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2122348 | FATORES QUE DIFICULTAM A IMPLEMENTAÇÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM EM SERVIÇOS DE URGÊNCIA DE UM MUNICÍPIO DO SUL DO BRASIL | Autores: Andrey Maciel de Oliveira ; Denilsen Carvalho Gomes ; Janyne Dayane Ribas ; Kesia Angelina Sousa Barros ; Aline Cecilia Pizzolato |
Resumo: Introdução: A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) organiza o
trabalho profissional quanto ao método, pessoal e instrumentos, tornando
possível a operacionalização do Processo de Enfermagem, com consequentes
ganhos na qualidade e visibilidade da contribuição da profissão na assistência
à saúde.1 O planejamento da assistência de enfermagem implica em
responsabilidade com o paciente, tendo em vista que permite diagnosticar
necessidades, realizar prescrições de cuidados adequados e, além de ser
aplicado à assistência, pode contribuir para a tomada de decisão do enfermeiro
no que se refere às questões gerenciais. No entanto, a implementação de uma
assistência de enfermagem planejada envolve mais do que a vontade individual
dos enfermeiros, é necessária vontade política, assim como o envolvimento das
instituições de saúde e a melhoria das condições de trabalho.2 Nos serviços de
urgência, o Processo de Enfermagem é fundamental para prestação de assistência
de enfermagem qualificada e segura aos usuários acometidos por agravos agudos
à saúde e com risco de lesões permanentes. Dessa forma, a identificação dos
fatores que dificultam a implementação do Processo de Enfermagem nos serviços
de urgência pode contribuir para a implantação de estratégias para superar
essas dificuldades, além de possibilitar a reflexão dos enfermeiros acerca de
suas práticas. Objetivo: Identificar fatores que dificultam a implementação do
Processo de Enfermagem nos serviços que compõem a rede de atenção às urgências
de um município do sul do Brasil. Descrição metodológica: Trata-se de pesquisa
descritiva, exploratória, quantitativa, e compreende um recorte de um Trabalho
de Conclusão de Residência Multiprofissional em Urgência, na área profissional
de Enfermagem. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa das
Faculdades Pequeno Príncipe, sob registro CAAE 65343117.1.0000.5580. A amostra
foi composta por 16 Enfermeiros, sendo seis que atuavam no Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), cinco na Unidade de Pronto Atendimento
(UPA) e cinco no Pronto Socorro do município. A coleta de dados ocorreu
durante o horário de trabalho dos enfermeiros, por meio da aplicação de um
instrumento de coleta semiestruturado, após assinatura do Termo de
Consentimento Livre Esclarecido. O recorte para esta pesquisa pauta-se na
identificação dos resultados obtidos a partir da seguinte questão: Se há
alguma etapa do Processo de Enfermagem que você não utiliza, poderia citar o
motivo? Os dados foram organizados e analisados com auxílio do software
Microsoft Excel®. Ressalta-se que cada participante poderia citar mais de um
motivo para não realizar alguma etapa do Processo de Enfermagem. Não houve
perda ou exclusão de nenhum instrumento. Utilizou-se distribuição relativa dos
dados, advindos das variáveis, com produção dos resultados apresentados a
seguir. Resultados: Os fatores, descritos pelos enfermeiros, que dificultam a
implementação do Processo de Enfermagem nos serviços de urgência foram: alta
demanda de pacientes nos serviços de urgência (31,25%), falta de tempo (25%),
alta rotatividade de pacientes (12,50%), falta de profissionais de enfermagem
(12,50%), falta de ferramentas para auxiliar no registro das etapas do
Processo de Enfermagem (12,50%), cumprimento de tarefas que não são
atribuições específicas de enfermagem (6,25%), e realização de um número
elevado de atividades durante o horário de trabalho (6,25%). Evidencia-se na
literatura científica uma pesquisa realizada com enfermeiros de Unidades de
Terapia Intensiva, com a finalidade de diagnosticar as barreiras para
implementação do Processo de Enfermagem, a qual mostrou que 84,1% dos
participantes relataram falta de tempo suficiente para realizar o Processo de
Enfermagem devido ao número excessivo de pacientes.3 Um outro estudo realizado
na Etiópia, apontou que o conhecimento dos enfermeiros sobre o Processo de
Enfermagem ainda é incipiente para colocá-lo em prática, notou-se também que a
alta proporção de pacientes em relação ao número de enfermeiros afeta sua
aplicação.4 E ainda, uma pesquisa desenvolvida na Nigéria, identificou a carga
de trabalho dos enfermeiros como um dos fatores que afetam a implementação do
Processo de Enfermagem.5 Neste sentido, considerando que a sobrecarga de
trabalho influencia na prática do exercício profissional,5 o número excessivo
de atividades burocráticas atribuídas ao Enfermeiro, que não são
necessariamente competência deste profissional, pode influenciar negativamente
a implementação das etapas do Processo de Enfermagem. Conclusão: Entre as
principais barreiras, identificadas neste estudo, para a implementação do
Processo de Enfermagem nos serviços de urgência está a alta demanda de
pacientes nesses serviços e a falta de tempo. Dessa forma, torna-se importante
o levantamento das atividades executadas pelos enfermeiros nesses espaços, a
fim de verificar atividades que não compreendem atribuições específicas desses
profissionais, considerando que o foco da atuação dos enfermeiros e de suas
equipes pauta-se no cuidado de enfermagem. Contribuições/implicações para a
Enfermagem: É importante explorar os fatores que dificultam a implementação do
Processo de Enfermagem nos serviços de urgência, a fim de resgatar o papel do
enfermeiro na equipe de saúde e refletir acerca de suas práticas nesses
espaços de cuidado. Esses aspectos implicarão em melhoria da qualidade e
segurança da assistência de enfermagem, assim como em empoderamento e
visibilidade para a profissão.
Referências: 1. Freitas Ribeiro MT, Ferreira RC, Magalhães CS, Moreira NA, Ferreira EF.Processo de cuidar nas Instituições de longa permanência: visão dos cuidadores formais de idosos. Rev Bras Enferm. 2009;62(6):870-75.
2. Medeiros, FAL. Processo de cuidar em Instituições de Longa Permanência de Idosos: (re)pensando a função dos cuidadores.2014. 162f. Tese (Doutorado em Enfermagem) – Pós-Graduação em Enfermagem. Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa.
3. Watson J. Enfermagem: ciência humana e cuidar. Uma teoria de enfermagem. Tradução de Enes, J.M.M. Loures, PO: Lusocienência;2002.
4. Watson J. Watson´s theory of human caring and subjective living experience: carative factors/caritas processes as a disciplinary guide to the professional nursing practice. Texto Contexto Enfermagem. 2007;16(1):129-35.
5. Hammerschmidt KSA, Santos SSC, Erdmann AL, Caldas CP, Lunardi VL. Complexidade do cuidado de enfermagem ao idoso: reflexões sobre a abordagem ecossistêmica da saúde. Ciência Cuidado e Saúde. 2013;12(1): 198-203. |