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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 2126311

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2126311

ENSINO DA ANATOMIA BASEADO NA REFLEXÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

Autores:
César Soares de Lima ; Ana Maria Itezerote ; João Gregório Neto ; Elaine Mendes de Oliveira Fernandes ; Rodolfo Augusto Rossi Morilla

Resumo:
**Introdução: **O estudo da anatomia é fundamental para possibilitar ao enfermeiro o reconhecimento do corpo humano, assim como, o seu funcionamento e a tomada de decisão durante a assistência de Enfermagem. O presente estudo teve como justificativa a reflexão sobre a técnica de passagem do cateter nasofaringe, utilizando como suporte teórico os fundamentos da anatomia. O movimento respiratório é um ato físico e mecânico executado inconscientemente e conscientemente o que garante a oxigenação (O2) e a eliminação do dióxido de carbono(CO2) pelos pulmões. (1, 2, 3) É na laringofaringe que os sistemas digestório e respiratório separam-se, assim, alimentos e líquidos são conduzidos ao esôfago e estômago, enquanto que o ar inspirado dirige-se à laringe e posteriormente traqueia, brônquios e pulmões. (5, 6) Em indivíduos com pouca saturação de oxigênio o metabolismo respiratório pode ser melhorado com o uso da oxigenoterapia.(7) Este procedimento terapêutico, que consiste na administração de oxigênio, é prescrito para corrigir a hipoxemia, diminuir o esforço mecânico torácico, estresse respiratório e atenuar o trabalho do miocárdio.(8-11) A história da terapia com oxigênio inicia-se por volta de 1775 com Joseph Priestley, que foi o primeiro a conjecturar o seu uso medicinal.(12) Em 1917 John Scott Haldanetrouxe realizou pesquisa sobre a terapia do oxigênio para uso racional e científico. Desenvolveu um aparelho que consistia de um cilindro de oxigênio ligado a uma mangueira até um saco que cobria tanto a boca quanto o nariz. (9) Desde aquele século até os dias atuais houve modificações nos aparelhos, bem como nas técnicas de introdução de oxigênio na via respiratória dos pacientes. Para a terapia com oxigênio utiliza-se o cateter nasal nasofaringeo, cânula nasal dupla e máscaras de inalação, conforme a necessidade ventilatória do paciente. (8,9)A escolha do tipo de equipamento que será utilizado dependerá de exames médicos prévios, como a saturação de O2, desconforto respiratório com dispnéia moderada ou severa e o esforço de musculatura acessória. (10,11) Se decidido pela ventilação não invasiva (VNI) a sua eficácia está em manter os alvéolos abertos, mesmo durante a expiração.(13)  Alguns centros de saúde optam para o tratamento VNI a utilização de cateter nasofaringe. A técnica de passagem do cateter nasofaringe é bem descrita em livros e em sites voltados para técnicas de enfermagem. Livros clássicos e sites de técnica de enfermagem apresentam o procedimento da passagem do cateter nasofaringeo da seguinte maneira: deve-se primeiramente medir com o próprio cateter a distância entre o ápice do nariz ao lóbulo da orelha, com o propósito de determinar o quanto do comprimento do cateter deverá ser introduzido na narina eleita.(10;12,14) Posteriormente demarca-se no cateter essa medida, com o auxílio de uma fita de esparadrapo, de modo que a introdução seja feita até esta demarcação.  