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2055142 | GESTÃO DO CUIDADO EM ENFERMAGEM NA CARDIOLOGIA INTERVENCIONISTA | Autores: Elielza Guerreiro Menezes ; Maria Orleane Dutra Severo ; Carla Alves de Lemos ; Gisele Torrente |
Resumo: **Introdução: **A cineangiocoronariografia (CAT) é um procedimento invasivo realizado em sala de hemodinâmica de forma eletiva ou a pacientes internados, com o objetivo de confirmar as obstruções nas artérias coronárias, avaliar o funcionamento das valvas, vasos pulmonares, artéria aorta e músculo cardíaco por punção arterial, com variações de acesso por artérias radial, braquial ou femoral, posteriormente injeção de contraste e radiografias sequenciadas com programação estabelecida pelo hemodinamicista1. As complicações mais comuns nas punções femorais são: hematomas, reações vagais, equimoses, reações alérgicas, náuseas, vômitos, dificuldades para deambular e dor lombar e nas radiais: espasmos vasculares, equimoses, hematomas e dissecção. A importância da equipe de enfermagem apoia-se na complexidade do procedimento, que utiliza acesso arterial devendo ser monitorado constantemente os parâmetros hemodinâmicos dos pacientes e observação de sinais e sintomas simples e eventos mais graves, dado pelas reações alérgicas relacionadas ao uso do contraste, mais comum o iodado, que pode ser potencializado por alergia aos frutos do mar causando choque anafilático até hipóxia grave. Outra complicação grave é a reação vagal ou síncope vagal (ativação inapropriada do nervo vago) geralmente ocorre durante ou após procedimento, o paciente pode apresentar um quadro de hipotensão severa, náuseas, vômitos e bradicardia chegando a perder a consciência se não observado com atenção pode levar a situações mais severas como óbito 2. **Objetivo: **Propor um plano de cuidados de enfermagem elencando os principais diagnósticos de enfermagem (DE) e intervenções para as possíveis complicações no CAT. **Descrição Metodológica: **Trata-se de estudo descritivo com pacientes submetidos a cineangiocoronariografia em hospital de referência na cidade de Manaus. A amostragem foi aleatória, calculada com IC de 95%. Foram analisadas informações dos registros de enfermagem completos de pacientes acima de 18 anos, não indígenas e que não evoluíram para angioplastia durante o procedimento. Os dados foram dispostos em planilhas do Excel® e as variáveis contínuas foram expressas como média e desvio padrão e as variáveis categóricas, como números e porcentagens. Os prováveis diagnósticos de enfermagem, foram levantados a partir das informações referentes às complicações apresentadas nesse grupo de pacientes e elencados pela taxonomia _North American Nursing Diagnosis Association_3 (NANDA), as intervenções de enfermagem encontradas na _Nursing Interventions Classification _(NIC), e dimensão das prioridades apoiados na teoria de Wanda de Aguiar Horta das necessidades humanas básicas com enfoque nas biológicas. A pesquisa obedeceu aos critérios éticos e obteve o CAEE 52699215.7.0000.5016**Resultados:** Foram analisados 227 prontuários no período proposto, com prevalência do sexo masculino em 57,27% (122/227), mediana de idade 60,71 anos (30 a 85 anos) e principal doença de base foi síndrome coronariana (SCA) em 69,1% (147/227) e o medicamento contínuo utilizado com mais frequência foi do grupo dos anti-hipertensivos. A indicação do procedimento significativa deu-se pelas valvulopatias e a punção femoral foi escolhida em 94% dos casos. A fonte pagadora foi majoritariamente o Sistema Único de Saúde em 93,4% dos procedimentos. Quanto ao tempo de duração do procedimento este variou entre 8 a 35 minutos em ambas as punções que compreendeu o preparo do paciente até a retirada do introdutor. [1]As complicações somam 63 eventos sendo nenhuma no pré-procedimento, 11 no intra com 52 e pós-exame eventos e, com prevalência de 57 eventos na punção femoral. As complicações evidenciadas durante o procedimento são de ordem eletrocardiográfica e manifestações gástricas. No entanto no pós-procedimento destacamos as complicações vasculares com 30 registros, seguido de 14 nas alterações eletrocardiográficas e oito registros para as manifestações gástricas como náuseas e vômitos. Apoiadas na Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda de Aguiar Horta, destacamos os seguintes comprometimentos:
1) Oxigenação - **_DE: Ventilação Espontânea Prejudicada_** relacionada ao uso
de medicamento alergênico (contraste) evidenciado por edema de laringe a)
remover a fonte alergênica; b) posicionar corretamente o paciente; c) instalar
oxigênio suplementar; d) monitorar padrão respiratório e oximetria de pulso.
