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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 2243789

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2243789

DIAGNÓSTICOS DO VIVER: INTEGRAÇÃO ENSINO-COMUNIDADE COMO ESTRATÉGIA PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL E CONSOLIDAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

Autores:
Noely Cibeli dos Santos

Resumo:
**Introdução. **A necessidade de um enfermeiro com abordagem generalista, humana, crítica e reflexiva só será possível com a construção de práticas pedagógicas ativas que permitam a participação dos alunos como protagonista do seu conhecimento a partir de ações que possibilitem a inter-relação das competências e habilidades estabelecidas, através da empregabilidade dos conceitos da interdisciplinaridade e multidisciplinaridade no processo de formação (1). Esse olhar aplicado através de vivências do ser enfermeiro pode contribuir par a consolidação da identidade da profissão. **Objetivo. **Realizar um relato de experiência acerca da disciplina Enfermagem como Profissão e sua prática vivencial através do Projeto Diagnósticos do Viver. **Metodologia.** Trata-se de um relato de experiência acerca das atividades desenvolvidas na disciplina Enfermagem como Profissão que acontece no primeiro período do curso de enfermagem da Faculdade Adventista Paranaense. No ano de 2017 participaram da disciplina 55 alunos. As atividades se iniciaram com a reflexão sobre a importância dos valores para a construção de um cuidado integral, reflexão sobre a abordagem das dimensões do ser humano e a formação humana. A partir dessa visão, aspectos relacionados à prática foram abordados iniciando-se pelo pensamento crítico, seguido pela compreensão das necessidades humanas básicas, a Sistematização da Assistência de Enfermagem, o Diagnóstico de Enfermagem apresentando sua evolução histórica e abordando para prática a Taxonomia II da NANDA e Teorias de Enfermagem. Após essa abordagem teórica realizada a partir de dinâmicas, jogos, aulas dialogadas, documentários e estudo de caso os alunos iniciaram a prática através do Projeto Diagnósticos do Viver. O projeto acontece em uma comunidade rural próxima a Faculdade e teve como objetivo identificar o estilo de vida das famílias e realizar orientações para a Promoção da Saúde. Na primeira etapa, os alunos construíram um instrumento de coleta de dados com base nos domínios da Taxonomia II da NANDA. As questões de cada domínio foram elaboradas com apoio das demais disciplinas principalmente Estilo de Vida Saudável e Concepção, Percepção e Emoção. As famílias foram indicadas pelo líder comunitário e os alunos em duplas realizaram a primeira visita para criação de vínculos e coleta de dados. Após a visita, orientados pelo docente realizaram os diagnósticos de enfermagem, aplicaram a Teoria do Autocuidado de Orem e prepararam as intervenções, que foram criativas e elaboradas a partir das características de cada família. Após o preparo das intervenções uma segunda visita foi realizada para aplicação das primeiras intervenções e coleta de dados necessário para fechamento e levantamento de novos diagnósticos. Novamente, orientados pelo docente, realizaram diagnósticos e intervenções. Em seguida, a terceira visita foi realizada para avaliação dos resultados da primeira intervenção e realização de novas. Terminado o processo o aluno elaborou o relatório final descrevendo a repercussão da disciplina na sua formação. **Resultados.** A integração com os conteúdos das demais disciplinas permitiu a identificação das formas de viver das famílias, reconhecendo o seu estilo de vida e trazendo para a aluno a oportunidade de aproximação com a comunidade e uma visão de saúde ampliada, iniciando sua formação rompendo com o paradigma de uma saúde curativa e mecanicista. Assim, neste contexto, os diagnósticos de enfermagem identificados em cada domínio foram: Promoção da saúde: Estilo de vida sedentário, Comportamento de saúde propenso a risco, Disposição para controle da saúde melhorado. Nutrição: Disposição para nutrição melhorada, Obesidade, Sobrepeso, Risco de sobrepeso. Eliminação e troca: Incontinência urinária de esforço, Constipação, Risco de constipação. Atividade/Repouso: Insônia, Padrão de sono prejudicado, Disposição para sono melhorado. Percepção e cognição: Disposição para conhecimento melhorado, Memória prejudicada. Auto percepção: Disposição para autoconceito melhorado, Disposição para esperança melhorada, Risco de baixa autoestima crônica. Papéis e relacionamento: Disposição para paternidade ou maternidade melhorada, Risco de tensão do papel de cuidador, Processos familiares disfuncionais, Disposição para processos familiares melhorados, Interação social prejudicada, Risco de relacionamento ineficaz. Sexualidade: Padrão de sexualidade