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2319172 | A SIMULAÇÃO CLÍNICA COMO ESTRATÉGIA DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO EM ENFERMAGEM: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA | Autores: Rita de Cássia Teixeira Rangel ; Maria Isabel Fontana ; Adriano da Silva Acosta ; Pollyana Bortholazzi Gouvea |
Resumo: **Introdução**: Historicamente, a formação dos profissionais de saúde tem sido pautada no uso de metodologias conservadoras e influenciada pelas tendências cartesianas, sob uma perspectiva fragmentada e reducionista. A busca pela eficiência técnica e o conhecimento especializado contribuiu para o surgimento de diversas mudanças no contexto das academias e nas propostas de formação. Essas modificações afetaram também a dinâmica de ensino e aprendizagem, em que o docente assume a postura de transmissor de conteúdos e ao discente é atribuído o papel de mero expectador1. A partir de meados da década de 1990, verificam-se mudanças na educação superior no Brasil que incidiram tanto na organização do sistema educacional quanto nas concepções de formação na graduação. Tal evidência pode ser constatada pela aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB (lei federal n. 9.394/1996), pelo processo de elaboração e implantação das Diretrizes Curriculares Nacionais, e pela publicação de documentos oficiais em que se explicitam as orientações teórico-pedagógicas para a formação superior. Percebe-se uma mudança na área da saúde, especialmente no contexto da formação em saúde. Evidencia-se a necessidade de reformular os currículos de graduação em saúde, considerados tradicionais e inadequados, sobretudo a proposta de edificação do Sistema Único de Saúde, a fim de promover uma organização do conteúdo e inserção de metodologias inovadoras2. No campo da enfermagem tem-se discutido sobre as inovações no ensino que possibilitem aos alunos realizar as práticas profissionais com segurança. As competências para enfermagem podem ser desenvolvidas a partir do uso das metodologias ativas, utilizando para isso os ambientes simulados. Em consonância a isso, a simulação é uma metodologia ativa de ensino, empregada nos cursos da área da saúde e da enfermagem, e apresenta-se como um diferencial das outras metodologias, pois permite a aprendizagem experiencial, centrada no aluno em ambiente seguro, amparada por uma reflexão e guiada por um facilitador3. Sendo assim, os docentes de enfermagem deparam-se diariamente com desafios que os levam a pensar em novas abordagens pedagógicas que visem a autodescoberta do acadêmico e estimule a sua procura ativa no desenvolvimento da própria aprendizagem. Dessa forma, a enfermagem está a vivenciar o uso de novas metodologias ativas de ensino, com destaque as simulações realísticas através da criação de cenários de prática aliado ao estudo de casos clínicos.** Objetivos:** Descrever a experiência dos enfermeiros docentes frente à utilização da simulação clínica como metodologia ativa de ensino, bem como a sua contribuição para o desenvolvimento das habilidades práticas e conhecimento de acadêmicos de enfermagem. **Método**: O presente relato descreve a experiência dos docentes na disciplina Saúde do Adulto e do Idoso, do curso de graduação em enfermagem de uma universidade comunitária do vale do Itajaí / SC, tendo como cenário de prática os laboratórios de enfermagem e de técnica operatória cirúrgica experimental (TOCE). A estratégia de ensino e aprendizagem implementada foi a simulação realística que proporciona experiências reais de forma fictícia e segura, onde foram aplicadas situações clínicas relacionadas aos conteúdos do período com enfoque na assistência ao paciente crítico no período correspondente ao segundo semestre letivo do ano de 2017. **Resultados**: As simulações realizadas nos laboratórios de enfermagem e técnica operatória cirúrgica experimental possibilitaram aos discentes desenvolver uma visão crítica e construtiva da prática hospitalar e clínica, a partir dos procedimentos relacionados à sua área de formação acadêmica. Ressalta-se que as temáticas emergiram após um levantamento