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2287038 | NÚCLEO DE PESQUISA EM SAÚDE RURAL E SUSTENTABILIDADE: CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO ACADÊMICA EM ENFERMAGEM | Autores: Marjorie Mendieta ; Eliana Buss ; Ângela Roberta Alves Lima |
Resumo: **Introdução: **As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) da enfermagem norteiam a formação crítico reflexiva, entretanto é necessário aprimorar maneiras de aprender. Repassar informações não é garantia de que o conhecimento está formado-se no estudante. Propiciar momentos de reflexão e ação auxilia no arcabouço teórico e prático dos discentes. A enfermagem embasa-se em diferentes vertentes teóricas e práticas para superar a ênfase no modelo biomédico, aproximando-se do cuidado, atentando à promoção da saúde e à percepção de saúde e doença. Nas sociedades complexas observam-se três subsistemas de cuidado: informal; popular; e, profissional ofertando caminhos para interpretar a condição de saúde-doença. As ações de cuidado ou a cura se dão conforme as possibilidades de acesso; entendimento do processo saúde doença; cultura e, necessidades de saúde1. A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) instiga o resgate das terapêuticas, oriundas do contato entre o homem e natureza e sua experimentação empírica, do que é adequado, para manter sua vitalidade. Assim, o Núcleo de Pesquisa Saúde Rural e Sustentabilidade vinculado a Faculdade de Enfermagem e ao Programa de Pós-graduação da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), desde 2008, contribui na formação de acadêmicos de enfermagem e pós-graduandos. Com pesquisas e projetos de extensão, aproxima o conhecimento acadêmico do saber da comunidade, realizando ações que enfatizam as plantas medicinais no Bioma Pampa. Estas ações estão em consonância com as DCN, os princípios do SUS e a PNPMF, que incentiva a formação e capacitação de recursos humanos e a pesquisa com plantas medicinais, priorizando a biodiversidade brasileira2. **Objetivo**: relatar a caminhada do núcleo de pesquisa em saúde rural e sustentabilidade na formação acadêmica da enfermagem da UFPel. **Descrição metodológica:** relato de experiência dos 10 anos de atividade do núcleo de pesquisa em 26 municípios da região sul do Rio Grande do Sul (RS) com interface ao Bioma Pampa, que integra 2% do Brasil e 63% do território do RS3. A antropologia interpretativa está como pano de fundo das discussões e objetivações do núcleo de pesquisa recebendo influências de Clifford Geertz, Paul Ricouer, Eduardo Luiz Menéndez, Madeleine Leininger, Jose Silles Gonzalez, com perspectivas dos filósofos Kant, Habermas, Gadammer. A interface pedagógica se dá com Paulo Freire. **Resultados:** Em 10 anos de atividade participaram do núcleo de pesquisa 50 discentes. Três projetos de pesquisa foram concluídos. Estão em andamento projetos de extensão, junto a escolares e o projeto _Saúde Rural, perspectivas de cuidado e a Enfermagem_ com bolsa produtividade do CNPq. Para a concretização dos projetos, que possuem abordagem quantitativa e qualitativa, conta-se com a importante parceria da Embrapa Clima Temperado de Pelotas fornecendo apoio técnico para manutenção do herbário, identificação, manejo e conservação das plantas medicinais. Todos os projetos tiveram financiamento público do CNPq e FAPERGS. O primeiro Projeto: _Plantas bioativas de uso humano entre agricultores de base ecológica do sul do Brasil_, estava vinculado ao sub-projeto da Embrapa Clima Temperado, intitulado: _Aproveitamento da biodiversidade regional de plantas bioativas para a sustentabilidade dos agricultores de base ecológica na região sul do RS_. Participaram as famílias de agricultores de base ecológica. Realizou-se levantamento etnobotânico das plantas bioativas de uso humano e verificou-se, em um dos estudos, que as agricultoras preparam elixires, xaropes e pomadas a fim de dispor dos princípios ativos das plantas em todas