2) Integridade cutâneo-mucosa- **_DE: Integridade tissular prejudicada_**
relacionada a trauma mecânico evidenciado por hematoma, sangramento, equimose
ou pseudoaneuma a) aplicar curativo de pressão local; b) identificar a causa
do sangramento; c) monitorar a quantidade e natureza da perda sanguínea; d)
avaliar exames laboratoriais com ênfase no hemograma completo. 3) Regulação
hidrossalina e eletrolítica- **_DE:_**_ **Risco de desequilíbrio
eletrolítico**_ evidenciado as náuseas e vômitos. a) monitorar níveis anormais
de eletrólitos séricos, se possível; b) obter amostras laboratoriais para
monitoramento de níveis alterados de líquidos ou eletrólitos; c) restringir a
ingestão livre de água na presença de hiponatremia por diluição com Na sérico
inferior a 140; d) encorajar o paciente a monitorar sua experiência de náusea;
e) encorajar o paciente a aprender estratégias de controle da náusea; 4)
Regulação Vascular- **_DE: Risco de Choque_** evidenciado por ocorrência de
arritmias e hipotensão. a) determinar com o paciente e a família o histórico
de alterações cardiológicas; b) monitorar e corrigir a ocorrência de
deficiências de oxigênio, desequilíbrios ácido-básicos e desequilíbrios
eletrolíticos capazes de precipitar arritmias; c) colocar eletrodos ECG e
conectar monitor cardíaco; d) ajustar os parâmetros de alarme no monitor do
ECG. **Conclusão:** A gestão do cuidado baseado no raciocínio clínico e tomada
de decisão associado ao plano de cuidados específico para o procedimento
contribui para melhoria da qualidade da assistência e a segurança do paciente,
sobretudo quando o referencial teórico consultado edifica os resultados
apresentados neste estudo4. Como sugestão para complementar o plano de
cuidados sugerimos incluir _os** DE: Dor aguda**_ (Sono e Repouso); **_Risco
de perfusão renal ineficaz_** evidenciado pelo uso do contraste iodado
(Regulação vascular); **_Risco de resposta adversa ao meio de contraste_** com
iodo evidenciado à história de alergia (Regulação Imunológica); **_Risco de
sangramento_** evidenciado ao uso de anticoagulante endovenoso (Regulação
vascular) e **Risco de infecção** evidenciado por procedimento invasivo.
**Implicações Para a Enfermagem: **De acordo com a legislação sob o parecer
normativo5 001/2015 e 002/2015/COFEN/CTAS, o enfermeiro poderá participar dos
procedimentos de hemodinâmica, inclusive da retirada destes introdutores
arteriais nos procedimentos de CAT, desde que tenha habilitação e qualificação
para executar esta técnica. A importância de um acompanhamento qualitativo que
atenda às necessidades individuais ou coletivas dos pacientes submetidos ao
procedimento de CAT é real, para tanto, é necessário que o enfermeiro faça
observações clínicas, registros precisos destas informações, organizando-as,
estabelecendo medidas, e analisando os resultados com a finalidade de
minimizar e, sobretudo prevenir quaisquer danos que possam surgir. Este
processo é denominado de Sistematização da Assistência de Enfermagem, o qual
deve seguir as etapas que estão relacionadas entre si, compreendendo o
Histórico, Diagnóstico, Planejamento, Implementação e Avaliação de enfermagem
3,4. O estudo apresentou-se relevante, pois a partir dele o enfermeiro
hemodinamicista poderá incluir um plano de cuidados direcionado para o CAT nas
punções radiais e femorais, baseado em evidências científicas, minimizando ou
prevenindo complicações.
* * *
[1]Enfermeiras, doutorandas em Enfermagem-Programa de Pós Graduação da
Universidade Federal de Santa Catarina e Universidade do Estado do Amazonas-
UFSC/UEA. E-mail: [torrentegisele@gmail.com](mailto:torrentegisele@gmail.com)
2 Enfermeiras Pós graduandas em Cardiologia- Universidade do Estado do
Amazonas ESA-UEA
Referências: 1. Bezerra IHP, Macêdo Filho I, Costa RJLM, Sousa VJ, Carvalho MVG. População em situação de rua: um olhar da enfermagem sobre o processo saúde/doença. Enferm. Rev. 2015: 18(1). 1-14. Disponivel em: http://200.229.32.55/index.php/enfermagemrevista/article/view/9365/10323
2. Teixeira M, Sampaio C, Soares M, Lima C, Antunes V, Dellaney Jl, et al. Promoção da Saúde: Relato de experiência da equipe do Consultório na Rua do Teias-Escola Manguinhos-Ensp/Fiocruz. In: Teixeira M, Fonsceca Z. Sabores e Práticas na Atenção Primária a Saúde: Cuidado à População em Situação de Rua e Usuários de Álcool, Crack e Outras Drogas. São Paulo: Editora Hucitec, 2015: 69-86. Disponível em: http://www6.ensp.fiocruz.br/repositorio/sites/default/files/arquivos/SaberesePraticasnaAPS.pdf#page=71
3. Rodrigues LRS, Callero JR, O direito fundamental à saúde para população em situação de rua de Salvador. Rev. Juris Poiesis. 2015: 8. Disponivel em: http://revistapuca.estacio.br/index.php/jurispoiesis/article/viewFile/1710/912
4 Ministério de Saúde (Brasil). Portaria nº 336, de 19 de fevereiro de 2002. Disponivel em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt0336_19_02_2002.html |