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1972114 | A FORMAÇÃO DO TÉCNICO DE ENFERMAGEM: REVISÃO INTEGRATIVA | Autores: Ingrid Meireles Gomes ; Verônica Silva Nascimento Mattge |
Resumo: **INTRODUÇÃO: **O objeto deste estudo é a formação do técnico em enfermagem no Brasil, maior categoria da classe, que apesar das discussões e recomendações que surgem nas políticas públicas, órgão de classe e mesmo entre enfermeiros/docentes e coordenadores de cursos, apresenta problemas estruturais em sua formação. A lei nº 7.498/86, lei do exercício profissional da enfermagem, trouxe reconhecimento e autonomia para o profissional enfermeiro, porém moldou mais fortemente a divisão social do trabalho, sendo necessárias reflexões sobre a formação de nível técnico em enfermagem. **Objetivos:** Discutir o processo de ensino-aprendizagem do profissional técnico de enfermagem a partir dos estudos brasileiros sobre esta temática. **Justificativa e Relevância:** Dado o quantitativo desta categoria, bem como seu papel para a enfermagem como um todo, urge a necessidade de se refletir sobre sua formação e perfil profissional, assim como identificar discussões e recomendações para uma formação de qualidade pautada em políticas públicas. **METODOLOGIA: **Realizou-se uma revisão integrativa com estudos sobre a formação do técnico de enfermagem no Brasil. Para tal, seguiu-se as recomendações Prisma¹ e utilizou-se o referencial teórico de Ganong², que propõe os seguintes passos: a) formular o objetivo da revisão desenvolvendo uma pergunta específica. b) estabelecer critérios para a inclusão de estudos na revisão. c) conduzir escolhas se o número de estudos for muito grande. d) desenvolver um instrumento para a coleta de dados. e) identificar regras para posterior análise e interpretação dos dados. f) revisar o item b. g) ler os estudos utilizando o instrumento de coleta de dados. h) analisar os dados de maneira sistemática. i) interpretar e discutir os dados e j) descrever os resultados e conclusões da maneira mais clara e completa possível. As pesquisas foram realizadas nas bases de dados: BDEnf, Lilacs, MedLine e SciELO, por constituírem fonte de dados de pesquisas da área de enfermagem de âmbito nacional. Os descritores adotados para busca foram extraídos do DeCS e MeSH, os quais foram: Formação profissional, Educação em enfermagem e Técnicos de Enfermagem, estes foram utilizados com uso do operador Boleano “AND” pois ele encontra documentos que contenham um e outro assunto. Após os cruzamentos possíveis dos descritores escolhidos chegou-se ao número de 102 publicações, após retirar estudos duplicados restaram 72. A fim de refinar a busca, foram aplicados critérios de elegibilidade como textos nos idiomas português, espanhol e inglês, disponíveis completos online gratuitamente, foi considerada como região limitante o Brasil, porém não foram considerados limites de tempo, sendo considerados todos os artigos já publicados em território nacional sobre a temática como elegíveis. Os critérios de exclusão foram teses, dissertações, relatos e resumos de trabalhos publicados em anais de eventos. Restaram após este processo 34 artigos, os quais passaram pela leitura dos títulos e resumos, para verificar a adequação do estudo identificado ao tema pesquisado, após esta fase foram selecionados 10 estudos para compor a amostra desta revisão. Para análise dos dados foi utilizado um instrumento criado pelas autoras a fim de delinear as informações apresentadas nos artigos. Salienta-se que foram observados os aspectos éticos neste artigo de revisão, sendo citados os autores e fontes dos dados. **RESULTADOS E DISCUSSÃO: **A partir da análise dos artigos selecionados, as publicações sobre a temática iniciaram-se no ano de 2001, posteriormente não houve publicações relacionadas até o ano de 2008, data a partir da qual houve publicações anuais subsequentes até 2015, excetuando-se o ano de 2012; em 2017 até o momento da coleta de dados deste estudo também não houve publicações. Considerando as regiões de origem dos estudos científicos o estado de São Paulo surge com a maior parte das publicações (quatro), Minas Gerais na sequência com duas publicações e os estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará com uma publicação cada. Quanto ao tipo de estudo: três dos artigos consistiam em pesquisas qualitativas do tipo descritivo-exploratória, três eram pesquisas quantitativas, dois artigos eram revisões integrativas da literatura, uma reflexão teórica e uma pesquisa histórica. Em relação às temáticas, os manuscritos abordavam principalmente: a formação do auxiliar e técnico de enfermagem, situação profissional e perfil dos egressos, ensino por competências e competências desenvolvidas durante a formação, uso de tecnologias educacionais, reflexões sobre relacionamento interpessoal nos cursos, percepção de estudantes de pós-graduação sobre a formação técnica de nível médio, e até uma revisão sobre publicações relacionada à educação profissional no Brasil. Em relação às considerações e contribuições para a prática os artigos recomendam: maior qualificação a partir de políticas de educação permanente e atividades educativas contínuas em serviço, necessidade de compartilhamento da SAE (Sistematização da Assistência em Enfermagem) com os demais membros da equipe de enfermagem, assistência mais humanizada, superação da divisão técnica e social do trabalho e estímulo à formação docente, o uso de tecnologias educacionais pautada em DCNs e políticas nacionais, a percepção dos egressos sobre sua iniciativa e preparo teórico após a formação, maior concentração de publicações na região sudeste do país e a relação do processo ensino aprendizagem com a qualificação profissional e suas implicações, bem como a pouca utilização do ensino por competências e sua potencialidade de desenvolver a habilidade de administrar sua própria educação contínua, e a visão da educação como meio de inclusão e de alcance de uma condição crítico-reflexiva para o indivíduo. Destaca-se que os artigos competem sobre temas variados, porém todos vertem para o mesmo foco: a necessidade de melhor qualificação mesmo para profissionais já formados, ou seja, educação continuada para o egresso, que muitas vezes não atende as expectativas da realidade do mundo do trabalho³. A superação da divisão técnica e social do trabalho, bastante discutida por Kletemberg _et al_.4, parece ter surgido nos estudos relacionados às competências adquiridas e atuações refletidas dos próprios profissionais que confirmam necessidades no aprendizado principalmente referente à saúde coletiva. Os resultados dos artigos analisados trazem a questão da educação como elemento emancipador para o profissional de nível técnico. Este é um grande desafio para aqueles envolvidos neste processo de formação profissional5, no sentido de manter sempre tangível a necessidade de aprendizado constante nos alunos, que após cumprir a carga horária obrigatória de aulas teóricas e estágios práticos, muitas vezes não acreditam na necessidade de educação permanente e pró-atividade em participar de atividades educativas em serviço, a fim de estar constantemente em evolução. **CONCLUSÃO: **Constatou-se baixa produção de artigos originais e mesmo de revisão nas quase duas décadas pesquisadas (2001 -2018), o que demonstra a necessidade de estudos voltados à formação técnica de enfermagem enquanto educação formadora de elevado número de profissionais a cada ano. Cabe ainda às políticas públicas de educação técnica vigentes fomentar discussões sobre a formação e constante educação destes profissionais a fim de superar a diferença de conhecimentos e competências dentro da atual equipe de enfermagem.
Referências: 1) Borges TS, Alencar G. Metodologias ativas na promoção da formação crítica do estudante: o uso das metodologias ativas como recurso didático na formação crítica do estudante do ensino superior. Cairu em Revista. 2014; 4: 119-143. 2) Berbel NAN. As metodologias ativas e a promoção da autonomia de estudantes. Semina: Ciências Sociais e Humanas (Londrina). 2011; 32(1): 25-40. |