Alguns autores citam que a introdução deve ser de dois a quatro centímetros antes desta marcação. (10;12,14) **Objetivo:** O presente estudo teve como objetivo de demonstrar a técnica de passagem do cateter nasofaringe, durante as aulas de anatomia, proporcionando uma reflexão ao discente sobre importância do conhecimento anatômico para a tomada de decisão como futuros enfermeiros. **Método: **Foram utilizadas dez hemicabeças de cadáveres adultos, dois femininos e oito masculinos, com idades variando entre 18 a 70 anos, sem variações anatômicas e sem distinguir raça; as dez hemicabeças, estavam disponíveis para estudo no laboratório de anatomia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. O cateter nasal usado foi da marca Embramed®, de plástico descartável, com oito orifícios na extremidade distal, medindo 45,7 cm de comprimento. Para observar à localização da ponta distal do cateter na via respiratória utilizamos a técnica de introdução, do cateter de oxigenoterapia, como descrita nos textos de técnicas de enfermagem, a qual é descrita da seguinte maneira: Com o próprio cateter foi medida a distância entre o ápice do nariz ao lóbulo da orelha (ápice/lóbulo) em cada hemicabeças. Para marcar esta distância foi usado esparadrapo e/ou um cordão de algodão. O cateter foi introduzido na narina dos cadáveres da sua ponta distal até o local da demarcação. O ponto de referência para a medida interna foi da ponta distal do cateter nasofaringe ao ápice da epiglote. Após a introdução do cateter, com o auxílio de um paquímetro digital Marret®, foi obtida a distância entre a ponta distal daquele ao ápice da epiglote. Para a análise estatística utilizou-se a média e o desvio padrão (DP) calculado através do programa Excel® 2003. O desenvolvimento do estudo atendeu as normas nacionais e internacionais de ética em pesquisa envolvendo seres humanos, aprovado pelo Comitê Ética da UNIFESP-HSP sob nº 623.078/2014. **Resultados: **A medida do ápice do nariz ao lóbulo da orelha nas dez hemicabeças estudadas variou de 15 cm a 16,2 cm (16,41±5,48). Após a introdução do cateter, até a demarcação, na via respiratória obteve-se que a distância entre a extremidade distal do cateter ao ápice da epiglote. Nas dez hemicabeças essas distâncias variaram de 0,1 cm a 0,8 cm (0,29±0,23). Em três hemicabeças a distância entre a extremidade distal do cateter e o ápice da epiglote foi de 0,1cm, em quatro de 0,2cm, em duas de 0,5 cm e em uma de 0,8 cm. **Discussão: **Os resultados mostram que a extremidade distal do cateter ficou muito próxima ou encostada na epiglote. Na literatura consultada ainda não houve descrição numérica sobre esta distância. O que alguns autores apresentam ou ressaltam é a possibilidade de resgate de oxigênio, desconforto abdominal ou orofaríngeo e ressecamento da mucosa orofaríngea quando se utiliza a medida preconizada do ápice do nariz ao lóbulo da orelha. Neste estudo nota-se que a extremidade distal do cateter se posiciona desfavorável ao propósito do tratamento com oxigênio não invasivo. Sugerem os resultados encontrados que nem sempre as medidas anatômicas externas podem ser utilizadas como parâmetros para medidas internas. A localização da extremidade distal do cateter, como demonstrado, próximo ou encostando-se à epiglote, como demonstrado, pode causar desconforto físico, tende ao resgate do oxigênio para o estomago e provável ressecamento da mucosa orofaríngea. A medida externa ápice do nariz/lóbulo da orelha pode não ser a medida adequada para a passagem do cateter de oxigenoterapia, como demonstrado. **Conclusão: **O estudo aponta para a reflexão das teorias existentes desde o momento da inserção do discentes nos primeiros anos de sua formação, levando ao desenvolvimento científico, crítico e reflexivo da assistência e procedimentos de enfermagem.  Desta forma, foi observado que a anatomia pode efetivamente fornecer um substrato importante para o enfermeiro na passagem do cateter de oxigenoterapia.


Referências:
1. Colliére, MF. Cuidar a primeira arte da vida. 2 Ed. Loures: Portugal, 2003. 2. Medeiros, FAL. Processo de cuidar em Instituições de Longa Permanência de Idosos: (re)pensando a função dos cuidadores.2014. 162f. Tese (Doutorado em Enfermagem) – Pós-Graduação em Enfermagem. Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa. 3. Bardin, L. Análise do Conteúdo. Lisboa: Edição 70, 2009.