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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 2222818

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2222818

SALA DE AULA INVERTIDA COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO PARA FUNDAMENTOS DE ENFERMAGEM

Autores:
Saionara Nunes de Oliveira ; Bruna Pedroso Canever ; Vera Radunz ; Marta Lenise do Prado ; Jussara Gue Martini

Resumo:
**Introdução: **A sala de aula invertida ou _Flipped Classroom1_ é uma estratégia de ensino que visa inverter o que acontece tradicionalmente nas salas de aula. Em vez de ter a parte teórica em sala e fazer exercícios em casa, o discente estuda a parte teórica em casa e faz as atividades e retira as dúvidas em sala de aula. Nesta modalidade, a sala de aula se torna um ambiente interativo e motivador das discussões, proporcionando maior interação e troca de experiências. **Objetivos: **Relatar a experiência do uso de uma metodologia ativa2 para o ensino da administração de medicamentos em uma disciplina de Fundamentos de Enfermagem. **Descrição metodológica: **Entendendo que a aprendizagem é experiencial3 e que necessita de motivação para acontecer, propomos a inversão das aulas sobre administração de medicamentos. Foi encaminhado um estudo dirigido aos discentes com questões básicas para a realização desta prática além da indicação de leituras. Foi solicitado que eles respondessem em casa, para subsidiar a aula prática. Para a realização da aula de laboratório os discentes foram organizados em grupos de 4 integrantes. Foram preparadas 3 estações de aprendizagem com objetivos específicos escritos em um papel A4 fixados na parede: **Estação 1 –** Objetivo: Montar um equipo para instalação de Solução Fisiológica Cloreto de Sódio 0,9%. **Estação 2 –** Objetivo: Realizar a punção venosa com cateter sobre agulha, fixação e instalação da fluidoterapia. **Estação 3 –** Objetivo: Preparar a medicação para administração com seringa no compartimento lateral do equipo. Em cada estação encontravam-se todos os materiais necessários, bem como um docente que acompanhou a realização do procedimento sem interferir no processo. Cada subgrupo foi orientado a ler o objetivo da estação e juntos decidir como o mesmo deveria ser realizado de acordo com as leituras prévias e sem a orientação dos docentes. O grupo teria que eleger um representante para cada estação. Todos poderiam se ajudar, mas apenas um seria responsável pela realização do procedimento em cada estação. Os discentes foram orientados a eleger participantes diferentes em cada estação para realizar o procedimento. Um dos discentes de cada grupo ficou responsável por anotar todas as dúvidas que surgissem durante a execução do procedimento. O tempo disponível para cada estação foi de 15 minutos e este controle foi feito pelo docente responsável pela estação. Finalizado o circuito, os discentes foram liberados para um intervalo e a sala foi reorganizada para a realização da discussão, as banquetas foram dispostas em círculo e os docentes e discentes distribuíram-se aleatoriamente na roda. Assim, os discentes foram convidados a discutir as dificuldades encontradas na realização de cada etapa do procedimento embasado nas leituras que haviam feito para responder o estudo dirigido. A primeira pergunta que foi feita aos discentes foi referente à como eles se sentiram com esta experiência da aula invertida. Em seguida, foi questionado sobre o grau de dificuldade de cada estação. A cada dúvida apresentada os outros discentes eram instigados a responder de acordo com as leituras realizadas. Os docentes faziam várias questões para estimular a reflexão e despertar a curiosidade nos discentes. Finalizada essa rodada, os discentes foram convidados a se dirigir para uma sala do laboratório onde cada uma das técnicas solicitadas no circuito seria demonstrada pelos docentes. A percepção dos docentes e discentes foi registrada imediatamente após a realização da atividade no momento da roda de discussão e ao final da disciplina através do registro nos portfólios da disciplina. **Resultados:** Os estudantes referiram se sentir perdidos por não conhecer os materiais e não saber exatamente o que deveriam fazer. Consideraram a estação mais difícil a que pedia para administrar a medicação ao paciente que já possuía fluidoterapia instalada e a mais fácil a que pedia a montagem da fluidoterapia. Sobre as dúvidas, na estação 1, a principal foi quanto a como tirar o ar do equipo e o que era o respiro e para que servia. Também foi questionado quais informações deveriam constar no rótulo do soro. Na estação 2 a principal dúvida foi quanto aos materiais, os discentes não conheciam o cateter sobre agulha e não sabiam da existência do dispositivo de segurança que inutilizava a agulha quando acionado. Apenas um dos grupos conseguiu avançar no procedimento para além da inserção do dispositivo, porém o fez de maneira incorreta. Na estação 3, a principal dúvida foi quanto a necessidade de diluição ou não da medicação. Os docentes comentaram ao final da atividade de laboratório que foi visível a potencialidade deste método, pois ao se deparar com uma situação que os discentes não sabiam como resolver, os mesmos perceberam que precisavam estudar mais. Também foi possível observar lacunas de conhecimento de outros conteúdos já trabalhados como biossegurança, como a realização da punção venosa sem luvas ou falta de antissepsia do dispositivo lateral do equipo antes de fazer a administração da medicação. Ao ter que discutir com seus pares sobre a forma correta de fazer o que estava sendo pedido, os discentes exercitaram a liderança e trabalho em equipe. No momento da roda de discussão, apesar do relato dos discentes ser na sua maioria de frustração, por não conseguir realizar o que foi pedido, pode-se perceber maior envolvimento do grupo fazendo perguntas do que nas outras aulas de laboratório. **Conclusão:** Os discentes em um primeiro momento disseram que não gostaram da experiência da aula invertida, no entanto sinalizaram que foi importante para compreender a importância de realizar as leituras antes da aula. Depois de finalizada a disciplina os registros no portfólio mostraram uma reflexão positiva sobre a estratégia. Destaca-se que apesar dos desafios de se propor uma modificação na forma de ensinar em uma disciplina que já trabalha de uma determinada forma, a experiência da sala de aula invertida foi positiva, tanto para os discentes como para os docentes. Visto que quando se acredita que a aprendizagem é experiencial e que a curiosidade é a chave para o envolvimento discente, as dificuldades vão sendo superadas. **Contribuições/Implicações para a enfermagem: **O uso de metodologias ativas no ensino de enfermagem possibilita uma formação mais engajada que desenvolve a criticidade e pró-atividade de futuros enfermeiros, competências essenciais para lidar com os desafios inerentes a profissão.


Referências:
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