épocas do ano4. O projeto de extensão: _Uso de plantas medicinais e as práticas populares de saúde entre escolares da região Sul do RS. _Nas famílias dos escolares o uso de plantas medicinais é realidade. Para tanto, desenvolveu-se cartilhas, com os escolares, propiciando espaços de aprendizagem, o que pode significar uma nova perspectiva de saúde e cidadania. Já o projeto de pesquisa: _“Autoatenção e uso de plantas medicinais no bioma pampa: perspectivas para o cuidado de enfermagem rural”_ constatou ações de cuidado como, fé; autoajuda; plantas medicinais; e, reuniões no grupo de mulheres. Estas são práticas de autoatenção traduzidas no cuidado desenvolvidas pelas pessoas em busca da saúde5. Ainda foram coletadas mais de 3 mil exemplares de plantas, possibilitando aos discentes aproximação com o campo da etnobotânica destas plantas, que irão compor o acervo nacional de plantas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Aos discentes é oportunizado o cultivo de plantas medicinais, no horto situado na Faculdade de Enfermagem. Preparar o solo, cultivar a planta e utilizá-la estimula o vínculo com a natureza, reforçando a integralidade do cuidado por meio de práticas voltadas a sustentabilidade. O livro lançado em 2018: _Plantas medicinais do Bioma Pampa no cuidado a saúde,_ relata a biodiversidade do Bioma Pampa; a relevância do cuidado por meio das plantas medicinais; e, sua interface no SUS. No projeto em andamento: _Saúde Rural, perspectivas de cuidado e a Enfermagem_, os discentes inserem-se no serviço de atenção primária a saúde implantando pequenos hortos, identificam as plantas medicinais e a utilização destas. Com um olhar construtivo de cuidado pensam, juntamente com os profissionais, a saúde rural. O núcleo foi contemplado com edital PPSUS-FAPERGS/MS/CNPq/SESRS n. 03/2017 iniciando em 2018 o projeto: _Tecnologias Educacionais com plantas medicinais e cuidado: um estudo de validação._ Validará um manual instrutivo de cuidado e uso de plantas medicinais, elaborando-o juntamente com Equipes de Saúde da Família rural, por meio da socialização dos saberes e práticas de cuidado da saúde, contribuindo na consolidação da PNPMF no SUS. **C****onclusão**: Nas populações estudas as plantas medicinais estão na lógica da dádiva negando a perspectiva econômica. Seu uso figura nos cuidados realizados antes de procurar o sistema formal de saúde, sendo necessário investir nesta seara, conhecer este saber, enriquecê-lo e mantê-lo vivo. Este saber é cultural e, nas famílias, é construído a cada geração de forma oral, ocorrendo também na comunidade. **Contribuições para a enfermagem**: Ao conhecerem as experiências dos agricultores de base ecológica, os discentes, compreendem que o processo de trabalho dos enfermeiros precisa se vincular ao cuidado, já estabelecido pelas pessoas. As DCN estimulam o processo de ensino-aprendizagem por meio das metodologias ativas. O aprender fazendo contribui significativamente para os discentes da enfermagem pensarem o cuidado desde sua raiz por meio das vivências do núcleo de pesquisas em saúde rural e sustentabilidade.
Referências: Leonello VM, Miranda Neto MV, Oliveira MAC. A formação superior de Enfermagem no Brasil: uma visão histórica. Rev. esc. enferm. USP [Internet]. 2011 Dec [cited 2017 Sep 12];45(spe2):1774-1779. Available from: http:// http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45nspe2/24.pdf
Funghetto SS, Silveira SM, Silvino AM, Karnikowski MG de O. Perfil profissional tendo o SUS como base das diretrizes curriculares da área da saúde no processo avaliativo. Saúde em Redes [Internet]. 2015 Dec 22[cited 2017 Sep 14];1(3):103–20. Available from: http://revista.redeunida.org.br/ojs/index.php/rede-unida/article/view/6066
Universidade do Estado do Pará. Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. Coordenação do Curso de Enfermagem. Projeto Pedagógico do Curso de Enfermagem. Belém: Universidade do Estado do Pará, 2001. |