minucioso das necessidades de aprimoramento para os discentes, efetivada por meio de reuniões com docentes da disciplina, possibilitando realizar um diagnóstico situacional. Foram elencados, cuidados de enfermagem em acessos venosos periféricos; cuidados de enfermagem na aspiração de tubo endotraqueal; cuidados com nutrição e sondas; coleta de sangue arterial e reanimação cardiopulmonar. Cada temática ganhou um cenário próprio, o mais próximo da realidade possível, denominado de “estação de simulação. Para a realização das simulações, os laboratórios dispõem de simuladores simples como os de punção venosa e realização de técnicas cirúrgicas, até os mais complexos como o de Suporte Avançado de Vida. Através do uso da simulação, diversas situações foram trabalhadas ao longo do semestre letivo no sentido de desenvolver habilidades que permitissem ao acadêmico refletir sobre seus deveres e responsabilidades, bem como, desenvolver o raciocínio clínico-reflexivo que na maioria das vezes seria dificultada pela inserção direta nos campos de prática clínica e ou ausência de momentos que proporcionem estes ensaios de condutas. **Conclusão**: A proposta deste relato de experiência visou descrever e reforçar a importância quanto à aplicabilidade desta metodologia ativa, podendo ser considerada como uma estratégia inovadora, com grande potencial para o desenvolvimento de competências de pensamento crítico-reflexivo dos discentes. Além disso, a simulação realística promoveu além da reflexão, a interação e a aprendizagem entre os acadêmicos, envolvendo aspectos objetivos relacionados à assistência de enfermagem prestada a pacientes críticos, bem como a subjetividade que este momento de encontro proporcionou a todos, transformando a angústia inicial em satisfação com o desenvolvimento da atividade. Partindo do princípio que o conhecimento é resultado de um processo, podemos considerar também que a simulação atua como método de ensino e aprendizagem que oferece ao discente a oportunidade de adquirir habilidades de maneira segura podendo ser reforçadas quantas vezes forem necessárias até que se atinja o estágio de domínio desejado, o que poderia representar um risco ou desconforto caso se tratasse de um paciente real. Além disso, o uso da simulação clínica proporciona uma série de oportunidades pouco vivenciadas na prática, bem como situações de forma mais homogênea para todos os estudantes, sem ficar à espera destas circunstâncias como ocorre nas situações reais. **Contribuições/implicações para a Enfermagem: **O processo reflexivo da simulação proporcionou aos acadêmicos o aprofundamento de seu próprio processo de conhecer e aprender, como possibilidade para seu crescimento pessoal e profissional. Ao discutirmos posteriormente suas ações, refletiram sobre as lacunas do conhecimento que ainda podem ser resgatadas para seu aprimoramento profissional. Vivenciar uma ação de enfermagem prestada ao paciente crítico em um ambiente simulado permitiu ainda que os acadêmicos refletissem sobre suas práticas e atitudes desenvolvidas diante de um contexto real. A experiência promovida por este tipo de aprendizagem ampliou o olhar dos mesmos em relação à situação vivenciada e permitiu a partir da reflexão uma aprendizagem significativa, que não ocorre simplesmente pela presença no contexto, mas pela autorreflexão sobre este, significando-o.
Referências: 1. Flor RC, Gelbcke FL. Análise das cargas de trabalho decorrentes da práxis da enfermagem em serviço de hemodinâmica. Rev Enferm UFPE [online]. 2013 [acesso 2014 Jan 12]; 7(Esp)7034-41. Disponível em: http://www.revista.ufpe.br/revistaenfermagem/ index.php/revista/article/download/3338/8114 [ Links ]
2. Dejours, C. A avaliação do trabalho submetido à prova real: críticas aos fundamentos da avaliação. In: Sznelwar, L.I.; Mascia, F.L. (Orgs.). Trabalho, Tecnologia e Organização. São Paulo: Blucher, 2008. p. 31-51.
3. Melo, JAC. et al. The work process in radiological nursing: invisibility of ionizing radiation. Texto & Contexto - Enfermagem, Florianópolis, v. 24, n. 3, p.801-808, set. 2015. Disponível em: . Acesso em: 05 fev. 2017. |