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2211064 | FATORES ÉTNICOS E CULTURAIS PARA O CÂNCER GÁSTRICO NO ESTADO DO PARÁ: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA | Autores: Thalyta Mariany Rego Lopes ; Amanda Rodrigues Figueiredo ; Talyta Kelly Barata Santos Neves ; Taissa Gomes Teixeira ; Rafaela Perreira de Sena |
Resumo: **Introdução**: O câncer de estômago (gástrico) é o crescimento anormal das células deste órgão, podendo ocorrer em qualquer local de sua extensão. Os tumores gástricos se apresentam, predominantemente, na forma de três tipos histológicos- Adenocarcinoma (95% dos tumores), Linfoma (3% dos casos) e Leiomiossarcoma (cerca de 2% dos casos). O câncer gástrico está entre as cinco mais incidentes neoplasias entre homens e mulheres, é uma doença que inflige alta morbimortalidade e, isso em muito se relaciona ao diagnóstico tardio e aos hábitos alimentares e de estilo de vida diretamente ligados aos aspectos culturais e ao regionalismo. Isso é bem evidente na região amazônica, onde a cultura e o comportamento alimentar são fatores relacionados ao incremento das chances de desenvolver o câncer de estômago, especialmente quanto ao consumo de alimentos conservados em salmoura, condimentados, frituras, entre outros 1. Para o diagnóstico da doença é utilizado dois exames: o primeiro é a endoscopia digestiva alta (EDA) que é o método mais eficiente, onde permite a avaliação visual da lesão, realização de biópsia (que é enviada para uma análise histopatológica para confirmação de diagnóstico) e avaliação citológica; o segundo é o exame radiológico contrastado do estômago, pois os raios-x delineiam o interior do esôfago e do estômago, permitindo a visualização de áreas anormais e tumores. Grande parte dos casos é diagnosticada em estágio avançado, pois há uma inespecificidade dos sinais e sintomas na fase inicial da doença 2. Um elemento essencial no controle do câncer é a prevenção, haja vista que prevenir o câncer consiste em reduzir ao máximo ou eliminar a exposição aos agentes carcinogênicos, tendo em vista os aspectos sociais, econômicos e culturais 3. Em oncologia o termo prevenção é classificado em dois níveis: Primário e secundário. Onde a prevenção primária é todas e quaisquer ações voltadas para a redução da exposição da população a fatores de riscos da doença, com o objetivo de reduzir a sua ocorrência, mediante a promoção da saúde e proteção específica. Já a prevenção secundária é o rastreamento do câncer que é feita uma avaliação de indivíduos assintomáticos para classifica-los como candidatos a exames mais refinados, com o intuito de encontrar um câncer oculto ou uma afecção pré-maligna que pode ser curada com tratamento adequado 3. Sendo assim, a educação em saúde constitui uma das estratégias que concedem o empoderamento ao indivíduo, permitindo-lhe modificar simples condutas no estilo de vida para a promoção da saúde. A Enfermagem tem na ação educativa um de seus principais eixos norteadores, que se concretiza nos espaços de realização das práticas de enfermagem, especialmente no campo da saúde pública 4. **Objetivos**: Desenvolver e aplicar uma tecnologia leve de caráter informativo para compartilhar conhecimentos sobre o câncer gástrico em uma comunidade de Barcarena/PA e, também, relatar a experiência vivida por acadêmicas de enfermagem acerca de uma ação educativa sobre câncer gástrico. **Método**: Trata-se de um relato de experiência sobre a vivência de acadêmicas de enfermagem mediante a experiência de promover uma ação educativa com aplicação de uma tecnologia leve, do tipo cartilha ilustrada, de caráter informativo sobre câncer de estômago a uma comunidade da Vila do Conde, distrito de Barcarena, Pará. O público alvo foram usuários de uma USF daquela localidade. Estiveram presentes 33 pessoas- 15 homens e 18 mulheres com faixa etária entre vinte (20) a sessenta (60) anos, que foram informadas sobre a realização da ação educativa. Durante uma manhã, foi realizada uma ação educativa do tipo roda de conversa e distribuição das cartilhas, cujo tema câncer gástrico foi alvo de debate entre acadêmicas e a comunidade presente, especialmente quanto aos fatores étnicos, culturais