ineficaz. Enfrentamento/Tolerância ao estresse: Síndrome do estresse por mudança, Risco de síndrome do estresse por mudança, Enfrentamento ineficaz, Disposição para enfrentamento melhorado, Sobrecarga de estresse. Princípios de vida: Disposição para bem-estar espiritual melhorado, Disposição para religiosidade melhorada, Risco de religiosidade prejudicada. Segurança e proteção: Risco de quedas, Contaminação, Risco de contaminação. Conforto: Dor crônica, Risco de solidão. A afetividade gerada a partir da relação com os alunos foi fundamental para a adesão das famílias. Foi observado que várias já possuíam um comportamento favorável à saúde, pois eram, em sua maioria, pertencentes à comunidade Adventista que recomenda um estilo saudável. Os diagnósticos de enfermagem possibilitaram a identificação dos fatores promotores de saúde para serem fortalecidos e a identificação de fatores que necessitavam ser revistos. A análise de cada domínio permitiu uma avaliação integral. As intervenções construídas especificamente para cada participante, levando em consideração as características pessoais, confirmou a importância da afetividade. Sentir-se único e receber intervenções exclusivas, favoreceu a adesão. Nos relatórios dos alunos identificamos a importância da atividade para formação do enfermeiro nos seguintes relatos: “Foi gratificante ver a alegria deles ao levarmos os seus diagnósticos e as intervenções para ajudar nesses pequenos detalhes”; “Aprendemos como um enfermeiro pode coletar dados para poder construir uma série de diagnósticos de enfermagem para que possa estar aprendendo mais das pessoas com o objetivo de auxiliar o desenvolvimento do autocuidado e assim melhorar a qualidade de vida”; “Achei legal demais, pois pude ajudar no desenvolvimento de uma vida melhor, ajudando no reconhecimento do sentido de sua vida e fortalecimento de hábitos saudáveis”; “Pude perceber a satisfação  da nossa família ao ver algumas coisas com o nome deles e que tinham sido feitas pensando neles”; Foi reafirmado o ideal central da faculdade que estudo. Cuidado integral se faz somente com envolvimento de todas as áreas”; “Foi de extrema importância para o nosso crescimento acadêmico e pessoal, pois começamos a entender o nosso papel futuro como profissionais, aprendemos a criar vínculos para o desenvolvimento de um bom trabalho e aprendemos principalmente que nós marcamos a vida das pessoas”; “Podemos afirmar com certeza, que conseguimos perceber o real sentido pelo qual estamos cursando nossa graduação em Enfermagem”. **Considerações finais. **A disciplina Enfermagem como Profissão no primeiro período do curso possibilitou além do conhecimento da profissão escolhida uma vivência real do ser enfermeiro na perspectiva de um cuidado integral que rompe com uma visão mecanicista. Uma experiência no primeiro semestre da realização da Sistematização da Assistência de Enfermagem, permitiu uma identificação com a profissão. A comunidade por outro lado, também passa a reconhecer o trabalho do enfermeiro de forma ampliada contribuindo para a construção da identidade da profissão. **Contribuições para a Enfermagem. **A integração ensino-comunidade como estratégia para a formação profissional e consolidação da Sistematização da Assistência de Enfermagem no início da formação pode contribuir para uma enfermagem com sua identidade fortalecida que atende as reais necessidades de população. **Referência.** 1. Silva MG, Fernandes JD, Teixeira GAS, Silva R MO. Processo de formação da(o) enfermeira(o) na contemporaneidade: desafios e perspectivas, Texto contexto - enferm.  [Internet]. 2010 Mar [cited 2018 Feb 14]; 19(1):176-184. Available from: pt_0034-7167-reben-71-02-0236.pdf.


Referências:
1. Oliveira Gabriella Novelli, Silva Michele de Freitas Neves, Araujo Izilda Esmenia Muglia, Carvalho-Filho Marco Antonio. Perfil da população atendida em uma unidade de emergência referenciada. Rev.Latino-Am.Enfermagem [Internet].2011 Jun [citado 2018 Mar 18]; 19(3):548-556.Disponívelem: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010411692011000300014&lng=pt. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692011000300014. 2. Brasil. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei 8.080 de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. 3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. HumanizaSUS: Política Nacional de Humanização: a humanização como eixo norteador das práticas de atenção e gestão em todas as instâncias do SUS / Ministério da Saúde, Secretaria Executiva, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004. 4. Sartre, J.P O existencialismo é um humanismo. Petrópolis, RJ: Vozes, 4ª ed 2014 84p 5. COFEN. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução nº 358, de 15 de outubro de 2009. Sistematização da assistência de enfermagem – SAE. Brasília 2009.