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2194278 | SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA: UM INSTRUMENTAL DE TRABALHO PARA A INTEGRALIDADE EM SAÚDE | Autores: Raquel Vicentina Gomes de Oliveira da Silva ; Daniela Salomé de Andrade |
Resumo: Introdução
No âmbito da Atenção Primária em Saúde, através de conquistas institucionais,
foi criado pelo Ministério da Saúde a Estratégia Saúde da Família (ESF) que
visa à reorganização da atenção à saúde no país, de acordo com os preceitos do
SUS.¹ Dentre os profissionais que compõem as equipes de ESF está o enfermeiro,
que deve exercer um processo de trabalho diferenciado nas mais diversas áreas
da atenção à saúde, centrado na relação entre equipe, comunidade e família.¹ O
processo de trabalho dos profissionais em saúde possui como finalidade, a ação
terapêutica de saúde; como objeto, o indivíduo que necessita de assistência
curativa, preventiva, e ou preservação da saúde; como instrumental de
trabalho, “os instrumentos e as condutas que representam o nível técnico do
conhecimento que é o saber de saúde” e como produto final, a assistência de
saúde que é produzida.² Por sua vez, a organização do trabalho de Enfermagem
implica dentre outros pontos, com o conhecimento e as tecnologias disponíveis
em saúde e na enfermagem, e com o modelo de gestão da instituição³. Ressalta-
se aqui os protocolos em saúde, um rico instrumental de organização. Neste
sentido, acredita-se que a implantação da ESF contribuirá em uma mudança no
modelo assistencial, se atrelado à ela estiver presente uma mudança na forma
de produzir o cuidado em saúde por parte dos profissionais envolvidos. Desta
forma, a efetiva implantação da ESF e seu processo de trabalho contribuem para
a construção de um dos princípios do SUS: a integralidade. A integralidade
expressa uma das bandeiras de luta do movimento sanitário e indica
características desejáveis do sistema de saúde e de suas práticas. Possui três
conjuntos de sentidos: um relacionado às práticas dos profissionais de saúde,
outro se refere à organização dos serviços e às respostas aos problemas de
saúde.(4) Neste contexto, a Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis
em compromisso com suas responsabilidades e pactuações da gestão dos serviços
de saúde, vem investindo em protocolos de enfermagem e capacitações de seus
profissionais enfermeiros, o que vem certamente qualificando o processo de
trabalho desses profissionais no município, bem como contribuindo na
construção da integralidade. Em um grande passo na trajetória da enfermagem do
município, um grupo de enfermeiros foram empossados em uma comissão permanente
de Sistematização da Assistência de Enfermagem, no sentido de promover a
organização do trabalho .(5) Amparados na Lei Federal que dispõe sobre a
regulamentação do Exercício profissional de Enfermagem, na Política Nacional
da Atenção Básica ¹, e na Resolução do COFEN nº 358/2009, que dispõe sobre a
Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), onde ressaltam as
atribuições específicas do enfermeiro, este profissional vem executando e
qualificando seu processo de trabalho com a SAE, através de protocolos de
enfermagem, construídos por enfermeiros no município de Florianópolis. Desde
então estes enfermeiros assumiram o desafio de contribuir na organização do
processo de trabalho de enfermagem e vêm sendo capacitados e estimulados nesta
reorganização.
Objetivo: Relatar a experiência da Sistematização da Assistência de Enfermagem
como um instrumental para a construção da integralidade em Centro de Saúde no
Município de Florianópolis.
Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, tipo relato de experiência
sobre a implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem pelos
enfermeiros atuantes em um Centro de Saúde, do Município de Florianópolis, do
estado de Santa Catarina. O município de Florianópolis possui quatro Distritos
Sanitários, 50 Centros de Saúde e 131 equipes cadastradas na Estratégia Saúde
da Família. A Comissão da Sistematização da Assistência de Enfermagem é
formada um grupo técnico-consultivo para a tomada de decisões da Secretaria
Municipal da Saúde envolvendo as ações e Serviços de Enfermagem .(5) A CSAE
possui três subcomissões, a saber: sistematização da assistência, protocolos,
e perfil da enfermagem e tem como responsabilidade realizar acompanhamento,
apoio e monitoramento do processo de implementação da SAE no município de
Florianópolis. Esta Comissão produziu até o momento quatro volumes de
protocolos de Enfermagem, e a subcomissão de protocolos tem como
responsabilidade acompanhar, analisar, revisar sempre que necessário, no
sentido de validar sua aplicação no domínio da Secretaria Municipal de Saúde,
buscando as melhores evidências .(5) Os volumes dos protocolos produzidos são
referentes às seguintes temáticas: Hipertensão, Diabetes e Outros Fatores
Associados a Doenças Cardiovasculares (Volume 1); Infecções Sexualmente
Transmissíveis e Outras Doenças Transmissíveis de Interesse em Saúde Coletiva
- Dengue/Tuberculose (Volumes 2); SAÚDE DA MULHER: Acolhimento às demandas da
mulher nos diferentes ciclos de vida (Volume 3); Atenção à Demanda Espontânea
de Cuidados no Adulto (Volume 4) .(5) Após a edição de cada volume dos
protocolos os enfermeiros foram capacitados em cada temática abordada, podendo
assim levantar questionamentos e sanar possíveis dúvidas. Cada volume respalda
as ações do enfermeiro em suas consultas. No cotidiano do processo de trabalho
de enfermagem, durante suas consultas, os enfermeiros deste Centro de Saúde
fazem uso dos protocolos, disponibilizados on-line, o que tem aumentado sua
resolutividade no manejo de suas consultas. Quando necessário, em caso de
dúvidas quanto à alguma conduta, estes possuem acesso à alguns membros da
subcomissão dos protocolos para discussão de caso. Através da construção de
protocolos de Enfermagem e capacitação dos enfermeiros, temos como resultado,
o processo de trabalho de enfermagem vem sendo reorganizado e ampliado. Ao
fazer uso dos protocolos as consultas de enfermagem resultam em um maior
atendimento resolutivo aos usuários, no sentido que este auxilia às equipes de
ESF, e principalmente os enfermeiros em suas condutas, uniformizando o
processo de trabalho no município como um todo. Dentre os volumes utilizados,
no CS de Saúde em questão, está o relacionado à saúde da mulher,
principalmente as consultas de pré-natal e às relacionadas às vaginoses e
Infecções Sexualmente Transmissíveis.
Conclusão: Os protocolos de enfermagem são considerados ferramentas
orientadoras, qualificadoras do trabalho de enfermagem e contribuem para a
integralidade da assistência. No âmbito da saúde, o uso dos protocolos pelos
enfermeiros ainda é considerado um desafio. Entretanto, fazer uso desses
protocolos como instrumental de trabalho, tem mostrado resultados positivos no
cotidiano das equipes de ESF, quando como produto final temos uma assistência
integral à saúde.
Contribuições e implicações para Enfermagem: A participação do processo de
implantação dos protocolos, é enriquecedor, quando este instrumental de
trabalho empodera o enfermeiro do saber em saúde, do exercício de sua
profissão e o estimula à pesquisa.
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4.Black JT, Romano PS, Sadeghi B, Auerbach AD, Ganiats TG, Greenfield S et al. A remote monitoring and telefone nurse coaching intervention to reduce readmissions among patients with heart failure: study protocol for the Better Effectiveness AfterTransition- Heart Failure (BEAT-HF) randomized controlled trial.Trials.2014; 15:124.
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