e comportamentais de risco para a doença. Utilizou-se também recurso didático de Datashow para a apresentação de slides que abordavam fatores relacionados ao câncer gástrico. Foi realizada também uma dinâmica com o público presente, relacionada com a apresentação dos slides e da cartilha, dividindo-os em dois grupos, onde o grupo que acumulou mais pontos ganhou um brinde. **Resultados**: O público demonstrou interesse no tema, imergiram perguntas variadas sobre o assunto, e o desconhecimento sobre hábitos alimentares de risco para o câncer gástrico era evidente. A cartilha ofertada foi apontada como de fácil entendimento, intuitiva e capaz de ecoar as informações para além daquele momento. O público relatou ter aprendido mais sobre a doença e formas simples de prevenção, e relataram satisfação com o momento de educação em saúde realizado. A maioria dos participantes apresentam baixa escolaridade, o que dificulta o entendimento da população para a prevenção e no tratamento do câncer gástrico 4. **Discussão**: O câncer gástrico continua em ascensão na região amazônica em virtude do diagnóstico tardio, com a doença em estágio avançado, aos hábitos alimentares historicamente arraigados a cultura local, especialmente ao consumo de alimentos salgados, como o peixe, o camarão, o charque, o consumo de farinha com corantes artificiais em excesso, inclui-se ainda, aspectos comportamentais como o sedentarismo, o tabagismo e etilismo 1. O hábito alimentar inadequado está diretamente ligado a um grande fator de risco para o câncer gástrico. O câncer gástrico manifesta-se com as modificações da mucosa gástrica sob a ação de vários fatores (intrínsecos e extrínsecos) e que a má alimentação e inatividade física contribuem significativamente para aumentar a incidência da doença 1. Outro achado importante foi sobre o consumo diário de frutas da população do estudo, percebeu-se que a maioria não fazia a ingesta regular de frutas e hortaliças, apesar de viverem no berço da maior biodiversidade mundial, que é a região Amazônica 5. O consumo de frutas e hortaliças tem efeito favorecedor contra o câncer gástrico sendo imprescindível a modificação do estilo de vida e prática de atividade física. A infecção pela bactéria _Helicobacter_ _pylori_ e o não comprometimento com o tratamento de inflamações da mucosa gástrica de longa data são contribuintes para o surgimento da doença. Ações educativas junto à comunidade e dentro da atenção primária são meios simples, eficazes e de baixo custo para prevenção e promoção de hábitos mais saudáveis de vida 4. **Conclusão**: A experiência vivida pelas acadêmicas foi valorosa para desenvolver as habilidades necessárias para promoção, prevenção e cuidados à saúde em coletividades, assim como, compreendemos que a construção de uma tecnologia leve é uma maneira perspicaz para veicular conhecimentos, que contribuam para o bem estar das populações e para fortalecer o autocuidado entre cada indivíduo.
Referências: 1. Brasil. Conselho Nacional de Educação/Câmara de Ensino Superior. Resolução CNE/CES nº 3, de 7 de novembro de 2001. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. Diário Oficial da União, Brasília, Seção 1, p.37, nov. 2001. 2. Ferrigolo R.; Giordani EM.; Soares NM. A pesquisa na universidade e a formação profissional do enfermeiro. In: Congresso Internacional Responsabilidade e Reciprocidade, 1., 2012, São João do Polêsine. Anais... São João do Polêsine: [s.n.], 2012. p. 563-566. 3. Brevidelli MM.; Sertorio, SCM. TCC – Trabalho de Conclusão de curso: guia prático para docentes e alunos da área da saúde. 4a ed. São Paulo: Erica, 2010. 4. Polit, DF.; Hungler, BP. Fundamentos em pesquisa em Enfermagem. Avaliação de evidências para práticas de enfermagem. Trad. Regina Machado Garcez. 7a Ed. Porto Alegre: Artes Medica, 2011. 5. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Resolução n.º 263, de 24 de outubro de 2011. Aprova o projeto pedagógico de curso de graduação em enfermagem da UFMS, e dá outras providências. Boletim de Serviço n.º 5177. Campo Grande, nov. 2011. 5. Severino, AJ. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. Revisada e Atualizada. São Paulo: Cortez, 2007. |