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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 2122348

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2122348

FATORES QUE DIFICULTAM A IMPLEMENTAÇÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM EM SERVIÇOS DE URGÊNCIA DE UM MUNICÍPIO DO SUL DO BRASIL

Autores:
Andrey Maciel de Oliveira ; Denilsen Carvalho Gomes ; Janyne Dayane Ribas ; Kesia Angelina Sousa Barros ; Aline Cecilia Pizzolato

Resumo:
Introdução: A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) organiza o trabalho profissional quanto ao método, pessoal e instrumentos, tornando possível a operacionalização do Processo de Enfermagem, com consequentes ganhos na qualidade e visibilidade da contribuição da profissão na assistência à saúde.1 O planejamento da assistência de enfermagem implica em responsabilidade com o paciente, tendo em vista que permite diagnosticar necessidades, realizar prescrições de cuidados adequados e, além de ser aplicado à assistência, pode contribuir para a tomada de decisão do enfermeiro no que se refere às questões gerenciais. No entanto, a implementação de uma assistência de enfermagem planejada envolve mais do que a vontade individual dos enfermeiros, é necessária vontade política, assim como o envolvimento das instituições de saúde e a melhoria das condições de trabalho.2 Nos serviços de urgência, o Processo de Enfermagem é fundamental para prestação de assistência de enfermagem qualificada e segura aos usuários acometidos por agravos agudos à saúde e com risco de lesões permanentes. Dessa forma, a identificação dos fatores que dificultam a implementação do Processo de Enfermagem nos serviços de urgência pode contribuir para a implantação de estratégias para superar essas dificuldades, além de possibilitar a reflexão dos enfermeiros acerca de suas práticas. Objetivo: Identificar fatores que dificultam a implementação do Processo de Enfermagem nos serviços que compõem a rede de atenção às urgências de um município do sul do Brasil. Descrição metodológica: Trata-se de pesquisa descritiva, exploratória, quantitativa, e compreende um recorte de um Trabalho de Conclusão de Residência Multiprofissional em Urgência, na área profissional de Enfermagem. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa das Faculdades Pequeno Príncipe, sob registro CAAE 65343117.1.0000.5580. A amostra foi composta por 16 Enfermeiros, sendo seis que atuavam no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), cinco na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e cinco no Pronto Socorro do município. A coleta de dados ocorreu durante o horário de trabalho dos enfermeiros, por meio da aplicação de um instrumento de coleta semiestruturado, após assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido. O recorte para esta pesquisa pauta-se na identificação dos resultados obtidos a partir da seguinte questão: Se há alguma etapa do Processo de Enfermagem que você não utiliza, poderia citar o motivo? Os dados foram organizados e analisados com auxílio do software Microsoft Excel®. Ressalta-se que cada participante poderia citar mais de um motivo para não realizar alguma etapa do Processo de Enfermagem. Não houve perda ou exclusão de nenhum instrumento. Utilizou-se distribuição relativa dos dados, advindos das variáveis, com produção dos resultados apresentados a seguir. Resultados: Os fatores, descritos pelos enfermeiros, que dificultam a implementação do Processo de Enfermagem nos serviços de urgência foram: alta demanda de pacientes nos serviços de urgência (31,25%), falta de tempo (25%), alta rotatividade de pacientes (12,50%), falta de profissionais de enfermagem (12,50%), falta de ferramentas para auxiliar no registro das etapas do Processo de Enfermagem (12,50%), cumprimento de tarefas que não são atribuições específicas de enfermagem (6,25%), e realização de um número elevado de atividades durante o horário de trabalho (6,25%). Evidencia-se na literatura científica uma pesquisa realizada com enfermeiros de Unidades de Terapia Intensiva, com a finalidade de diagnosticar as barreiras para implementação do Processo de Enfermagem, a qual mostrou que 84,1% dos participantes relataram falta de tempo suficiente para realizar o Processo de Enfermagem devido ao número excessivo de pacientes.3 Um outro estudo realizado na Etiópia, apontou que o conhecimento dos enfermeiros sobre o Processo de Enfermagem ainda é incipiente para colocá-lo em prática, notou-se também que a alta proporção de pacientes em relação ao número de enfermeiros afeta sua aplicação.4 E ainda, uma pesquisa desenvolvida na Nigéria, identificou a carga de trabalho dos enfermeiros como um dos fatores que afetam a implementação do Processo de Enfermagem.5 Neste sentido, considerando que a sobrecarga de trabalho influencia na prática do exercício profissional,5 o número excessivo de atividades burocráticas atribuídas ao Enfermeiro, que não são necessariamente competência deste profissional, pode influenciar negativamente a implementação das etapas do Processo de Enfermagem. Conclusão: Entre as principais barreiras, identificadas neste estudo, para a implementação do Processo de Enfermagem nos serviços de urgência está a alta demanda de pacientes nesses serviços e a falta de tempo. Dessa forma, torna-se importante o levantamento das atividades executadas pelos enfermeiros nesses espaços, a fim de verificar atividades que não compreendem atribuições específicas desses profissionais, considerando que o foco da atuação dos enfermeiros e de suas equipes pauta-se no cuidado de enfermagem. Contribuições/implicações para a Enfermagem: É importante explorar os fatores que dificultam a implementação do Processo de Enfermagem nos serviços de urgência, a fim de resgatar o papel do enfermeiro na equipe de saúde e refletir acerca de suas práticas nesses espaços de cuidado. Esses aspectos implicarão em melhoria da qualidade e segurança da assistência de enfermagem, assim como em empoderamento e visibilidade para a profissão.


Referências:
1. Freitas Ribeiro MT, Ferreira RC, Magalhães CS, Moreira NA, Ferreira EF.Processo de cuidar nas Instituições de longa permanência: visão dos cuidadores formais de idosos. Rev Bras Enferm. 2009;62(6):870-75. 2. Medeiros, FAL. Processo de cuidar em Instituições de Longa Permanência de Idosos: (re)pensando a função dos cuidadores.2014. 162f. Tese (Doutorado em Enfermagem) – Pós-Graduação em Enfermagem. Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa. 3. Watson J. Enfermagem: ciência humana e cuidar. Uma teoria de enfermagem. Tradução de Enes, J.M.M. Loures, PO: Lusocienência;2002. 4. Watson J. Watson´s theory of human caring and subjective living experience: carative factors/caritas processes as a disciplinary guide to the professional nursing practice. Texto Contexto Enfermagem. 2007;16(1):129-35. 5. Hammerschmidt KSA, Santos SSC, Erdmann AL, Caldas CP, Lunardi VL. Complexidade do cuidado de enfermagem ao idoso: reflexões sobre a abordagem ecossistêmica da saúde. Ciência Cuidado e Saúde. 2013;12(1): 198-203.