórico que o fundamente e que tenha aderência à filosofia e prática assistencial da enfermagem na instituição. Deste modo, dentre algumas teorias de enfermagem abordadas pelos enfermeiros, a teoria da relação pessoa-pessoa de _Joyce Travelbee_ foi definida como a mais apropriada para sustentar do PE na instituição, por desvelar as experiências que emergem das relações entre os seres humanos, fundamentais para a promoção do vínculo. Os enfermeiros estabeleceram _links_ desta teoria às etapas do PE e deste modo, foram construídos coletivamente os seguintes instrumentos: o histórico de enfermagem, que elencou particularmente o tipo de internação (voluntária, involuntária ou compulsória), a avaliação das funções psíquicas e o exame físico do paciente; 29 diagnósticos de enfermagem que seguiram a classificação diagnóstica da _North American Nursing Diagnosis Association International_ (NANDA-I 2012-2014); as intervenções de enfermagem que foram construídas a partir dos diagnósticos de enfermagem, prática assistencial e conhecimentos técnicos/científicos dos enfermeiros, e; a avaliação de enfermagem. Todos os instrumentos construídos foram inicialmente aplicados em meio físico, sendo também arquivados em prontuário físico. Para maior segurança e sigilo das informações dos pacientes, tais instrumentos foram convertidos, implementados e atualmente são desenvolvidos através de um _software_ de Prontuário Eletrônico do Paciente, disposto pela Secretaria do Estado da Saúde de Santa Catarina. **Conclusão: **a realização deste estudo evidenciou a relevância do saber/poder e verdade dos enfermeiros na construção coletiva e implantação do PE, vislumbrando o fortalecimento de uma assistência de enfermagem segura, planejada e qualificada, além de promover a autonomia dos enfermeiros no cenário científico e social. Os enfermeiros apontaram que o PE sustentado por suporte teórico, representa um método organizado para o planejamento e desenvolvimento da assistência de enfermagem, e reforçaram a importância dos enfermeiros desenvolvê-lo em sua prática assistencial, pois ele promove um cuidado seguro e qualificado. **Contribuições/implicações para a Enfermagem****:** pode-se assinalar que as contribuições do estudo para a enfermagem estão centradas em vários aspectos, tais como a promoção de uma assistência de enfermagem qualificada e segura, a valorização do profissional enfermeiro como protagonista de suas ações, a apresentação de um modelo para a assistência de enfermagem em saúde mental e a construção do conhecimento para a área de enfermagem. Também é relevante destacar que o desenvolvimento deste estudo contribuiu para preencher uma lacuna existente neste campo de conhecimento, bem como poderá servir como fonte de estímulo para outras produções científicas, vislumbrando também, a sua completude no cenário da prática assistencial.


Referências:
1. Carvalho. Jordana Lopes ; Backes Dirce Stein; Lomba. Maria de Lurdes Lopes de Freitas; Colomé. Juliana Silveira Intercâmbio académico internacional: uma oportunidade para a formação do futuro enfermeiro. Revista de Enfermagem Referencia IV n. 10 2016. 2. Chinn Peggy L.; Kramer Maeona K. Knowledge Development in Nursing Theory and process. 9 ed. Elsevier.United States of America,2015. 3. Guskuma EM, Dullius AAS, Godinho MSC, Costa MST, Terra FS. International academic mobility in nursing education: anexperience report. Rev Bras Enferm [Internet]. 2016;69(5):929-33. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2015-0128. 4. Nascimento Silva Leandro. et al. Mobilidade acadêmica internacional e educação para sustentabilidade: relatos brasileiros. Encontro internacional de sobre Gestão Empresarial e meio ambiente 2014. 5.Oliveira MG, Pagliuca LMF. Programa de mobilidade acadêmica internacional em enfermagem: relato de experiência. Rev Gaúcha Enferm., Porto Alegre (RS) 2012 mar;33(1):195.